O luto sem fimonabet linkfamíliasonabet linkdesaparecidos no RS: 'Estamos esperando encontrar mais alguém para fazer o velório':onabet link

Mulher atrásonabet linkplacaonabet linkescritório que diz: Disque DHPP

Crédito, Divulgação/Secretariaonabet linkSegurança Pública

Legenda da foto, Placa divulga telefone do Departamento Estadualonabet linkHomicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) no Rio Grande do Sul

Eles são os três moradores do municípioonabet linkRoca Sales, no Vale do Taquari, a 142 kmonabet linkPorto Alegre, que não foram encontrados após temporais e enchentes atingirem a região.

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Os três não compartilhavam apenas o sobrenome, mas também o endereçoonabet linkuma pequena propriedade na localidadeonabet linkLinha Marechal Hermes, a cercaonabet link18 quilômetros do centro da cidade, onde a família criava bois e porcos.

Elirio e Erica viviam com o filho, Dorly,onabet link58 anos, e com a mulheronabet linkDorly, Janice,onabet link49. Também viviam ali as netas do casal idoso e filhasonabet linkDorly e Janice: Maria Eduarda, 20 anos, e Gabriela, 9 anos.

Dorly e Janice são pais tambémonabet linkEduardo, que vivia com Luana no município vizinhoonabet linkMuçum.

Elirio, Erica e Janice foram vistos pela última vez por volta das 15h30onabet link30onabet linkabril.

Nas semanas seguintes à tragédia, equipes do Corpoonabet linkBombeiros encontraram os corposonabet linkDorly, Maria Eduarda e Gabriela.

Maria Eduarda e Gabriela foram enterradas, mas o corpoonabet linkDorly permanece no Instituto Médico Legal (IML) na esperançaonabet linkque seja possível velá-loonabet linkcompanhia dos pais e da mulher.

As buscas pelos desaparecidos prosseguiam até o fechamento desta reportagem.

A dor da perdaonabet linktantos parentes é diariamente agravada pela tentativa frustradaonabet linklocalizar os corpos.

“Agora sou a única pessoa ao lado dele [do marido]”, desabafa Luana à BBC News Brasil.

Os últimos momentos da família Brino

Foto aérea mostra casas destruídas e rodeadasonabet linklama

Crédito, REUTERS/Diego Vara

Legenda da foto, Roca Salesonabet linkfotoonabet link4onabet linkmaio
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Fim do Que História!

Para Luana e Eduardo, a espera é entremeada com lembranças amargas dos últimos contatos com as vítimas.

Horas antesonabet linkdesaparecer, Janice fez várias ligações por celular para Eduardo para alertá-lo sobre o mau tempo.

“Se cuida”, dizia.

“Ela [Janice] ficava ligandoonabet linktempoonabet linktempo para saber como nós estávamos”, conta Luana.

“Moramosonabet linkponto alto da cidade, a enchente não chega até aqui, mas dizíamos a eles que a chuva estava muito forte.”

A família Brino foi soterrada por uma imensa massaonabet linkrochas e lama que se desprendeuonabet linkum morro na propriedade, cobrindo tudo que existia nas imediações.

A elevação era considerada tão segura que Eduardo e Luana pretendiam construir uma casa no topo e se mudar para lá para ficar junto com os familiares.

Em 29onabet linkabril, uma segunda-feira, quando soou o primeiro alerta vermelho, Eduardo esteve no local para deixar uma cargaonabet linkblocosonabet linkconcreto destinados à obra.

O deslizamento, que produziu um estrondo, ocorreuonabet linksegundos,onabet linkacordo com vizinhos. Eles tentaram, junto com Dorly e Janice, desentupir uma vala nos instantes anteriores à tragédia.

A família não sabe com exatidão o que aconteceu a partir do momentoonabet linkque um dos vizinhos, que operava um trator, aconselhou Dorly e Janice a suspender o trabalho, porque a água já havia chegado à metade da altura da máquina.

“Vamos teronabet linkabandonar”, teria dito o amigo do casal.

Após se despedirem, Dorly e Janice começaram a descer o caminhoonabet linkterra que leva à casa, onde se encontravam Elirio, Erica, Maria Eduarda e Gabriela.

“Provavelmente, eles continuaram tentando abrir a vala enquanto desciam”, imagina Luana.

Quem são as vítimas ainda desaparecidas

Bombeiro e cachorro sobre escombros

Crédito, Corpoonabet linkBombeiros Militar do Rio Grande do Sul

Legenda da foto, Bombeiros buscam restos mortaisonabet linkdesaparecidosonabet linkBento Gonçalves e Veranópolis, na região da Serra Gaúcha

Elírio, Erica e Janice estão entre as 34 pessoas que continuam desaparecidas após as enchentes.

O número é muito menor do que no auge da crise, no dia 10onabet linkmaio, quando as autoridades buscavam 146 pessoasonabet linktodo o Estado.

No Rio Grande do Sul, 179 pessoas perderam a vida por conta da catástrofe, segundo a Defesa Civil do Estado.

Como costuma ocorreronabet linkcatástrofes dessa proporção, o cômputoonabet linkdesaparecidos decresceu à medida que a chuva amainou e os corpos das vítimas foram localizados.

Assessora da Defesa Civil, a tenente Sabrina Ribas diz que, a partironabet linkagora, o órgão só divulgará boletins quando houver alteração nos números.

Antes, chegaram a ser divulgados três boletins diários com contagemonabet linkvítimas.

O maior númeroonabet linkdesaparecidos estáonabet linkCruzeiro do Sul, a 124 kmonabet linkPorto Alegre, onde autoridades ainda buscam seis moradores — outros 12 habitantes já foram confirmados entre os mortos no Estado.

Um bairro inteiro, Passoonabet linkEstrela, na divisa com o municípioonabet linkLajeado, foi varrido do mapa pela força das águas do rio Taquari, que atingiu a marca históricaonabet linkmaisonabet link33 metros.

Com 23 desaparecidos, o Vale do Taquari, onde estão localizados Roca Sales e Cruzeiro do Sul, responde por 67,6% dos que ainda estão desaparecidosonabet linkrazão da catástrofe.

Também ainda não foram encontrados moradoresonabet linkArroio do Meio (1), Encantado (2), Estrela (1), Lajeado (1), Marquesonabet linkSouza (1), Poço das Antas (1), Relvado (1) e Teutônia (1).

Porto Alegre, a capital, tem apenas um habitante na lista.

Até quando vão as buscas?

O delegado Mario Souza, diretor do Departamentoonabet linkHomicídios e Proteção à Pessoa da Secretariaonabet linkSegurança Pública do Estado, afirma que as buscas prosseguirão até que a ocorrência seja arquivada — seja por meio da localização com vida, se forem achados os corpos ou restos mortais das vítimas ou da decretaçãoonabet linkmorte presumida.

A legislação brasileira prevê a presunçãoonabet linkmorte, entre outras situações, quando é extremamente provável que alguémonabet linksituaçãoonabet linkperigo extremo tenha morrido, mas seus restos não tenham sido localizados.

Nesses casos, a morte é declarada por decisão judicial, a ser requerida depoisonabet linkesgotadas as buscas pelo corpo. A sentença fixa, no casoonabet linkmorte presumida, a data provável do óbito.

Desde o início da tragédia, a principal preocupação do Departamentoonabet linkHomicídios, segundo Souza, foi adaptar o trabalho das equipes para fazer frente ao grande númeroonabet linkregistrosonabet linkpessoas com paradeiro ignorado.

“No dia 6onabet linkmaio, aumentamos a estrutura da busca por desaparecidosonabet linkum para quatro delegados à frenteonabet linkquatro equipes”, afirma o diretor.

A partir do momentoonabet linkque um desaparecimento é informado à Polícia Civil, por meioonabet linkum boletimonabet linkocorrência feitoonabet linkdelegacia especializada – que, desde maio, também pode ser feito por WhatsApp ou ligação telefônica para o número 0800-642121 –, a investigação passa por distintas etapas.

A primeira passa pelo contato dos policiais com familiares e amigos. Em um segundo momento, são realizadas buscasonabet linkrotinaonabet linksistemasonabet linkcâmeras, bancos e basesonabet linkdados das polícias. O estágio final são as diligências nas ruas.

“É um trabalho sensível, complexo, que precisa ser feito com muito cuidado e abrangência. Às vezes, um desaparecimento pode envolver um crime, um problemaonabet linksaúde, uma situaçãoonabet linkque a pessoa não quer ser encontrada ou um suicídio”, diz Souza.

Tragédiasonabet linksequência

Foto aérea mostra pessoa andandoonabet linkrua pertoonabet linkcasas destruídas; na margem da foto, está um rio

Crédito, SEBASTIAO MOREIRA/EPA-EFE/REX/Shutterstock

Legenda da foto, Fotoonabet linkmaio mostra destruição após o rio Taquari transbordar,onabet linkLajeado

O destino dos Brino exemplificaonabet linkforma dramática a participaçãoonabet linkRoca Sales na crise gaúcha.

Afetado por enchentes por duas vezesonabet linkmenosonabet linkum ano, o município pagou um preço aproximadoonabet linkvidas humanasonabet linkambas as ocasiões.

Em setembroonabet link2023, Roca Sales registrou 16 mortos e nenhum desaparecido. Oito meses depois, o cômputo da Defesa Civil do Estado indica que 12 pessoas pereceram.

Outras três, os Brino, ainda não foram localizadas. Além da distância no tempo, porém, há uma diferença entre os dois episódios: enquanto no primeiro a morte veio pela água, no último impôs-se pela terra.

“Em setembro, todas as 16 vítimas fataisonabet linkRoca Sales morreram por afogamento. Em maio, todos foram soterrados”, diz o prefeito Amilton Fontana (MDB).

O Rio Taquari, que banha a região, surpreendeu os moradoresonabet link2023, fazendo com que este ano os alertas da Defesa Civilonabet linkrelação a cuidados e evacuações tenham sido mais rapidamente seguidos.

“A enchenteonabet linkmaio foi a maior da história. Se as pessoas não tivessem saído, ia dar muita morte”, afirma.