O experimento soviético que levou animais da América do Sul ao Cáucaso e acaboubetano pt casinodesastre ambiental:betano pt casino

Roedor dentro da água

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Este roedor é conhecido como ratão-do-banhado

Seu livro, Os Mamíferos do Cáucaso, foi recebido por seus superiores soviéticos como uma obra brilhante e "um tanto inusitada", não tanto como uma história autorizada, mas como uma colagembetano pt casinofragmentos que conectavam dados paleontológicos antigos com histórias recentesbetano pt casinograndes caçadas lideradas por duques e czares depostos.

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De uma perspectiva moderna, o livro se destaca por uma razão muito distinta. Seu autor não se limitava a registrar a história ecológica da região, mas estava, na verdade, mudando-a experimentalmente.

Vereshchagin tentou refazer os ecossistemas que documentava, substituindo as criaturas extintas da paisagem por animais importadosbetano pt casinogrande escala.

Seus esforços deixaram uma marca na região que ainda pode ser sentida hoje: o Azerbaijão e seus vizinhos têm populações prósperas e obstinadasbetano pt casinoespécies invasoras.

'Aclimatação'

As décadas posteriores aos anos 1930 foram um períodobetano pt casinoexperimentos audaciosos nas áreas selvagens da União Soviética. Vereshchagin fez parte da equipe que liderou os esforços para reimaginar essas paisagens, fornecendo animais que poderiam ser caçados porbetano pt casinocarne e peles.

Além da caça, havia também um objetivo mais confuso: "enriquecer" os ecossistemas locais.

Os experimentos da chamada "aclimatação"betano pt casinoanimaisbetano pt casinoum país para outro foram produtivos.

No Azerbaijão, nove espéciesbetano pt casinomamíferos foram introduzidas, incluindo chinchilasbetano pt casinocauda curta dos Andes, cães-guaxinim da China e cervos-sika do Japão, além das doninhas-fedorentas, as famosas residentesbetano pt casinocheiro forte da América do Norte.

A arte rupestre do Azerbaijão

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Legenda da foto, A arte rupestre do Azerbaijão faz referência à antiga megafauna que vagava pela paisagem.
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A maioria dessas espécies teve dificuldades para se estabelecer no cenário diverso do Azerbaijão, mas umabetano pt casinoparticular prosperou.

Na décadabetano pt casino1930, Vereshchagin supervisionou pessoalmente a introduçãobetano pt casinouma comunidade inicialbetano pt casino213 roedores gigantes sul-americanos – conhecidos como ratão-do-banhado, nútria, caxingui ou ratão-d'água – cujas peles resistentes poderiam ser usadas para fabricar chapéus e adornos para casacos.

Sem saber, Vereshchagin ebetano pt casinoequipe trouxeram com orgulho ao Cáucaso um animal que, no século 21, seria reconhecido como uma das 100 piores espécies invasoras do mundo.

Hoje, 70 anos após a publicaçãobetano pt casinoseu livro, é possível encontrar ratões-do-banhado,em quase todos os pântanos do Azerbaijão, afirma o pesquisador ecológico Zulfu Farajli.

Quando Farajli lidera excursões a pé pela Reserva Estadualbetano pt casinoGizilagaj, uma áreabetano pt casinopântano que margeia o Mar Cáspio, os visitantes sempre se interessam por esse roedor corpulento com uma longa cauda pelada.

"Sempre perguntam: 'O que é esse animal?'", diz Farajli. Poucos esperam descobrir que são originários dos pântanos da América do Sul e têm a capacidadebetano pt casinodestruir seu novo ambiente.

Nos últimos cinco anos, a curiosidadebetano pt casinoFarajli se transformoubetano pt casinouma campanha para promover o reconhecimento das introduções históricasbetano pt casinoespécies exóticas e rastrear a propagação do ratão-do-banhado.

Em primeiro lugar, ele quer incentivar a pesquisa sobre o impacto do animal e responder a algumas perguntas básicas: quantos existem no Azerbaijão? Qual foi o real dano causado ao longobetano pt casino90 anos?

Roedor prolífico

Os ratões-do-banhado adultos geralmente medem 60 cmbetano pt casinocorpo e têm uma caudabetano pt casinomeio metrobetano pt casinocomprimento.

Quando crescem, pesam entre 7 e 9 kg. Emborabetano pt casinoaparência seja semelhante à da capivara – o maior roedor do mundo –, os ratões-do-banhado costumam ter menos admiradores.

Talvezbetano pt casinocaracterística mais notável sejam seus dentes: um parbetano pt casinoincisivos longos e alaranjados que nunca parambetano pt casinocrescer.

focinho do ratão numa toca

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Legenda da foto, As tocas do ratão podem desestabilizar as margens dos rios e acelerar a erosão.

Em seu habitat natural, nos pampas argentinos e na metade sul da América do Sul, incluindo o Paraná e Rio Grande do Sul, ratões-do-banhado vivembetano pt casinopares ou grandes colôniasbetano pt casinoáreasbetano pt casinopântano, lagos e margensbetano pt casinorios.

Esses roedores saem ao anoitecer e se alimentam vorazmentebetano pt casinoraízes e ervas dos pântanos. São bons nadadores graças a um parbetano pt casinograndes patas traseiras, e podem mergulhar por até cinco minutos para se alimentar e escaparbetano pt casinopredadores como o jacaré, a onça, a jaguatirica e a águia.

A trajetória desse animal até se tornar uma praga invasora começou com os colonos espanhóis no século 18. Os conquistadores que navegavam pelo Rio da Prata, que divide a Argentina e o Uruguai, o confundiu com uma nutria (espéciebetano pt casinolontra na Europa) e lhe deram o mesmo nome.

Em espanhol, também é dado o nome "coipo", que vem da palavra indígena mapuche usada no Chile e no leste da Argentina.

Sob domínio espanhol, as pelesbetano pt casino"coipo" começaram a ser exportadas para a Europa, principalmente para a fabricaçãobetano pt casinochapéus e protetoresbetano pt casinopescoço.

No final do século 19 e início do 20, ratões vivos começaram a ser enviados para fazendasbetano pt casinopeles na Europa e na América do Norte. Os roedores se adaptaram facilmente à domesticação.

Hoje, podem ser encontradosbetano pt casinotodos os continentes, exceto na Antártida e na Oceania.

As populações podem se multiplicar rapidamente. As fêmeas costumam dar à luzbetano pt casinoquatro a cinco filhotesbetano pt casinouma ninhada e podem engravidar poucos dias depois, o que as permitem parir duas ou três vezes por ano.

Em muitos lugares, são livres para se multiplicar sem os predadores naturais que enfrentam na América do Sul, embora haja indíciosbetano pt casinoque já tenham ingressado nas cadeias alimentares locais.

Na décadabetano pt casino60, a carne do ratão-do-banhado era vendidabetano pt casinorestaurantes britânicos disfarçadabetano pt casino"lebre argentina", e, na última década, uma hamburgueriabetano pt casinoMoscou, na Rússia, a vendia como carne saudável (pois é mais magra do que a carne bovina).

Plano pela metade

Fora da Europa e da América do Norte, a expansão do ratão-do-banhado está menos documentada. Acredita-se quebetano pt casinopropagação seja muito subestimada e que os recém-chegados sejam confundidos com castores, ratos-almiscarados ou outros roedores.

 ratões-de-banhado e ave

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Legenda da foto, Os ratões-de-banhado podem não causar danos diretos às aves aquáticas, mas podem exercer pressão sobre elas indiretamente.

Em todo o mundo, é comum que animais escapembetano pt casinofazendasbetano pt casinopeles, mas a história do Cáucaso é um pouco diferente.

A pesquisabetano pt casinoFarajli descobriu que muitos ratões se aclimatavam ao seu novo ambientebetano pt casinoáreas fechadas antesbetano pt casinoirem a zonas abertas ou "semi-selvagens", onde poderiam ser novamente capturados.

Quando escreveu Os Mamíferos do Cáucaso, Vereshchagin acreditava que seu trabalho estava apenas parcialmente concluído. Uma das tarefas pendentes era o "extermínio planejado"betano pt casinoespécies que ele considerava indesejáveis, como lobos e chacais, que matavam animaisbetano pt casinocaça e gado.

Nabetano pt casinoopinião, os ratões-do-banhado deveriam ser introduzidos ainda mais, atébetano pt casinoestado semi-selvagembetano pt casinonovas áreas, como as terras baixasbetano pt casinoLankaran, vizinhas à Reserva Estadualbetano pt casinoGizilagaj, à beira do Mar Cáspio.

No geral, ele via esses esforços como uma maneirabetano pt casinotornar o ambiente mais adequado para sustentar os residentes humanos,betano pt casinouma épocabetano pt casinorápido desenvolvimento econômico na União Soviética.

Ninguém sabe se Vereshchagin chegou a realizar seu desejobetano pt casinouma liberaçãobetano pt casinomassa nas terras baixasbetano pt casinoLankaran ou se os ratões chegaram lábetano pt casinoqualquer forma, diz Elshad Askerov, diretor do Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na siglabetano pt casinoinglês), no Azerbaijão.

Mas,betano pt casino1966, um relatório analisou se havia "medidas biotécnicas", como a caçabetano pt casinoseus predadores, que poderiam ajudar na propagação da espécie, e descobriu que muitos ratões eram devorados por predadores como lobos. Ao longo do século 20, as autoridades soviéticas apoiaram a caça desses predadores.

Não existem pântanos 'sem ratões'

Dos 213 ratões-do-banhado inicialmente introduzidos no Azerbaijão por Vereshchagin, agora podem existir milhares, afirma Farajli, com populações que se expandiram para a Armênia e a Geórgia.

"Não me lembrobetano pt casinonenhum pântanobetano pt casinoque tenha estado e não tenha visto seus rastros", diz ele.

A população total e a áreabetano pt casinodistribuição no Azerbaijão são informações essenciais para que os ecologistas compreendam seu impacto e decidam como reagir, mas não existem estimativas abrangentesbetano pt casinonenhum dos dois.

"Vereshchagin menciona que,betano pt casinocinco anos, o número deles aumentou para 400-500 animais, e eles haviam liberado pouco maisbetano pt casino200. Então, a população dobroubetano pt casinocinco anos", explica Farajli.

Porrón pardo

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Legenda da foto, O pato-ferrugíneo é uma espécie que pode prosperarbetano pt casinoáreas úmidas saudáveis

No Azerbaijão, os impactos do ratões-do-banhado são sentidosbetano pt casinoum dos pontos críticosbetano pt casinobiodiversidade do mundo.

A região do Cáucaso está situadabetano pt casinouma "encruzilhada biogeográfica", onde a flora e a fauna da Europa encontram a da Ásia Central e da Península da Anatólia (Turquia), o que lhe rendeu o reconhecimento da ONG Conservation International como um dos 25 ecossistemas terrestres mais ricosbetano pt casinobiodiversidade e mais ameaçados do mundo.

Farajli percebeu seu impacto na Reserva Estadualbetano pt casinoGizilagaj, na costa do Mar Cáspio.

Essa reserva, uma zona úmida, é crucial para a migração e invernadabetano pt casinoaves, abrigando espécies ameaçadas como o pato-de-touca-branca, o pato-ferrugíneo e a pardilheira

Um experimento liderado por Bertolino, no centro da Itália, mostrou que os ratões representam um risco adicional para as aves, esmagando os ovos ao se sentarem desajeitadamente nos ninhos para descansar.

Mesmo sem novas pesquisas para entender completamente seu impactobetano pt casinolocais como este, os conhecimentosbetano pt casinoexperimentos realizadosbetano pt casinooutros países, como obetano pt casinoBertolino, já oferecem informações valiosas, acreditam Askerov e Farajli.

Entre as medidas, eles sugerem que as populaçõesbetano pt casinoratões-do-banhado devem ser geridasbetano pt casinoáreas protegidas como a Reserva Estadualbetano pt casinoGizilagaj.

O problema da recompensa

Poucos países conseguiram erradicar completamente o ratão-do-banhado. No entanto, o Reino Unido é o "exemplo clássico"betano pt casinoum país que alcançou esse feito, afirma Bertolino.

Após abetano pt casinointrodução na décadabetano pt casino1920, a população chegou a cercabetano pt casino200 mil indivíduos no início dos anos 1960. Por meiobetano pt casinoum esforço coordenadobetano pt casinocaça e captura, o Laboratóriobetano pt casinoPesquisa do Ministério da Agricultura britânico capturou o último exemplar selvagembetano pt casino1989.

No entanto, uma erradicação tão completa é muito mais difícilbetano pt casinopaíses onde o númerobetano pt casinoindivíduos cresceu significativamente, os recursos são limitados e há possibilidadebetano pt casinoreintroduçãobetano pt casinonovos animais através das fronteiras nacionais - o Reino Unido é uma ilha.

ratões e filhotes

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Legenda da foto, Os ratões podem ter várias ninhadas por ano

Em contrapartida, muitos países e estados nos EUA focam na gestão das populações dos ratões para minimizar seus efeitos nocivos.

Na Louisiana, onde milhões desses animais vivem livremente, o Estado paga recompensasbetano pt casinoUS$ 6 (R$ 35) ou mais por cada caudabetano pt casinoratão-do-banhado entregue, com uma médiabetano pt casinomaisbetano pt casino200 mil coletas por temporadabetano pt casinocaça

No Azerbaijão, Askerov, da WWF, defende uma abordagem semelhante, resgatando algumas das recompensas da era soviética, mas voltadas para pragas invasorasbetano pt casinovezbetano pt casinopredadores nativos.

No entanto, esses programas trazem riscos, alerta Friederike Gethöffer, bióloga especialistabetano pt casinovida selvagem da Universidadebetano pt casinoMedicina Veterináriabetano pt casinoHannover, Alemanha.

As recompensas geralmente aumentam as taxasbetano pt casinocaça, diz ela. "No entanto, são controversas, pois podem criar um mercado e levar a uma gestão que não visa a erradicação", explica.

No Azerbaijão, Farajli afirma que o mais importante é eliminar o atual sistemabetano pt casinotaxas que obriga os caçadores a pagar por abater ratões-do-banhado.

Desde 2004, o Conselhobetano pt casinoMinistros do Azerbaijão cobra cercabetano pt casinoUS$ 1 (R$ 5,80) por cada cauda do animal, alémbetano pt casinopoder multar os caçadoresbetano pt casinoUS$ 13 (R$ 75) adicionais por "danos à natureza"betano pt casinocasosbetano pt casinocaça ilegal.

Essas multas superam as aplicadas por caçar algumas espécies protegidas listadas no Livro Vermelhobetano pt casinoespécies ameaçadas do Azerbaijão, observa Farajli. O governo do Azerbaijão não respondeu a um pedidobetano pt casinoresposta.

Conhecer a história

Mas o primeiro passo, diz Farajli, é que a população local conheça melhor a história do animal.

Nove décadas depois das primeiras liberações, o ratão-do-banhado ainda existe nos pântanos próximos à Reserva Estatalbetano pt casinoGizilagaj. Pastores e pescadores locais veem os animais todos os dias e prestam pouca atenção a eles, afirma Farajli.

"Não é perigoso, não afeta as suas vidas", diz ele. "Então, realmente, eles não se importam."

Coipo

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Legenda da foto, Os animais podem pesar até 9 quilos

Farajli quer mudar essa realidade. Cercabetano pt casinonove décadas após o início das estratégiasbetano pt casinoaclimatação, os animaisbetano pt casinoperigo agora são aqueles como o grou-siberiano (uma ave), cujo último indivíduo, chamado Omid ("esperança"betano pt casinopersa), não foi visto no Azerbaijão no ano passado.

Em cada excursão, Farajli observa esse ecossistema ebetano pt casinoimportância para aves raras. "E então, uma pessoa ou um grupo decide: 'Vamos introduzir outro animal completamente novo nesse ambiente', e isso acaba destruindo tudo,betano pt casinocerta forma", lamenta.

Embora Vereshchagin e seus colegas acreditassem estar restaurando a fauna do Cáucaso, agora parece evidente que invasores como o ratão-do-banhado estão, na verdade, contribuindo para o seu declínio.