5 líderesempresas que erraram feio2023 (e o que isso ensina):

Elon Musk

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Legenda da foto, Sob o comandoElon Musk, o X (antigo Twitter) perdeu metade dareceita com publicidade

Embora tenha havido muitos sucessos, diversos CEOs (diretores-executivos) tropeçaram. O resultado foi que vários deles perderam seus cargos ou seus diretores pediram que eles se demitissemnúmeros recorde.

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Cinco desses casos se destacaram como histórias que servemalerta quanto às tendências da administração moderna.

As políticas inflexíveis do Grindr

O  diretor-executivo do Grindr, George Arison

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Legenda da foto, O diretor-executivo do Grindr, George Arison, criou políticas inflexíveisretorno ao escritório que deixaram seus funcionários sob pressão

Líderes e profissionais vêm discutindo as políticasretorno ao escritório há anos. E,2023, diversos patrões decidiram exercer seu poder.

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Muitos empregadores e funcionários chegaram a um acordo intermediário, com basecronogramas híbridos.

Mas,agosto, o CEO do aplicativoencontros Grindr, George Arison, anunciou um ultimato súbito e inflexível para o retorno dos funcionários: venham ao escritório duas vezes por semana ou serão demitidosoutubro.

Esta política funcionou para algumas pessoas que já moravam perto das cidades centrais do Grindr – Nova York, Chicago, Los Angeles, São Francisco e Washington DC, nos Estados Unidos.

Mas também fez com que gruposprofissionais contratados para trabalho remoto precisassem correr para se mudar, sob penaperder seus empregos.

Kayes afirma que a chefia do Grindr deixoureconhecer as profundas mudanças que seu ultimato exigiria dos profissionais.

"Havia uma crença errônea, mantida por muito tempo,que ser o patrão simplesmente significa anunciar decretos ou exigências e as pessoas irão seguir", explica ele.

"Com certeza, isso não funciona mais. Quando você faz uma grande mudançapolítica que afeta a vida dos funcionários, você precisa consultá-losprimeiro lugar. O Grindr falhou neste ponto."

O escritor e coachliderançaSydney, na Austrália, Larry Robertson, concorda que os líderes do Grindr deixaramcumprir comobrigaçãocomunicar suas razões aos funcionários.

A faltanotificação e o prazo curto também forçaram os funcionários a tomar decisõesvida importantes sob pressão.

O resultado foi que cerca da metade dos funcionários do Grindr rejeitou o ultimato e o aplicativo enfrentou reações negativas na imprensa.

"A realidade é que, se você não conseguir manter os funcionários do seu lado, aempresa não irá prosperar", explica Robertson.

"Com essa enorme perdatalentos e uma imagem pública manchada, fica difícil imaginar como a mesma organização pode seguir adiante."

Alienação dos clientes no Reddit

O diretor-executivo da plataforma Reddit, Steve Huffman

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Legenda da foto, O diretor-executivo da plataforma Reddit, Steve Huffman, criou tarifas para acesso à API, alienando alguns dos seus usuários mais dedicados

Enquanto as incertezas da economia levavam as empresas a se preocupar com seus lucros, muitas companhias buscavam fontesrenda alternativas para equilibrar seus balanços.

Em abril, enquanto se preparava para uma oferta pública inicialações, a plataforma Reddit anunciou que começaria a cobrar pelo acesso àinterfaceprogramaçãoaplicativos (API, na siglainglês), que é a estrutura que permite a construçãoaplicativosterceiros sobre dados originais.

O acesso à API é fundamental para que os usuários possam participar e moderar conteúdo nas sub-comunidades do Reddit.

Em uma postagem no próprio Redditjunho, o diretor-executivo Steve Huffman também anunciou que a plataformarede social criaria limitesvelocidadedadosjulho.

Este anúncio deixou os desenvolvedoresaplicativosterceirosdificuldades para implementar mudanças que permitissem que seu software continuasse funcionando na estrutura original do Reddit.

"O Reddit precisa ser um negócio autossustentável e, para isso, não podemos mais subsidiar entidades comerciais que exigem usodadoslarga escala", escreveu Huffman.

Esta pode ter sido uma boa ideia para a lucratividade a longo prazo, mas trouxe prejuízos para o relacionamento com os clientes.

Aplicativos populares fecharamseguida, a comunidade do Reddit protestou e moderadoressub-comunidades promoveram apagões (fechamento das comunidades ao público por um determinado períodohoras ou dias).

Para Kayes, a decisãoHuffman fazia sentido, financeiramente falando, mas alienou parte dabaseusuários dedicados, talvezforma permanente.

"Plataformas gratuitas como o Reddit precisam fazer mudanças comerciais inteligentes se quiserem gerar fundos e atrair investidores", diz ele.

"Mas devem também incluir a voz do consumidor sobre a formaque irão seguir adiante – o problema, aqui, foi a implementação e como ela foi comunicada", acrescenta.

Robertson acredita que a explicaçãoHuffman deveria ter ido além.

"Se você fizer uma mudança importanteuma oferta aos consumidores, especialmente uma que seja muito popular, você precisa comunicar como ela irá beneficiá-los no longo prazo", afirma.

"Por isso, não basta apenas se defender ao tomar uma decisão definitiva, é preciso também explicar ao consumidor como ele pode receber um serviço ainda melhor no futuro", conclui o especialistaliderança.

3. Solidariedade entre profissionais subestimada na GM

A diretora-executiva da GM Mary Barra

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Legenda da foto, A diretora-executiva da GM Mary Barra foi a primeira a negociar com o sindicato, mas pode ter interpretado mal as necessidadesseus funcionários

Em 2023, a organização coletiva atingiu seu nível mais alto desde 2019. Isso resultouuma ondagreves significativas.

Em outubro, a diretora-executiva da General Motors, Mary Barra, tornou-se a primeira dos "Três Grandes" fabricantesautomóveis dos EUA – grupo que inclui Fiat Chrysler e Ford, além da própria GM – a negociar um acordo com o sindicato United Auto Workers (UAW), seis semanas antesuma greve geral.

À época, a empresa já havia sofrido perdasmaisUS$ 1 bilhão (cercaR$ 4,8 bilhões). E chegar a um acordo – amplamente considerado uma imensa vitória dos trabalhadores – ajudou a GM a estancar a perdareceita, já que seus funcionários voltaram ao trabalho.

Mas, mesmo que os profissionais e a gerência tenham conseguido suspender a paralisação do trabalho, Robertson afirma que Barra deixouexaminar inicialmente as exigências e o poder do sindicato.

E esta falha resultougrandes perdasreceita, à medida que a greve se arrastava.

Acrescente-se ainda que Barra trabalhou na empresa por toda acarreira.

"Muitas vezes, nas grandes corporações, os CEOs são contratados para o cargo e recebem altos salários para mudarcompanhias", afirma ele.

"Mas Barra realmente cresceu com a empresa – ela deveria ter compreendido o sensolealdade, pertencimento e comunidade entre os profissionais da área automotiva."

Em vez disso, Robertson acredita que Barra interpretou erroneamente a determinação da UAW.

"Eles foram subestimados. Na verdade, os profissionais têm mais poder agora do que no passado. Uma CEOuma importante corporação sindicalizada deveria ser capazcolocar a liderança dos trabalhadoreslado mais cedo, ouvi-la e entender fundamentalmente o que os motiva."

"É possível encontrar pontoscomum, [assegurar] que todos estão trabalhando juntos para benefício da organização e ajudar a construir relacionamentos – sem se tornarem adversários", orienta Robertson.

4. Dramático cortecustos na Warner Bros Discovery

O diretor-executivo da Warner Bros Discovery, David Zaslav

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Legenda da foto, O diretor-executivo da Warner Bros Discovery, David Zaslav, eliminou canais popularesTV a cabo e cancelou filmes que já haviam sido produzidos

Às vezes, os CEOs são forçados a movimentar o status quouma corporação.

Em 2022, David Zaslav supervisionou a fusão da Warner Bros comempresa menorTV a cabo, a Discovery. Mastática incomodou muitas pessoas que trabalham no setor.

Imbuído da tarefatransformarlucro uma dívidamaisUS$ 55 bilhões (R$ 265 bilhões), Zaslav começou a distribuir cortestodo o estúdio, incluindo cancelamentosfilmes que já haviam sido produzidos e demissõesmassa que duraram todo o ano2023.

Em junho, Zaslav anunciou que a Warner Bros Discovery eliminaria o canal Turner Classic Movies, extremamente popular entre os cinéfilos.

A comunidade ficou tão abalada com a notícia que os lendários cineastasHollywood Steven Spielberg, Martin Scorsese e Paul Thomas Anderson realizaram uma reuniãocúpula com Zaslav.

Kayes sugere que o plano comercialZaslav era ingênuo.

Para ter sucesso, ele precisaria fazer cortesum setor famoso pelo talento dos seus superastros, produções bem sucedidas, profissionais e consumidores emocionalmente envolvidos.

"Esta abordagem pode funcionar no setorTV a cabo, onde as estrelas têm menos poder e influência, mas Hollywood é muito diferente", explica ele.

"Aqui, parecia que ele estava brigando com todos."

Para Kayes, a impressão desfavorável do públicorelação à liderançaZaslav também pode ter ajudado a fortalecer as greves dos sindicatos Writers Guild of America (WGA) e Screen Actors Guild (SAG), que paralisaram o setor por grande parte do ano.

"No fim, Zaslav chegou a enfrentar os diretores cinematográficos, algumas das pessoas mais poderosas, influentes e populares do mundo. Como resultado, ele se tornou o vilãoHollywood."

5. Transferênciapoder hostil no X

Elon Muskconversa com o jornalista americano Andrew Ross Sorkin

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Legenda da foto, Em conversa com o jornalista americano Andrew Ross Sorkin, Elon Musk lançou fortes ataques aos anunciantes que deixaram a plataforma X, antigo Twitter

Desde o fechamento do acordo,novembro2022, a transferência do Twitter para Elon Musk foi marcada por diversas decisões comerciais questionáveis.

Ao longotodo o ano2023, o bilionário fundador da Tesla e da SpaceX mudou o nome da plataformarede social para "X", demitiu cerca80% dos funcionários e perdeu cercaUS$ 75 milhões (R$ 362 milhões)publicidade após endossar uma teoria da conspiração antissemita, no finalnovembro.

Robertson acredita que a liderança não convencionalMusk fracassouuma empresa que já tinha uma culturatrabalho estabelecida e singular.

"Na SpaceX e na Tesla, que ele fundou, ele conseguiu construir do zero e fazer crescer uma comunidadeseguidores leais enquanto avançava no espaço e com veículos ecléticos", explica ele.

"Mas o Twitter era uma organização que tinha suas próprias características, com funcionários acostumados a um estiloliderança muito diferente."

Kayes descreve a tomadadecisões como "errática".

Isso inclui os recentes ataques às marcas que deixaramanunciar no X e a retirada dos títuloslinks para notícias postados na plataforma.

"As pessoas talvez não se importemobservar comportamentos não convencionais dos líderes quando fazem com que eles pareçam ser únicos e visionários", afirma Kayes.

"Mas, quando entramterritório emocional e imprevisível, completamente afastado das normas comerciais convencionais, eles se tornam perturbadores."

Kayes acrescenta que o X ainda tem muitos problemas para resolver2024.

"Permanece a ambiguidade sobre quem realmente são seus líderes", destaca ele.

"Sua nova CEO [Linda Yaccarino] foi anunciadajunho, mas é Musk quem ainda parece estar apertando os botões e fazendo declarações públicas. Isso aumentou as preocupações, reduzindo o número mensalusuários ativos e fazendo as receitaspublicidade caíremmais da metade."

Lições para levar para 2024

À medida que o mundo dos negócios evolui, muda também o papel dos líderes.

Antes se esperava que os executivos simplesmente cuidassem dos lucros e prejuízos. Mas, agora, eles enfrentam exigências maiorestodas as partes interessadas, enquanto as condições econômicas e a cultura do ambientetrabalho continuamevolução.

"É mais difícil ser líder hojedia", afirma John Clifton, diretor-executivo da empresaconsultoria e análises globais Gallup, com sedeWashington DC.

"De certa forma, este período após a pandemia tem sido mais difícil até do que 2020 – inflação disparandodescontrole, questões sobre o trabalho híbrido e uma forçatrabalho que se sente mais solitária do que nunca", prossegue ele.

"É uma época incrivelmente desafiadora para os executivos, sem dúvida."

Mas os fracassos corporativos2023 podem fornecer alguma orientação, mesmo que seja simplesmente sobre o que não deve ser feito.

"Os líderes servem à organização – e isso inclui os funcionários", afirma Larry Robertson.

Para ele, "o mundo mudou muito, mas muitas táticasliderança não acompanharam as mudanças. Muito disso se resume à comunicação, ouvir e ter conversas objetivas para que as pessoas se sintam incluídas, respeitadas e ouvidas. Caso contrário, o ressentimento se acumula e a confiança desaparece."