'Nasci para ser esposa troféu': as mulheres que defendem serem sustentadas como formamelhores sites de apostas futebolvalorização:melhores sites de apostas futebol

Amanda e o marido

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, 'Vejo tudo isso como uma formamelhores sites de apostas futeboldemonstrar amor e zelar pela pessoa que está com você', diz a paulista Amanda,melhores sites de apostas futebol26 anos

"Ter um homem que paga pelas suas contas não te faz menos feminista. Para mim, o feminismo é ter direitos iguais", diz Byanca.

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'Faz tempo que não pago uma conta'

O discurso que defende a ideiamelhores sites de apostas futebolque o homem deve ser o grande responsável pelo sustento da família, enquanto a mulher se dedica aos cuidados da casa e dos filhos, deixoumelhores sites de apostas futebolser o status quo há décadas.

Ainda assim, há quem acredite, por motivos religiosos ou ideológicos, que esse é o caminho a ser seguido.

Mas para Byanca e muitas outras mulheres que têm exposto nas redes sociais suas vidas como mulheres sustentadas pelos parceiros — as "esposas troféu", como muitas delas se chamam —, desejar que o homem assuma todas os gastos não significa apoiar o modelo patriarcalmelhores sites de apostas futebolfamília tradicional.

"Esse conceito mudou muito. O homem provedor hojemelhores sites de apostas futeboldia é aquele que te alimenta financeiramente, mas também te exalta, te reconhece e te admira. Esse deveria ser o mínimo para todos os relacionamentos, mas infelizmente não é", diz Byanca.

Byanca e o marido

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, 'Faz muito tempo que eu não pago uma conta', diz Byanca

Em suas redes sociais, a mineira compartilhou um vídeomelhores sites de apostas futebolque conta "os luxos" que o marido permite que ela tenha como responsável pelas finanças do casal.

"Faz muito tempo que eu não pago uma conta", diz ela na postagem, confessando também que sequer se lembra da datamelhores sites de apostas futebolvencimento do aluguel da casa.

"Toda semana, no mínimo uma vez, a gente sai para jantar e eu tenho o luxomelhores sites de apostas futebolpoder levar minha micro bolsinha que só cabe um batom porque eu sei que ele que vai pagar a conta."

Byanca afirma ainda que tem acesso a todas as contas bancárias do casal e pode comprar o que quiser, "mesmo eu sendo aquela que não traz o dinheiro para casa".

Byanca e o maridomelhores sites de apostas futebolVeneza

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Legenda da foto, 'Não acho que é necessário o homem pagar algo para você se sentir valorizada. Mas essas pequenas coisas fazem a diferença'
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A mineira mantém seu trabalho como influencer, mas diz que todos os lucros que obtém com as redes sociais vão para gastos supérfluos com ela mesma ou investimentos pessoais. "Mas se um dia eu decidir pararmelhores sites de apostas futeboltrabalhar, sei que ele vai me apoiar", afirma.

Para ela, seu modelomelhores sites de apostas futebolrelação é reflexo da confiança do maridomelhores sites de apostas futebolseu sensomelhores sites de apostas futebolresponsabilidade financeira, mas também uma formamelhores sites de apostas futebolvalorizá-la.

Alémmelhores sites de apostas futebolpagar as contas e jantares, Byanca afirma que o marido, que é empresário autônomo, frequentemente chegamelhores sites de apostas futebolcasa com presentes. "Não acho que é necessário o homem pagar algo para você se sentir valorizada. Mas essas pequenas coisas fazem a diferença."

Em casa, o casal divide as tarefas domésticas. "Não existe essa obrigaçãomelhores sites de apostas futebolque por ele estar pagando eu tenho que fazer isso ou aquilo", diz.

"Na realidade mesmo, aqui dentromelhores sites de apostas futebolcasa nós dois sentamos para conversar sobre qualquer tipomelhores sites de apostas futebolassunto e tomamos todas as decisões juntos."

'Não se tratamelhores sites de apostas futebolinteresse'

A paulista Amanda Okamoto,melhores sites de apostas futebol26 anos, tem uma história semelhante àmelhores sites de apostas futebolByanca.

Formadamelhores sites de apostas futebolEnfermagem, ela conheceu o marido Guilherme, que é médico, no centro cirúrgico do hospitalmelhores sites de apostas futebolque ambos atuavam. Hoje ela não trabalha mais e é sustentada inteiramente por ele.

"Na minha adolescência, por voltamelhores sites de apostas futebol2010 ou 2011, o movimento feminista estava ganhando força e eu acreditava que não queria casar e queria ser independente", relata.

"Eu achava que eu não precisavamelhores sites de apostas futebolhomem para viver. E não é que eu precise — mas eu gosto e é melhor com ele."

Amanda afirma que o marido não espera nadamelhores sites de apostas futeboltroca por pagar todas as contas da casa ou disponibilizar um cartãomelhores sites de apostas futebolcrédito que ela pode gastar como quiser. "Mas eu sei que tudo é uma troca e eu sempre busquei atender a algumas necessidades dele. Se eu sei que ele gosta que eu faça tal comida, porque eu não vou fazer?", diz.

"Não me sinto comprada. Sinto que eu gostomelhores sites de apostas futebolfazer porque eu gostomelhores sites de apostas futebolver ele bem, gostomelhores sites de apostas futebolver ele feliz."

Amanda abandonou o trabalho depoismelhores sites de apostas futebolpassar por um burnout e ser diagnosticada com depressão após a pandemia. Ela até tentou retornar às atividades auxiliando o marido emmelhores sites de apostas futebolclínica privada, mas voltou a se sentir mal e decidiu abandonar a ocupação por enquanto.

"Todo mundo me chamamelhores sites de apostas futebolaproveitadora, dizem que eu só fiz enfermagem para me casar com um médico. Eu nunca usaria uma profissão tão honrada para fazer isso, mas infelizmente a nossa cultura é muito machista", afirma.

Nas redes sociais, Amanda brinca ao se definir como "esposa troféu". Mas no dia a dia diz que usa o termo mais como uma provocação.

"Já usei para responder outros homens que me diminuem pela minha situação, para dar uma cutucada", afirma. "Mas acho que pode ser um termo problemáticomelhores sites de apostas futebolalguns contextos, principalmente quando o homem expõe a mulher como um objeto."

Amanda compartilhou vídeo falando sobre o assuntomelhores sites de apostas futebolsuas redes sociais

Crédito, TikTok/Reprodução

Legenda da foto, Amanda compartilhou vídeo falando sobre o assuntomelhores sites de apostas futebolsuas redes sociais

Mas a jovem diz não se sentir menos independente por deixar o marido arcar com todos os gastos: "Eu sou independente. Tenho a liberdademelhores sites de apostas futebolir e vir, não vivomelhores sites de apostas futeboluma prisão".

E apesarmelhores sites de apostas futebolno passado sequer se imaginar casada, Amanda diz que não conseguiria mais aceitar um relacionamentomelhores sites de apostas futebolque tivesse que dividir as contas com o parceiro ou não se sentisse valorizada.

"Depois do meu relacionamento com o Guilherme, subiu muito a minha réguamelhores sites de apostas futebolcomo eu quero ser tratada,melhores sites de apostas futebolcomo eu mereço ser tratada. E não se tratamelhores sites de apostas futebolinteresse", diz.

"Já tive relacionamentomelhores sites de apostas futebolque tudo era dividido, mas eu não sentia que ele cuidava ou se importava comigo. Então eu vejo tudo isso como uma formamelhores sites de apostas futeboldemonstrar amor e zelar pela pessoa que está com você."

'Nasci para ser esposa troféu'

Assim como Byanca e Amanda, outras mulheres, que são mantidas pelos maridos e acreditam que esse estilomelhores sites de apostas futebolvida corresponde aomelhores sites de apostas futeboluma parceira amada e valorizada, têm exposto mais suas opiniões nas redes sociais.

As reações às postagens são diversas. Enquanto algumas mulheres criticam a atitude como gananciosa ou submissa, outras dizem sonhar com o diamelhores sites de apostas futebolque encontrarão um marido que as torne "esposas troféu".

"Como consigo isso para mim?", questiona uma internautamelhores sites de apostas futebolum dos vídeosmelhores sites de apostas futebolque Byanca compartilhamelhores sites de apostas futebolrotina.

"Eu nasci para ser esposa troféu", diz outra.

Printmelhores sites de apostas futebolvários comentáriosmelhores sites de apostas futebolmulheres dizendo que querem ser esposas troféu
Legenda da foto, Enquanto algumas mulheres criticam a atitude como gananciosa ou submissa, outras dizem sonhar com o diamelhores sites de apostas futebolque encontrarão um marido que as torne 'esposas troféu'

Poder escolher abrir mão da própria carreira e ter um relacionamentomelhores sites de apostas futebolque o marido sustenta a casa não é a realidade da maior parte das mulheres no Brasil.

Segundo dados do Instituto Brasileiromelhores sites de apostas futebolGeografia e Estatística (IBGE) divulgados no final do ano passado, quase 7 milhõesmelhores sites de apostas futebolmulheres entre 15 e 29 anos não estudavam nem estavam ocupadasmelhores sites de apostas futebol2022.

Desse total, pelo menos 2 milhões disseram que tiveram que abrir mão das atividades para cuidarmelhores sites de apostas futebolafazeres domésticos ou tomar contamelhores sites de apostas futebolparentes.

Para Brena Fernandez, professora da Universidade Federalmelhores sites de apostas futebolSanta Catarina (UFSC) e coordenadora do Núcleomelhores sites de apostas futebolPesquisamelhores sites de apostas futebolEconomia Feminista (NEEF), casos como osmelhores sites de apostas futebolByanca e Amanda são exceção.

"A grande maioria das mulheres que não trabalha e é dependente financeiramente dos maridos no Brasil não tem condições financeiras boas e o faz não por desejo próprio, mas por necessidade", diz.

"Elas não dão contamelhores sites de apostas futeboltrabalhar fora por faltamelhores sites de apostas futebolformação ou porque precisam estar envolvidas com o trabalho invisívelmelhores sites de apostas futebolcuidados e não têm condiçõesmelhores sites de apostas futebolobter ajuda para que possam cumprir a segunda jornada."

Mulher com computadormelhores sites de apostas futeboljanela

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Legenda da foto, 'A grande maioria das mulheres que não trabalha no Brasil o faz não por desejo próprio, mas por necessidade', diz professora

De acordo com Mirla Cisne, professora da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), muitas dessas mulheres acabammelhores sites de apostas futebolsituaçãomelhores sites de apostas futebolvulnerabilidade ao abrirem mão do poder econômico dentro da família.

"É preciso ter cuidado para não estabelecer uma relaçãomelhores sites de apostas futebolpoder desigual,melhores sites de apostas futebolque o homem é o sujeito central da relação e determina até onde as coisas podem ir ou não só porque ele banca tudo e a mulher é dependente dele", diz.

Mesmo nos casosmelhores sites de apostas futebolque não trabalhar ou se isentar das responsabilidades financeiras é uma escolha da mulher, as especialistas enfatizam a importânciamelhores sites de apostas futebolmanter uma relação saudável e equilibrada.

"Em uma relaçãomelhores sites de apostas futeboldependência, a mulher pode se tornar uma propriedademelhores sites de apostas futebolque o homem faz investimentos. Às vezes pode parecer cuidado ou valorização, mas quando a mulher não corresponde mais aos interesses do investidor ele pode simplesmente descartá-la", diz Cisne.

Segundo a especialista, não é incomum que mulheres que se dedicaram a vida toda ao trabalho não remuneradomelhores sites de apostas futebolcuidado sejam deixadas pelos parceiros sem nada quando a relação acaba.

Além disso, muitos casosmelhores sites de apostas futeboldependência financeira evoluem para violência psicológica e até física, diz.

Byanca Moraes também vê esse risco e, por isso, sempre procura aconselhar outras muheres que a procuram como inspiração do modelomelhores sites de apostas futebolrelação.

"É preciso ter maturidade para saber tomar uma escolha como a que eu tomei", diz.

"Nos meus vídeos, vejo muitas meninas novinhas comentando que queriam ter minha vida, ou que queriam ser esposas troféu para passar o diamelhores sites de apostas futebolcasa vendo novela", diz. "Eu me preocupo."

"Mas eu não me considero uma esposa troféu. Uma esposa troféu seria aquela que não faz absolutamente nada, que tem empregados para tudo. Então é essa não é minha realidade financeira."

Amanda e o marido no Cristo Redentor

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, 'Eu achava que eu não precisavamelhores sites de apostas futebolhomem para viver. E não é que eu precise - mas eu gosto e é melhor com ele', diz Amanda

A mineira diz ainda que acredita ser muito importante manter certa independência financeira sempre que possível, guardando dinheiro ou investindomelhores sites de apostas futeboleducação.

"Quem casa nunca pensamelhores sites de apostas futeboldivorciar, né? Mas é importante pensar no futuro e se resguardar. E se você decidir não trabalhar, esteja segura do seus direitos", aconselha.

'Nunca gosteimelhores sites de apostas futeboldependermelhores sites de apostas futebolninguém'

Yasmin Carmona,melhores sites de apostas futebol23 anos, não consegue se imaginar sendo sustentada pelo atual parceiro.

"Conheço muitos casosmelhores sites de apostas futebolque a mulher perdeu a independência — o homem arcava com tudo, mas a mulher ficava engolindo sapo, ouvindo coisas que não queria", diz. "Não quero passar por isso nunca na minha vida."

Ela e o namorado moram juntos há cercamelhores sites de apostas futebolum anomelhores sites de apostas futebolMaricá, Riomelhores sites de apostas futebolJaneiro, e desde o começo da vidamelhores sites de apostas futebolcasal dividem todos os gastos.

"Não acho justo que seja uma dívida unilateral, uma relaçãomelhores sites de apostas futebolque só ele paga, porque estamos começando a vida e tentando construir algo legal juntos", diz.

Segundo a carioca, o casal distribui os custosmelhores sites de apostas futebolforma proporcional. "Não é 50% para cada porque recebemos salários diferentes", conta. "Mas nunca gosteimelhores sites de apostas futeboldependermelhores sites de apostas futebolninguém."

Mulhermelhores sites de apostas futebolprotesto

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Legenda da foto, Escolher abrir mão da própria carreira e ter um relacionamentomelhores sites de apostas futebolque o marido sustenta a casa não é a realidade da maior parte das mulheres no Brasil

Para Brena Fernandez, a luta pela independência feminina passa também pelo direitomelhores sites de apostas futebolescolher.

"Existem várias linhasmelhores sites de apostas futeboldiscussão e discordâncias dentro do femininismo, mas o mínimo denominador comum seria a busca fundamental pela garantiamelhores sites de apostas futeboldireitos. Desde a luta pela educação básica, passando pelo direitomelhores sites de apostas futebolter uma carreira, tudo deve ser um direito garantido", explica.

"Mas se a mulher decidir que não quer usufruir desse direito (de ter uma carreira), isso é uma questão pessoal."

Segundo Mirla Cisne, a própria estruturamelhores sites de apostas futebolque nossa sociedade está ancorada torna impossível que essa escolha seja tomadamelhores sites de apostas futebolforma totalmente justa.

"O desemprego afeta grandemente as mulheres e os trabalhos mais precarizados são aqueles destinados às mulheres", diz.

Segundo a especialista, as próprias condições precarizadas a que muitas mulheres são submetidas no mercadomelhores sites de apostas futeboltrabalho podem motivar o sonhomelhores sites de apostas futebolalgumasmelhores sites de apostas futebolse tornarem "esposas troféu" ou serem sustentadas.

"Somos ensinadas desde a infância a esperar um príncipe encantado que vai nos salvarmelhores sites de apostas futeboltodos os problemas da pobreza, das durezas da vida, do trabalho precarizado", diz.

"Mas nem todas nós queremos ser princesas. Se as mulheres puderem ter condiçõesmelhores sites de apostas futeboldesenvolver uma consciência crítica, nada é mais importante do que poder ter autonomia e o direitomelhores sites de apostas futeboldizer sim ou nãomelhores sites de apostas futebolacordo com os nossos desejos".