Megalodonte: o monstruoso tubarão pré-histórico que comia os irmãos no útero:playbonds slots
Os megalodontes aterrorizaram os oceanos por até 20 milhõesplaybonds slotsanos até serem extintos, cercaplaybonds slots3,5 milhõesplaybonds slotsanos atrás – muito antes que a humanidade pudesse conhecê-los pessoalmente.
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O megalodonte foi o maior tubarão que já existiu e um dos maiores predadores marinhos do nosso planeta. Mas só nos últimos anos conseguimos conhecer com mais clareza o seu tamanho e saber como eles cresceram tanto. E novas pesquisas estão fornecendo informações sobre a possível formaplaybonds slotsvida dessas criaturas, como elas caçavam e como se alimentavam.
Dentes imensos
Os megalodontes são conhecidos pela Ciência desde os anos 1840, graças aos seus enormes dentes triangulares, que costumamos encontrar fossilizados. O próprio nome “megalodonte” significa “dente grande”,playbonds slotsgrego antigo.
A espécie foi chamada originalmenteplaybonds slotsCarcharodon megalodon, do mesmo gênero do grande tubarão-branco moderno. Mas, atualmente, ela é classificada como Otodus megalodon.
Quando se fala nos dentes enormes do megalodonte, não há nenhum exagero. Alguns espécimes têm 16,8 cmplaybonds slotscomprimento. Para dar uma ideia, os dentes do tubarão-branco moderno chegam “apenas” a cercaplaybonds slots7,5 cm.
Certamente, o megalodonte era um grande tubarão – masplaybonds slotsque tamanho, exatamente?
Esta seria uma questão fácilplaybonds slotsresponder se tivéssemos um esqueleto completo do animal, mas não temos. Os tubarões são peixes cartilaginosos, ou seja, seus esqueletos são feitosplaybonds slotscartilagem mole e nãoplaybonds slotsossos resistentes. E a cartilagem não se fossiliza adequadamente.
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Por isso, os registros fósseis dos megalodontes consistem principalmente dos dentes, alémplaybonds slotsalgumas vértebras parcialmente mineralizadas.
“Realmente, não temos grandes evidências sobre a aparência do tubarão”, afirma a ecogeoquímica Sora Kim, da Universidade da Califórniaplaybonds slotsMerced, nos Estados Unidos. Ela estuda a química dos dentes do megalodonte.
Isso significa que não temos certeza sobre o verdadeiro tamanho e a forma dos megalodontes. Os paleontólogos conseguem apenas formular estimativas.
Eles medem o tamanho dos dentes dos megalodontes, comparam com os dentesplaybonds slotsoutros tubarões que têm tamanho conhecido e calculam o comprimento do corpoplaybonds slotsescala.
Este processo é inerentemente impreciso, já que os animais maiores não são simples versões ampliadas dos seus similaresplaybonds slotspequeno porte. Por isso, existem divergências nessas estimativas.
Vários estudos indicaram que o megalodonte poderia crescer até 18 ou mesmo 20 metros. Mas,playbonds slotsum estudoplaybonds slots2019, o paleobiólogo Kenshu Shimada, da Universidade DePaulplaybonds slotsChicago, nos Estados Unidos, defendeu que essas estimativas estavam erradas.
Ele argumentou que o dente frontal superior seria a melhor referência e este indica um comprimento máximoplaybonds slots15,3 metros para o animal.
No ano seguinte, uma equipe liderada por Victor Perez – na época, estudanteplaybonds slotsdoutorado do Museuplaybonds slotsHistória Natural da Flóridaplaybonds slotsGainesville, também nos Estados Unidos – adotou uma visão diferente.
Eles consideraram a largura dos dentes e não seu comprimento, já que a largura determina o tamanho da abertura bucal. E seu cálculo indicou que o megalodonte,playbonds slotsfato, poderia crescer até atingir 20 metrosplaybonds slotscomprimento.
Esta análise é “muito convincente”, segundo a paleontóloga marinha Catalina Pimiento, da Universidadeplaybonds slotsZurique, na Suíça. E Shimada concorda que este comprimento maior é possível.
Isso significa que o tamanho do megalodonte superavaplaybonds slotsmuito qualquer tubarão moderno.
O maior tubarão predador existente hojeplaybonds slotsdia é o grande tubarão-branco. Ele costuma atingir 4,9 metrosplaybonds slotscomprimento – ou seja, o megalodonte pode ter sido três ou quatro vezes maior do que ele.
Quem pode ser comparado com o megalodonte é o tubarão-baleia moderno. Existem relatos confiáveis sobre um espécime com 18,8 metrosplaybonds slotscomprimento.
Mas o tubarão-baleia não é predador – ele é filtrador e se alimentaplaybonds slotsimensas quantidadesplaybonds slotsplâncton microscópico.
Por outro lado, tanto o megalodonte quanto o tubarão-baleia são pequenos, perto das maiores baleias existentes. Afinal, a baleia-azul – o maior animal vivo do planeta – pode atingir 30 metrosplaybonds slotscomprimento. E, como o tubarão-baleia, também se alimentaplaybonds slotsplâncton.
É possível que alguns dos répteis marinhos da era dos dinossauros tivessem tamanhos similares, mas nossas estimativas sobre esses animais são baseadasplaybonds slotsesqueletos incompletos. Por isso, os cálculos são bastante imprecisos.
Todos estes números nos levam a concluir que o megalodonte não concorre ao títuloplaybonds slotsmaior animal do planeta. Mas ele pode muito bem ter sido o maior tubarão que já viveu na Terra – e o maior predador da história.
Superpredador
Os dentes do megalodonte revelam que o animal era um predador, mas o que ele comia?
Para responder a esta pergunta, os pesquisadores recorreram à análise química dos dentes.
Um método empregado é analisar o nitrogênio. Todo o nitrogênio do corpoplaybonds slotsum animal vem da proteínaplaybonds slotssua alimentação.
O nitrogênio apareceplaybonds slotsduas formas ou “isótopos”: o nitrogênio-14 e o nitrogênio-15. Basicamente, o corpo dos animais retém mais nitrogênio-15 do que nitrogênio-14 proveniente da alimentação.
O resultado é que os animaisplaybonds slotsposição superior na cadeia alimentar possuem proporção maiorplaybonds slotsnitrogênio-15 no corpo, incluindo os dentes.
Em um estudoplaybonds slots2022, Kim e outros pesquisadores demonstraram que os dentes do megalodonte tinham níveis extremamente altosplaybonds slotsnitrogênio-15. Isso indica que ele era um importante predador, que se alimentavaplaybonds slotspresas maiores, como fazem as orcas modernas.
“Ele teria sido um super-hiperpredador”, afirma Kim.
Mas outro estudoplaybonds slots2022,playbonds slotsShimada e Kim, observou os isótoposplaybonds slotszinco. Eles sugeriram que o megalodonte era mais parecido com o grande tubarão-branco: ainda um grande predador, mas não tanto quanto se pensava.
Kim acrescenta que os estudos também indicaram variações consideráveis, ou seja, que nem todos os megalodontes tinham a mesma alimentação.
Parte destas variações pode ser devido às diferenças entre os jovens e os adultos, segundo Pimiento. “Sabemos, pelas espécies modernas, que os tubarões mudamplaybonds slotsalimentação à medida que crescem”, afirma a pesquisadora.
Os tubarões-brancos jovens se alimentam principalmenteplaybonds slotspeixes, enquanto os adultos caçam mamíferos marinhos. Os megalodontes jovens podem ter seguido transições similares enquanto cresciam. Existem evidênciasplaybonds slotsque os megalodontes, às vezes, caçavam pequenos mamíferos marinhos, como focas.
“Os principais predadores só estão no ápice quando são adultos”, explica Pimiento. E os megalodontes jovens provavelmente viviamplaybonds slotsforma muito diferente dos seus pais.
Em 2010, Pimiento e seus colegas descobriram que os dentesplaybonds slotsmegalodonteplaybonds slotsuma região do Panamá eram surpreendentemente pequenos, o que sugere que os tubarões eram quase todos jovens.
Eles concluíram que a região seria um mar raso que serviaplaybonds slotsberçário. Os jovens megalodontes podiam alimentar-se aliplaybonds slotsrelativa segurança, já que os predadores maiores teriam dificuldade para entrar naquelas águas rasas.
Uma década depois, pesquisadores chefiados pelo paleobiólogo Humberto Ferrón, da Universidadeplaybonds slotsValência, na Espanha, identificaram outros berçáriosplaybonds slotsmegalodontes.
Mas o termo “berçário” pode fornecer uma ideia enganosaplaybonds slotsdedicadas mamães megalodontes criando seus filhos. “Elas simplesmente os depositavam ali e iam embora”, afirma Pimiento.
Os tubarões modernos se comportamplaybonds slotsforma similar. “Nunca soubemosplaybonds slotsmães que cuidassem dos seus bebês”, segundo Kim.
Outras indicações sobre a reprodução do megalodonte surgiramplaybonds slotsum estudoplaybonds slots2020playbonds slotsShimada e seus colegas. Eles estudaram um raro conjuntoplaybonds slotsvértebras preservadas. Estima-se que o megalodonteplaybonds slotsquestão tivesse 9,2 metrosplaybonds slotscomprimento.
A equipe examinou as faixasplaybonds slotscrescimento das vértebras, similares aos anéis dos troncos das árvores. Eles revelaram que o animal morreu com 46 anosplaybonds slotsidade e também demonstraram que a criatura tinha cercaplaybonds slotsdois metrosplaybonds slotscomprimento quando nasceu.
Este grande tamanho ao nascer sugere que o peixe foi incubado dentro do corpo da mãe. Ele não nasceuplaybonds slotsum ovo, como ocorreplaybonds slotsmuitas espéciesplaybonds slotspeixe. A equipe também indicou que o embrião teria se alimentadoplaybonds slotsoutros filhotes no útero materno, o que o ajudou no seu enorme crescimento.
Este tipoplaybonds slots“canibalismo intrauterino”, embora pareça assustador, é comum nos tubarões modernos. Ele faz com que as mães gerem relativamente poucos filhotes, mas cada um deles recebeu o máximoplaybonds slotsnutrição possível.
Viajante transoceânicoplaybonds slotssangue quente
Além destes sofisticados métodosplaybonds slotscriaçãoplaybonds slotsfilhos, o megalodonte também tinha capacidades físicas realmente formidáveis.
Em 2022, Pimiento e seus colegas publicaram uma reconstrução tridimensional do megalodonte. Eles escanearam uma rara coluna vertebral quase completa e a usaram para recriar um modelo total do esqueleto daquela espécie.
“Nós o criamos com base no tubarão-branco, que é um tubarão suficientemente bem estudado, o que nos permitiu encontrar uma imagem do crânio e outra do corpo inteiro”, explica Pimiento.
Eles ajustaram o modelo com dadosplaybonds slotsoutros tubarões, já que o megalodonte não tinha tanta relação com o tubarão-branco, embora algumas ilustrações sejam semelhantes.
“Com estas medições, conseguimos deduzir muitas propriedades ecológicas”, explica Pimiento.
Os pesquisadores concluíram, por exemplo, que o megalodonte era um ávido nadador que podia cobrir grandes distânciasplaybonds slotsvelocidades médiasplaybonds slotscruzeiroplaybonds slotscercaplaybonds slots1,4 metros por segundo – mais do que qualquer tubarão vivo hojeplaybonds slotsdia.
Outros pesquisadores indicaram que a velocidade máxima que esses tubarões conseguiam atingir chegaria a 10 m/seg. Mas Pimiento e seus colegas afirmam que é improvável que o maior megalodonte alcançasse esta velocidade, segundoplaybonds slotsreconstrução.
A resistência da água sobre seus corpos pode ter limitadoplaybonds slotsvelocidade, mas talvez os indivíduos mais jovens fossem muito mais ágeis.
A equipe também conseguiu estimar o tamanho do estômago e da abertura bucal do megalodonte. “A abertura da mandíbula era tão grande que conseguia abocanhar presas muito grandes”, afirma Pimiento.
Um megalodonte adulto podia comer um animal do tamanhoplaybonds slotsuma orca moderna com poucas mordidas. Esta refeição conseguiria sustentá-lo por um tempo considerável.
“Mesmo com uma refeição, ele podia viajar por distâncias muito longas”, conta a pesquisadora.
Com base nessas informações, Pimiento e seus colegas descreveram o megalodonte como um “superpredador transoceânico”, que podia nadar rotineiramenteplaybonds slotsum oceano para outro.
Este estiloplaybonds slotsvida ativo era sustentado por outra característica: o megalodonte era um animalplaybonds slotssangue quente.
Os animais vivemplaybonds slotsum espectro entre o sangue frio (ou seja,playbonds slotstemperatura interna é determinadaplaybonds slotsgrande parte pelo ambiente àplaybonds slotsvolta) e o sangue quente (os que controlamplaybonds slotstemperatura interna gerando seu próprio calor).
Em 2016, Ferrón e seus colegas apresentaram diversas linhasplaybonds slotsevidênciaplaybonds slotsendotermia local – o megalodonte mantinha algumas partes do seu corpo mais quentes do que a água àplaybonds slotsvolta. E,playbonds slotsjunhoplaybonds slots2023, uma equipe da qual participaram Kim e Shimada publicou outras evidências químicas dos minerais encontrados nos dentes fossilizados, que davam contaplaybonds slotsque o megalodonte era parcialmenteplaybonds slotssangue quente.
“Aparentemente, o megalodonte não era tão quente quanto um mamífero marinho”, segundo Kim.
Talvez ele gerasse calor interno no centro e não nas extremidades. Ou talvez o seu imenso tamanho o ajudasse a reter o calor. De qualquer forma, ele se mantinha quente no lado interno do corpo.
“Isso realmente traz enormes benefícios”, segundo Kim, permitindo que o megalodonte nadasse por mais tempo e com mais rapidez, aventurando-seplaybonds slotságuas mais frias.
Mas como evoluiu esse animal extraordinário?
Evolução e extinção
O Octodus megalodon era apenas o mais recenteplaybonds slotsuma sérieplaybonds slotsespécies do gênero Otodus, que evoluíram gradualmente ao longoplaybonds slotsdezenasplaybonds slotsmilhõesplaybonds slotsanos.
“Eles aumentaramplaybonds slotstamanho ao longo do tempo”, afirma Pimiento, até atingirem o pico com o Octodus. megalodon.
De forma mais ampla, o gênero Otodus é parteplaybonds slotsum grupo maiorplaybonds slotstubarões conhecidos como Lamniformes. Na época dos dinossauros, os Lamniformes eram diferentes dos outros tubarões.
“Enquanto a maioria dos tubarões media um metro, a maioria destes tubarões tinha três metros”, segundo Pimiento.
Com o tamanho maior, eles evoluíram a capacidadeplaybonds slotsregular a temperatura corporal. Isso permitiu que os Lamniformes seguintes se tornassem realmente imensos – mas só quando seus ambientes fossem suficientemente ricos para sustentá-los.
Agora, parece que o tamanho e o sangue quente do megalodonte podem também ter sido o motivo daplaybonds slotsextinção.
“O megalodonte se extinguiu quando o nível do mar caiu e não havia presas suficientes”, segundo Pimiento.
Em 2017, a pesquisadora e seus colegas identificaram uma extinçãoplaybonds slotsmassa nos oceanos, que eliminou o megalodonte e uma sérieplaybonds slotsoutros animais marinhosplaybonds slotsgrande porte.
“Todos os animais tinham alta demanda metabólica”, prossegue Pimiento. E, quando as presas ficaram escassas, o estiloplaybonds slotsvida do megalodonteplaybonds slotssangue quente ficou energeticamente caro demais.
“Se você fosse um megalodonte tão grande, você simplesmente precisariaplaybonds slotsuma enorme quantidadeplaybonds slotsalimento para sobreviver”, explica Sora Kim.
Algum ainda vive?
Os megalodontes se extinguiram há milhõesplaybonds slotsanos.
Um estudoplaybonds slotsPimiento e seus colegasplaybonds slots2014 estimaplaybonds slots2,6 milhõesplaybonds slotsanos atrás, mas uma pesquisaplaybonds slots2019, feita por outro grupo, estimouplaybonds slots3,5 milhõesplaybonds slotsanos. E Kenshu Shimada afirma que a data anterior é “mais confiável”.
Embora a época exata talvez ainda precise ser definida, o que temos certeza é que o megalodonte não existe mais.
Considerando que ele caçavaplaybonds slotsáreas imensas, muitas vezes buscando animais grandes como baleias, é impossível que não o tivéssemos observado se ele ainda vivesse. Por isso, os pesquisadores afirmam que os filmes da série Megatubarão, que sugerem que a espécie pode ter sobrevividoplaybonds slotsalguma forma, são fantasiosos.
“Tem sido bastante cansativo explicar para as pessoas que o megalodonte é uma espécie extinta e só está representada no registro fóssil”, afirma Shimada.
O pesquisador acrescenta que, às vezes, as pessoas também têm a impressão errôneaplaybonds slotsque o megalodonte viveu na era dos dinossauros. Mas, na verdade, ele evoluiu muito depois dos enormes répteis, há talvez 23 milhõesplaybonds slotsanos atrás.
E, se esta data estiver correta, os megalodontes viveram por um período surpreendentemente longo.
Aqueles tubarões não vivem mais entre nós, mas existe um parente imenso que ainda sobrevive. O tubarão-baleia atingiu um tamanho similar ao do megalodonte, sem se tornar um superpredador. Ele preferiu ficar calmamente se alimentandoplaybonds slotsplâncton.
“Você tinha estes dois caminhos [para se tornar gigante]”, segundo Catalina Pimiento. “Este tubarão grandeplaybonds slots20 metros não está mais aqui. Mas o outro tubarão,playbonds slotsquase 20 metros, que é o tubarão-baleia, está vivo até hoje.”
Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.