Hidrogênio verde: o que está por trás do interesse do Centrão nesta energia limpa:baixar pixbet app

Arthur Lira com olhar sério, olhando para algo distante

Crédito, Reuters

Legenda da foto, O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), tem se mobilizado para controlar propostas ligadas à chamada agenda verde

Essas movimentações ocorrem ao mesmo tempobaixar pixbet appque Lira e boa parte dos nomes do Centrão apoiam iniciativas amplamente críticas por ativistas ambientalistas e especialistas, entre elas a adoçãobaixar pixbet appum marco temporal para limitar a demarcaçãobaixar pixbet appterras indígenas e propostas vistas como maneirasbaixar pixbet appafrouxar a regulação ambiental.

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Fim do Matérias recomendadas

Há aindabaixar pixbet apptramitação 28 propostas classificadas por ambientalistas como um “pacote da destruição”, que, na avaliação deles, podem potencializar catástrofes climáticas como as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul.

Mas por que, afinal, Lira e o Centrão estão tão interessadosbaixar pixbet appfalarbaixar pixbet app"agenda verde" agora?

“A questão do clima deixoubaixar pixbet appser um tema estritamente ambiental e hoje está no centro da agenda econômica”, pontua a cientista política Mônica Sodré, da Universidadebaixar pixbet appSão Paulo (USP).

"É natural que isso atraia novos atores, assim como interessesbaixar pixbet appmercado e pessoas interessadasbaixar pixbet appfazer negócio."

A agenda verdebaixar pixbet appLira e do Centrão tem um foco claro. O grupo tem se articulado para liderar iniciativas sobre o mercadobaixar pixbet appcarbono, a exploraçãobaixar pixbet apphidrogênio combustível e a criaçãobaixar pixbet appum fundo para a transição energéticabaixar pixbet appempresas.

Vista aérea do lago do Piranha, no Amazonas

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Arthur Lira (PP) colocou como uma das prioridades do Congresso neste semestre a aprovaçãobaixar pixbet appprojetos relacionados à agenda verde
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Fim do Que História!

Em seu terceiro mandato na Câmara, o deputado e ambientalista Aliel Machado (PV-PR) diz que o perfilbaixar pixbet appcongressistas que têm se envolvido com esses temas mudou.

“Quando mexe no bolso, os grupos econômicos mobilizam os atores políticos que têm influência aqui dentro do Congresso”, afirma Machado.

A BBC News Brasil ouviubaixar pixbet appoito parlamentares,baixar pixbet appseis partidos diferentes - sendo quatro do Centrão, alémbaixar pixbet appum do PL e um da base governista - o mesmo relato.

Segundo eles, empresas estrangeiras têm procurado esses políticos com a promessabaixar pixbet appinvestimentos bilionáriosbaixar pixbet appseus Estadosbaixar pixbet apporigem com a instalaçãobaixar pixbet appestruturasbaixar pixbet appalto-mar para produzir hidrogênio verde (conhecidas como eólicas offshore).

Estrategicamente, estas companhias buscam parlamentares com grande influência política, caso dos integrantes do Centrão, mas que não são necessariamente ligados à causa ambiental.

As propostas têm impressionado os parlamentares,baixar pixbet appolho nos possíveis dividendos eleitorais que podem trazer, e conquistado seu empenho para fazer a regulação do setor.

“É aquela história: às vezes o deputado nem acompanha muito o assunto, mas vem uma empresa, diz que vai investir R$ 20 bilhões no Estado dele se aprovar um projetobaixar pixbet appuma determinada forma. O cara fica louco, já se imagina concorrendo a governador”, relata um deputado próximo ao grupo políticobaixar pixbet appLira, que pediu para não ser identificado.

Nenhum dos parlamentares que falou com a reportagem citou nomes dessas supostas companhias ligadas a projetosbaixar pixbet apphidrogênio que estariambaixar pixbet appcampanha para conquistar nomes do Centrão.

Trata-sebaixar pixbet appum mercadobaixar pixbet appplena prospecção e ainda sem regulamentação. É no momentobaixar pixbet appdiscussão das propostas que estão no Congresso que os lobbies atuam para influenciar o desenho dos textos legais.

A BBC News Brasil entroubaixar pixbet appcontato com três associações ligadas ao setor e com cinco das companhias que mais apresentaram pedidos relacionados para aberturabaixar pixbet appempreendimentos na costa brasileira para perguntar sobre a relação com o governo e o Congresso.

Os que responderam à reportagem dizem,baixar pixbet applinhas gerais, que as empresas têm acompanhado as discussões, apresentado suas demandas e feito contato com governo e parlamentares, muitas vezes via associações (leia mais abaixo).

O choquebaixar pixbet appvisões (e interesses) do governo, empresas, Congresso e até entre a Câmara e o Senado têm afetado o andamento da agenda.

“O que a gente vem percebendo é uma faltabaixar pixbet appdebate conceitual, do que queremos sobre hidrogênio verde, mercadobaixar pixbet appcarbono, e diversas matérias sendo colocadas para atender interesses muito específicos, sem ligação com a política climática”, critica a secretária nacionalbaixar pixbet appMudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni.

Por que tanto holofote para o hidrogênio verde?

Homens combatendo incêndio no Amazonas

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Brasil entrou no radar do planobaixar pixbet appdescarbonização dos europeus por seu enorme potencial para a comercializaçãobaixar pixbet appcréditosbaixar pixbet appcarbono

A Europa tem feito uma corridabaixar pixbet appbuscabaixar pixbet appoutras fontesbaixar pixbet appenergia, por conta da necessidadebaixar pixbet appdiminuir as emissõesbaixar pixbet appgases do efeito estufa a níveis compatíveis com o Acordobaixar pixbet appParis e das dificuldades enfrentadas pela restrição do fornecimentobaixar pixbet appgás vindo da Rússia após a Guerra na Ucrânia.

O Brasil entrou no radar dos europeus por seu enorme potencial para a comercializaçãobaixar pixbet appcréditosbaixar pixbet appcarbono e, principalmente, para a produção e exportaçãobaixar pixbet apphidrogênio verde, considerada a vedete das novas energias limpas.

O hidrogênio combustível, cujo potencial calorífico é três vezes superior ao da gasolina ou do diesel, pode ser obtido por diferentes processos, todos eles demandam energia utilizada no processobaixar pixbet appprodução, e cada um destes processos é denominado por uma cor.

Quando é utilizada uma fontebaixar pixbet appenergia elétricabaixar pixbet apporigem fóssil, como termelétricas a carvão, por exemplo, ganha o nomebaixar pixbet apphidrogênio cinza.

Caso haja a captura e armazenamento do CO2, passa a ser hidrogênio azul. Se é utilizada energia nuclear nabaixar pixbet appprodução, será hidrogênio roxo ou rosa.

E, finalmente, quando produzido a partirbaixar pixbet appfontes limpas como solar, hídrica ou eólica (ou seja, energia limpa produzida com energia limpa), ganha o selobaixar pixbet apphidrogênio verde.

Ao longo dos últimos anos, estudos mostraram que a longa costa brasileira, com boas condições para a instalaçãobaixar pixbet appempreendimentos, posicionam o país como a grande potência exportadorabaixar pixbet apphidrogênio verde para o mundo.

Dados do Ministériobaixar pixbet appMinas e Energia (MME), apontam que o país tem “potencial técnico” para produzir 1,8 bilhãobaixar pixbet apptoneladasbaixar pixbet apphidrogênio por ano.

A títulobaixar pixbet appcomparação, a produção atualbaixar pixbet apptodo mundo ébaixar pixbet appcercabaixar pixbet app90 milhõesbaixar pixbet apptoneladas por ano.

A localização dos polosbaixar pixbet appprodução na costa brasileira permite o transporte marítimo (via navio) na formabaixar pixbet appamônia,baixar pixbet appmodo rápido e competitivo, tanto para os Estados Unidos quanto para a Europa.

A estabilização como amônia também pode resolver um problema doméstico, pois permite produzir fertilizantes, algo crucial para a agricultura, que hoje representa 24,8% do PIB brasileiro.

Por fim, o hidrogênio seria uma alternativa para reduzir as emissõesbaixar pixbet appcarbonobaixar pixbet appsetores da economiabaixar pixbet appque essa é uma tarefa considerada por especialistas mais desafiadora, como siderurgia e setorbaixar pixbet appcimento.

Um estudo do Fraunhofer Institute for Solar Energy Systems (ISE), um centrobaixar pixbet apppesquisas alemão, aponta Brasil, Colômbia e Austrália como os mais competitivos para fabricação e exportaçãobaixar pixbet apphidrogênio verde e seus derivados para a Europa.

A consultoria McKinsey concluiu que o Brasil poderia produzir hidrogênio verde ao custobaixar pixbet appUS$ 1,50/kgbaixar pixbet app2030, o que está alinhado às melhores localizações dos EUA, Austrália, Espanha e Arábia Saudita e mais barato que o preçobaixar pixbet apppotenciais concorrentes como a China, a Alemanha, o Japão e a Coreia do Sul.

Já a Boston Consulting projetou que, até esta mesma data, o país pode conquistar entre 10% e 15% das exportações globais.

Os gargalos tecnológicos, contudo, ainda são um problema para o Brasil, apontam esses estudos. O hidrogênio tem altíssimo teor explosivo, e a amônia é altamente tóxica.

As grandes companhias do setor não demoraram a perceber o potencial brasileiro.

Mesmo sem ainda haver regulamentação, foram apresentados até o momento ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) 96 projetosbaixar pixbet appcomplexos eólicos offshore por empresas inglesas, espanholas, japonesas e norueguesas, entre outras, para explorar a costa brasileira.

São 48 projetos no Nordeste, 28 no Sul e 20 no Sudeste. “O sonhobaixar pixbet apptodos nós que trabalhamos com sustentabilidade sempre foi energia limpa. Mas mesmo a energia limpa precisa ter regra”, aponta o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho.

“As eólicas na terra, que estão crescendo muito, já têm causado conflitos sociais, instalando-sebaixar pixbet appáreasbaixar pixbet appconservação ou próximas a comunidades hipossuficientes. A nova fronteira é a disputa sobre as regras para eólicas no mar”.

A BBC News Brasil entroubaixar pixbet appcontato com três associações que tratam da questão da exploraçãobaixar pixbet apphidrogênio no Brasil e com cinco das companhias que mais apresentaram pedidos para aberturabaixar pixbet appempreendimentos na costa brasileira, para entender como têm acompanhado as discussões, apresentado suas demandas e feito contato com governo e parlamentares.

A Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV) considera que o ponto mais relevante das tratativas é que tiposbaixar pixbet appincentivos à produção do hidrogênio verde, como reduçãobaixar pixbet appimpostos, serão oferecidos para torná-lo mais competitivobaixar pixbet apprelação a outros tiposbaixar pixbet apphidrogênio, como azul e cinza.

Algumas empresas associadas à ABIHV se encontrambaixar pixbet appfasebaixar pixbet appdesenvolvimentobaixar pixbet appprojetosbaixar pixbet apphidrogênio verde no Brasil, segundo a diretora-executiva Fernanda Delgado.

Entre os principais projetos, estão o da Fortescue Future Industries, que anunciou um projetobaixar pixbet appR$ 67 bilhões no Ceará para produzir hidrogênio verde e amônia.

Na mesma linha, Sérgio Augusto Costa, presidente da Associação Brasileirabaixar pixbet appHidrogênio e Combustíveis Sustentáveis (ABHIC), alega que “Europa e os Estados Unidos já nos mostraram que é praticamente impossível desenvolver essa nova indústria sem condições atrativas para investidores".

"Como é uma indústria incipiente, é fundamental haver o auxílio por meiobaixar pixbet appbenefícios tributários, com isenções e desonerações fiscais”, argumenta Costa.

Já para Marina Domingues, diretorabaixar pixbet appmercado e regulação da Associação Brasileira do Hidrogênio (ABH2), que atua junto ao governo e ao Congresso representando maisbaixar pixbet app100 empresas, o Brasil não deve se limitar ao hidrogênio verde.

Ela afirma que, como o país já tem uma matriz energética com bastante energia limpa, pode agregar todas as formasbaixar pixbet appproduçãobaixar pixbet apphidrogênio, incluindo fontes fósseis, como um incentivo à recuperação da capacidade industrial brasileira.

“A orientação que damos é que não se pode restringir a discussão a hidrogênio verde. Não deveríamos focar nas cores, mas na formabaixar pixbet appproduçãobaixar pixbet apphidrogêniobaixar pixbet appbaixo carbono”, defende Domingues.

As três associações disseram acompanharbaixar pixbet appperto as discussões e se reúnem semanalmente com governo e parlamentares para apresentar suas demandas.

Foram contatadas as empresas Shell, Equinor, BlueFloat, Neoenergia/Iberdrola e Shizen.

A Shell afirmou que “o Brasil tem feito importantes avanços nabaixar pixbet appagenda verde, tanto no Executivo quanto no Legislativo, para a qual contribuímos com a nossa experiência internacional, diretamente e via associações”.

Na mesma linha, a Equinor disse que tem participadobaixar pixbet appfórunsbaixar pixbet appdiscussão com partes interessadas da indústria e do governo, principalmente por meiobaixar pixbet appassociações do setor, “com o objetivobaixar pixbet appcontribuir para o desenvolvimento dos marcos legislativos e regulatórios, compartilhando nossa expertise técnica e experiências internacionais”.

A BlueFloat alegou que, apesar dos pedidos encaminhados ao Ibama, não está ativa no mercado brasileiro no momento e, como tal, não poderia comentar.

As outras duas companhias, Shizen e Neoenergia/Iberdrola, não responderam.

Câmara x Senado

Lula conversando com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, “O governo brasileiro está muito certo do que quer. O hidrogênio verde faz partebaixar pixbet appum plano maior sobre qual é a transição energética que o Brasil vai ter", diz secretária do MMA

Tantos interessesbaixar pixbet appjogo também colocaram deputados e senadoresbaixar pixbet appdisputa pela agenda verde.

A Câmara se valeubaixar pixbet appuma mudança no seu regimento, feita sem alardebaixar pixbet app2022, para ter maior poder sobre o projeto que regulamenta o mercadobaixar pixbet appcréditosbaixar pixbet appcarbono.

Neste sistema, empresas que não atingiram suas metasbaixar pixbet appreduçãobaixar pixbet appgasesbaixar pixbet appefeito estufa podem adquirir créditos daquelas que emitiram menos do que o limite.

Até então, Senado e Câmara respeitavam uma regra do regimento do Congresso na qual quem aprova primeiro um projeto sobre determinado assunto tem a preferência na tramitaçãobaixar pixbet apprelação às propostas que o vizinho esteja analisando, mas ainda não tenham sido aprovadas.

Mas a Resolução da Câmara dos Deputados 33/2022 passou a prever que terá precedência na Câmara a mais antiga das proposiçõesbaixar pixbet appandamento, necessariamente, “na Câmara dos Deputados”.

Isso quer dizer que qualquer projeto da Câmara, mesmo que parado há anos, terá preferência sobre uma proposta enviada pelo Senado, que será “apensada”, ou seja, será anexada a um projeto dos deputados já existente.

No sistema bicameral brasileiro, quem apresenta a proposta é a Casa iniciadora, e a outra é a revisora. Quem começa o projeto pode, ao final, rejeitar as mudanças feitas pela Casa revisora.

No caso do mercadobaixar pixbet appcarbono, o Senado havia incorporado a proposta do governo Lula e aprovado,baixar pixbet appoutubrobaixar pixbet app2023, o projetobaixar pixbet applei (PL) 412/22, que cria o mercadobaixar pixbet appcarbono no Brasil, enviando-o para a Câmara.

Mas, embora tenha utilizado diversos dispositivos previstos pelo Senado, o relator na Câmara, Aliel Machado, recomendou a rejeição formal e aprovaçãobaixar pixbet appuma proposta da Casa que tramitava desde 2015, o PL 2148/15, que também versa sobre o mercadobaixar pixbet appcarbono, justamente amparado na mudança feitabaixar pixbet app2022.

Nela, Machado incluiu a regulação do chamado mercado voluntário, que não está sujeito a regras definidas pelas autoridades públicas — o que foi criticado pelo governo por acrescentar um tema a uma discussão que já está complicada.

“O Brasil está muito atrasado no tema do mercadobaixar pixbet appcarbono. Quanto mais tempo demora, os interesses políticos e econômicos vão se consolidando e é cada vez mais difícil chegar num consenso”, aponta Ana Toni, do MMA.

"Esse é meu medo, porque agora a gente despertou um interesse do mercado voluntário, e este ponto é controverso, traz insegurança jurídica."

O próprio Aliel Machado, que defendebaixar pixbet appproposta, relata ter sofrido forte pressão externa.

“Petroleiras, países, empresas externas estãobaixar pixbet appolho nesse mercado, porque estamos transacionando menosbaixar pixbet app1% do nosso potencial no mercado voluntário”, diz Machado.

"São muitos interesses. As críticas que fazem, a maneira como atuam, a gente sabe que é pelo interesse econômico."

Setor apontado como o mais bem organizado no Congresso, o agronegócio também fez valerbaixar pixbet appforça.

Com 374 parlamentares que se declaram como integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária (ou 63%baixar pixbet apptodo o Congresso), a chamada bancada ruralista congrega boa parte do Centrão.

Por meiobaixar pixbet appseu presidente, o deputado Pedro Lupion (PP-PR), atuou junto aos relatores do mercadobaixar pixbet appcarbono na Câmara e no Senado para retirar do mercado regulado as atividades do setor agrícola.

Ao mesmo tempo, eles terão a permissão para que a recomposiçãobaixar pixbet appáreasbaixar pixbet apppreservação sejam elegíveis para créditosbaixar pixbet appcarbono.

Ou seja, o agronegócio poderá desfrutar do benefício desse mercado, sem a princípio estar comprometido com o cumprimento dos parâmetros exigidos.

“Essa divisão do país, onde o agro ficou mais próximo da direita, com receio do Lula, foi equivocadamente colocada na balança para debater esse assunto”, diz Machado.

“Acho que o agro vai futuramente entrar [no mercadobaixar pixbet appcarbono regulado], por causa da pressão externa, o mundo vai exigir. Senão, vão perder dinheiro.”

Para o presidente do Ibama, a criaçãobaixar pixbet appum mercadobaixar pixbet appcarbono sem o agro será pouco efetiva.

“Cercabaixar pixbet app70% das emissões brasileiras têm a ver com desmatamento para agropecuária e com a própria agropecuária”, diz Rodrigo Agostinho.

“Então, fica um mercadobaixar pixbet appcarbono que não parabaixar pixbet apppé, porque os próprios emissores estão fora do mercado.”

No caso do hidrogênio, a Câmara apresentou um projeto (PL 2308/23) e o Senado, outro (PL 5816/23).

Já o marco das eólicas offshore, cujo autor original é o ex-senador e agora ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates (PT), foi aprovado pelo Senado e, na Câmara, recebeu uma sériebaixar pixbet app“jabutis”, jargão utilizado para acréscimos na proposta que não se relacionam com o objeto original.

Entre eles, um dispositivo que permite a extensão até 2050baixar pixbet appcontratos com usinas termelétricas movidas a carvão, uma das fontesbaixar pixbet appenergia mais poluentes do mundo.

No fimbaixar pixbet appmarço,baixar pixbet appnova mudança no regimento, Lira atuou para mudar a regrasbaixar pixbet appvotação na Câmara e acelerar a aprovação do projeto 5174/23, que cria o Programabaixar pixbet appAceleração da Transição Energética (Paten).

A proposta prevê um fundo verde a ser abastecido com recursos privadosbaixar pixbet appprecatórios (dinheiro devido pelo governo por perder processos judiciais) e do ressarcimentobaixar pixbet appimpostos que as empresas têm direito a receber (créditos tributários).

Pelo regimento da Câmara, a matéria só poderia ser votada depois que fossem apreciados quatro projetosbaixar pixbet appinteresse do governo que já haviam estourado o prazo e trancavam a pauta, ou seja, não permitiam que outras matérias fossem votadas antes.

Por meio da Secretaria-Geral da Câmara,baixar pixbet appalteração publicada no Diário Oficial, Lira mudoubaixar pixbet appalguns dias a contagembaixar pixbet appprazos das matérias e abriu espaço para aprovar a proposta.

Autor do projeto e aliadobaixar pixbet appLira, o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) disse que até R$ 3,5 trilhões poderiam ser redirecionados para a medida.

A visão do governo Lula

Lula na ONU

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Projeto prevê a criaçãobaixar pixbet appum Fundo Verde, formado por patrimônio privado, como precatórios e créditos tributários, para que empresas consigam empréstimos com juros mais baixos para investimentosbaixar pixbet apptransição energética

O governo Lula acompanha as discussões com preocupação, segundo a secretária Ana Toni, porque não quer tratar as novas energias como mais uma matéria-prima para o mercado externo.

“O governo brasileiro está muito certo do que quer. O hidrogênio verde faz partebaixar pixbet appum plano maior sobre qual é a transição energética que o Brasil vai ter”, diz Toni.

"A gente está vendo que a Europa está desesperada pelo hidrogênio verde, e é sempre mais fácil apenas exportar. Mas a gente quer trazer essas companhias para gerar tecnologia e desenvolvimento aqui também."

As dificuldades na relação do governobaixar pixbet appcentro-esquerdabaixar pixbet appLula com o Congresso, onde partidosbaixar pixbet appdireita têm maioria, também afetam a agenda ambiental.

Logo no início da gestão, os parlamentares impuseram uma derrota ao Executivo ao esvaziar atribuições do Ministério do Meio Ambiente.

O Cadastro Ambiental Rural (CAR) foi transferido para o Ministério da Gestão e a Agência Nacionalbaixar pixbet appÁguas e Saneamento Básico (ANA) para a pastabaixar pixbet appIntegração e Desenvolvimento Regional.

Recado dado, o governo passou a reavaliarbaixar pixbet appestratégia no Legislativo.

“Quando a matéria sai do MMA, tem uma resistência muito maior por questões políticas, nãobaixar pixbet appmérito. Sabemos disso. O que fizeram com o CAR e a ANA é muito simbólico”, diz Toni.

O governo dá sinaisbaixar pixbet appque a aposta na agenda verde pode impulsionar a economia brasileira.

Um deles é que cabe ao Ministério da Fazenda,baixar pixbet appFernando Haddad (PT), e não ao do Meio Ambiente,baixar pixbet appMarina Silva (Rede), comandar o ambicioso Planobaixar pixbet appTransformação Ecológica (PTE), com seis grandes eixos e maisbaixar pixbet appcem ações.

Haddad e seus auxiliares têm reforçadobaixar pixbet appentrevistas que esta poderá ser a grande marca do terceiro governobaixar pixbet appLula, atraindo investimentos estrangeirosbaixar pixbet appenergia limpa — e é o ministério comandado por ele, considerado um potencial sucessorbaixar pixbet appLula, que estará à frente destas ações.

O Brasil está confirmado como sede da COP 30, conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que será realizadabaixar pixbet appBelém,baixar pixbet appnovembrobaixar pixbet app2025.

Esta será a primeira vez que a Amazônia sediará uma COP, e será preciso equilibrar as proteções necessárias com uma maior velocidade na resolução dos impasses políticos para que o país tenha o que apresentar no encontro.

“Temos um modelo agroextrativista que se perpetua há anos. O Brasil passou pelo ciclo da cana, da borracha, do cacau, do café, e isso não nos transformoubaixar pixbet appum país desenvolvido”, diz Mônica Sodré, da USP.

“Costumo dizer que ninguém está condenado ao desenvolvimento e é importante saber que nós também não estamos. É uma agenda que traz desafios para um país desigual como o nosso, sobre como fazer para ter um modelo que não seja apenas extrativista ebaixar pixbet appenviobaixar pixbet appcommodities para o exterior.”

O tema do clima no mundo inteiro está aproximando o que pareciam polos distantes: recentemente, Estados Unidos e China concordarambaixar pixbet appretomar um grupobaixar pixbet appcooperação climática.

Na Europa, governosbaixar pixbet apporientações políticas diversas como Itália, França e Alemanha conseguem alcançar consensos entre direita e esquerda na agenda climática.

“Aqui no Brasil, a gente ainda não conseguiu fazer com que o temabaixar pixbet appmudanças do clima una direita e esquerda, norte e sul”, diz Toni.

“A gente tem uma oportunidade na COP 30baixar pixbet appdebater que há um bem maior acima dos interesses específicos que cada um no Congresso defende.”

A secretária do MMA ressalta que o Brasil tem “oportunidades imensas, vantagens comparativas e competitivas” na agenda climática.

“Espero que consigamos pensar que a agenda verde não é ideológica, não é da sociedade versus o setor privado. Precisamos dessa união que, infelizmente, a gente ainda não vê nessas matérias.”