A trégua entre ganguescasade apostasNova York que deu origem a um esporte olímpico:casade apostas
Os dançarinos do breaking irão para as pistascasade apostasPariscasade apostaspares, disputando ombro a ombro e superando os movimentos uns dos outros para levar uma medalha para casa.
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Fim do Matérias recomendadas
No início dos anos 1980, Michael Holman promovia uma revista semanalcasade apostaship hopcasade apostasum clubecasade apostasNova York combinando rap e grafite com a nova formacasade apostasdançacasade apostasrua.
No início, o objetivo era apresentar-se. Os artistas dançavam, o público aplaudia, a noite prosseguia e vinha o ato seguinte.
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Mas Holman insistiucasade apostasacrescentar mais um elemento àcasade apostasnoitecasade apostassucesso.
"Nova York é competição, é tentar ser o melhor", ele conta. "E eu queria trazer outro grupo para a disputa. Eu queria que o público assistisse a um combate, não apenas passoscasade apostasdança."
Era o que Holman havia presenciado meses antes nas ruas nova-iorquinas do Bronx. Ali, o breaking surgiu como formacasade apostascompetiçãocasade apostasdança, como válvulacasade apostasescape para as tensões das gangues que importunavam a Nova York dos anos 1970.
"Havia os [grupos] Ghetto Brothers, Black Spades, Savage Nomads e Savage Skulls", relembra Holman. "E eles estavam se massacrando há anos, matando uns aos outros."
"Até que,casade apostas1971, Yellow Benji — o líder dos Ghetto Brothers — forçou uma trégua que permitiu que os meninos e meninas das gangues rivais se reunissem para festejar."
Foi nessas festas que a dança substituiu a violência como saída para as rixas da vizinhança.
"Os dançarinos observavam outros dançarinos dizerem: 'uau, isso é fantástico'", prossegue Holman. "'A forma como você está trazendo os passoscasade apostaskung fu da comunidade chinesa... Vou incorporar o seu kung fu e incluir minha dança africana, ou incorporar na estéticacasade apostasginástica porto-riquenha.'"
"Tudo isso, dançando ao som dos discos antigoscasade apostasJames Brown mixados nos sistemascasade apostassomcasade apostasestilo jamaicano. É a cultura da dança hip hop", segundo ele.
Giroscópios humanos
O primeiro grupocasade apostasdançarinoscasade apostasbreaking permanente nas noitescasade apostasHolman foi agenciado informalmente por ele e chamava-se Rock Steady Crew.
Inicialmente, eles hesitaramcasade apostasdividir o palco com um conjunto rival, mas acabaram cedendo aos pedidoscasade apostasHolman.
"Eu trouxe um grupo chamado Floor Masters, que explodiu, foi um momento histórico", conta Holman.
"Os Floor Masters eram muito mais atléticos, rápidos e potentes. Quando eu vi a disputa deles, larguei o Rock Steady Crew como se fosse uma batata quente."
Holman ajudou a formar e gerenciar um novo grupocasade apostasbreaking concentrado apenas nos passoscasade apostas"potência" que ele observou nos Floor Masters.
Eles chamaram os melhores dançarinos dos melhores grupos dos cinco distritos da cidade. O novo grupo recebeu o nomecasade apostasNew York City Breakers e incluía alguns dos expoentes da nova formacasade apostasarte: Noel "Kid Nice" Manguel, Matthew "Glide Master" Caban e Tony "Powerful Pexster" Lopez.
Juntos, eles elevaram o breaking a um novo nívelcasade apostastécnica.
"Eu me livrei dos dançarinos fracos e investiguei três ou quatro grupos diferentes da cidade. Criei um supergrupo poderoso", afirma Holman.
"Os [New York City] Breakers eram como giroscópios", segundo ele. "Eles começavam a dar os passos, desciam até o chão e usavam algum tipocasade apostaspropulsão interna, misturada com a fricção do solo, para impulsionar-se simultaneamente ou espalhar-secasade apostasuma certa forma. Eles criavam uma energia interna."
"Eles conseguiam girar e se exibir. Eles criaram uma nova formacasade apostasmovimento, era pura poesia."
'Olhe para mim, veja o que eu posso fazer'
Holman chegoucasade apostasSão Francisco a Nova York pela primeira vezcasade apostas1978. Ele trabalhavacasade apostasum bancocasade apostasWall Street, mas "vestia a camisa da [banda] Brookes Brothers todos os dias" e se apaixonou rapidamente pela cultura sombria da cidade que ele chamoucasade apostaslar.
"Eu moravacasade apostasum apartamento entre [as ruas] Hudson e Chambers", ele conta.
"Eu saía do elevadorcasade apostasmanhã e encontrava Joey Ramone [vocalista dos Ramones] saindocasade apostasuma festa que havia durado a noite toda com uma garotacasade apostascada braço. Era maluco."
Holman logo passou a fazer parte daquele cenário, fazendo amizade com o artista pioneiro do grafite Fab Five Freddy e frequentando casas noturnas como Max’s Kansas City, Mudd Club e CBGBs — locais que permitiam que ele se misturasse com músicos, poetas e outros artistas promissores.
"Eu estava devorando Nova York como se fosse sorvete", afirma Holman, com saudade.
Ele se lembracasade apostasvoltar sozinhocasade apostasuma festa tarde da noite, quando viu os primeiros sinaiscasade apostasuma nova culturacasade apostasrua surgindo àcasade apostasvolta.
"Eu estava esperando o metrô, quase dormindo", relembra ele. "Foi quando o trem chegou à estação, cobertocasade apostascima abaixo com marcascasade apostasgrafite e burners [desenhos grandes e detalhados, feitos com tinta spray] por todas as janelas."
"Eu nunca havia visto nada como aquilo, era uma mensagem enlouquecida das ruas. Era vandalismo, mas era bonito, ao mesmo tempo."
"Eram jovens dizendo: 'Olhe para mim. Veja o que eu posso fazer. Não sou um zé-ninguém. OK, esta cidade é sede das Nações Unidas, é a capital da imprensa e das finanças, mas eu sou um menino do Bronx e também sou bomcasade apostasalguma coisa!'"
Para Holman, aquele ethos também estava por trás do surgimento do hip hop e da compulsão dos dançarinoscasade apostasbreaking por expressar-se através da dança.
"A questão é, 'olhe para mim, eu sou alguém'", explica ele. "Posso pegar um microfone e escrever minha própria poesia, posso cortar e arranhar um toca-discos, posso arrasar na pista, posso girar a cabeça como você nunca imaginou.'"
"Os meninos estavam criando seu próprio universo, apenas com dois toca-discos, um microfone e um linóleo", ele conta.
Fenômeno mundial
Enquanto Holman fazia música, filmava e absorvia a energiacasade apostasNova York, ele imaginava se o pequeno cenário do breaking e do hip hop da cidade se tornaria uma tendência emergente, como o punk que havia florescidocasade apostasLondres ecasade apostasNova York na década anterior.
"Um amigo meu havia estudado com Malcolm McLaren [o empresário da banda Sex Pistols] nos anos 1960", conta Holman.
"Quando McLaren visitou Nova York, eu o convidei para uma festa no Bronx com [os DJs] Afrika Bambaataa e Jazzy Jay. Eu o levei a um parque cheiocasade apostasgente, onde os DJs tinham seus sistemascasade apostassom e os meninos e meninas dançavam."
"Malcolm ficou surpreso e me pediu para fazer uma análise. Bem, eu fiz", segundo Holman.
McLaren tinha um bom instinto para movimentos culturais revolucionários. A banda britânica Sex Pistols havia se tornado um ícone do punk depois do lançamento do single antimonarquista God Save the Queen, que coincidiu com o Jubileucasade apostasPrata da Rainha Elizabeth 2ª,casade apostas1977.
Ele colocou Holmancasade apostascontato com uma promotora inglesa que morava na cidade, chamada Ruza "Kool Lady" Blue. Ela promovia uma noite regular na casa noturna NeGril, cujo proprietário era jamaicano.
Em novembrocasade apostas1981, a casa noturna fez sucesso com os amigos DJscasade apostasHolman e os dançarinoscasade apostasbreaking do The Rock Steady Crew.
Quando se espalhou a notícia sobre as noitescasade apostaship hop, com o supergrupo recém-formado e suas fantásticas apresentaçõescasade apostasbreaking nas noitescasade apostasHolman no NeGril, a imprensacasade apostasNova York também começou a dar destaque.
"Bem, o que estávamos fazendo virou a notícia do mês nos órgãoscasade apostasimprensa internacionais", afirma ele. "Recebemos equipescasade apostasproduçãocasade apostasdocumentárioscasade apostastodo o mundocasade apostasNova York: a BBC, Canal Plus [França], NHK [Japão], Rai TV [Itália] e a ZDF [Alemanha]."
"Eles vinham filmar os Breakers, editavam e mandavam para os seus paísescasade apostasorigem. E saía no noticiário naquela noite", ele conta. "Então, você tinha os meninoscasade apostasLondres, Tóquio e Paris recebendo a cultura do hip hop antes dos meninoscasade apostasPittsburgh [nos Estados Unidos]."
Holman decidiu então produzir conteúdo próprio. Ele criou e apresentou o programa musicalcasade apostasTV Graffiti Rockcasade apostas1984, dedicado ao hip hop, seguindo a linha do programacasade apostassucesso Soul Train e apresentando as bandas Run-DMC, Kool Moe Dee e Special K, além dos New York City Breakers.
"Foi o primeiro programacasade apostasTV sobre o hip hop do mundo", afirma Holman.
Os New York City Breakers também invadiram a grande imprensa do centro dos Estados Unidos. Eles compareceram aos programas Merv Griffin Show (um talk show popular nos EUA), CBS Evening News, Good Morning America e no próprio Soul Train.
O grupo também apareceucasade apostasum vídeo musical com seus passoscasade apostasbreaking, enquanto a lenda do soul Gladys Knight cantava "Save the Overtime (For Me)".
O último grande evento promovido por Holman para os New York City Breakers ocorreu na Escolacasade apostasDança Contemporâneacasade apostasLondres,casade apostas1987.
"Naquela época, os shows estavam diminuindo", ele conta. "[O breaking] era visto como uma moda que estava passando. A imprensa havia se afastado e os Breakers começavam a seguir seus próprios caminhos."
Mas,casade apostasoutros lugares, a festa continuava.
"Como ocorreu com muitos movimentos culturais que começaram nos Estados Unidos, como o jazz, o rock e o blues; eles morrem aqui para encontrar nova vida e identidade no exterior", explica Holman. "O mesmo aconteceu com o breaking."
No final dos anos 1990, Holman recebeu convites para convençõescasade apostaship hopcasade apostastodo o mundo. Havia interesse na Austrália, Ásia, Europa e na América do Sul.
Ele organizou painéis e palestras sobre o movimento, assistiu a filmes sobre o breaking e participoucasade apostasoficinascasade apostasdança, com os dançarinos originais sendo convidados para comparecer.
Um jovem grupocasade apostasdança polonês chegou ao pontocasade apostasmostrar a ele que havia aprendido uma coreografia com o Graffiti Rock, passo a passo. Mas nem todos os dançarinos eram tão simpáticos.
"Eu costumava receber muitos olhares estranhoscasade apostasalguns dos dançarinos quando aparecia", afirma Holman. "Eles diziam: 'oh, você é aquele que tentou transformar isto aquicasade apostasesporte, tentou matar a formacasade apostasarte.'"
"Mas eu sempre senti que o movimento tinha uma ideia e uma vida própria", ele conta. "A própria cultura é senciente. O hip hop, coletivamente, é agora uma indústria multibilionária que abalou o mundo."
"O skate e os esportes radicais enfrentaram as mesmas discussões", segundo Holman. "Houve protestos contra a ideiacasade apostasuma formacasade apostasarte ser 'julgada', com pontos e notas. Estou certocasade apostasque a patinação artística sofreu o mesmo nos anos 1930."
"Mas pense no fatocasade apostasque é um movimento criado na cidadecasade apostasNova York — a capital do comércio, o coração do capitalismo. Questionar seu caminho para a competição e a comercialização, no mínimo, é ingênuo."
Discussões à parte, a notável batalha do breaking, das calçadas do Bronx para a arena olímpica, é gratificante para Holman — uma das poucas pessoas que compreenderam o potencial dos passos potentes e da poesia do hip hop, maiscasade apostasquatro décadas atrás.
Este texto foi publicado originalmentecasade apostashttp://vesser.net/articles/cjkyl1k320lo