'Tiraria meu dinheiro dos EUA e botariabetmotion logomercados emergentes como Brasil', diz investidor pioneirobetmotion logocrítica aos Brics:betmotion logo

Ruchir Sharma

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Legenda da foto, Ruchir Sharma é diretorbetmotion logoempresabetmotion logogestãobetmotion logoriquezas, autorbetmotion logolivros e colunista do jornal Financial Times

E quando ele falabetmotion logomercados emergentes, ele inclui também o Brasil nabetmotion logoavaliação.

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Sharma faz a ressalvabetmotion logoque não acredita no modelobetmotion logocrescimento do Brasil — e não acha que o desempenho país seja exemplar entre emergentes. Pelo contrário: ele segue pessimistabetmotion logorelação a economia brasileira.

O que acontece agora — segundo ele — é que nabetmotion logovisão existe um otimismo exagerado dos mercados com a economia dos Estados Unidos, o que fez encarecer os preços dos papéis americanos. Já os emergentes, ele acredita, estão subvalorizados além da conta.

Haveria, portanto, espaço nos próximos cinco a dez anos para ganhar dinheiro com esse descompasso. Ele acredita que é o momento para se retirar dinheiro investido nos EUA e colocá-lobetmotion logomercados emergentes diversos — o que inclui o Brasil.

Visão invertida

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Ruchir Sharma ficou famoso no começo da década passada por dizer justamente o oposto do que está recomendando agora.

Entre 2010 e 2012, ele resolveu viajar por diversos países emergentesbetmotion logobusca do próximo milagre econômico.

Existia na época um enorme otimismo com países como o Brasil — e até previsõesbetmotion logoque, coletivamente, os grandes emergentes um dia superariambetmotion logoriqueza os países desenvolvidos.

Sharma queria conferir tudo isso com seus próprios olhos.

No entanto,betmotion logosuas viagens, Sharma concluiu o oposto. Seu livrobetmotion logo2012, Breakout Nations: In Pursuit of the Next Economic Miracle ("Países Emergentes: Em Busca do Próximo Milagre Econômico",betmotion logotradução livre), fez sucesso entre economistasbetmotion logoparte por ser um dos primeiros a questionar a empolgação exagerada com os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, alémbetmotion logonovos membros mais recentes).

O Brasil, segundo ele, não resistiria ao fim do ciclo das commodities e voltaria ao padrãobetmotion logobaixo crescimento.

A China parariabetmotion logocrescerbetmotion logodígitos duplos, afetada pelo alto endividamento do país.

Mesmo a Índia — o país mais promissor entre os Brics, segundo Sharma — teria apenas 50%betmotion logochancesbetmotion logoum milagre econômico, considerando os problemas crônicosbetmotion logocorrupção e burocracia.

Sua conclusão foi que o próximo milagre econômico aconteceria não nos emergentes, mas sim nos Estados Unidos — um país que continuava possibilitando que seus empreendedores praticassem a chamada “destruição criativa”.

Segundo esse conceito que remonta a Karl Marx e Joseph Schumpeter, novas empresas e novas tecnologias “disruptivas” surgem e aniquilam o que existia antes.

Esse processo seria a base fundamental do capitalismo que garante o progresso da humanidade.

Algumas das previsõesbetmotion logoSharma se provaram corretas.

Mas hoje, 12 anos depois do primeiro livro, Sharma acredita que a situação se inverteu. Para ele, existe um otimismo exagerado com a economia americana — que estaria dando sinaisbetmotion logofalhas no seu capitalismo.

E ele vêbetmotion logopaíses emergentes do Leste Europeu e da América Latina — inclusive no Brasil — oportunidades um pouco melhoresbetmotion logoinvestimento do momento.

Sharma deixa claro que segue não acreditando no modelobetmotion logocrescimento brasileiro, que critica por ser dependente demais da intervenção do Estado (“o país está emergindo desde sempre”).

E afirma que investiria no Brasil e outros emergentes apenas como formabetmotion logodiversificar dinheiro que está nos EUA — e não pelos fundamentos desses países.

Jerome Powell

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Legenda da foto, Para Sharma, um dos problemas da economia é o excessobetmotion logoestímulo e políticas praticadas pelos bancos centrais. Na foto, Jerome Powell do Banco Central dos EUA

O problema da economia americana é tema do seu novo livro, lançado este ano — What Went Wrong With Capitalism (“O Que Deu Errado no Capitalismo”,betmotion logotradução livre). Sharma argumenta que, nos últimos cem anos, a intervenção do governo na economia cresceu demais.

Em tese, isso serviria para melhorar a vidabetmotion logotodos. Mas Sharma argumenta que o excessobetmotion logoestímulos financeiros, subsídios e injeçãobetmotion logorecursos na economia é prejudicial sob diversos aspectos.

Um dos problemas, segundo ele, é que incentivos financeiros do governo acabam beneficiando as grandes multinacionais e as elites — porque maior liquidez no mercado provoca aumentobetmotion logopreçobetmotion logoativos e imóveis, que estão justamente na mão dos mais ricos.

Outro problema é que estímulos criam inflação e aumentam os juros — e os efeitos econômicos disso são, novamente, o aumento da desigualdade.

Mas o principal defeito dos estímulos econômicos do governo, para Sharma, é que eles prejudicam a inovação e a destruição criativa — que são as bases do capitalismo.

Segundo ele, os mercados hoje estão viciadosbetmotion logoestímulo financeiro — um pouco como pacientes ficaram viciadosbetmotion logoopioides nos EUA por não tolerarem mais dor.

Para o autor, o excessobetmotion logoestímulos criou “empresas zumbis” — negócios que já deveriam ter quebrado e sido substituídos por ideias inovadoras, mas que sobrevivem graças a auxílios governamentais que só atrasam o capitalismo.

Outro problema do capitalismo atual é a sensaçãobetmotion logoinsatisfação que provoca na maioria das pessoas — e que, para Sharma, explica as tensões políticas que o mundo vive hoje.

Ainda pessimista, ele vê poucas respostas sendo dadas pelos políticosbetmotion logodiversos países do mundo — tanto os que estão no poder como os que estão na oposição.

Sharma não acredita que o mundo pode voltar ao século 19,betmotion logoque o governo praticamente não agia na economia.

Para ele, a solução para os problemas do capitalismo passa por governos e bancos centrais mais cautelosos e menos propensos a conceder estímulos. Ou seja: dando maior liberdade econômica aos agentes privados.

Sharma nasceu na Índia e trabalhou como colunistabetmotion logoeconomia no começobetmotion logosua carreira. Foi estrategista-chefe global do bancobetmotion logoinvestimentos Morgan Stanley.

Hoje ele é diretor da empresabetmotion logogestãobetmotion logofortunas Rockefeller International e colunista do jornal Financial Times.

Ele conversou com a BBC News Brasil sobre os desafios do capitalismo e da economia global.

betmotion logo BBC News Brasil: Você escreveu um livro que critica a expansão sem precedentes do tamanho dos governos. E o livro foi pensado durante a pandemia, justamente quando o mundo clamava por governos grandes, para que ajudassembetmotion logoum momentobetmotion logodificuldades. Será que era o melhor momento para se criticar governos grandes?

betmotion logo Ruchir Sharma: Os governos se sentiram muito empoderados para fazer os lockdowns e adotar medidas draconianas,betmotion logoparte porque eles tinham grande confiança que não provocariam nenhum dano econômico com isso — porque eles podiam continuar estimulando a economiabetmotion logouma escala inédita.

Nunca na história houve tanto estímulo sendo dado. Houve desastres naturais e pandemias antes. Mas nunca houve tanto estímulo financeiro. As pessoas ficavambetmotion logocasa recebendo cheques do governo — inclusive as pessoas mais ricas. Pessoas com renda superior a US$ 100 mil (cercabetmotion logoR$ 540 mil) por ano recebiam cheques nos Estados Unidos. Houve mau uso por partebetmotion logoalguns negócios.

E houve um dilúviobetmotion logoliquidez que o banco central americano botou no sistema. Em certo momento, o governo estava comprando papéis da Berkshire Hathaway [empresabetmotion logoinvestimentosbetmotion logoWarren Buffet, um dos homens mais ricos do mundo] e créditos com baixo risco. Era uma compra sem critérios.

Fiquei assustado com o tamanho do envolvimento do governo e me fez pensar o quanto o capitalismo mudou nos últimos cem anos.

betmotion logo BBC: O tamanho do estímulo durante a pandemia foi inédito, mas também o tamanho da crise foi inédito. Tirando exageros que foram cometidos, não era importante que os governos agissem com estímulos naquele momento?

betmotion logo Sharma: Sim, mas acho que o problema não foi só o que aconteceu durante a pandemia. É quanto tempo durou depois e as consequências disso. Mesmo depois que a pandemia passou,betmotion logo2021 e 2022, os governos continuaram estimulando a economia.

No ano passado, segundo algumas estimativas, o estímulo fiscal respondeu por um terço do crescimento econômico dos EUA. Issobetmotion logopleno 2023.

Então quando se começa a fazer isso, fica difícil parar. E o governo não parou.

Talvez fosse a coisa a fazer no calor do momento [da pandemia], mas essa ação continuou por muito tempo. Agora a inflação está aniquilando a poupançabetmotion logomuitas pessoas. E até agora a inflação ainda não voltou ao patamar pré-pandemia.

Então os efeitos disso têm sido duradouros.

Pessoas com máscara nas ruas

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Governos no mundo todo responderam à pandemia com estímulos financeiros e pacotesbetmotion logoajuda para a população e empresas

betmotion logo BBC: O mundo hoje está sofrendo porque os governos agiram demais?

betmotion logo Sharma: A ideia do livro é mais profunda do que apenas isso. É sobre como o envolvimento do governo na economia mudou ao longobetmotion logocem anos. Nos EUA, por exemplo, há cem anos o gasto governamental representava apenas 3% do PIB. Hoje ele estábetmotion logo36% e sempre estevebetmotion logocrescimento.

betmotion logo BBC: Você compara os estímulos do governo à crisebetmotion logoopioides nos EUA,betmotion logoque se passou a tomar mais remédios contra a dor e isso deixou as pessoas viciadas. Os governos estão viciadosbetmotion logodar estímulos para evitar dores econômicas?

betmotion logo Sharma: É a analogia perfeita. Nos EUA, existe uma crisebetmotion logoopioides porque as pessoas estão viciadasbetmotion logodrogas. Porque para qualquer tipobetmotion logodor, se receita uma droga. E a dor aumenta, e se receita mais drogas. E as pessoas acabam viciadas. É algo que os médicos estão percebendo que é um problema.

Vejo a mesma coisa acontecendo na economia agora, com a escala da intervenção. A qualquer sinalbetmotion logodor, os mercados desabam 5% e dizem: o Banco Central americano precisa fazer alguma coisa rapidamente. É essa culturabetmotion logoadministração da dor que agora chegou no ciclo econômico.

betmotion logo BBC: Mas qual seria a solução para isso? Menos estímulos? Menos intervenção dos bancos centrais? Isso melhoraria o capitalismo?

betmotion logo Sharma: O primeiro passo é diagnosticar o problema. Primeiro, vamos entender qual é o problema que provoca essa campanhabetmotion logoestímulos ebetmotion logose resgatar empresas do setor privado. Um dos problemas é que se cria muitas regulações, e não se extingue as anteriores.

A quem isso tudo beneficia? A sociedade? Ou as grandes empresas que têm capacidadebetmotion logomanipular o sistema para obter as regulações?

Muitas das pessoas que estão à esquerda do espectro político pensam: vamos aumentar o tamanho do governo, criar mais legislações, gastar mais dinheiro.

No caso do governo Biden, ele falou que precisamos acabar com a cultura do governo pequeno e precisamosbetmotion logomais governo. Mas quando o governo foi pequeno?

Mostro no meu livro como ele cresceu. Para mim, a solução óbvia é que precisamos reequilibrar as coisas. Não podemos voltar para o século 19, onde o capitalismo funcionava laissez-faire, sem bem-estar socialbetmotion logoEstado, ebetmotion logoque os governos não tinham nenhum papel no ciclo econômico, salvobetmotion logomomentosbetmotion logopânico. O papel do governo era mínimo.

Eu não acho que podemos voltar a isso, mas certamente podemos voltar a ter algum tipobetmotion logoequilíbrio, senão os custos vão continuar crescendo. E quais são os custos até agora? Não tivemos uma crisebetmotion logodívida, mas há outros custos. Um deles é que o crescimento da produtividade no mundo ocidental, incluindo nos EUA, estábetmotion logodecadência nos últimos 30 ou 40 anos. E esse é um custo real, porque o capitalismo destrutivo, que é a base da economia, está ficando comprometido por esse tipobetmotion logocapitalismo distorcido.

Outro custo que pagamos é que a maioria das pessoas sente que o sistema é manipulado contra elas. Muitas pessoas nos EUA e no Ocidente dizem que sentem que o mundo está tomando o rumo errado. Mesmo nos EUA, onde o crescimento econômico é satisfatório, muitas pessoas sentem que isso só está beneficiando uma elite no topo. Não está beneficiando as pessoasbetmotion logotodas as faixasbetmotion logorenda.

betmotion logo BBC: Uma expressão que você usa é socialismo para os muito ricos, sugerindo que os gastos governamentais produzem mais desigualdade. Como isso funciona?

betmotion logo Sharma: Não é socialismo apenas para os ricos. É socialismo para todos. O risco foi socializado para todos. Socialismo para os ricos é um slogan popular entre os Bernie Sanders [político americanobetmotion logoesquerda] deste mundo. Eu digo quebetmotion logoparte é verdade, mas que o risco foi socializado pela sociedade.

O que digo no livro é que [a norma hoje é que] ninguém pode quebrar, porque se alguém quebrar, isso provoca um efeito dominó na cadeia. É esse o pensamento corrente.

E como isso provoca desigualdade? Primeiro, quando o governo intervém ou cria novas regulações, os maiores beneficiados são as grandes corporações. Eu falo com muitos negócios pequenos e médios e eles me dizem que o custobetmotion logofazer negócios cresceu por causa da carga regulatória que agora é maior.

Em segundo lugar, estas grandes corporações têm poder máximobetmotion logolobbybetmotion logoWashington e conseguem a regulação escrita do jeito que querem.

Ebetmotion logoterceiro, quando o banco central americano joga liquidez no sistema, como aconteceu durante a pandemia, o maior ganhobetmotion logoriqueza acontece entre os mais ricos.

A liquidez infla os preços dos ativos e essa inflação beneficia os ricos que possuem esses ativos — ações, títulos e propriedades.

A pessoa comum se sente desfavorecida, porque fica mais caro para ela comprar casa ou pagar empréstimo imobiliário, porque os preços subiram tanto. E vimos uma inflação imobiliária muito grande nos últimos anos, especialmente nos EUA depois da pandemia.

betmotion logo BBC: Mas se os riscos são socializados entre todos, o estímulo do governo não melhora a vidabetmotion logotodo mundo — ricos e pobres —,betmotion logotese? Mesmo que os ricos acabem ganhando mais,betmotion logorelação aos demais?

betmotion logo Sharma: O inferno é cheiobetmotion logoboas intenções. Sim, a intenção pode ser boa. Mas se todos estivessem sentindo que estão melhorbetmotion logovida, por que as pesquisas mostram um cenário tão ruim? Por que só 35% dos americanos acreditam que estarão melhor financeiramente do que seus pais — quando há 50 anos 80% dos americanos acreditavam que estariam melhor do que seus pais?

Por que 70% dos americanos sentem que querem acabar com o sistema ou mudá-lo?

Se a maré alta estivesse realmente levantando todos os barcos, as pessoas estariam felizes e não estariam sentindo que o sistema é manipulado contra elas e que precisa ser derrubado.

betmotion logo BBC: Nas democracias, as pessoas podem votar. O que os políticos estão prometendo? Alguém se propõe a salvar o capitalismo?

betmotion logo Sharma: Não. O problema é que políticos só agem quando o país estábetmotion logocrise. Na América Latina você vê que as melhores reformas só são aprovadas quando o país está completamentebetmotion logocrise. Quando tudo parece bem na superfície, não há crise aparente.

Não há motivo para os políticos mudarem nada só por romantismo, e quando eles chegam a Washington eles são consumidos pelo Estado.

Um exemplo clássico é Trump. Ele se coloca como antiestablishment e isso agrada muitas pessoas. Mas, como mostro no meu livro, uma das propostas boas que ele tinha era retirar duas novas regulações para cada nova regulação que fosse criada.

Ele prometeu isso. Mas no final do seu mandato, Trump tinha criado tantas regulações quanto seus antecessores, como Obama. Não houve mudança.

É muito difícil mudar essa cultura quando até pessoas como Trump falam uma coisa, mas não cumprem depoisbetmotion logoeleitos. Ele não fez nada para cortar gastos ou regulações.

betmotion logo BBC: Vamos falar sobre Brasil. Há alguns anos, você escreveu um livrobetmotion logoque buscava o novo milagre econômico entre os países emergentes. Na época, você disse que o otimismo internacional com o Brasil estava ligado apenas ao ciclobetmotion logocommodities, e que esse otimismo passaria depois que o ciclo acabasse. Na época, isso foi controverso, mas parece ter se confirmado. Você acha que a economia do Brasil está fadada ao fracasso, entre os emergentes?

betmotion logo Sharma: O Brasil está emergindo desde sempre. Há 200 países no mundo, e só 40 deles são classificados como desenvolvidos. Todos os demais são emergentes.

O Brasil tem uma abordagem bem estatizante, com muito envolvimento do governo. Eu sigo acreditando no que dissebetmotion logomeu livrobetmotion logo2012.

Nada mudou. O Brasil, nos últimos dez ou doze anos, fez algumas correçõesbetmotion logocurso no lado fiscal. Mas agora,betmotion logonovo, as pressões no lado fiscal estão aumentando.

Mas nada mudou fundamentalmente no Brasil. Houve algumas mudanças positivas. O setor agrícola está com um desempenho melhor, com um boombetmotion logoprodutividade.

No entanto, no geral, muito pouco mudou no Brasil na década.

Tratorbetmotion logoplantação

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Legenda da foto, Sharma diz que o modelo econômico do Brasil não mudou, apesarbetmotion logoavanços pontuais no país

betmotion logo BBC: Pode-se dizer que pouco mudou? Ao longo dos últimos anos, o Brasil aprovou diversas reformas — trabalhista, previdenciária ebetmotion logooutras áreas. E isso sob governosbetmotion logodiferentes orientações políticas. Por que dizer que pouco mudou?

betmotion logo Sharma: Houve mudanças. E isso impediu o Brasilbetmotion logoter uma crise fiscal. Mas o que eu digo que não mudou é o modelo fundamentalbetmotion logocrescimento do Brasil. Eles fizeram o suficiente para evitar um problema fiscalbetmotion logomomentos críticos, mas novamente o endividamento está crescendo e investidores estrangeiros estão preocupados com a interferência do governo na economia.

Esse envolvimento do Estado e a baixa produtividade no Brasil fazem com que eu não veja mudanças no país.

betmotion logo BBC: Há doze anos, você estavabetmotion logobusca do próximo milagre econômico. Você encontrou?

betmotion logo Sharma: Eu tinha bastante otimismo com o leste da Europa no livro. Citei a Polônia e a República Checa como países que poderiam virar países desenvolvidos. Eu ainda acredito nisso,betmotion logoparte. Sobre os quatro Brics [inicialmente, eram só Brasil, Rússia, Índia e China], eu era bastante pessimista quanto ao Brasil e Rússia, e com sentimentos mistosbetmotion logorelação à China. Nos últimos anos, meu pessimismo com a China cresceu e eu escrevi bastante sobre como vejo o modelo econômico chinês saindo dos trilhos.

Tenho um pouco menosbetmotion logopessimismo com a Índia do que quando escrevi o livro. E a Índia tem tido desempenho econômico satisfatóriobetmotion logotermos gerais. Nenhum país é perfeito.

No meu último livro, eu falobetmotion logotrês países onde o capitalismo ainda está funcionando: Suíça, Taiwan e Vietnã.

O motivo pelo qual escolhi esses três países é porque eles estãobetmotion logoníveisbetmotion logorenda diferentes.

A Suíça é muito rica — talvez o país mais rico do mundo — e um dos mais economicamente livres do mundo. Taiwan é um bom exemplo, porque lá o gasto do governo representa apenas 20% do PIB. E eles gastam muito bem esses 20%. Taiwan, se você lembrar, foi um dos países muito elogiados pela forma como lidou com a pandemia, com seu Estado tecnológico.

E, finalmente, temos o Vietnã, que é um país relativamente pobre, mas que tem dado liberdade econômica para seu povo. E temos visto o Vietnã crescer no nívelbetmotion logorenda nas últimas décadas.

Esses são exemplos. Esses países oferecem maior liberdade econômica — e liberdade econômica para mim é o que permite fazer com que o capitalismo funcione.

No meu livrobetmotion logo2012, eu disse que havia otimismo exagerado com países emergentes, sobretudo os Brics. E concluí que o grande país do milagre na época eram os EUA.

Terminei o livro lamentando não ter investido seguindo esse preceito, porque o único país onde as pessoas realmente ganharam muito dinheiro nos últimos anos foi nos EUA.

Mas agora nestes últimos dois ou três anos,betmotion logoparticular no mundo pós-pandemia, eu acredito que os EUA também estão exibindo muitas falhas. A dívida e os déficits recebem muita atenção, mas existe uma corrosão do capitalismo, que foi o que me motivou a escrever esse livro.

betmotion logo BBC: Mas há quem diga que os EUA não estão tão mal. A economia segue crescendo, as bolsas estãobetmotion logoníveis recordes e ainda há empresas novas praticando a destruição criativa. Onde estão as falhas?

betmotion logo Sharma: Sim, os EUA ainda têm muitas qualidades, sem dúvida. Mas o tipobetmotion logocapitalismo americano está prejudicado.

A falha que vejo é que, apesarbetmotion logotudo que acontece na superfície, as pessoas nos EUA estão infelizes. Muitos jovens americanosbetmotion logohoje — sobretudo os democratas — dizem que preferem o socialismo ao capitalismo. As pesquisas mostram isso.

Se tudo estivesse bem com o capitalismo, esses jovens também estariam comemorando. O que está acontecendo? Para mim, era impensável que jovens americanos fossem preferir socialismo ao capitalismo. Quem imaginaria?

E outra falha inacreditável, apesarbetmotion logoa economia estar indo bem, é que existe uma concentraçãobetmotion logoriqueza inacreditável acontecendo nos EUA.

Trump e Biden

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Legenda da foto, Para Sharma, disputa entre Trump e Biden é mais um conflitobetmotion logopersonalidades do quebetmotion logopolíticas

betmotion logo BBC: E como lidar com essas falhas? Se os políticos estão só atendendo o que os eleitores querem, como quebrar esse ciclo?

betmotion logo Sharma: Os eleitores estão pedindo que algo seja mudado, que algo radical seja feito. Eles não estão satisfeitos com o status quo.

betmotion logo BBC: E o que seria isso?

betmotion logo Sharma: Não vejo uma resposta para isso. Porque mesmo nos EUA hoje a escolha é entre dois líderes que muitos americanos não veem como a melhor escolha.

Pesquisas mostram que os americanos gostariambetmotion logoter outras opções, mas ninguém conseguiu surgir [no cenário político americano] com essa configuração.

Então virou uma disputa muito polarizada entre duas personalidades,betmotion logovezbetmotion logouma disputabetmotion logopolíticas substanciais. Nenhum dos lados está oferecendo uma solução nova ou diferente.

betmotion logo BBC: Você trabalhabetmotion logoum mundobetmotion logodinheiro. Onde você botaria seu dinheiro hojebetmotion logodia?

betmotion logo Sharma: Quando escrevi meu livro [de 2012], eu estava bastante pessimistabetmotion logorelação aos países emergentes. E eu estava mais “bullish” [recomendando investimentos mais agressivos] com os EUA.

Acho que hoje tenho a visão oposta. Os [investimentos nos] EUA estão sendo superestimados por todos. Ainda assim, a grande incoerência no mundo é que os EUA representam 26% do PIB global. Mas representam maisbetmotion logo50% da capitalizaçãobetmotion logomercado global. Nos índices MSCI [índicesbetmotion logoações do mundo todo], os EUA representam 65% da capitalização.

Acho que tem algo errado com isso. Com base nisso, eu retiraria meu dinheiro dos EUA e colocariabetmotion logomercados emergentes, que eu acho que tiveram desempenho ruim nos últimos dez, doze anos. E os retornos podem ser bem melhores nos próximos cinco a dez anos. Isso inclui lugares como Leste Europeu e até mesmo na América Latina, como no México ou na Argentina. Ou até mesmo no Brasil.

Sinto que alguns desses lugares estão subestimados neste momento. Então sinto que há oportunidades reais hojebetmotion logotermosbetmotion logoinvestimento, que é comparar: o que os mercados veem e o que eu vejo.

Eu vejo mais oportunidadesbetmotion logomercados emergentes hoje do que vejo nos EUA. Há uma década era o oposto.

betmotion logo BBC: Até mesmo no Brasil?

betmotion logo Sharma: Eu não estou otimistabetmotion logorelação aos fundamentos do Brasil, mas estaria procurando formasbetmotion logodiversificar fora dos EUA hojebetmotion logodia. O Brasil não é uma das minhas principais escolhas.

betmotion logo BBC: Você mencionou México. Por quê?

betmotion logo Sharma: Não acho que estejam fazendo reformas fundamentais, mas estão sob pressão finalmente. No México há incertezas porque não se sabe como será o novo governo.

Mas eles estão se beneficiando enormemente do boombetmotion logoterceirizações, que é a estratégia China Plus One [em que empresas investembetmotion logooutros países que não a China, para diversificar seus riscos e diminuir a concentração na China].

O México se beneficia muito com isso e tem mostrado resistência na economia, apesarbetmotion logojuros altos e demanda apenas razoável.