Sombra disputada e água dos bares: a rotina dos trabalhadores nas ruas sob calor extremoestrela bet7kSão Paulo :estrela bet7k

Crédito, Leandro Machado/BBC

Legenda da foto, O entregador Pedro Ivo Ribeiro diz que trabalhar no calor vale a pena por causa das promoções dos aplicativos

Todos os dias ele pedalaestrela bet7kParaisópolis, comunidade onde vive, até a região da avenida Faria Lima, área ocupada principalmente por escritórios do mercado financeiro e empresasestrela bet7ktecnologia.

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Depois do almoço, abriu a mochila e pegou uma garrafaestrela bet7kágua que havia enchido no último restaurante que passou, pois bebedouros públicos são raros na cidade – na praça, por exemplo, não há nenhum.

"Não dá para beber essa água, não. Olha aqui como está quente", diz, despejando um pouco na mão do repórter, e saindo para encher a garrafaestrela bet7kum bar do outro lado da rua.

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A água estava quente como o concreto do Largo da Batata, que parece piorar a sensação térmica durante a ondaestrela bet7kcalor.

O fenômeno tem levado a recordes históricosestrela bet7ktemperaturaestrela bet7kdiversas cidades do Brasil — há locaisestrela bet7kque os termômetros chegaram a marcar até 13ºC a mais do que esperado para esta época do ano. Já a sensação térmica chegou a ultrapassar os 50ºC.

Cercados por prédios envidraçados da Faria Lima, os entregadores da região eram os poucos corajosos que se arriscavam sob o sol da terça-feira.

"Muita gente não está nem saindo do trabalho para almoçar fora. Pede a comida pelo aplicativo e come no escritório", diz Pedro Ivo Ribeiro, 33, que virou entregador há seis meses depoisestrela bet7kperder o emprego na áreaestrela bet7klogística.

Para ele, o calorão desta semana traz uma vantagem: os aplicativos estão pagando mais pelas corridas, diz.

A lógica é simples: com a ondaestrela bet7kcalor, muitos entregadores preferem não sairestrela bet7kcasa, então, os apps dão bônus para quem decide se arriscar.

"Acontece o mesmo quando chove forte. Fazem isso para atrair mais entregadores. Eu ganhava R$ 6,50 por chamada, agora estáestrela bet7kR$ 13,50", conta Ribeiro, que moraestrela bet7kCarapicuíba, na Grande São Paulo, e todos os dias aluga uma bicicleta do banco Itaú para rodar pelos restaurantes e prédiosestrela bet7kPinheiros.

"Sou cascudo, trabalho no sol e na chuva. A vantagem é que posso parar a hora que quiser. Se estiver cansado, venho aqui na praça até recuperar o fôlego. Não tem patrão no meu pé", diz Ribeiro, que normalmente trabalha das 10h às 23h.

Crédito, EPA

Legenda da foto, Ondaestrela bet7kcalor está atingindo várias cidades do Brasil nesta semana

A reportagem procurou os principais aplicativos do mercadoestrela bet7kentregas e transporte. O iFood foi o único que havia respondido até a publicação deste texto.

"A empresa investe constantementeestrela bet7kiniciativas e na comunicação junto aos profissionais, reforçando a recomendaçãoestrela bet7kusoestrela bet7kroupas leves, protetor solar e aumentoestrela bet7kpausasestrela bet7kdescanso entre uma entrega e outra", disse.

“Para essas pausas, o iFood disponibiliza maisestrela bet7k750 pontosestrela bet7kapoio no Brasil. Os espaços oferecem pontos para descanso, acesso a banheiros e água gelada, alémestrela bet7ktomadas com energia para carregamentoestrela bet7kcelulares. O iFood promoveu a distribuiçãoestrela bet7kmaisestrela bet7k5 mil camisasestrela bet7kproteção UV e protetores solares", afirmou a empresa.

A poucos metros, na sombraestrela bet7koutra árvore do largo, dois garis se sentaram para descansar um pouco.

"O senhor me desculpe, mas não posso dar entrevista, não. Está bem, falo rapidinho", respondeu um deles, José Luis, 47, que preferiu não dar o sobrenome.

"Se o encarregado vê a gente aqui sentado, conversando com o senhor, vem bronca na certa. Não pode ficar parado", diz ele, já levantando para pegar a vassoura.

Os dois garis disseram que usam protetor solar durante os dias, material fornecido pela empresa terceirizada responsável pela limpeza das ruasestrela bet7kPinheiros. "Mas água mesmo, a gente pede é nos bares", diz.

Em nota à reportagem, a Prefeituraestrela bet7kSão Paulo afirmou que "todos os servidores municipais, funcionáriosestrela bet7kempresas contratadas eestrela bet7kconcessionárias são orientados a seguir as recomendações dos técnicosestrela bet7ksegurança para a utilização e reaplicação ao longo do dia do protetor solar eestrela bet7kque hidratação com maior frequência".

"Trabalhadores cujas funções exigem maior exposição ao sol, comoestrela bet7kserviçosestrela bet7klimpeza, obras, agentes da CET, funcionáriosestrela bet7kparques eestrela bet7kaçõesestrela bet7kzeladoria, também utilizam uniformes confeccionados com tecido apropriado para o verão, bonés com abas e demais Equipamentosestrela bet7kProteção Individual (EPIs) necessários", afirmou a administração municipal.

'Não pode abusar'

Crédito, Leandro Machado/BBC

Legenda da foto, Katia dos Santos faz pausas no trabalho no centroestrela bet7kSão Paulo para fugir do calor

O ar-condicionado do metrô era um alento momentâneo para quem deixava o Largo da Batata para ir ao centroestrela bet7kSão Paulo usando a linha 4-amarela.

Mas quando as portas do trem se abriram novamente na estação República, uma lufada quente no rosto nos lembra que a tarde seria difícil para quem depende da rua para sobreviver.

É o caso Katia dos Santos, 41, que passa o dia embaixo do sol na rua Barãoestrela bet7kItapetininga abordando pessoas aleatórias.

"Meu trabalho é simples: só tenho que levar clientes para os advogados trabalhistas. Dá um bom dinheiro, uns R$ 40 por dia. Sou boa nisso, porque sou desenrolada", diz ela, com um colete que informaestrela bet7kfunção.

Katia usa protetor solar e, sempre que possível, procura uma sombra para descansar quando o movimento da rua diminui.

"Não pode abusar, porque esse sol forte pode causar câncerestrela bet7kpele. Mas a gente tem que trabalhar, não pode ficar muito tempo parado, tem conta pra pagar", diz.

A exposição ao calor extremo pode levar a uma sérieestrela bet7kproblemasestrela bet7ksaúde, como desidratação, aumento da frequência cardíaca e quedaestrela bet7kpressão, entre outros.

A rua Barãoestrela bet7kItapetininga, calçadaestrela bet7kpedras portuguesas, é a meca dos desempregadosestrela bet7kSão Paulo. Nos prédios antigos, há inúmeros escritóriosestrela bet7kadvogados trabalhistas, agênciasestrela bet7kemprego e lan houses que cobram R$ 2 para fazer e imprimir um currículo.

Expostos ao sol no calçadão, há trabalhadoresestrela bet7ktoda ordem: plaqueiros oferecendo vagasestrela bet7kempregoestrela bet7kserviço gerais, vendedoresestrela bet7kchipsestrela bet7kcelular, homens com placasestrela bet7k"compra-se ouro", um pintorestrela bet7kquadrosestrela bet7kpaisagens e imigrantes vendendo tecidos tradicionaisestrela bet7kpaíses da África.

Encostadaestrela bet7kum dos prédios estava Luciana das Graças da Silva, 40, vendedora e aplicadoraestrela bet7kpelículasestrela bet7ktelaestrela bet7kcelular.

Sob uma pequena sombra, ela não reclamou da ondaestrela bet7kcalor.

"Para mim está bemestrela bet7kboa. Calor forte faz na minha cidade, Mantena,estrela bet7kMinas Gerais. Minha filha me ligou ontem e disse que lá estava 47°C."

Seu ponto fica ao ladoestrela bet7kum MC Donald’s. Quem estava na fila do sorvete da lanchonete – "hoje está uns 20 minutosestrela bet7kespera", disse uma funcionária – ouvia a propaganda vindaestrela bet7kuma caixaestrela bet7ksom acoplada ao quiosqueestrela bet7kLuciana: "O que seria do seu celular sem a películaestrela bet7kvidro, não é mesmo? Custa só R$ 5."

A poucos metros dali fica o Viaduto do Chá, tradicional passagem do centroestrela bet7kSão Paulo e local ocupado por muitos trabalhadores da rua. Há cartomantes, mãesestrela bet7ksantos, pastores lendo a Bíbliaestrela bet7kvoz alta, vendedoresestrela bet7kcelulares e até um conselheiroestrela bet7kinvestimentos no mercado financeiro.

Crédito, Leandro Machado/BBC

Legenda da foto, Enio Amorim dá conselhos financeiros no Viaduto do Chá, centroestrela bet7kSão Paulo

Esse último era Enio Amorim, 41, formadoestrela bet7keconomia pela Universidade Cruzeiro do Sul, que duas vezes por semana faz bico no viaduto com um cartaz anunciando seus conselhos para uma vida financeira mais saudável.

"Para mim, é muito pior quando chove, porque não tenho como trabalhar. Nessa semana, estou sofrendo mesmo é por causa da vestimenta. Roupa social nesse calor não é fácil para ninguém, mas, na minha área, o terno passa confiança", diz ele, que só está pegando ônibus com ar condicionado para chegar ao centro.

Para Amorim, o clima atual é como a economia brasileira: "Está ruim agora, vai melhorar um pouco no final do ano, mas, a longo prazo, vai piorar muito. Por isso é melhor se planejar."

Ao lado dele estava Graice Pinto, 50, vendedoraestrela bet7kágua e refrigerantes.

"Esses dias estão ótimos. Hoje cheguei aqui meio-dia, olhei o relógio ali na rua: estava 41°C. Saíestrela bet7kcasa com 50 garrafas e já vendi quase tudo", diz ela, negando tirar uma foto para a reportagem.

"Sou procurada", avisa, séria. "Brincadeira, menino."

"O problema é o rapa. Quando eles chegam, ou você sai correndo ou eles levam tudoestrela bet7kvocê. Vidaestrela bet7kambulante é assim: um olho no cliente e outro no rapa."

O Viaduto do Chá estava quase vazio, e a temperatura caiu no centroestrela bet7kSão Paulo. Nuvens negras e um vento forte anunciavam um temporal por volta das 16hestrela bet7kterça-feira. Alguns passavam correndo com medo da chuva que se anunciava. Mas ela não veio e o calorão voltou no dia seguinte.

Colaborou Felipe Souza