Eventos climáticos extremos não são culpa do agro, massortudoslots'processo planetário', diz agroambientalista:sortudoslots

Mulher resgatada no RS

Crédito, Reuters

Hoje coordenador do Centro Global Agroambiental da Fundação Dom Cabral e secretário executivo do Consórcio Amazônia Legal, Brito rechaça os discursossortudoslotsque é preciso derrubar a floresta para desenvolver o Norte do país, como apoiam lideranças da Frente Parlamentar da Agropecuária.

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Por outro lado, também chamasortudoslots"postura extremamente radical" a oposiçãosortudoslotsambientalistas ao aumento da infraestrutura na região, por entenderem que isso alimentaria o desmatamento.

"Estamos discutindo profundamente agora bioeconomia na Amazônia [um modelo econômico desenvolvido a partirsortudoslotsrecursos naturais extraídossortudoslotsforma ética, sustentável e mantendo a florestasortudoslotspé]", diz.

RetratosortudoslotsMarcello Britosortudoslotsestúdio; ele sorri contidamente

Crédito, Divulgação

Legenda da foto, 'Eu acho um comportamento abutre começar a apontar dedos. O setorsortudoslotsuso da terra no mundo é responsável por 30%sortudoslotstodas as emissões', defende Marcello Brito

"Mas a mesma turma que torce pela bioeconomia é aquela que bloqueia [a construção de] estradas, ferrovias, portos. Então, eu pergunto: como incentivar um modelo socioeconômico sustentávelsortudoslotsdesenvolvimento [na Amazônia]? Você vai tirar os produtossortudoslotsdisco voadorsortudoslotslá?", questiona.

Britto defende menos radicalismo e mais diálogosortudoslotsambos os lados, para que se avance para um modelosortudoslotsdesenvolvimento mais sustentável e resiliente, com acesso maior a mercados internacionais cada vez mais exigentes com a questão ambiental.

A mudança na estruturasortudoslotsprodução, porém, não é uma exigência apenas mercadológica. Diantesortudoslotseventos climáticos cada vez mais frequentes, diz Brito, produtores precisam, cada vez mais, fazer um "balançosortudoslotsriscos e benefícios" do seu negócio, baseadosortudoslotspesquisa científica.

Confira a seguir os principais trechos da entrevista.

Margemsortudoslotsrio e vista da cidade

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Margem do Rio XingusortudoslotsAltamira; Brito rechaça os discursossortudoslotsque é preciso derrubar a floresta para desenvolver o Norte do país
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sortudoslots BBC News Brasil - O Rio Grande do Sul é um estadosortudoslotsforte produção agrícola. Para ambientalistas, o avançosortudoslotsáreassortudoslotssoja, silvicultura e pecuária sobre matas nativas nas últimas décadas favoreceu as inundações que ocorreram agora. O agronegócio temsortudoslotsparcelasortudoslotsculpa na catástrofe?

sortudoslots Marcello Brito - Eu acho um comportamento abutre, seja quem for, começar a apontar dedos, que a culpa é desse ou daquele setor. O setorsortudoslotsuso da terra no mundo é responsável por 30%sortudoslotstodas as emissões [de gases do efeito estufa] do planeta. Então, a gente poderia apontar o dedo diretamente pro restante, que é responsável por 70%sortudoslotstodas as emissões, e falar "vocês são os culpados".

Porque clima não tem cerca, então, os impactossortudoslotsesfriamento ou aquecimentos dos oceanos que, no encontro das massas (de ar que evaporam desses oceanos), provocam esses extremos, não são feitos somente por um processosortudoslotsdesmatamento aqui no Brasil, mas num processo que é planetário.

Destruição da Amazônia, destruiçãosortudoslotsmatas ciliares (vegetação na beira dos rios), destruiçãosortudoslotsreservas (ambientais) têm impactosortudoslotsestruturaçãosortudoslotsclima? Sim, a ciência diz isso. "Ah, mas foi o históricosortudoslotsplantiossortudoslotssoja no Rio Grande do Sul que provocou isso?". Não gente, não foi.

Hoje, vi na televisão que teve uma sériesortudoslotstornados violentos no Meio-Oeste (dos EUA). Eu estava lá duas semanas atrás, é uma regiãosortudoslotsgrãos dos Estados Unidos, desde 1800 e alguma coisa. Então, nós podemos afirmar que o aumento dos tornados lá é porque estão plantando soja e milho nesse espaço? Não, é irresponsabilidade nossa.

Ésortudoslotsconsenso científico que a gente precisa ter novos padrõessortudoslotsatuação.

Infelizmente, o ser humano só se move por tragédias. E eu acho que foi tristemente preciso acontecer uma tragédia dessa dimensão no Brasil pra gente entender que o trato que a gente dá às estruturas ambientais no seu relacionamento com os negócios do país tem que ser diferente. Agora, não dá para culpar ninguém.

sortudoslots BBC News Brasil - Não dá para culpar isoladamente? Digamos que vários setores,sortudoslotscerta forma, contribuem?

sortudoslots Marcello Brito - Hoje eu estava participandosortudoslotsum webinar (conferência online) e alguém citou que precisaríamos equalizar melhor os US$ 540 bilhões que são utilizadossortudoslotssubsídios com a produção agrícola no mundo. É quase risível o valorsortudoslotsum mundo que subsidiou no ano passadosortudoslotsUS$ 7 trilhões os derivadossortudoslotscombustíveis fósseis [segundo levantamento do Fundo Monetário Internacional]. Olha, a comparação: US$ 540 bilhões para US$ 7 trilhões.

Os 60 principais bancos do mundo financiaram no ano passado, injetaram no setorsortudoslotscombustíveis fósseis, US$ 700 bilhõessortudoslotsdólares. Então, nós temos aqui um conjuntosortudoslotsresponsabilidades que estão na sociedade, que não sabe controlar e pressionar pelas leis corretas; no setor privado, que não segue essas leis corretas; nos governos municipais, estaduais e federais do mundo inteiro, que não sabem equalizar o que subsidiam, como subsidiam, como fazemsortudoslotstransição energética.

Ou seja, vamos apontar o dedo para nós, porque não tem ninguém, absolutamente ninguém, que não seja parte desse processosortudoslotsdegradação da estrutura climática mundial.

Pessoas dentrosortudoslotsbarco, acompanhadossortudoslotssocorristas perto da embarcaçãosortudoslotsrua inundada

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Rua inundadasortudoslotsPorto Alegre; Brito critica 'apontar dedos' para culpabilizar agropecuária por influênciasortudoslotsevento climático como o que atingiu o Rio Grande do Sul

sortudoslots BBC News Brasil - Justamente um ponto importante nesse debate são as leis ambientais. Vemos no Congresso parlamentares ligados ao agronegócio defendendo novas leis que reduzem a proteção ambiental.

sortudoslots Marcello Brito - Sofremos nesse exato momento um grausortudoslotspolarização política que emburrece o processo. Há 12 anos, conseguimos construir o Código Florestal com esses mesmos setores que são oponentes hoje.

Então, quando a gente vê hoje a postura extremamente radical da Frente Parlamentar (da Agropecuária) e, do outro lado, a gente vê uma postura extremamente radicalsortudoslotsambientalistas, por exemplo, a gente vê que o que está faltando é um equilíbrio para que esse debate ocorra. Acho que, na ânsia pelo protagonismo, nós estamos deixando o sentidosortudoslotscolaboração pré-competitiva fora disso.

É importante que o Executivo, o Legislativo e o Judiciário entendam que o enfraquecimentosortudoslotsleis ambientais brasileiras impactam o Brasil, não só nas tragédias, mas impactam o Brasil nasortudoslotsinserção internacional.

Então, deveria ter, na frentesortudoslotsqualquer alteraçãosortudoslotslei ambiental, uma pergunta assim:sortudoslotsque isso impacta na inserção do Brasil dos mercados internacionais? Porque é a vinda desses recursos que transformam a economia e a estrutura socioeconômica do país.

sortudoslots BBC News Brasil – O senhor citou o extremismo da frente parlamentar e dos ambientalistas. Em que posições esse extremismo se manifesta?

sortudoslots Marcello Brito - Eu faço parte do conselhosortudoslotsalgumas ONGs, nacionais e internacionais. É importante que a sociedade cobre do setor privado transformações positivas nasortudoslotsformasortudoslotsatuação e visãosortudoslotsmundo. Mas é importante que o ambientalismo se renove também.

Por exemplo, estamos discutindo profundamente agora bioeconomia na Amazônia [um modelo econômico desenvolvido a partirsortudoslotsrecursos naturais extraídossortudoslotsforma ética, sustentável e mantendo a florestasortudoslotspé]. Mas a mesma turma que torce pela bioeconomia, é aquela que bloqueia [a construção de] estradas, ferrovias, portos. Então, eu pergunto: como incentivar um modelo socioeconômico sustentávelsortudoslotsdesenvolvimento [na Amazônia]? Você vai tirar os produtossortudoslotsdisco voadorsortudoslotslá?

É esse nívelsortudoslotsdicotomia que expulsa a avenida central do debate, porque,sortudoslotsambos os lados, tem gentesortudoslotsconsciência que dá para sentar e construir um modelo. Mas não (sentam), os setores estão polarizados por política partidária, e não porque existe um forte contraste ideológico.

Minha viagem agora aos Estados Unidos foi muito elucidativa. Eu rodei uns 1000 kmsortudoslotscarro entre Iowa e Illinois, dois estados republicanos, extremamente conservadores, onde, se você começar uma conversa falandosortudoslotsmudança climática, a conversa é automaticamente encerrada porque é conversasortudoslotsdemocrata,sortudoslotsesquerdista.

Mas, se você roda por esses estados, é um festivalsortudoslotstorres eólicas,sortudoslotsplacas solares,sortudoslotsestaçõessortudoslotsbiometano, dos maiores projetossortudoslotsCCS (captura e estocagemsortudoslotscarbono) nos Estados Unidos, uma aceleração monstruosa nos processossortudoslotsagricultura regenerativa.

Então, falar que a agenda ambiental é coisasortudoslotsesquerda ousortudoslotsdireita ésortudoslotsuma pobreza infernal. Isso é inteligência estratégica.

Essa discussão barata político-partidária traz prejuízos com modificações absurdassortudoslotsleis ambientais que trarão estrago ainda maior ao processosortudoslotsproduçãosortudoslotsalimentos no Brasil. Torna o processo inflacionário, aumenta o valor dos alimentos e impacta sempre os mais necessitados, a parte pobre do Brasil.

sortudoslots BBC News Brasil - Uma das mudanças legislativassortudoslotsdebate no Congresso é a propostasortudoslotsreduzir a reserva legal da Amazôniasortudoslots80% para 50% (percentual da propriedade particular que deve ser preservada). O argumento é que isso é necessário para o desenvolvimento da região. Por que discorda?

sortudoslots Marcello Brito - Discordo completamente. Se fosse dois séculos atrás, eu concordaria porque o mundo tinha uma economia movida à madeira.

Você cozinhava, você transportava, você fazia tudo [com usosortudoslotsmadeira]. Não é o caso agora. Existem outros modelossortudoslotsdesenvolvimento socioeconômico que podem ser feito com e através da floresta. Bioinsumos [produtos com componentes biológicos para melhorar a produção, como combatesortudoslotspragas]; restauração florestal, seja ela comercial, seja ela conservação; [mercadosortudoslotscréditos de] carbono. Ou seja, nós estamos num processosortudoslotstransiçãosortudoslotszona econômica muito grande.

E quando a gente olha as pesquisassortudoslotstendênciasortudoslotsconsumo, o Banco Mundial estima que a partirsortudoslots2030 cercasortudoslots60% da classe média mundial estará dentro dos onze países da APAC [região Ásia-Pacífico]. E essa região é a que mais planta árvores do mundo. O mundo só é positivosortudoslots[expansão de] florestas hoje [saldo líquido entre o que se planta e o que se destrói] por causa da China e da Índia.

A China plantou nos últimos dois anos quase 9 milhõessortudoslotshectaressortudoslotsfloresta [cercasortudoslotsduas vezes o estado do RiosortudoslotsJaneiro] e o ano passado reformou 4 milhõessortudoslotshectaressortudoslotsfloresta. "Ah, mas são os maiores emissores do mundo". São, mas estão num processosortudoslotstransformação.

Então, falar que você precisa derrubar mais floresta para fazer o desenvolvimento da Amazônia não é só um erro crasso, mas é um desconhecimento completo da estrutura socioeconômica, ciência e tecnologia existentes no momento.

Homem carregando caixote com hortaliçassortudoslotsgrande armazémsortudoslotsalimentos

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Brito destaca que alimentos no Brasil são 'muito mais' baratos quesortudoslotsoutros países do mundo

sortudoslots BBC News Brasil - Uma parte da sociedade vê o agronegócio brasileiro como um setor atrasado, a favorsortudoslotsmais destruição ambiental. O senhor concorda com essa visão? Tem visto uma evolução do setor a partir dessas tragédias ambientais?

sortudoslots Marcello Brito - Não concordosortudoslotsjeito nenhum porque eu conheço. E mais do que isso: eu conheço aqui no Brasil e conheçosortudoslotsquase outros 50 países do mundo. Então, posso fazer comparativos do que é produzido aqui com o que é feito nos Estados Unidos, no Canadá, na Alemanha, na França, na China, na Malásia, na Indonésia e mais não sei quantos países.

Isso [a visãosortudoslotsque o agro brasileiro é atrasado] vemsortudoslotsuma estrutura sociocultural brasileira, porque o modelosortudoslotsdesenvolvimento do uso da terra no Brasil foi completamente diferentesortudoslotsoutros países. É só lembrar que começamos com quinze capitanias hereditárias [distribuídos pela Coroa Portuguesa durante a colonização]. Então, nós tínhamos 15 coronéis, depois dividiram aquilosortudoslotssesmarias [grandes lotessortudoslotsterra], depois tivemos todo o processo da escravidão muito mal resolvido.

Nós não tivemos um modelosortudoslotsestruturação do uso da terra organizado. E isso criou uma visão do coronelismo daquele processo. Só que, nessa palavra agro que usam como detração, cabe tudo que você queira colocar. O agro brasileiro são 5,2 milhõessortudoslotspropriedades rurais, 80% delas têm menossortudoslots100 hectares, são pequenos produtores. E as pessoas acham que todos são latifundiários.

Isso mostra um desconhecimento monstruoso, inclusive, na hora que a gente vai ao supermercado e compra o alimento pelo preço que a gente compra aqui no Brasil, [e não sabe] que ainda é muito mais barato quesortudoslotsoutros países do mundo.

Esse desconhecimento faz com que as pessoas não enxerguem [os pontos positivos]. Tem uma pesquisa da consultoria Mckinsey do ano passado sobre utilizaçãosortudoslotsbioinsumosortudoslotsvários países do mundo. O país mais avançado é o Brasil.

Na questãosortudoslotsplantio direto na palhada [método difundido entre produtoressortudoslotssojasortudoslotsque as sementes são plantadas sobre a palha da safra anterior, evitando que os solos fiquem expostos entre a colheita e a semeadura], o Brasil é o país mais avançado no mundo também, a frente dos Estados Unidos, a frente do Canadá, a frentesortudoslotsFrança, e assim por diante.

Numa sériesortudoslotsprodutos, o Brasil há muito tempo já produz sem vínculo com o desmatamento. Papel e celulose, cana-de-açúcar, fruticultura, café, algodão: são cadeias que não têm link com desmatamentos e são muito apreciadas no mercadosortudoslotsfora. Então, você vê um desconhecimento muito grande.

Homem com galochassortudoslotsplantação parcialmente alagada segura péssortudoslotsmilho estragados

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Ademilson Tardetti, 55 anos, mostra plantaçãosortudoslotsmilho perdida por conta das enchentes,sortudoslotsGuaíba

sortudoslots BBC News Brasil - O senhor apontou o radicalismo da Frente Parlamentar da Agropecuária. A representação do agro no Congresso é mais atrasada do que o setor como um todo?

sortudoslots Marcello Brito – Sinceramente, eu não sei que agro que eles representam. Eu não acho que seja justo a gente colocar que esse pessoal representa a agricultura brasileira como um todo.

É uma bancada poderosa. O Brasil, por ser um país agrícola grande, tem uma estruturasortudoslotsrepresentação grande. O debate precisa ser enfrentadosortudoslotsforma democrática,sortudoslotsforma clara, com amplitude. Existem pontos que eles estão corretos, existem pontos que eles estão errados. Por isso eu sou a favor do debate democrático. Não concordosortudoslotsalteração das leis atuais, não concordosortudoslotsalteração do Código Florestal.

E acho que a gente tem que utilizar essa liderança agroambiental que nós podemos exercer como um fatorsortudoslotsinserção do Brasil e não como fatorsortudoslotsexclusão do Brasil.

Falta visãosortudoslotsgovernança internacional quando a gente quer transformar isso aqui num processosortudoslotsdesenvolvimento baseadosortudoslotscondições do século passado.

sortudoslots BBC News Brasil – Os prejuízos pelas enchentes no Rio Grande do Sul ainda estão sendo calculados, mas é certo que o setor agropecuário foi muito afetado. Como o setor pode se proteger desse novo cenáriosortudoslotsextremos climáticos?

sortudoslots Marcello Brito - Lá atrás, quando íamos fazer um novo investimento, a gente fazia análisesortudoslotsrisco financeiro. Depois, com o aumentosortudoslotstecnologia agronômica, nós passamos a fazer análisesortudoslotsrisco agronômico. Agora precisamos fazer análisesortudoslotsrisco climático esortudoslotsrisco reputacional.

Se você levar todos os riscos ao pé da letra, você não investe maissortudoslotslugar nenhum. Então, a inteligência existe agorasortudoslotsvocê analisar, além dos riscos potenciais que fazem partesortudoslotsuma análise investimento, também o outro lado, a análisesortudoslotsbenefício. E as empresas que souberam analisar e balancear análisesortudoslotsrisco com a análisesortudoslotsbenefício são aquelas que saem na frente e conseguem produzirsortudoslotsforma mais clara.

Não queria citar o nomesortudoslotsalguma empresa específica, mas vou citar uma que é gigante do agro. A Amaggi [multinacional brasileira do agronegócio] tem uma fazenda, a Tanguro, que usa para pesquisa da ciência aplicadasortudoslotsagricultura há 20 anos. E os resultados dessas pesquisas são aproveitadossortudoslotstodas as outras áreassortudoslotsprodução que eles têm. Os parceiros são universidades, ONGs, institutossortudoslotspesquisas nacionais e internacionais.

Isso é análisesortudoslotsbenefício aliada à análisesortudoslotsrisco: "Olha, tem um pessoal estudando aqui que, se esse comportamento climático ocorrer no cerrado, vai ter um impacto x y z para mim. Mas, se eu tiver essas ações aquisortudoslotstermossortudoslotster florestas próximas, ousortudoslotsagricultura regenerativa, ousortudoslotsuma estruturasortudoslotsproduçãosortudoslotsbioinsumos, vai ter outro impacto".

Colocando as duas [análises] juntas, tenho um processo saudávelsortudoslotscaminhar. O que vamos ter que fazer para o Rio Grande do Sul e para todas as outras regiões do Brasil é analisar o balanceamentosortudoslotsriscos o balanceamentosortudoslotsbenefício, e atualizarsortudoslotsforma inteligente, à luz da melhor economia, da melhor ciência, os modelossortudoslotsinvestimento e desenvolvimento que a gente tem que fazer.

sortudoslots BBC News Brasil - A análisesortudoslotsbenefícios são ações que vão fortalecer a sustentabilidade da produção?

sortudoslots Marcello Brito – Vão fortalecer a resiliência do processo. A resiliência diz que você está criando um modelo que é melhor para o seu negócio, mas é melhor para a sociedade, prasortudoslotsregião, para a natureza — ao fim, é melhor para o planeta, porque ele é resiliente.

Já perdemos o processosortudoslotsmitigação [das mudanças climáticas]. Então, tudo que a gente olhar pra frente agora é processo adaptativo. A pessoa vai falar "ah, o cara é sonhador". Não é ser sonhador, é realismo. E todas as principais empresas que são líderessortudoslotsseus setores fazem isso.

Agora, eu tenho uma confiança que a geração que está entrando agora, depois da minha, é mais preparada para enfrentar esses extremos e para enfrentar essa reestruturação da economia mundial. Primeiro, porque a minha geração destruiu bastante, mas também criou muitosortudoslotstermossortudoslotsciência e tecnologia. E, segundo, porque está deixando um estoque financeiro nunca visto na história planetária.

Então, você não faz as coisas por faltasortudoslotsrecurso. Você pode não fazer porque não foi inteligente o suficiente para criar as condições adequadas para atrair aquele recurso.

sortudoslots BBC News Brasil - Um dos prejuízos que preocupam no Rio Grande do Sul é a perdasortudoslotssafrasortudoslotsarroz. O governo anunciou a intençãosortudoslotsimportar 1 milhãosortudoslotstoneladas, mas o setor reagiu dizendo que seria açodado e poderia afetarsortudoslotsrecuperação. Faz sentido importar?

sortudoslots Marcello Brito - Não sei te responder, para falar a verdade, mas a reclamação é um direito universal. Se não dá para analisar que precisa importar ou não, também não dá para analisar (ainda) o tamanho da quebra ou não.

Então qualquer um dos lados que diga qualquer coisa hoje pode ser chamadosortudoslotsaçodado. O importante é você colocar o tema no debate. Porque, se for preciso importar, não é assim: amanhã eu ligo e falo "manda aí um milhãosortudoslotstoneladas para mim". Não, é um processo que leva meses, desde asortudoslotscontratação, transporte, chegada e assim por diante.

Então, diz a boa prática que você deve se preparar e planejar. Se for necessário importar, vai ser importado. Se não for necessário, não será importado, porque ninguémsortudoslotssã consciência irá importar para deixar paradosortudoslotsestoque.

sortudoslots BBC News Brasil – O senhor disse que votou pela primeira vez no PT ao apoiar Lula no segundo turno da eleiçãosortudoslots2022. Como avalia a política ambiental e agro do governo?

sortudoslots Marcello Brito - O meu voto foi feito na escolha por um candidato que tinha predileção por gente. Eu nunca fuisortudoslotsesquerda, nunca fui do PT, mas, naquele momento existia uma estrutura e uma necessidade social que precisavasortudoslotsum candidato assim.

Acredito que estamos nos movimentando bem no campo ambiental, mas só bem, poderia ser muito melhor, se a gente tivesse uma interação e uma discussão muito mais ampla e muito mais democrática.

Acho que está faltando ao governo atual uma maior interação com a sociedade, nos seus mais diversos recortes, na construção das estratégias nacionais.

Você pode dizer: "eles falam que estão consultando". Consultar é uma coisa, dialogar é outra completamente diferente. Então, nessa avaliação até o momento, acho que falta, por partesortudoslotsalguns ministérios, eu prefiro não citar quais, uma integração maior entre sociedade, setor privado, sociedade civil, ciência, academia, para que os resultados pudessem ser um pouco mais céleres do que são até o momento.