Profissão, herdeiro: O que é a grande transferênciaaviaozinho da betanoriqueza, fenômeno que 'fabrica' jovens bilionários pelo mundo:aviaozinho da betano

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Legenda da foto, Com 31 anos, Mark Mateschitz, herdeiro da marca Red Bull, ganhou o postoaviaozinho da betanojovem bilionário com maior fortuna segundo a lista da Forbes deste ano

A estimativa éaviaozinho da betanoque, somente até o fimaviaozinho da betano2029, maisaviaozinho da betanoUS$ 8,8 trilhões sejam transferidos dos bilionários para seus jovens sucessores.

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“E não estamos falando sóaviaozinho da betanodinheiro, mas também das empresas”, explica o advogado Yuri Freitas, responsável pelo timeaviaozinho da betanoplanejamento patrimonial para o Brasil do banco suíço UBS.

Ele comanda um grupoaviaozinho da betanoespecialistas que fica à disposição dos clientes donosaviaozinho da betanofortunas com uma função: ajudá-los a planejar o que fazer com seu patrimônio depois que eles morrerem.

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Legenda da foto, Reforma tributária apressou os planosaviaozinho da betanotransferênciaaviaozinho da betanoheranças entre os donosaviaozinho da betanofortunas no Brasil, diz Freitas, do UBS
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Apesar da formação financeira e jurídicaaviaozinho da betanoFreitas, o trabalho dele eaviaozinho da betanosua equipe envolve mais habilidades do que cuidar dos números e conhecer leis.

Vai desde conversar com a família sobre o uso dos recursos por todos os parentes e agregados (quem pode usar o jatinho? quem pode emprestar o iate?) a sugerir regras para a contrataçãoaviaozinho da betanofamiliares como funcionários e calcular o risco que novos casamentos podem representar para o patrimônio dos herdeiros.

A função inclui também mapear os objetivosaviaozinho da betanocada cliente para o seu patrimônio após a morte: como dividir empresas, obrasaviaozinho da betanoarte, embarcações, aeronaves e imóveis, entre outros.

A equipeaviaozinho da betanoplanejamento do patrimônio também ajuda a criar protocolos para questões delicadas que misturam laços familiares e dinheiro. O planejamento abrange aspectos íntimos da vida familiar, como o regimeaviaozinho da betanobens se o cliente é casado, se tem filhos, se os filhos são casados, se moram no Brasil ou fora, por exemplo.

Para quem não é herdeiroaviaozinho da betanonenhuma grande fortuna, uma boa referência a esse universo é a série Succession, da HBO, que aborda o dramaaviaozinho da betanouma famíliaaviaozinho da betanobilionários.

“Por mais caricata que a série seja, as famílias têm conflitos que se desenvolvem numa dinâmicaaviaozinho da betanocomportamento parecida”, conta Freitas.

A BBC News Brasil reuniu especialistas, artigos e exemplos práticos para explicar o que é a grande transferênciaaviaozinho da betanoriqueza e qual o debateaviaozinho da betanotorno dos impactos negativos que esse nívelaviaozinho da betanoconcentraçãoaviaozinho da betanorenda pode acarretar.

Preparação com comitês e psicólogos

Uma das etapasaviaozinho da betanoum trabalho como oaviaozinho da betanoFreitas é oaviaozinho da betanoconstruir com a família dona da fortuna um protocolo familiar,aviaozinho da betanopreferência antes do doador transmitir a herança aos filhos.

“É quando o patriarca está bem e ativo que é importante tomar essas decisões para enfrentar conflitos lá na frente”, diz o executivo da UBS.

Pesquisa realizada pela consultoria americana The Williams Group estima que 70% das transferênciasaviaozinho da betanoriqueza nos Estados Unidos falham, e que 60% dessas falhas resultamaviaozinho da betanofaltaaviaozinho da betanoconfiança e comunicação entre os membros da família rica.

“A família precisa ter regrasaviaozinho da betanocomo lidar com o patrimônio muito bem estabelecidas. E não estou falando só dos instrumentos jurídicos, como testamento, o contrato social da empresa, o acordoaviaozinho da betanoacionistas”, diz Freitas.

“Estou falando do aspecto moral, por exemplo: como eu vou contratar um primo ou um sobrinho? Que requisitos ele ou ela tem que ter, que escolaridade? Quem pode usar o jatinho da família?”, segue o especialista.

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Legenda da foto, Sem familiaridade com o mundo dos bilionários? Assistir à série Succession pode ajudar

A criação do protocolo familiar para o planejamento da herança pode envolver a criaçãoaviaozinho da betanocomitês familiares para apresentar os investimentos e atéaviaozinho da betanopsicólogos e outros profissionais para mediar as conversas.

“É muito comum que a discussão sobre a qualificação do executivo a ser contratado descambe para: ‘Ah, você contrata o seu filho e agora quer demitir o meu'. A gente ajuda o cliente a construir esse protocolo”, diz o executivo.

Em 15 anosaviaozinho da betanoexperiência na área, a percepçãoaviaozinho da betanoFreitas coincide com o diagnóstico da revista Forbes: a grande transferênciaaviaozinho da betanofortuna global já estáaviaozinho da betanocursoaviaozinho da betanomaneira acelerada, e os bilionários do Brasil e do mundo estão começando cada vez mais cedo a repassar seus patrimônios para a próxima geração.

Exemplo brasileiro

De temposaviaozinho da betanotempos, cada geraçãoaviaozinho da betanoadultos herda das gerações anteriores o patrimônio acumulado por determinada família.

Como no exemplo brasileiro abordado pela Forbes: a Weg, multinacional que exporta para 135 países e é uma das maiores fabricantesaviaozinho da betanomotores elétricos do mundo, foi cofundada por Werner Ricardo Voigt, bilionário que morreuaviaozinho da betano2016.

Hoje, são bilionárias também as netasaviaozinho da betanoWerner, Lívia Voigt, 19 anos, eaviaozinho da betanoirmã Dora Voigt, 26, que não participam ativamente do dia a dia da empresa.

Mas a riqueza fundada por Werner não enriqueceu apenas as duas netas: alémaviaozinho da betanoLívia e Dora, outros 28 empresários têm a Weg como origemaviaozinho da betanosua fortuna. De acordo com a Forbes, os descendentes dos fundadores da Weg têm, juntos, um patrimônioaviaozinho da betanoR$ 85,53 bilhões.

Movimentos como o da família Voigt estão acontecendo e devem se acelerar,aviaozinho da betanoacordo com as projeções dos institutos que acompanham as grandes fortunas.

Os números divergem, mas apontam para o mesmo cenário: nas próximas duas décadas, trilhõesaviaozinho da betanodólares devem passar das mãosaviaozinho da betanoabastados baby boomers (nascidosaviaozinho da betano1964 ou antes, nas duas décadas após o fim da Segunda Guerra Mundial) para as afortunadas próximas geraçõesaviaozinho da betanoherdeiros millennials (nascidos entre 1981 e 1996) e geração Z (entre 1997 e 2013).

A empresaaviaozinho da betanopesquisaaviaozinho da betanomercado Cerulli Associates estima que US$ 84 trilhões mudarãoaviaozinho da betanomãos até 2045 - sendo US$ 72,6 trilhões transferidos para herdeiros e US$ 11,9 trilhões para filantropia.

Relatório do banco UBS sobre ambições bilionáriasaviaozinho da betano2023 aponta que, pela primeira vez na história do estudo, novos bilionários adquiriram mais riqueza por meioaviaozinho da betanoheranças do que pelo empreendedorismo. Em um ano, um totalaviaozinho da betanoUS$ 150 bilhões foram obtidos por 53 herdeiros, enquanto 84 bilionários acumularam US$ 140,7 bilhões por meio do empreendedorismo.

O UBS também estima que, nos próximos 20 a 30 anos, maisaviaozinho da betanomil bilionáriosaviaozinho da betanohoje transferirão maisaviaozinho da betanoUS$ 5,2 trilhões a seus herdeiros.

“Como calculamos esta estimativa? Apenas somando a riqueza dos 1023 bilionários que têm 70 anos ou mais hoje”, diz o relatório.

Nos Estados Unidos, a estimativa é que a geração dos baby boomers retenha atualmente US$ 95,9 trilhões dos US$ 147,1 trilhões da riqueza das famílias dos EUA, segundo o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos.

E por que essa geração que está envelhecendo tem tanto dinheiro para dar aos seus sortudos sucessores?

“A riqueza excepcional resultante do boom da atividade empresarial desde os anos 90 estabeleceu uma base para gerações futurasaviaozinho da betanofamílias bilionárias”, segue o texto.

Choqueaviaozinho da betanogerações

“Nunca antes tanto dinheiro -aviaozinho da betanoimóveis, terra, ações e espécie - mudará tão repentinamenteaviaozinho da betanouma geração para outra, e nunca antes a próxima geração teve sentimentos tão diferentes sobre o futuro do planeta e o capitalismoaviaozinho da betanocomparação a seus precursores”, explicaaviaozinho da betanoartigo publicado no ano passado o banqueiro e filantropo sul-africano Ken Costa, autor do livro The 100 Trillion Dollar Wealth Transfer e uma das vozes mais contundentes a respeito do fenômeno.

A principal teseaviaozinho da betanoCosta, ele mesmo um bilionário boomer, é que os jovens, excluídos da riqueza desfrutada pelas gerações mais velhas durante tanto tempo, são desgostososaviaozinho da betanorelação ao capitalismo atual.

Mais do que isso, culpam com razão os boomers por destruírem o planeta numa corrida precipitada por riquezas a curto prazo. Os boomers, culpados, pioraram as coisas por serem arrogantes e resistentes à mudança, na visãoaviaozinho da betanoCosta.

“Os Zennials [nome que ele criou para se referir aos jovens millenials, nascidos entre 1981 e 1996 mais os Gen Z, entre 1997 e 2013] herdarão recursosaviaozinho da betanocapital, poder e influência, e a tecnologia será a ferramenta que utilizarão para implementar aaviaozinho da betanofilosofia", prevê.

“Não há como escapar deste evento sísmico e,aviaozinho da betanofato, a transferência já começou e está acelerando rapidamente. E este evento não acontecerá isoladamente. Também criará um efeito cascata na economia, na tecnologia e na cultura. O que sairá dessas mudanças depende da nova geração”.

“O que espero é que eles alcancem um futuro financeiro estável e próspero, e acredito que é essencial que nós, boomers, ajudemos a concretizar isso”, afirma Costa.

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Legenda da foto, Preparaçãoaviaozinho da betanopassagemaviaozinho da betanofortunas envolve criaçãoaviaozinho da betanocomitês familiares e até psicólogos

Preocupação com impostos

Há diversos motivos que levam os patriarcas e donos das grandes fortunas a apressarem cada vez mais a transferênciaaviaozinho da betanopatrimônio para as novas gerações, e a principal delas é o medoaviaozinho da betanopagar mais impostos.

Nos Estados Unidos, a doaçãoaviaozinho da betanoherançasaviaozinho da betanovida é isentaaviaozinho da betanoimpostos até um limiteaviaozinho da betanoUS$ 12 milhões; sobre o que extrapolar esse limite, as alíquotas chegam a 40% sobre o valor doado.

“É quase metade do patrimônio que acaba sendo pagoaviaozinho da betanoimpostos. Então, o estudoaviaozinho da betanoestruturas e estratégias para suavizar essa transmissão sempre foi uma preocupação que habitou o imaginário desses executivos”, diz Freitas.

No Brasil, a pressão dos impostos sobre as grandes fortunas e heranças sempre foi mais branda que a da maioria dos países e exigiu menos planejamento dos bilionários - com muitas opções para que os muito ricos acumulassem rendimentos ao longo da vida com pouca tributação.

No ano passado, o governo agiu para acabar com a vantagem concedidaaviaozinho da betanoalgumas aplicações onde era possível adiar o pagamentoaviaozinho da betanoimpostos que são devidos quando se aplica o dinheiro.

"Até o finalaviaozinho da betano2023, era muito comum que o cliente tivesse um fundo multimercado exclusivo dele e esse fundo só pagava imposto no momentoaviaozinho da betanouma amortização,aviaozinho da betanoum resgate. Então você tinha ali uma estrutura que ficava 10, 15 anos, só rentabilizando sem pagar imposto”, diz o executivo do UBS.

A reforma tributáriaaviaozinho da betano2023 mudou um pouco o cenário na tributaçãoaviaozinho da betanoheranças, principalmente ao prever potencial aumento da alíquota do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), conhecido como o “imposto das heranças”.

Atualmente, o ITCMD é estadual e possui alíquotas que variam entre 4% e 8%. A cobrança é diferenteaviaozinho da betanocada Estado brasileiro. Em São Paulo, a alíquota éaviaozinho da betano4%. Em Minas Gerais,aviaozinho da betano5%. Já o Rioaviaozinho da betanoJaneiro prevê seis alíquotas progressivasaviaozinho da betano4% a 8% à medida que a herança aumenta.

A reforma estabelece que o imposto será obrigatoriamente progressivo, - ou seja, quanto maior o valor da herança ou doação, maior será a alíquota aplicada.

“O Estadoaviaozinho da betanoSão Paulo pratica uma alíquotaaviaozinho da betano4% historicamente, e a expectativa é queaviaozinho da betanoalgum momento a Assembleia Legislativa se mova para aumentar essa alíquota. Então, muita gente vê muitas transmissõesaviaozinho da betanopatrimônio acontecendo ou se acelerando por conta disso”, explica Freitas.

Em seu segmentoaviaozinho da betanoplanejamento patrimonial do UBS, nunca houve tanta demandaaviaozinho da betanoclientes brasileiros por informações e atendimento a respeito das novas regrasaviaozinho da betanoherança, doações e temas relacionados como no ano passado, por causa da reforma tributária, diz Freitas.

“Foi o ano mais desafiador da minha carreira. Quando você tem uma reforma que muda toda a regra, e realmente mudou, o baby boomer precisa entender as novas regras, que são complexas, e rever as decisões. Tudo isso vai pressionando ele [a acelerar os planos]”, diz.

“O assunto do ano passado foi reforma tributária, e o deste ano são os ajustes que se tem que fazer para por conta da reforma tributária”, aponta Freitas.

Bom para quem?

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Legenda da foto, O ativista Peter Tatchell segura um cartaz pedindo imposto sobre a riqueza dos bilionários para financiar o sistemaaviaozinho da betanosaúde britânicoaviaozinho da betano2023aviaozinho da betanoLondres

Essa nova levaaviaozinho da betanojovens herdeiros bilionários prevista para as próximas décadas ocorreaviaozinho da betanoum momento da históriaaviaozinho da betanoque a concentraçãoaviaozinho da betanorenda nas mãosaviaozinho da betanopoucas famílias piora a vida da maioria das pessoas do mundo.

O relatório Desigualdade S/A, divulgado no início do ano pela Oxfam, aponta que a riqueza dos cinco maiores bilionários do mundo dobrou desde 2020, enquanto aaviaozinho da betano60% da população global – cercaaviaozinho da betano5 bilhõesaviaozinho da betanopessoas – diminuiu nesse mesmo período.

Enquanto seteaviaozinho da betanocada dez das maiores empresas do mundo têm bilionários como CEOs ou principais acionistas, apenas 0,4% das maisaviaozinho da betano1.600 maiores e mais influentes empresas do mundo se comprometeram publicamente com o pagamentoaviaozinho da betanosalários dignos a seus trabalhadores.

O impactoaviaozinho da betanotanta desigualdadeaviaozinho da betanorenda é gritante, destaca a publicação.

“A décadaaviaozinho da betano2020, que começou com a covid-19 e depois assistiu à escaladaaviaozinho da betanoconflitos, à aceleração da crise climática e ao aumento do custoaviaozinho da betanovida, parece estar se transformandoaviaozinho da betanouma décadaaviaozinho da betanodivisão", diz o documento.

"A pobreza nos paísesaviaozinho da betanorenda mais baixa é ainda maior do que eraaviaozinho da betano2019. Em todo o mundo, os preços estão ultrapassando os salários, e centenasaviaozinho da betanomilhõesaviaozinho da betanopessoas têm dificuldades”, alerta o texto.

Daniel Duque, pesquisador da áreaaviaozinho da betanoeconomia aplicada do FGV Ibre (Instituto Brasileiroaviaozinho da betanoEconomia da Fundação Getúlio Vargas), explica que tal esforço dos super-ricosaviaozinho da betanorepassar seus bens para as próximas gerações pode ser uma reação às recentes iniciativasaviaozinho da betanodiversos paísesaviaozinho da betanodebater e implementar modelos mais progressivosaviaozinho da betanotributação - após décadasaviaozinho da betanoalíquotas que foram generosas com os bilionários.

Movimento que cresceu fomentado principalmente pela visibilidade dada ao trabalho do economista francês Thomas Piketty, que defende reparos ao sistema capitalista capazesaviaozinho da betanointerromper esse processoaviaozinho da betanoconcentraçãoaviaozinho da betanoriqueza.

“Está havendo um movimentoaviaozinho da betanodiversos paísesaviaozinho da betanohaver uma tributação maior sobre grandes fortunas, o que gera uma pressão sobre os super-ricosaviaozinho da betanopassar logo para a próxima geração”, diz Duque.

Outro debate que pode pressionar esse público é o que ocorre no G20aviaozinho da betanotorno da criaçãoaviaozinho da betanoum tributo global sobre grandes fortunas, proposta apresentada ao grupoaviaozinho da betanofevereiro pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante encontroaviaozinho da betanoSão Paulo.

“Um tributo como esse tornaria muito mais difícil para os super-ricos gerarem essa herança sem tributação. Porque até então, quando se cobrava um imposto, eles migravam o dinheiro para outro lugar", aponta o pesquisador.

Tanta concentraçãoaviaozinho da betanorenda traz riscos econômicos e políticos para o planeta, diz o Duque, bem como a assimetriaaviaozinho da betanooportunidades, bastante desfavorável para quem tem menos dinheiro.

“Um dos principais riscos é como lidar com o poder tão concentrado nas mãosaviaozinho da betanotão poucos. Antigamente, a capacidadeaviaozinho da betanoos mais ricos influenciarem a política era mais limitada, com menos capacidadeaviaozinho da betanoação nos meandros do poder. Com uma concentração alta, isso começa a mudar e se vê indivíduos que conseguem mudar rumos”, diz ele.

O que pensam os jovens herdeiros?

Comoaviaozinho da betanotodo debate geracional, profissionaisaviaozinho da betanotodas as áreas têm se debruçado para tentar prever o comportamento desses jovens herdeiros e as mudanças que eles causarão no mundo dos negócios.

Principalmente os bancos, que correm o riscoaviaozinho da betanoperder os clientes cujo patrimônio tão vultoso eles ajudaram a construir e compartilharam por décadas.

O que se sabe é que os bilionários da nova geração são mais conectados socialmente, mais digitais e, pelo menos no discurso, se importam mais do que os pais sobre o impacto positivo que os seus investimentos terão no planeta, tanto no clima quanto socialmente.

Relatório da consultoria EY estima que investidores millenials têm o dobro da disposiçãoaviaozinho da betanoinvestiraviaozinho da betanoempresas ou fundos que busquem transformações sociais e ambientais.

Além disso, 17% dos millenials dizem querer investiraviaozinho da betanocompanhias que adotam práticasaviaozinho da betanoESGaviaozinho da betanoalta qualidade, comparados a 9% entre investidores não-millenials.

No UBS, a equipeaviaozinho da betanowealth management realiza há anos uma sérieaviaozinho da betanoeventos e programas voltada a atender aos investidores next gen, como são chamados os herdeirosaviaozinho da betanofortunas.

No Brasil, o banco criouaviaozinho da betano2019 um encontroaviaozinho da betanotrocaaviaozinho da betanoexperiências exclusivamente voltado para herdeiros. "Ali a gente trouxe alguns herdeiros falando para outros herdeiros sobre temas como inovação no negócio familiar, governança familiar, family office", afirma Freitas.

Nota-se diferenças comportamentais: se os baby boomers apreciam o sigilo e a privacidadeaviaozinho da betanouma relação formal eaviaozinho da betanoconfiança com o consultor do banco, os jovens gostamaviaozinho da betanomais interação com seus pares.

“Ele vê o banco como um lugar que pode proporcionar para ele contato com outros empreendedores e pode abrir portas com pessoas com outros clientes”, diz Freitas.

No programa para sucessores seletosaviaozinho da betanopatrimônio mais elevado, há até uma comunidade global criada pelo banco especialmente para a convivência entre herdeiros do mundo todo, onde eles compartilham dicas, eventos e relações para além das mediadas pelo banco.

Dá para esperar que os bilionários gerarão mudanças positivas para o mundo - que sofre, entre outras questões, com a enorme concentraçãoaviaozinho da betanorenda na mãoaviaozinho da betanopoucas famílias?

O relatório do UBS pontua que, embora existam vários casos bem divulgadosaviaozinho da betanoempresários bilionários que prometem doar grande parteaviaozinho da betanosuas fortunas à filantropia, é menos conhecido o fatoaviaozinho da betanoque entre herdeiros essa intenção seja mais reticente.

“Embora mais do que dois terços (68%) dos bilionários da primeira geração tenham declarado que seguir seus objetivos filantrópicos e gerar impacto no mundo tenha sido o objetivo principalaviaozinho da betanoseu legado, menosaviaozinho da betanoum terço (32%) das gerações herdeiras expressou a mesma intenção", diz o estudo.

Na experiência do UBS, as gerações sucessoras são muitas vezes relutantesaviaozinho da betanodoar dinheiro que não ganharam e,aviaozinho da betanoalguns casos, elas podem simplesmente continuar investindo nas eventuais fundações existentes na família.

"No entanto, há uma tendência para investir ou gerenciar negóciosaviaozinho da betanomaneira que abordem questões ambientais e sociais, tanto para fins comerciais como fins altruístas", aponta o relatório.

A pesquisa do banco ouviu alguns desses herdeiros.

“Por mais que meu pai trabalhasseaviaozinho da betanopetróleo, gás e mineração, estou tentando mudar todo o negócio para assuntos relacionados à tecnologia, áreas que têm menos impacto no meio ambiente”, explicou um bilionárioaviaozinho da betanosegunda geração ao estudo.

"Mas eu não vou vender todos esses negóciosaviaozinho da betanoum dia. É uma jornada que comecei há vários anos, quando assumi negócios da família."

Relações familiares e poder

Outro fator que apressa o planejamento da sucessão entre bilionários, para Freitas, é a pressão crescente dos mercados nas últimas décadas por mais transparência, regulação e compliance (conjuntoaviaozinho da betanopráticas para garantir o cumprimentoaviaozinho da betanoregras legais e éticas definidas pelos Estados ou pelas próprias empresas).

Segundo o executivo do UBS, no setor bancário, a regulaçãoaviaozinho da betanocompliance nos últimos 30 anos passou a cobrar muito mais transparência, com contatos frequentes por e-mail. "O baby boomer que já construiu aaviaozinho da betanofortuna gosta do papel, ele gosta da presença física”, diz ele.

No caso dos baby boomers brasileiros, o apego ao controleaviaozinho da betanotodas as decisões financeiras e operacionais relacionadas ao patrimônio é ainda mais marcante, diz Freitas.

“Mesmo quando faz sentido do pontoaviaozinho da betanovista tributário um projetoaviaozinho da betanopassagemaviaozinho da betanobastão, por exemplo, o projeto não acontece se você não tiver o patriarca engajado”, afirma, citando um exemplo fictício.

“Às vezes, ele até diz que está engajado, mas quando chega na horaaviaozinho da betanofalar ‘você deixaaviaozinho da betanoser executivo da empresa e vai passar para o conselhoaviaozinho da betanoadministração', ele topa, mas está ali no chãoaviaozinho da betanofábrica todo dia, vendo tudoaviaozinho da betanoperto”.

Como imaginar que, tão habituados ao controleaviaozinho da betanotodo seu patrimônio, tais bilionários baby boomers estejam cedendo tão rapidamente o poder às próximas gerações, como sugere a grande quantidadeaviaozinho da betanojovens listados pela Forbes?

Há muitos recursos para manter o poder mesmo após a doação dos ativos, explica Freitas. Um deles é a reservaaviaozinho da betanousufruto, que prevê que o dono fundador mantenha o poder político sobre aquele patrimônio.

“No exemploaviaozinho da betanouma empresa: eu doei as ações, já recolhi o imposto sobre herança, mas eu reservei o usufruto político e econômico: o que significa que eu ainda mando e ainda posso receber o rendimento”, explica.

Existe também a cláusulaaviaozinho da betanoincomunicabilidade da herança, que é prevista no Código Civil para possibilitar que bens herdados ou doados não sejam transmitidos ao cônjuge - “para que o ativo não se contamine com patrimônio do agregado, da nora, do genro”, diz Freitas.

O que significa que, embora abastadíssimos, com um futuro promissor e cheioaviaozinho da betanoregalias, estar na lista da Forbes não significa que a nova geração já esteja integralmente no comando.

“Muitos dessa nova geração são muito ricos, mas quando você olhaaviaozinho da betanoperto, têm pouco poderaviaozinho da betanodecisão”, conclui o executivo da UBS.