Calor extremo pode se tornar o 'novo normal' no Brasil?:jogos educativos online gratis
Estudos publicados recentemente também revelam que as ondasjogos educativos online gratiscalor do tipo estão se tornando cada vez mais comuns no país.
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A resposta
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A má notícia é que eventos como esse podem se tornar ainda mais frequentes e intensos daquijogos educativos online gratisdiante — e,jogos educativos online gratisacordo com os especialistas, é urgente discutir planosjogos educativos online gratismitigação e adaptação a eventos climáticos extremos, como verões muito intensos e chuvas torrenciais.
Entenda todos estes pontos ao longo desta reportagem.
Recordes consecutivos
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Em primeiro lugar, é preciso terjogos educativos online gratismente que a atual ondajogos educativos online gratiscalor não configura um fenômeno isolado no Brasil: segundo um relatório do Instituto Nacionaljogos educativos online gratisMeteorologia (Inmet), vinculado ao Ministério da Agricultura e Pecuária, a temperatura média bateu recordes no país nos últimos quatro meses.
O levantamento, publicadojogos educativos online gratis8jogos educativos online gratisnovembro, usa dados das estações meteorológicas espalhadas por todo o território nacional.
Os resultados mostram que, entre julho e outubrojogos educativos online gratis2023, as temperaturas ficaram acima da média registrada para esses períodosjogos educativos online gratisanos anteriores.
Em julho, por exemplo, a temperatura média erajogos educativos online gratis21,9 ºC. Mas,jogos educativos online gratis2023, esse número ficoujogos educativos online gratis23 ºC — um desviojogos educativos online gratis1 ºCjogos educativos online gratisrelação ao que era esperado.
Esse desvio se repetiujogos educativos online gratisagosto (1,4 ºC), setembro (1,6 ºC) e outubro (1,2 ºC) — e, diante da ondajogos educativos online gratiscalor mais recente, deve manter-se acima da média histórica tambémjogos educativos online gratisnovembro.
"O cenário indica que o anojogos educativos online gratis2023 será o mais quente desde da décadajogos educativos online gratis1960", aponta o relatório do Inmet.
"Estes resultados corroboram as perspectivas encontradas por outros órgãosjogos educativos online gratismeteorologia internacional, pois, segundo pesquisadores do Serviçojogos educativos online gratisMudanças Climáticas Copernicus da União Europeia, é improvável que os dois últimos meses deste ano revertam este recorde, tendojogos educativos online gratisvista que a tendência éjogos educativos online gratisaltas temperaturasjogos educativos online gratistodo o mundo até novembro", conclui o instituto.
E aqui vale lembrar que as ondasjogos educativos online gratiscalor não foram um problema exclusivo do Brasil nos últimos meses.
Um estudo divulgado pela organização Climate Centraljogos educativos online gratis9/11 faz um balanço dos "12 meses mais quentes já registrados na História".
Segundo os autores, que avaliaram dadosjogos educativos online gratis175 países (incluindo o Brasil), houve uma elevação médiajogos educativos online gratis1,3 ºC nos quatro cantos do planeta.
"Durante todo esse período, 90% das pessoas (7,3 bilhões) experimentaram pelo menos 10 diasjogos educativos online gratistemperaturas fortemente afetadas pelas alterações climáticas, e 73% (5,8 bilhões) passaram maisjogos educativos online gratisum mês nessas condições", estima a pesquisa.
O texto ainda aponta que, entre as nações do G20 (o grupo que reúne as maiores economias do planeta), nove tiveram problemas com ondasjogos educativos online gratiscalor entre maio e outubrojogos educativos online gratis2023 — na lista, o Brasil aparece como o sétimo mais afetado, atrásjogos educativos online gratisArábia Saudita, México, Indonésia, Índia, Itália e Japão, e na frentejogos educativos online gratisFrança e Turquia.
Mudanças históricas
Mas como essa situaçãojogos educativos online gratismomento se compara com o passado? Temosjogos educativos online gratisfato mais ondasjogos educativos online gratiscalor agora do que nas últimas décadas?
Segundo um levantamento do Instituto Nacionaljogos educativos online gratisPesquisas Espaciais (Inpe), a resposta é sim: o númerojogos educativos online gratiseventos climáticos extremos — como temperaturas muito altas, secas ou chuvas intensas — aumentou consideravelmente no Brasiljogos educativos online gratis1960 para cá.
Para fazer essa afirmação, os pesquisadores levantaram estatísticas meteorológicasjogos educativos online gratis1961 a 2020, que foram divididasjogos educativos online gratisquatro grandes períodos:jogos educativos online gratis1961 a 1990,jogos educativos online gratis1991 a 2000,jogos educativos online gratis2001 a 2010 ejogos educativos online gratis2011 a 2020.
O primeiro dado que chama a atenção tem a ver com as "anomalias positivasjogos educativos online gratistemperatura máxima". Entre 1991 e 2000, essas ondasjogos educativos online gratiscalor não ultrapassavam um limitejogos educativos online gratiscercajogos educativos online gratis1,5 °Cjogos educativos online gratiscomparação com a média histórica.
Elas, porém, praticamente dobraram e atingiram 3 °C a maisjogos educativos online gratisalguns locais — especialmente no Nordeste — entre 2011 e 2020.
"No períodojogos educativos online gratisreferência, a médiajogos educativos online gratistemperatura máxima no Nordeste erajogos educativos online gratis30,7 °C e subiu, gradualmente, para 31,2 °Cjogos educativos online gratis1991-2000, 31,6°Cjogos educativos online gratis2001-2010 e 32,2 °Cjogos educativos online gratis2011-2020", detalha o Inpe, órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Os autores também observaram mudanças significativas no regimejogos educativos online gratischuvas. O cenário é contrastante: houve uma queda na taxa médiajogos educativos online gratisprecipitação (entre 10 e 40%) no Nordeste,jogos educativos online gratispartes do Sudeste e no Brasil central.
Já no Sul ejogos educativos online gratispartes dos Estadosjogos educativos online gratisSão Paulo e Mato Grosso do Sul, aconteceu o contrário: um aumentojogos educativos online gratis10 a 30% nas chuvas.
Outros dois dados permitem entender esse contexto. Entre 1961 e 1990, parte do Nordeste e do Brasil central tinham entre 80 a 85 dias consecutivos sem chuva por ano. Esse número subiu para 100 dias mais recentemente, entre 2011 e 2020.
Enquanto isso, no Sul, a precipitação máxima ocorridajogos educativos online gratiscinco dias ficava na casa dos 140 milímetrosjogos educativos online gratiságua entre 1961 e 1990 — mais recentemente, a taxa subiu para 160 mm.
O númerojogos educativos online gratisdias com "anomaliasjogos educativos online gratisondasjogos educativos online gratiscalor" também sofreu um salto dramático.
No períodojogos educativos online gratisreferência (1961-1990), o númerojogos educativos online gratisdias com ondasjogos educativos online gratiscalor não passavajogos educativos online gratissete ao ano. "Para o períodojogos educativos online gratis1991 a 2000, subiu para 20 dias; entre 2001 e 2010 atingiu 40 dias; ejogos educativos online gratis2011 a 2020, o númerojogos educativos online gratisdias com ondasjogos educativos online gratiscalor chegou a 52", revela o artigo.
Ou seja:jogos educativos online gratistrês décadas, houve um saltojogos educativos online gratissete vezes na quantidadejogos educativos online gratisdias no anojogos educativos online gratisque os brasileiros vivem sob uma temperatura bem alta.
Vale destacar que a análise do Inpe vai até o 2020 — e, com isso, ainda não levajogos educativos online gratisconta os fenômenosjogos educativos online gratiscalorjogos educativos online gratis2023.
"O mais recente relatório do IPCC [o painel sobre mudanças climáticas das Nações Unidas] destacou que as mudanças climáticas estão impactando diversas regiões do mundojogos educativos online gratismaneiras distintas", destacou Lincoln Alves, pesquisador do Inpe e coordenador do estudo.
"Nossas análises revelam claramente que o Brasil já experimenta essas transformações, evidenciadas pelo aumento na frequência e na intensidadejogos educativos online gratiseventos climáticos extremosjogos educativos online gratisvárias regiões desde 1961, que irão se agravar nas próximas décadas proporcionalmente ao aquecimento global”, complementou ele,jogos educativos online gratisnota publicada no site da instituição.
O que explica esse cenário
Segundo especialistas e relatórios publicados, a ondajogos educativos online gratiscalor atual não pode ser explicada por um único fator. Ela é resultadojogos educativos online gratisuma sériejogos educativos online gratisfenômenos e mudanças que, juntas, fazem a temperatura subir.
Em seu artigo, o Inmet chama a atenção para o El Niño,jogos educativos online gratisque ocorre um aquecimento acima da média das águas do Oceano Pacífico nas proximidades da Linha do Equador (veja mais no infográfico abaixo).
Quando essa porção do mar fica mais quente, há uma elevação da temperaturajogos educativos online gratisvárias regiões do planeta, inclusivejogos educativos online gratispartes do Brasil.
Mas,jogos educativos online gratisacordo com o estudo da Climate Central, o El Niño "está apenas começando a aumentar as temperaturas e, com base nos padrões históricos, a maior parte do efeito do fenômeno será sentido no ano que vem".
"Com base nos registros, é altamente possível que os próximos 12 meses sejam ainda mais quentes", antevê a instituição.
A geógrafa Karina Lima, doutoranda e pesquisadorajogos educativos online gratisclima na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), acrescenta que boa parte do território brasileiro se encontra agora sob uma espéciejogos educativos online gratis"domojogos educativos online gratiscalor".
"Nesse fenômeno, forma-se uma áreajogos educativos online gratisalta pressão atmosférica que permanece numa mesma região e aprisiona o ar quente", explica ela.
"Também há uma instabilidadejogos educativos online gratischuvas na periferia dessa massajogos educativos online gratisar", complementa.
Mas será que esse cenário atual é um prenúncio do que virá pela frente?
Lima pondera que o El Niño turbina as temperaturas globais e favorece o aparecimentojogos educativos online gratisondasjogos educativos online gratiscalor.
"Tudo isso está conectado. Observamos aumento na frequência e na intensidade dos eventos extremos. Há muita energia e calor acumulado no nosso sistema", avalia a pesquisadora.
Por outro lado, a tendência é que o El Niño tenha um picojogos educativos online gratis2024 — o que indica um verão bem quente pela frente. Depois, porém, o fenômeno que ocorre no Oceano Pacífico deve entrar numa fase neutra.
"É provável que nem todos os anos sejam tão intensos como 2023. Mas a tendência é que, independentemente do El Niño, continuemos a experimentar eventos extremos relacionados à temperatura ou às chuvas", projeta Lima.
Entre fenômenos globais e locais, não dá para ignorar aqui os efeitos das mudanças climáticas na frequência e na intensidade das ondasjogos educativos online gratiscalor.
O relatório da Climate Central avalia que os recordesjogos educativos online gratistemperatura registrados nos últimos mesesjogos educativos online gratisvárias partes do mundo "não surpreendem" e fazem parte da "tendênciajogos educativos online gratisaquecimento alimentada pela poluiçãojogos educativos online gratiscarbono".
"Enquanto a humanidade continuar a queimar carvão, petróleo e gás natural, as temperaturas continuarão a subir, e os impactos disso vão acelerar e se espalhar", alerta a entidade.
Para lidar com o problema — ou ao menos mitigar seus efeitos na economia e na saúdejogos educativos online gratisbilhõesjogos educativos online gratispessoas — especialistas apostam justamente na transição energética rumo a fontes menos poluentes e na preservação das florestas.
Os acordos políticos e diplomáticos que tentam viabilizar esse processo — discutidos anualmente nas cúpulas do clima organizadas pelas Nações Unidas — tentam assegurar que a subida dos termômetros pelos próximos anos não ultrapasse certos limites (como um aumentojogos educativos online gratisaté 1,5 °Cjogos educativos online gratisrelação aos níveis pré-Revolução Industrial), para minimizar as consequências deletérias.
A ideia, por exemplo, envolve substituir os combustíveis fósseis — que geram os gases por trás do efeito estufa e do consequente aquecimento do planeta — por fontesjogos educativos online gratisenergia sustentáveis e renováveis.
Outro aspecto fundamental dessa equação estájogos educativos online gratisreduzir drasticamente o desmatamento, especialmentejogos educativos online gratisflorestas tropicais como a Amazônia. Isso porque essas reservas contêm grandes quantidadesjogos educativos online gratiscarbono e ajudam a frear a subida da temperatura global.
"Essa mitigação não é simples, mas precisa ser feita para conseguirmos ficar no melhor cenário possível. Isso exige cortes drásticos, mudanças na matriz energética e alterações estruturais na nossa sociedade", pontua a geógrafa.
"Cada décimojogos educativos online gratisgrau a mais que evitarmos importa e faz toda a diferença, inclusive na ocorrênciajogos educativos online gratiseventos extremos."
Lima ainda explica que, além da mitigação, é necessário discutir também a adaptaçãojogos educativos online gratiscidades e bairros para esses cenáriosjogos educativos online gratiscalor extremo.
"Nós não estamos preparados para a realidadejogos educativos online gratisagora e para lidar com eventos jogos educativos online gratischuvas fortes ou calor intenso", observa ela.
"Precisaremos repensar as cidades, aumentar a vegetaçãojogos educativos online gratislocais estratégicos, como os pontosjogos educativos online gratisônibus e os locaisjogos educativos online gratisque as pessoas ficam expostas por um tempo prolongado, investir no isolamento térmico das casas, pintar telhados com cores mais claras, garantir o acesso à água potável e ao protetor solar, fazer campanhasjogos educativos online gratisconscientização, evitar exposições ao calor que não sejam absolutamente necessárias...", lista ela.
"Não damos o devido valor à urgência deste problema. As mudanças climáticas são uma questão transversal, que afeta todas as áreas da nossa vida, da segurança alimentar à saúde e a economia."
"E esse é o maior desafio da Humanidade", conclui ela.