O que cérebrobet 365 aceita pixmacacos-prego revela sobre o Alzheimer:bet 365 aceita pix

A perda dessas células que compõem o cérebro leva à progressão dos sintomas típicos da doença, como esquecimentos e dificuldades no raciocínio.

A descoberta sobre os macacos-prego-amarelo pode abrir novas perspectivasbet 365 aceita pixpesquisas para o desenvolvimentobet 365 aceita pixexamesbet 365 aceita pixdiagnóstico e remédios contra o Alzheimer, acreditam os especialistas.

Um animal com habilidades extraordinárias

A neurologista Roberta Diehl Rodriguez, que é a primeira autora da pesquisa, publicadabet 365 aceita pix15bet 365 aceita pixmarço no periódico especializado Scientific Reports, do grupo Nature, explica que o projeto começou a partirbet 365 aceita pixuma aliança entre as duas universidades brasileiras.

De um lado, a Universidadebet 365 aceita pixBrasília (UnB) possui um Centrobet 365 aceita pixPrimatologia, que é especializadobet 365 aceita pixavaliar diferentes tiposbet 365 aceita pixmacacos.

Do outro, a Universidadebet 365 aceita pixSão Paulo (USP) abriga um importante Departamento Neurologia, com equipamentos avançados para realizar diversos tiposbet 365 aceita pixinvestigações científicas.

"O Centrobet 365 aceita pixPrimatologia da UnB realiza uma sériebet 365 aceita pixtestes psicológicos e funcionais com os macacos. Porém, quando os animais morriam, eles nunca tinham conseguido examinar o cérebro deles", diz ela.

"Durante uma conferência, o professor Ricardo Nitrini [da USP] conversou com a professora Maria Clotilde Tavares [da UnB], e eles tiveram a ideiabet 365 aceita pixfazer essa parceria, iniciadabet 365 aceita pix2018", contextualiza a médica.

Rodriguez destaca que, ao analisar o que tinha sido publicado anteriormente sobre os macacos-prego, não havia muitas informações sobre o cérebro deles e o riscobet 365 aceita pixdesenvolverem demência.

"E é uma das espéciesbet 365 aceita pixmacacos do Novo Mundo mais inteligentes que conhecemos", observa ela.

Os macacos do Novo Mundo são um grupo que designa as espéciesbet 365 aceita pixprimatas típicas do continente americano.

Alguns estudos publicados nas últimas décadas mostram a capacidade cognitiva avançada desse primata, que vive principalmente nas regiões Nordeste e Centro-Oeste do Brasil.

Eles são capazes, por exemplo,bet 365 aceita pixproduzir ferramentasbet 365 aceita pixpedra, usadas para quebrar castanhas e outros alimentos duros, bem como rachar troncos e galhos para facilitar o acesso a insetos e larvas.

Os macacos-prego-amarelo também conseguem ficar na posição bípede por um longo tempo e utilizam gravetos para pegar alimentos, mel e água.

Em regiõesbet 365 aceita pixmangue, eles usam pedaçosbet 365 aceita pixmadeira para quebrar conchas e moluscos.

"Macacos-prego selvagens ou mantidosbet 365 aceita pixcativeiro foram submetidos a diversos testes cognitivos, que revelam pontos fortesbet 365 aceita pixmemóriabet 365 aceita pixtrabalho, aprendizagem, recordação, função executiva e resoluçãobet 365 aceita pixproblemas", lista o estudo recém-publicado.

"Eles demonstram capacidadebet 365 aceita pixaprenderbet 365 aceita pixforma independente, por meiobet 365 aceita pixtendências exploratórias, bem como capacidadebet 365 aceita pixaprender ao observar indivíduos mais velhos. Além disso, podem apresentar modificaçõesbet 365 aceita pixcomportamento devido à coabitação com seres humanos", acrescenta o texto.

Cérebro invadidobet 365 aceita pixcolapso

Como citado no início da reportagem, os cientistas fizeram análises e testes com os cérebros extraídosbet 365 aceita pixtrês macacos-prego-amarelo que morreram por outras causas aos 9, 29 e 33 anosbet 365 aceita pixidade.

E o trabalho revelou que esses animais podem apresentar um quadro similar ao que é observado na cabeçabet 365 aceita pixseres humanos acometidos pelo Alzheimer.

O macacobet 365 aceita pix9 anos, o mais jovem do grupo, não tinha qualquer alteração, enquanto os mais velhos,bet 365 aceita pix29 e 33 anos, apresentavam as mudanças típicas da enfermidade, como a inflamação e o acúmulobet 365 aceita pixproteínas danosas.

Na natureza, um macaco-prego tem uma expectativabet 365 aceita pixvidabet 365 aceita pix34 a 36 anos. Jábet 365 aceita pixcativeiro, ele pode viver até os 55.

Em resumo, esse tipobet 365 aceita pixdemência é marcado por duas etapas principais. Primeiro, ocorre o acúmulo da proteína beta-amiloide na parte externa dos neurônios. Segundo, a proteína TAU passa a ser estocada no interior dessas células.

Todo esse processo é prejudicial e provoca a morte dessas unidades cerebrais. Aos poucos, conforme esse quadro evolui, o indivíduo começa a perder as memórias e a capacidadebet 365 aceita pixraciocinar.

Até o momento, os remédios disponíveis atuam apenasbet 365 aceita pixalguns sintomas específicos da demência e não são capazesbet 365 aceita pixfrear a progressão dos sintomas.

Há apenas uma droga aprovada recentemente nos EUA que mostrou-se capazbet 365 aceita pix"limpar" a beta-amiloide do cérebro, com uma possível melhora cognitiva do paciente — mas ela custa caro e está restrita a casos iniciais, quase assintomáticos, cujo diagnóstico é bem difícil.

Chamadabet 365 aceita pixlecanemabe (dos laboratórios Eisai e Biogen), essa medicação ainda não está liberada no Brasil.

Por muito tempo, os cientistas acreditavam que o Alzheimer, com todo o pacotebet 365 aceita pixdeterioração cerebral envolvido, era uma doença exclusivabet 365 aceita pixseres humanos.

Mas, recentemente, foram publicados trabalhos que desbancaram essa ideia. Hojebet 365 aceita pixdia, sabe-se que os chimpanzés também desenvolvem o quadro, assim como os macacos-prego-amarelos, como revelou o estudobet 365 aceita pixUSP e UnB.

Também foram observados agregadosbet 365 aceita pixproteína TAUbet 365 aceita pixlêmures-ratos (Microcebus, um tipobet 365 aceita pixprimatabet 365 aceita pixMadagascar) e emaranhados neurofibrilares típicos dessa demênciabet 365 aceita pixmacacos rhesus (Macaca mulatta) e vervet (Chlorocebus pygerythrus).

Novas possibilidades e próximos passos

As especialistas ouvidas pela BBC News Brasil destacam que, até o momento, as pesquisas básicas sobre Alzheimer eram feitas com camundongos ou ratos.

Mas há um problema aqui: esses roedores não desenvolvem naturalmente esse tipobet 365 aceita pixdemência.

Os cientistas precisavam então provocar mutações genéticas para que essas cobaias tivessem um ou mais daqueles marcadores da doença, como o acúmulobet 365 aceita pixbeta-amiloide.

"Porém, mesmo modificados, os camundongos e ratos não desenvolvem o Alzheimerbet 365 aceita pixsi e todas aquelas alterações que vemos comumente do cérebro humano", diz a neurologista Sonia Brucki, outra autora do estudo.

Ou seja: por mais que sejam a melhor opção disponível até o momento, esses animais estavam longe do cenário ideal quando pensamos nos estudos para entender o Alzheimer, ou eventualmente descobrir formas melhoresbet 365 aceita pixprevenir, diagnosticar e tratar o quadro.

"Ter animais que desenvolvem a patologia como os humanos permitiria testesbet 365 aceita pixnovos tratamentos, alémbet 365 aceita pixpossíveis avanços no conhecimentobet 365 aceita pixbiomarcadores da evolução da doença", antevê a médica.

E é aí que entram os macacos-prego-amarelo: estudar a fundo o cérebro dessa espécie pode ajudar a entender como o Alzheimer se desenvolve. Além disso, esses primatas podem servirbet 365 aceita pixcobaiabet 365 aceita pixestudosbet 365 aceita pixpotenciais novos remédios.

"A vantagem dos macacos-prego é que eles são bem menores que os chimpanzés, com uma manutençãobet 365 aceita pixcativeiro muito mais simples e barata", explica Brucki.

"Além disso, eles não estãobet 365 aceita pixriscobet 365 aceita pixextinção", acrescenta ela.

O trabalhobet 365 aceita pixUSP e UnB está apenas nos primeiros passos. A análise dos cérebros desses três primatas serviu para confirmar a hipótesebet 365 aceita pixque eles desenvolvem o Alzheimer e para padronizar valores e parâmetros para as futuras investigações.

A partirbet 365 aceita pixagora, o timebet 365 aceita pixcientistas quer investigar a fundo outros indivíduos da mesma espécie que eventualmente morrerem com o passar dos meses e anos — eles não farão eutanásia desses animais.

Outra ambição do grupo é avaliar o cérebro dos macacos aindabet 365 aceita pixvida por meiobet 365 aceita pixexamesbet 365 aceita piximagem, como a ressonância magnética.

O objetivo aqui é fazer um acompanhamento periódico para entender quando os sinaisbet 365 aceita pixAlzheimer começam a aparecer no cérebro — e como isso se traduz na prática, por meiobet 365 aceita pixsintomas, como baixa atividade ou dificuldades para usar ferramentas conforme ficam mais velhos.

"Queremos saber como os processos patológicos que ocorrem na doençabet 365 aceita pixAlzheimerbet 365 aceita pixoutras espécies podem estabelecer conceitosbet 365 aceita pixenvelhecimento", conclui Brucki.