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'Não nos alertaram sobre efeitos colateraisantidepressivos': as famílias que sofreram impactos profundos:
No Brasil, a vendaantidepressivos e estabilizadoreshumor estácrescimento. Dados do Conselho FederalFarmácia mostram que a venda desses medicamentos cresceu cerca58% entre os anos2017 e 2021.
Em um documentário veiculado pela BBC no inícioagosto, com título Are My Antidepressants Worth It? ("Os meus antidepressivos valem a pena?"), vários jovens e famílias relataram que não receberam conselhos ou informações adequadas sobre os possíveis efeitos colateraisantidepressivos prescritos.
Dylan Stallan era um adolescente quando começou a receber tratamento para dismorfia corporal (transtorno ou condição psiquiátrica que leva a pessoa a 'distorcer' a própria imagem) e depressão.
"Ele estava lutando com a maneira como se sentia sobre si mesmo, sobreaparência", conta a mãe dele, Seonaid Stallan.
"Ele estava extremamente ansioso e ficava fisicamente doente. Ele não conseguia saircasa."
Aos 16 anos, Dylan recebeu a prescrição médicaum tipoantidepressivo e, quando completou 18 anos, a medicação foi alterada para outro medicamento voltado para sintomasdepressão e ansiedade.
Dois meses depois que o tratamento foi alterado, Dylan cometeu suicídio.
Seonaid diz que, quando a trocamedicamentos foi feita, ninguém os alertou sobre possíveis efeitos colaterais.
Ela estava presente na consulta com seu filho e diz à BBC que eles não foram informadosque, antesmelhorar, o jovem poderia se sentir pior com o novo medicamento.
E apesaras diretrizessaúde do Reino Unido dizerem que é melhor evitar o álcool ao iniciar o tratamento com o tipomedicamento que ele tomou, ea bula alertar isso também, a mãe diz que Dylan foi informadoque não havia problemabeber álcool enquanto tomava o novo antidepressivo.
Seonaid conta que, na noite anterior ao suicídio do filho,2015, ele havia bebido uma "quantidade considerável"álcool.
Segundo a mãe, Dylan não havia expressado pensamentos suicidas antesiniciar o novo tratamento.
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A clínica particular onde Dylan foi tratado disse à BBC que ficou "profundamente triste" com a morte do jovem e expressou condolências à família.
"Embora não estejamosposiçãocomentar sobre o tratamentoqualquer pessoa, nossa equipe clínica certamente ficaria felizse encontrar com a Sra. Stallan se ela ainda tiver alguma preocupação que gostariadiscutir", disse a clínica, oferecendo a possibilidadenovos esclarecimentos à mãe.
A eficácia dos antidepressivosmenores18 anos ainda não é totalmente conhecida. Em vários países, como os Estados Unidos e o Reino Unido, apenas um ou dois desses medicamentos são prescritos nessa faixa etária.
Quando uma pessoa completa 18 anos, no entanto, pode ser prescrito qualquer antidepressivo, como foi o casoDylan.
Existem algumas evidênciasensaios clínicos que sugerem que o riscosuicídiopessoas com idade entre 18 e 24 anos aumenta ao tomar esses medicamentos.
Impactos na vida sexual
Os possíveis efeitos colaterais físicos e mentais dos antidepressivos vão desde dorescabeça e confusão mental a efeitos mais graves, como perda da função sexual e pensamentos suicidas.
Bernadka Dubicka, professorapsiquiatria infanto-juvenil da UniversidadeHull, na Inglaterra, diz que sempre que um paciente receber a indicaçãotomar antidepressivos, independentemente da idade, deve ser informado sobre os efeitos colaterais.
“Os dados parecem mostrar que, até os 25 anosidade, umcada 50 jovens que tomam um antidepressivo pode experimentar, nas primeiras semanas [de tratamento com o remédio], um aumentopensamentos suicidas eautomutilação”, explicou a especialista à BBC.
Seonaid acredita que, à medida que as taxasprescriçãoantidepressivos aumentam, melhorias nas pesquisas e na compreensão dos efeitos colaterais podem salvar vidas.
A BBC conversou com maiscem pessoas que usaram ou estão usando antidepressivos. Todas relataram algum tipoefeito colateral.
Para alguns, os antidepressivos tiveram um impacto profundo e negativo na vida sexual.
Connor — nome fictícioum homem que falou conosco e preferiu omitiridentidade — descreveu à BBC o impacto que os medicamentos tiveramseu corpo.
Ele começou a tomar um antidepressivo aos 30 anos e, agora, sofre do que é conhecido como PSSD (Disfunção Sexual Pós-Antidepressivos), ou disfunção sexual pós-ISRS.
ISRS, ou inibidor seletivo da recaptação da serotonina, é uma classeantidepressivo que inclui a maioria dos antidepressivos usados atualmente.
Connor conta que, 24 horas após a primeira pílula, seu desejo sexual desapareceu, enquanto passou a sentir sintomas físicos extremos.
Doze meses depoisparartomar antidepressivos, os sintomas persistem.
"Ainda sinto dormência nos órgãos genitais", diz ele. "Sou basicamente assexual. Não sinto atração."
"Quando me considerava uma pessoa deprimida, tinha uma vida sexual muito saudável."
Connor é uma das mais1 mil pessoas que fazem parte da PSSD Network, uma comunidade online que começou a aumentar a conscientização sobre a condição, que não é reconhecida oficialmente pelo sistemasaúde do Reino Unido, onde ele vive.
Connor diz que os antidepressivos "destruíram completamente" a vida dele.
O médico Ben Davis, especialistamedicina do sexo, afirma que dificuldades nesse campo são comuns quando se toma antidepressivos.
"Sabemos que umacada duas pessoas com depressão terá alguma dificuldade com o sexo", explica Davis. "Mas também há evidênciasque até oitocada 10 pessoas experimentam dificuldades sexuais com antidepressivos".
Para alguns, no entanto, o riscoefeitos colaterais valem o impacto positivo que os antidepressivos podem ter.
Antidepressivos 'salvaram a minha vida'
Elliott Brown, um comediante londrino, toma antidepressivos desde os 16 anos.
Ele também teve como efeito colateral a diminuição da libido.
"Em termosdesejo sexual, fica muito maior quando eu paro [de tomar os medicamentos]", diz ele.
"Seus parceirospotencial podem pensar que você não os considera tão atraentes. Esse é o momento que você tem para ser honesto."
Brown diz que, apesar dos efeitos colaterais, os benefícios que teve com os antidepressivos valeram a pena e salvaramvida.
"Acho que não estaria aqui sem eles", diz o comediante.
"Acho que é mais importante querer estar aqui e estar com pessoas queridas do que fazer sexovezquando ou, no meu caso, muito raramente."
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