Onde estão os bons empregos na economia brasileira? :site lampions bet

O estudo foi publicadosite lampions betjaneiro no blog Valor Adicionado.

Confira os principais resultados e descubra onde estão os bons empregos no Brasil.

O que são 'bons empregos'

“O que chamamossite lampions bet‘bons empregos’ levasite lampions betconta a realidade da economia brasileira”, observa Paulo Morceiro, pesquisador na Universidade Joanesburgo, na África do Sul, que reside atualmente na Holanda.

Entre as características do mercadosite lampions bettrabalho do Brasil estão a elevada informalidade e o desemprego alto, observa Morceiro.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileirosite lampions betGeografia e Estatística),site lampions betnovembrosite lampions bet2022, os informais representavam 38,9% da população ocupada e a taxasite lampions betdesemprego erasite lampions bet8,1%, com 8,7 milhõessite lampions betbrasileiros desempregados.

Além disso, os trabalhadores brasileiros têm baixa escolaridade –site lampions bet2018, apenas 21% das pessoas com idades entre 25 e 34 anos no Brasil tinham ensino superior completo, contra médiasite lampions bet45% nos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) –, o que também influencia no nívelsite lampions betrendimentos da população.

“Os empregos dos sonhos das pessoas – aqueles com remuneração acimasite lampions bet10 salários mínimos, ou o teto do setor público, que seriam juízes, procuradores, desembargadores – têm um peso muito pequeno na realidade brasileira, representam menossite lampions bet5% do totalsite lampions betempregos”, diz o economista.

Neste cenário, os pesquisadores consideram como “bons empregos” aqueles que permitem a uma família arcar com as necessidades básicassite lampions betsaúde, educação, moradia, alimentação, vestuário e lazer.

Esse valor é calculado periodicamente pelo Dieese (Departamento Intersindicalsite lampions betEstatística e Estudos Socioeconômicos) e,site lampions betdezembrosite lampions bet2022, erasite lampions betR$ 6.647,63 para uma famíliasite lampions betquatro pessoas, sendo dois adultos e duas crianças.

Como os dados da Rais analisados no estudo sãosite lampions betdezembrosite lampions bet2021, o patamar considerado naquela data erasite lampions betR$ 5.800,98, equivalente a 5,27 salários mínimos da época (R$ 1.100) para uma famíliasite lampions betquatro pessoas – ou 2,64 salários (R$ 2.904) por membro adulto da família.

Assim, o que estamos observando no gráfico acima são quais setores da economia brasileira geram maior proporçãosite lampions betempregos com remuneração acimasite lampions bet2,64 salários mínimos.

Setores que pagam acima da média

Morceiro e Toledo também fazem outra análise, considerando o salário médio da economia brasileira, que erasite lampions bet2,99 salários mínimossite lampions betdezembrosite lampions bet2021 (equivalente então a R$ 3.289).

Nessa análise, eles consideram como “bons empregos” aqueles que pagam acima dessa média.

Levandosite lampions betconta apenas setores que geram pelo menos 2% do volume totalsite lampions betempregos formais do país, o resultado é o seguinte:

O que mostram os dados

Considerando como “bons empregos” aqueles que pagam acimasite lampions bet2,64 salários mínimos – ou o necessário para uma família suprir suas necessidades básicas –, para cada 100 empregos gerados no Brasil, cercasite lampions bet37 são consideradossite lampions betqualidade.

Esse percentual chega a 87% no setorsite lampions betserviços financeiros, 74% no setor público (incluindo saúde e educação), 60%site lampions bettecnologia da informação e comunicação e 55% na educação privada.

“No setor financeiro, a maioria dos empregos gerados são bons, pagam salários acima da média da economia. Mas é preciso levarsite lampions betconsideração que esse setor tem um peso muito pequeno na economia do país”, observa Morceiro.

A títulosite lampions betcomparação, enquanto o setor financeiro gera cercasite lampions bet1 milhãosite lampions betempregos formais no país, o serviço público cria quase 9 milhões e o comércio, 9,5 milhões. Assim, embora o comércio só gere 15%site lampions bet“bons empregos”, essa parcela (1,4 milhãosite lampions betvagas) é maior do que a totalidade do setor financeiro.

As atividades profissionais e científicas – que incluem atividades jurídicas, contabilidade, arquitetura, engenharia, pesquisa científica, publicidade, serviços veterinários, entre outras – também geram mais empregos bem remunerados que a média nacional.

Já a indústriasite lampions bettransformação fica logo abaixo da média, enquanto na rabeira estão os setores que geram uma maioriasite lampions betempregossite lampions betbaixos salários, como alojamento e alimentação, agropecuária, serviços administrativos, comércio, construção e transportes.

A análise que considera como “bons empregos” aqueles que pagam acima da renda média nacional (isto é, acimasite lampions bet2,99 salários mínimos) tem resultado parecido.

Mas aqui chama a atenção o fato que, na indústriasite lampions bettransformação, setor alvo das políticassite lampions betreindustrialização, apenas 1site lampions betcada 4 empregos têm salários acima da média nacional.

Enfraquecimento do salário industrial

Morceiro e Toledo destacam que, historicamente, a indústriasite lampions bettransformação remunerava acima da média da economia do país. Mas essa diferença foi diminuindo ao longo das décadas e, desde 2016 – depois da crise econômica iniciadasite lampions bet2014 –, a tendência se inverteu, com a média da economia superando o setor industrial.

Em 2021, a indústria pagou salário 5,2% menor que a média da economia brasileira (2,84 salários mínimos, contra 2,99 salários mínimos – ou R$ 3.124 ante R$ 3.289,site lampions betvalores daquele ano).

“O Brasil tem uma estrutura produtiva muito focadasite lampions betbaixa densidade tecnológica,site lampions betsetores mais intensivossite lampions bettrabalho, quesite lampions betgeral pagam salários abaixo da média. A proporção dos empregossite lampions betsetores industriaissite lampions betalta e média-alta tecnologia, como máquinas e equipamentos, automóveis, farmacêutica, química, sempre tiveram peso menor dentro da estrutura industrial do país”, observa Morceiro.

“Mas o que está acontecendo é que a proporção dos empregossite lampions betmais baixa remuneração aumentousite lampions betrelação ao total, por causa da própria desindustrialização desses setores mais tecnológicos.”

O economista observa que a desindustrialização é disseminada setorialmente, atingindo tanto os setoressite lampions betbaixa, comosite lampions betalta tecnologia.

“Porém, na alta tecnologia, aconteceu uma coisa pior. Passamos a substituir grande parte dos componentes nacionais por importados. Por isso, estamos fazendo mais montagens, que tendem a pagar salários mais baixos”, acrescenta.

Morceiro observa que o que acontece no Brasil é diferente do que se passa, por exemplo, nas economias desenvolvidas. Nesses países, o aumento da automação tem eliminado os empregos industriaissite lampions betrenda média.

No Brasil, no entanto, esse processo é menos intenso. Isso porque aqui, com a economia sem forte crescimento há décadas, a taxasite lampions betinvestimento e modernização da indústria é baixa.

'Reindustrializar o Brasil'?

“No passado, os bons empregos estavam na indústria. O setor representava quase 30% do emprego, gerava empregossite lampions betclasse média e o poder sindical era muito grande nos países desenvolvidos. No passado, a industrialização permitiu que muitos países alcançassem um nívelsite lampions betdesenvolvimento elevado”, observa Morceiro.

“Então muitas pessoas têm na cabeça que os bons empregos estão na indústria, mas hoje, após o Brasil ter passado por um processo brutalsite lampions betdesindustrialização durante quatro décadas, a manufatura tem muitos bons empregos, mas também tem muito empregosite lampions betbaixo salário”, acrescenta o pesquisador da Universidadesite lampions betJoanesburgo.

O economista observa que os bons empregos do setor público (cercasite lampions bet6,7 milhões), por exemplo, superamsite lampions betquase três vezes o númerosite lampions betbons empregos gerados pela indústriasite lampions bettransformação (2,3 milhões,site lampions betnúmeros absolutos).

“No país hoje, tem quem ache que a reindustrialização vai automaticamente levar a bons empregos. Mas o que nosso estudo mostra é que, dependendo da forma como isso for feito, vai apenas reforçar a geração tantosite lampions betbons, comosite lampions betmaus empregos”, afirma.

“Precisamos saber que indústrias vamos querer fortalecer. Não é toda indústria que gera bons empregos, paga bons salários, gera um bom nívelsite lampions betdesenvolvimento tecnológico e as externalidades científicas que queremos.”

Morceiro observa que há muitos bons empregos sendo geradossite lampions betserviços e que setores como tecnologia da informação, serviços financeiros, pesquisa científica, saúde, educação e o próprio setor público são vitais para a aberturasite lampions betpostossite lampions bettrabalhosite lampions betqualidade.

“É claro que é preciso levarsite lampions betconsideração alguma política para a indústriasite lampions bettransformação, principalmente para aqueles segmentos que pagam bons salários e geram bom nívelsite lampions betdesenvolvimento tecnológico. Mas é preciso pensar na política públicasite lampions betforma mais pragmática”, defende o economista.

“Não dá para fazer políticas para um setor inteiro – por exemplo, para a indústria, o comércio ou a saúde inteira. Dentro desses setores, há vários segmentos, vários nichos, e as políticas têm que ser bem focalizadas naqueles que vão trazer mais benefícios para a sociedade.”