As células que protegem, mas também podem destruir nosso cérebro:vip sport bet

Lupa sobre imagem do cérebro.

Crédito, Getty Images

O outro tipo — chamado glia — compõe o resto. A micróglia é o menor membro da família da glia, e representa cercavip sport bet10%vip sport bettodas as células cerebrais. Estas pequenas células possuem um "corpo" centralvip sport betformato oval, do qual emergem braços delgados semelhantes a ramificações.

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"Elas possuem muitas ramificações que se movimentam continuamente para pesquisar o ambiente", diz Paolo d’Errico, neurocientista da Universidadevip sport betFreiburg, na Alemanha.

"Em condições normais, elas as estendem e retraem para sentir o que está acontecendo ao seu redor."

Quando apresentam bom desempenho, as micróglias são essenciais para o funcionamento saudável do cérebro. Durante nossos primeiros anosvip sport betvida, elas controlam como nosso cérebro se desenvolve, "podando" conexões sinápticas desnecessárias entre os neurônios.

Elas influenciam que células se transformamvip sport betneurônios, alémvip sport betreparar e manter a mielina — uma camada protetoravip sport betisolamento que envolve os neurônios, sem a qual a transmissãovip sport betimpulsos elétricos seria impossível.

Micróglia.

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Legenda da foto, A micróglia protege nossos cérebrosvip sport betinfecções, procurando e destruindo bactérias e vírus
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O papel delas não para por aí. Ao longo da nossa vida, a micróglia protege o nosso cérebrovip sport betinfecções, procurando e destruindo bactérias e vírus.

Elas limpam os detritos que se acumulam entre as células nervosas e erradicam e destroem proteínas tóxicas disformes, como as placas amiloides — os aglomeradosvip sport betproteínas que acredita-se desempenhar um papel na progressão do Alzheimer.

No entanto,vip sport betcertas circunstâncias, elas podem se rebelar.

"A micróglia tem dois lados — um lado bom e um lado ruim", diz Linda Watkins, neurocientista da Universidade do Coloradovip sport betBoulder, nos EUA.

"Elas pesquisam problemas,vip sport betbuscavip sport betatividade neural incomum e danos. Elas estão atentas a qualquer tipovip sport betproblema no cérebro, mas quando são superestimuladas, deixamvip sport betser as mocinhas vigilantes e passam a ser as vilãs patológicas."

Mas o que faz com que se rebelem? Quando as micróglias detectam que há algo errado no cérebro, como uma infecção ou uma grande presençavip sport betplacas amiloides, elas entramvip sport betum estado super-reativo.

"Elas se tornam muito maiores, quase como grandes balões, e contraem seus apêndices e começam a se movimentar, devorando os danos como pequenos Pac-Man", explica Watkins.

A micróglia ativada também libera substâncias conhecidas como citocinas inflamatórias, que funcionam como um farol, chamando outras células do sistema imunológico e micróglias para entrarvip sport betação.

Tal resposta é necessária para ajudar o corpo a combater invasores e ameaças. Normalmente, depoisvip sport betum certo períodovip sport bettempo, a micróglia volta ao seu estado "bom".

Mas parece que, às vezes, a micróglia pode permanecer neste estadovip sport betsuperestimulação muito tempo depoisvip sport beto agente infeccioso ter desaparecido. Atualmente, acredita-se que estas micróglias foravip sport betcontrole estejam por trásvip sport betuma sérievip sport betdoenças e condições modernas.

Por exemplo, o vício. Historicamente, esta condição tem sido vista como um distúrbio do sistema neurotransmissor da dopamina, sendo que os desequilíbrios da dopamina são os culpados pelo comportamento cada vez mais voltado para as drogas dos pacientes.

Micróglias.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Quando a micróglia sente que há algo errado, ela entravip sport betum estado super-reativo

Mas Watkins tem uma teoria diferente. Em um artigo acadêmico recente, ela e cientistas da Academia Chinesavip sport betCiências argumentam que quando uma pessoa toma uma droga,vip sport betmicróglia vê a substância como um "invasor" estranho.

"O que descobrimos por meio da nossa própria pesquisa é que uma variedadevip sport betopiáceos ativam as células microgliais, e fazem isso, pelo menosvip sport betparte, por meio do que é chamadovip sport betreceptores do tipo Toll (TLR)", diz Watkins.

"Os receptores do tipo Toll são receptores muito antigos concebidos para reconhecer objetos estranhos. Eles deveriam estar lá para detectar fungos, bactérias e vírus. São os receptores do 'algo não está certo, não estou bem'."

Quando a micróglia detecta drogas como opiáceos, cocaína ou metanfetamina, ela libera citocinas, o que faz com que os neurônios que estão ativos no momento do consumo da droga se tornem mais estimulados.

Crucialmente, isso leva à formaçãovip sport betconexões novas e mais fortes entre os neurônios e à liberaçãovip sport betmais dopamina, fortalecendo o desejo e a vontadevip sport betusar drogas.

A micróglia altera a própria arquitetura dos neurônios do cérebro, levando a hábitosvip sport betconsumovip sport betdrogas que podem durar a vida toda.

As evidências que respaldam esta teoria são convincentes. Por um lado, os usuáriosvip sport betdrogas aumentam a inflamação e as citocinas inflamatórias no cérebro.

A redução da inflamaçãovip sport betanimais também reduz o comportamentovip sport betbuscar drogas. A equipevip sport betWatkin mostrou que é possível impedir que os camundongos busquem continuamente drogas como a cocaína, bloqueando o receptor TLR e evitando a ativação microglial.

Além disso, a micróglia também poderia desempenhar um papel importante na dor crônica, definida como dor que dura maisvip sport bet12 semanas. O laboratóriovip sport betWatkins mostrou que, após uma lesão, a micróglia na medula espinhal é ativada, liberando citocinas inflamatórias que sensibilizam os neurônios da dor.

"Se você bloquear a ativação da micróglia ouvip sport betseus produtos pró-inflamatórios, você bloqueia a dor", afirma Watkins.

Segundo ela, a micróglia poderia até explicar outro fenômeno: por que os idosos apresentam um declínio acentuadovip sport betsuas habilidades cognitivas após uma cirurgia ou infecção. A cirurgia ou infecção serve como um primeiro golpe que "prepara" a micróglia, tornando-a mais propensa a adotar seu statusvip sport betvilã.

Após a cirurgia, os pacientes geralmente recebem opioides para aliviar a dor, o que infelizmente ativa novamente a micróglia, causando uma tempestadevip sport betinflamação que acaba provocando a destruiçãovip sport betneurônios.

Este campovip sport betpesquisa ainda é novo — por isso, estas descobertas iniciais devem ser tratadas com cautela, mas estudos mostram que é possível evitar o declínio da memória após a cirurgiavip sport betcamundongos, bloqueando a micróglia.

"Se eu caminhar até você e, sem nenhum aviso prévio, te der um tapa na cara, eu vou me safar na primeira vez. Mas você não vai me deixar sair ilesa na segunda vez, porque você está preparada, pronta,vip sport betguarda", explica Watkins.

"As células da glia funcionam da mesma maneira. Com o envelhecimento, elas se tornam cada vez mais preparadas e prontas para respondervip sport betforma exagerada com o passar dos anos. E, agora, que estão neste estado primordial, um segundo desafio, como uma cirurgia, faz com que entremvip sport betação com muito mais força do que antes. Na sequência, você toma os opioides, que são um terceiro golpe."

Mão com luva apontado para examesvip sport betimagem do cérebro.

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Legenda da foto, Acredita-se que a micróglia foravip sport betcontrole esteja por trásvip sport betuma sérievip sport betcondições graves

Esta "preparação" da micróglia pode até estar por trás do Alzheimer. O principal fatorvip sport betrisco para a condição é a idade, e se a micróglia se torna mais preparada para responder à medida que envelhecemos, isso pode ser um fator.

Ao mesmo tempo, uma das principais características do Alzheimer é a acumulaçãovip sport betaglomeradosvip sport betproteína amiloide no cérebro. Este processo começa décadas antesvip sport betos sintomasvip sport betconfusão mental e perdavip sport betmemória se tornarem detectáveis.

Uma das funções da micróglia é procurar e remover estas placas, por isso é possível que, com o tempo, a ativação repetida faça com que a micróglia mude permanentemente para o modo rebelde.

"O acúmulovip sport betamiloide no cérebro induz a micróglia a se tornar mais reativa", afirma D'Errico.

"Elas começam a liberar todos esses sinais inflamatórios, mas a questão é que, como essas placas amiloides continuam a ser produzidas, há uma inflamação crônica constante que nunca para. Isso é bastante tóxico para os neurônios."

A micróglia ativada cronicamente pode envolver e matar neurônios diretamente, liberar espécies reativas tóxicas que os danificam ou começar a "podar demais" as sinapses, destruindo a conexão entre as células nervosas.

Todos estes processos podem levar à confusão mental, perdavip sport betmemória e perda da função cognitiva que caracteriza a doença.

Em um estudovip sport bet2021, d'Errico descobriu até que a micróglia pode contribuir para a disseminação do Alzheimer ao transportar as placas amiloides tóxicas pelo cérebro.

Mulher idosa sentadavip sport betsalavip sport betesperavip sport bethospital segurando uma bengala.

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Legenda da foto, Uma das funções da micróglia é procurar e remover as placas que causam Alzheimer

"Nos estágios iniciais da doençavip sport betAlzheimer, há regiões específicas do cérebro que parecem acumular placas, como o córtex, o hipocampo e o bulbo olfatório", diz d'Errico.

"Nos estágios mais avançados da doença, há muito mais regiões afetadas. Descobrimos que a micróglia é capazvip sport betinternalizar a proteína amiloide, e depois passar para outra região antesvip sport betliberá-la novamente."

Alguns dos sintomas do Alzheimer, como esquecimento e perda da função cognitiva, são semelhantes aos da covid longa, e é possível que a micróglia errante também possa estar por trás do chamado "nevoeiro mental". Por exemplo, um dos principais fatores que fazem com que a micróglia se rebele é a presençavip sport betuma infecção viral.

"A micróglia anormalmente ativada pode começar a podarvip sport betexcesso as sinapses no cérebro, e isso pode levar ao declínio cognitivo, à perdavip sport betmemória e a todos os sintomas relacionados à síndrome do nevoeiro mental", explica Claudio Alberto Serfaty, neurobiólogo da Universidade Federal Fluminense (UFF),vip sport betNiterói, no Riovip sport betJaneiro, que resumiu as evidências desta teoriavip sport betum artigovip sport betrevisão recente.

A expectativa évip sport betque esta nova formavip sport betpensar acabe levando a novos tratamentos.

Por exemplo, estãovip sport betandamento, atualmente, testes clínicosvip sport betnovos medicamentos para Alzheimer, que visam aumentar a capacidade da micrógliavip sport betdestruir a amiloide.

Mas, assim como acontece com todos os medicamentos para Alzheimer, tal estratégia funcionaria melhor nos estágios iniciais da doença, antesvip sport betocorrer uma morte neural significativa.

No caso do vício, uma ideia é trocar as micróglias rebeldes que deram errado pelas micróglias "normais" que estão presentes no cérebrovip sport betquem não usa drogas.

Este conceito, conhecido como substituiçãovip sport betmicróglia, envolve o enxertovip sport betmicrógliavip sport betregiões específicas do cérebro por meiovip sport bettransplantevip sport betmedula óssea.

No entanto, tal abordagem seria difícil. Afinalvip sport betcontas, as micróglias ativas são necessárias para combater infecções; na verdade, elas são vitais para o funcionamento do cérebro.

"Em teoria, sim, isso poderia funcionar, mas lembre-sevip sport betque você não quer interferir na micrógliavip sport bettodo o cérebro, isso precisaria ser localizado", observa Watkins.

"A microinjeçãovip sport betmicrógliavip sport betáreas específicas do cérebro seria algo muito invasivo. Portanto, acho que precisamos procurar algo que seja seguro para esse tipovip sport bettratamento."

vip sport bet Leia a vip sport bet íntegra desta reportagem vip sport bet (em inglês) no site vip sport bet BBC Future vip sport bet .