7 perguntas-chave sobre a febre oropouche:dicas de aposta brasileirao

Pessoa aplicando repelente na pele

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Usar repelentes é uma das estratégias para evitar a picada do mosquito transmissor da febre oropouche

A BBC News Brasil preparou um guia com as principais respostas para essas e outras perguntas relacionadas ao oropouche.

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1. O que é a febre oropouche?

O Ministério da Saúde informa que a febre oropouche "é uma doença causada por um arbovírus [vírus transmitidos por artrópodes] do gênero Orthobunyavirus, da família Peribunyaviridae".

O vírusdicas de aposta brasileiraoquestão é conhecido entre cientistas como Orthobunyavirus oropoucheense, ou pela sigla OROV.

Um artigo publicado por cientistas da Universidade do Kansas, nos EUA, explica que a família Peribunyaviridae figura entre as mais extensas da virologia — já foram descritos pelo menos 30 agentes infecciosos que pertencem a esse grupo.

O estudo ainda aponta que pelo menos cinco vírus dessa família já foram detectados no Brasil. O OROV é um deles.

2. Como é a transmissão da febre oropouche?

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O vírus é transmitido pela picadadicas de aposta brasileiraomosquitos, principalmente da espécie Culicoides paraensis, que é conhecida popularmente como maruim ou mosquito-pólvora.

Outro possível transmissor do agente infecciosodicas de aposta brasileiraoambientes urbanos é o Culex quinquefasciatus, chamado comumentedicas de aposta brasileiraopernilongo ou muriçoca.

Um estudo do Setordicas de aposta brasileiraoMedicina da Universidade do Texas, nos EUA, destaca que o Culicoides paraensis está espalhado pelas Américas.

Ele já foi identificado do norte dos Estados Unidos, quase na fronteira com o Canadá, até o suldicas de aposta brasileiraoArgentina e Chile.

O Culicoides paraensis é geralmente encontradodicas de aposta brasileiraoáreas úmidasdicas de aposta brasileiraomata e nas proximidadesdicas de aposta brasileiraoreservatóriosdicas de aposta brasileiraoágua.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que, nos ciclosdicas de aposta brasileiraotransmissão observados na natureza, o vírus causador da febre oropouche também foi detectadodicas de aposta brasileiraoprimatas não humanos (como macacos-prego) edicas de aposta brasileiraobichos-preguiça.

Cientistas também suspeitam que ele possa afetar algumas aves.

Nos ciclos epidêmicos urbanos, que envolvem seres humanos, ainda não foram observados casosdicas de aposta brasileiraotransmissão direta,dicas de aposta brasileiraouma pessoa para outra.

No entanto, um relatório publicado pelo Ministério da Saúde avalia a possibilidade e os riscos da transmissão vertical,dicas de aposta brasileiraouma mulher gestante para o bebêdicas de aposta brasileiraoformação no útero.

O texto chama a atenção para uma análise feitadicas de aposta brasileiraojunhodicas de aposta brasileirao2024 pelo Instituto Evandro Chagas,dicas de aposta brasileiraoBelém do Pará, que detectou a presençadicas de aposta brasileiraoanticorpos contra o vírus do oropouchedicas de aposta brasileiraoquatro recém-nascidos com microcefalia.

"Essa é uma evidênciadicas de aposta brasileiraoque ocorre a transmissão vertical do OROV, porém as limitações do estudo não permitem estabelecer relação causal entre a infecção durante a vida intrauterina e malformações neurológicas nos bebês", pondera o texto.

Uma outra investigação laboratorial realizada nas últimas semanas identificou material genético do vírus causador do oropouche num casodicas de aposta brasileiraoóbito fetal, que ocorreu com 30 semanasdicas de aposta brasileiraogestação.

Trechos do agente infeccioso foram encontrados "no sangue do cordão umbilical, na placenta edicas de aposta brasileiraodiversos órgãos fetais, incluindo tecido cerebral, fígado, rins, pulmões, coração e baço".

Novos trabalhos científicos devem ser publicados nos próximos meses para entender melhor como esse vírus pode afetar o desenvolvimento do bebê durante a gestação.

O mosquito maruim

Crédito, CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA/REPRODUÇÃO

Legenda da foto, O mosquito maruim é o transmissor da febre oropouche

3. Quais os sintomas da febre oropouche?

As evidências publicadas apontam que a incubação — o tempo entre o vírus entrar no organismo e o surgimento dos primeiros sintomas — varia entre quatro e oito dias.

A partir daí, os sinais da doença são muito parecidos aosdicas de aposta brasileiraooutras arboviroses, como a dengue.

A OMS aponta que os principais sintomas da febre oropouche são:

  • Febre altadicas de aposta brasileiraoinício repentino;
  • Dordicas de aposta brasileiraocabeça;
  • Dor atrás dos olhos;
  • Dureza ou dor nas juntas;
  • Calafrios;
  • Náusea;
  • Vômitos.

Geralmente, esses incômodos se prolongam por um períododicas de aposta brasileiraocinco a sete dias.

Curiosamente, após a recuperação, cercadicas de aposta brasileirao60% dos acometidos pela febre oropouche sofrem uma recaída.

Ou seja, após cercadicas de aposta brasileiraoduas semanas do episódio inicial, os sintomas voltam a dar as caras — algumas vezes, eles são ainda mais fortes, como observa o artigo da Universidade do Kansas.

Ainda não está 100% claro se essa recaída tem a ver com alguma questão imunológica do paciente ou se os acometidos sofreram uma reinfecção por circularemdicas de aposta brasileiraoáreas com alta concentração dos mosquitos transmissores do vírus.

4. A febre oropouche é grave? Pode matar?

Os trabalhos científicos publicados até agora sobre a febre oropouche citavam a possibilidadedicas de aposta brasileiraoalgumas complicações mais graves.

As principais seriam encefalite e meningite, inflamações do cérebro ou das membranas que recobrem o sistema nervoso, respectivamente.

No entanto, as duas mortes anunciadas pelo Ministério da Saúde na quinta-feira (25/7) são absolutamente inéditas.

"Até o momento, não havia relato na literatura científica mundial sobre a ocorrênciadicas de aposta brasileiraoóbito pela doença", confirma o ministériodicas de aposta brasileiraonota.

Uma outra morte notificada no Estadodicas de aposta brasileiraoSanta Catarina está sob investigação para confirmar se tem algo a ver com a febre oropouche.

Pessoa com dordicas de aposta brasileiraocabeça

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, A dordicas de aposta brasileiraocabeça é um dos sintomas da febre oropouche

5. Qual é o tratamento da febre oropouche?

Até o momento, não existe nenhum remédio específico para lidar com a febre oropouche.

Um artigo publicado por especialistasdicas de aposta brasileiraoÍndia, Nepal, Brasil e Peru no periódico acadêmico The Lancet Microbe classifica os surtosdicas de aposta brasileiraofebre oropouche como "uma preocupação crescente" e alerta para a faltadicas de aposta brasileiraopesquisas sobre novos tratamentos contra a moléstia.

O Ministério da Saúde diz que "os pacientes devem permanecerdicas de aposta brasileiraorepouso, com tratamento sintomático e acompanhamento médico".

Isso significa que profissionaldicas de aposta brasileiraosaúde pode indicar algumas medicações específicas para amenizar os sintomas, como a febre, as dores e a náusea.

Também é importante que os infectados usem repelentes, para evitar que sejam novamente picados pelos mosquitos transmissores, que podem passar o vírus adiante, para outros indivíduos.

Bicho-preguiça

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Na natureza, bichos-preguiça também são afetados pelo OROV

6. Como prevenir a febre oropouche?

Não existem vacinas disponíveis para evitar a infecção pelo OROV.

O mesmo estudo publicado no The Lancet Microbe aponta que, até o momento, houve apenas uma pesquisa com imunizantes contra a febre oropouche.

Esse trabalho, porém, está numa etapa bastante preliminar,dicas de aposta brasileiraotestes iniciais com cobaiasdicas de aposta brasileiraolaboratório.

As autoridadesdicas de aposta brasileiraosaúde sugerem algumas medidas básicas para diminuir o riscodicas de aposta brasileiraocontrair a infecção:

  • Evitar áreas onde há muitos mosquitos, especialmente os maruins;
  • Instalar telasdicas de aposta brasileiraomalha finadicas de aposta brasileiraoportas e janelas;
  • Usar roupas que cubram a maior parte do corpo, para impedir as picadas dos mosquitos;
  • Aplicar repelente nas áreas da pele que permanecerem expostas;
  • Manter a casa limpa, especialmente áreas externas com plantas ou animais — o material orgânico, como folhas e frutos que caem no solo, pode atrair mosquitos.

O Ministério da Saúde ainda orienta que, se forem confirmados casos na região onde você mora, é importante seguir "as orientações das autoridades locais para reduzir o riscodicas de aposta brasileiraotransmissão".

Do pontodicas de aposta brasileiraovista da saúde pública, os estudos e relatórios assinados por cientistas pedem por uma intensificação da vigilância — ou seja, uma maior disponibilidadedicas de aposta brasileiraotestes para fazer o diagnóstico rápido e conter surtos antes que eles se espalhem.

Segundo os especialistas, também há necessidadedicas de aposta brasileiraomais investimentosdicas de aposta brasileiraopesquisas sobre a transmissão vertical (a passagem do vírus da gestante ao bebê) e para o desenvolvimentodicas de aposta brasileiraoremédios e vacinas.

Mosquiteiro

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Instalar telas e mosquiteirosdicas de aposta brasileiraocasasdicas de aposta brasileiraoregiões com surtos é outra maneiradicas de aposta brasileiraoevitar o contato com os agentes transmissores do oropouche

7. Como a febre oropouche chegou no Brasil?

O vírus causador da febre oropouche foi identificado pela primeira vezdicas de aposta brasileirao1955 num paciente que morava na vila Vegadicas de aposta brasileiraoOropouche, na ilhadicas de aposta brasileiraoTrinidade, que fica no Caribe.

Pouco depois, já nos anos 1960, o agente infeccioso também acabou flagrado no Brasil. Alguns estudos da época isolaram o patógeno numa preguiça-de-três-dedos (Bradypus tridactylus).

Nesse mesmo período, a construção da estrada Belém-Brasília foi apontada como o evento por trásdicas de aposta brasileiraoum grande surtodicas de aposta brasileiraofebre oropouche que afetou a capital paraense, com maisdicas de aposta brasileirao11 mil casos suspeitos.

Entre 1961 e 2000, maisdicas de aposta brasileirao30 surtosdicas de aposta brasileiraooropouche foram registrados no Brasil, especialmente nos Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Goiás, Maranhão, Pará, Rondônia e Tocantins, segundo a pesquisa da Universidade do Kansas.

Nas últimas seis décadas, pesquisadores estimam que maisdicas de aposta brasileirao500 mil casos da doença foram diagnosticados no Brasil — embora eles admitam que esse número deva estar subestimado.

Alémdicas de aposta brasileiraoBrasil, o oropouche também é um problemadicas de aposta brasileiraosaúde públicadicas de aposta brasileiraopaíses como Peru, Colômbia, Equador, Argentina, Guiana Francesa, Panamá, Trinidade e Tobago, Bolívia e Cuba.

O avanço do desmatamento e as mudanças climáticas aumentam o riscodicas de aposta brasileiraoque essa doença se espalhe para outros lugares e crie novos ciclosdicas de aposta brasileiraotransmissão urbana desse vírus — assim como já acontece com dengue, zika e chikungunya.

O Ministério da Saúde calcula que,dicas de aposta brasileirao2024, foram registrados 7.236 casosdicas de aposta brasileiraofebre oropouche, espalhados por 20 Estados brasileiros.

A maior parte das infecções aconteceudicas de aposta brasileiraoAmazonas e Rondônia.

"A detecçãodicas de aposta brasileiraocasosdicas de aposta brasileiraofebre oropouche foi ampliada para todo o paísdicas de aposta brasileirao2023, após o Ministério da Saúde disponibilizardicas de aposta brasileiraoforma inédita testes diagnósticos para toda a rede nacionaldicas de aposta brasileiraoLaboratórios Centraisdicas de aposta brasileiraoSaúde Pública (Lacen). Com isso, os casos, até então concentrados na região Norte, passaram a ser identificados tambémdicas de aposta brasileiraooutras regiões do país", conclui a nota do ministério.