Por que brasileiros são tão fascinados por reality shows:mines cassino
Desde que estreou no Brasil 2002, o reality show Big Brother é sucessomines cassinoaudiência todos os anos.
Até março deste ano, a edição 2024 do programa havia alcançado pelo menos 118 milhõesmines cassinobrasileiros, segundo dados obtidos pelo jornal Folhamines cassinoS.Paulo.
E o sucesso não para por aí: nas redes sociais, o BBB mobiliza multidões, com discussões acaloradas sobre os participantes dia após dia.
No ar pela TV Globo, o programa passou por diversas alterações para se manter vivo na grade há duas décadas e já se tornou o reality mais longevo do país. Seu sucesso é inegável e mesmo quem não o assiste regularmente sabe quando está no ar.
Na ediçãomines cassino2021, por exemplo, o programa atingiu um alcance médio diáriomines cassino39,8 milhõesmines cassinopessoas, com picosmines cassino40. Foi a última vez, inclusive, que a Globo chegou aos 40 pontosmines cassinoaudiência na Grande São Paulo sem envolver partidasmines cassinofutebol.
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Naquele ano, o reality também quebrou o recordemines cassinomaior participaçãomines cassinosua história, com 3,6 milhõesmines cassinovotos por minuto.
O atual sucesso do reality brasileiro se torna ainda mais impressionante quando comparado às versões estrangeiras do mesmo programa.
A última edição do Big Brother Reino Unido, por exemplo, teve uma audiênciamines cassino2,5 milhõesmines cassinopessoas no seu episódiomines cassinoestreia,mines cassinooutubromines cassino2023.
Já versão americana estreou com uma médiamines cassino2,6 milhõesmines cassinotelespectadores, mas a audiência caiu rapidamente para 800 mil nos episódios seguintes.
Mas afinal, por que os brasileiros são tão fascinados pelo reality show?
Diversos estudiosos das áreasmines cassinocomunicação, marketing e psicologia já se debruçaram sobre o gênero televisivomines cassinoque pessoas comuns ou celebridades vivem seu dia a dia e enfrentam desafios específicos.
Todos eles concordam que a principal explicação por trás da atração despertada está na identificação com os participantes.
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Uma pesquisa desenvolvida pelo professormines cassinoPsicologia Jonathan Cohen, da Universidademines cassinoHaifa,mines cassinoIsrael, mostrou que os telespectadores dos reality shows desenvolvem grandes sentimentosmines cassinoempatia pelos participantes e, muitas vezes, se reconhecemmines cassinosuas escolhas e ações.
O experimento entrevistou 183 pessoas sobre 12 reality shows diferentes, incluindo produções que contam com versõesmines cassinodiversos países, como Big Brother, MasterChef e Supernanny. Os resultados mostraram que quanto mais as pessoas gostammines cassinoum programa, maior é a identificação e a vontademines cassinoum dia fazer parte da atração.
"No passado, muitos assumiam que o interesse pelos reality shows estava ligado a uma espéciemines cassinovoyeurismo, ou gosto por presenciar situaçõesmines cassinohumilhação e dificuldade", diz Cohen.
"Mas pesquisas mais recentes mostram que os telespectadores se veem nas situações vividas pelos participantes, torcem por eles e compartilham o entusiasmo da competição".
Segundo Cohen, os realities por vezes levam vantagem sobre peçasmines cassinoficção justamente por se trataremmines cassinoobras da vida real. "O fascínio está justamente no fatomines cassinoserem pessoas reais, que correm riscos reais e sentem emoções reais", diz. "É difícil assistir às provas e desafios sem imaginar como nos sairíamos no lugar dos participantes".
"As pessoas tendem a se projetar naqueles participantes com quem mais se identificam", diz Mariana Munis, professoramines cassinoMarketing e especialistamines cassinoComportamento do Consumidor da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas. "Justamente por isso, os competidores mais carismáticos e honestos acabam se transformando quase quemines cassinofenômenos".
As últimas edições do Big Brother Brasil ainda adicionaram um elemento a mais ao jogo com a inclusãomines cassinocelebridades entre os "brothers". "Para os fãs daquele artista ou influencer é uma oportunidade únicamines cassinover seu ídolomines cassinosituações do dia a dia", avalia a especialista.
Herança brasileira
Entre os brasileiros, há também um elementomines cassinotradição que colabora para o sucesso dos reality shows. O primeiro programa do gênero produzido e exibido no país foi lançado pela MTVmines cassino2000 e chamava-se 20 e Poucos Anos. A atração, que mostrava a vida efervescentemines cassinojovens no início da vida adulta, durou três temporadas.
No mesmo ano, a TV Globo lançou o programa No Limite, inspirado no americano Survivor. A emissora ainda adquiriu os direitos para produzir a versão brasileira do Big Brother, que deveria estrear como o primeiro realitymines cassinoconfinamento do Brasil. Poucos meses antes do lançamento, porém, o SBT saiu na frente com Casa dos Artistas.
Mas muito antesmines cassinoqualquer rivalidade entre canaismines cassinotelevisão, os brasileiros já haviam sido fisgados pelo entretenimento que se baseia na imprevisibilidade e antecipação.
A paixão pelos programas seriados, cujos capítulos são exibidos aos poucos, data dos folhetins. As históriasmines cassinoficção e romance publicadasmines cassinoforma parcial e sequenciadamines cassinojornais e revistasmines cassinotodo o país atingiram seu picomines cassinopopularidade no final do século XIX e servirammines cassinoinspiração para as rádio e telenovelas.
"Os realities conservam um elemento que era central aos folhetins e que também foi herdado pelas novelas que é a imprevisibilidade", diz Elmo Francfort, pesquisador da televisão brasileira e professor do cursomines cassinoRádio, TV e Internet da Universidade Anhembi Morumbi. "Os brasileiros foram fisgados pelos sentimentosmines cassinocuriosidade e antecipação despertados por esse gênero e adoram torcer pelos personagens, sejam eles fictícios ou reais".
Feitos para encantar
Para alémmines cassinoqualquer fascínio ou tradição, as emissoras televisivas usam e abusammines cassinotécnicasmines cassinomarketing para atrair telespectadores. A fórmula do sucesso, baseadamines cassinoboas narrativas, um elenco diversificado e muita propaganda, faz com que seja difícil resistir às espiadinhas.
"Tudo que envolve o processomines cassinoproduçãomines cassinoum reality show é pensado para satisfazer as necessidade e desejos do consumidor", diz a professora Mariana Munis. "As provas precisam ser emocionantes, os participantes devem ser pessoas muito diferentes entre si para causar conflito e até mesmo o tempomines cassinoduração do programa é planejada para que haja uma história envolvente, com começo, meio e fim".
Para as redesmines cassinotelevisão, o formato também costuma ser uma aposta certeira e barata. "É mais barato produzir um reality do que uma novela,mines cassinoque se gasta muito com atores, cenários e edição", diz Elmo Francfort, da Universidade Anhembi Morumbi. "Além disso, os programas costumam seguir a mesma fórmulamines cassinotodas as suas edições, garantindo uma previsibilidademines cassinosucesso".
Relevância social
E se no passado muitos realities eram considerados fúteis e perdamines cassinotempo, esses programas ganharam mais credibilidade ao discutirem temasmines cassinorelevância social. O Big Brother,mines cassinoespecial, movimentou grandes debatesmines cassinosuas últimas edições que alavancarammines cassinoaudiência.
Por meiomines cassinoatitudes controversas dos participantes, alguns deles acusadosmines cassinomachismo, racismo e xenofobia, as redes sociais foram inundadasmines cassinotextos e vídeos que contribuíram para manter a população mais informada.
A própria Globo percebeu a relevância dessas discussões e passou a dar mais visibilidade a elas, ao passo que abandonou práticas e quadros que sexualizavam algumas das participantes. "O público passou a encarar o programamines cassinoforma diferente graças a esses debates. Ao mesmo tempo, telespectadores mais jovens e que não costumam assistir televisão aberta foram atraídos", avalia Francfort.
*Esta matéria foi publicada originalmentemines cassinojaneiromines cassino2022 e atualizadamines cassinoabrilmines cassino2024.