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O megaporto recém-inaugurado pela China no Peru (e seu impacto para o Brasil):unibet book of dead
Sua construção não ficou livreunibet book of deadpolêmicas – e seus efeitos serão sentidos muito além do Peru.
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Rota direta e mais rápida
O porto representa um passo importante na expansão da presença chinesa na América Latina.
Foi concebido como parte da Nova Rota da Seda, iniciativa estratégica que há anos vem sendo implementada e tem entre os objetivos aumentar a presença e a influência chinesa no mundo.
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Com o complexo portuário, a China aumentaunibet book of deadcapacidadeunibet book of deaddesembarqueunibet book of deadmercadorias na América do Sul eunibet book of deadtransporte dos produtos importados da região, principalmente minérios, como lítio e cobre, e produtos agrícolas, como a soja.
O ministro das Comunicações e Transportes do Peru, Raúl Pérez Reyes, declarou que o megaporto permitirá ao seu país posicionar-se "como centro logísticounibet book of deadtoda a América Latina".
O governo peruano calcula que o novo terminal irá gerar 7,5 mil empregos diretos e indiretos - número que críticos veem com ceticismo, argumentando que,unibet book of deadoutros projetos na América Latina, os investimentos chineses empregaram mais trabalhadores levados da China do que a mãounibet book of deadobra local.
Também há expectativaunibet book of deadque o megaporto traga redução no tempounibet book of deadtransporteunibet book of deadmercadorias e, consequentemente, nos custosunibet book of deadfrete, que o tornaria atrativo para operadores logísticos.
A estimativa do governo peruana éunibet book of deadque a duração das viagensunibet book of deadcargueiros do Peru até a Ásia cairiaunibet book of dead40 para 28 dias. A principal razão é a localização escolhida para o porto.
"Anteriormente, os produtos exportados pela América do Sul precisavam subir para o norte, até portos como Manzanillo, no México, onde ocorria o transbordo para que fossem enviados para a China", explica à BBC News Mundo (o serviçounibet book of deadespanhol da BBC) Robert Evan Ellis, do Institutounibet book of deadEstudos Estratégicos do Exército dos Estados Unidos.
"Com Chancay, abre-se uma rota direta e mais rápida", destaca ele. "É como uma linhaunibet book of deadônibus que, antes, fazia todas as paradas e, agora, segue direto até chegar ao destino."
Além da vantagemunibet book of deadtermos geográficos, o grande calado da baíaunibet book of deadChancay confere ao porto capacidadeunibet book of deadreceber os maiores navios do mundo, que podem transportar até 24 mil contêineres, conhecidos no setorunibet book of deadnavegação como TEU ("unidade equivalente a 20 pés", na siglaunibet book of deadinglês).
Assim, o novo porto deve dar às empresasunibet book of deadnavegação a possibilidadeunibet book of deadembarcar maiores quantidadesunibet book of deadmercadorias a um custo mais baixo.
Segundo Juan Ortiz, do Observatóriounibet book of deadContexto Econômico da Universidade Diego Portales, no Chile, "Chancay terá vantagens operacionais sobre os outros portos do litoral do Pacífico na América do Sul, devido aos altos investimentos realizados no porto e à incorporaçãounibet book of deadtecnologiasunibet book of deadponta, que permitirão reduzir os custos e os temposunibet book of deadoperação no portounibet book of deadrelação aos demais da região."
O impacto no Peru
Os efeitos da megaobra já são sentidos na região.
Uma cidade pequena, com boa parte da população dedicada à pesca artesanal, Chancay passa atualmente por uma grande transformação.
Os moradores hoje convivem, por exemplo, com um túnel que atravessa a cidade conectando o grande porto à rodovia Pan-Americana Norte. E com preços cada vez mais altosunibet book of deadterrenos na região.
"Existe a expectativaunibet book of deadque empresas do setor logístico se instalem nas proximidades do porto", declarou à BBC News Mundo Rubén Tang, fundador do Instituto Confúcio da Pontifícia Universidade Católica do Peru.
O impacto deve, contudo, transcender os limitesunibet book of deadChancay.
O Ministério da Produção peruano estima que o porto e os centros logísticos associados devem adicionar à economia do país aproximadamente US$ 4,5 bilhões (cercaunibet book of deadR$ 26,1 bilhões), o que equivale a cercaunibet book of dead1,8% do PIB peruano.
Já o Banco Central calcula que apenas a fase inicial recém-inaugurada elevaria o PIB do Peruunibet book of dead0,9% jáunibet book of dead2025.
As novas instalações também devem servir para desafogar o portounibet book of deadCallao, que é o principal pontounibet book of deadentrada e saídaunibet book of deadmercadorias do Peru. Sua saturação atual causa prejuízos e atrasos ao fluxo comercial do país.
Mas também existem dúvidas e preocupaçõesunibet book of deadrelação ao projeto.
"Em outros investimentos da América Latina e da Ásia, temos visto como a China emprega técnicas predatórias e acaba levando os recursos naturais e aumentando a dependência dos países onde ela se instala", segundo Evan Ellis.
Ele alerta que "com Chancay, o Peru está ficando mais dependente da China".
Organizações ambientais também se posicionaram, advertindo sobre a ameaça ao meio ambiente. E a concessão exclusiva da gestão do porto à Cosco foi objetounibet book of deadações na justiça.
A outra grande incógnita é como esta vasta infraestrutura será incluídaunibet book of deadum país conhecido pelas suas viasunibet book of deadtransporte precárias e insuficientes.
Para Tang, "existe uma brecha pendente para que o porto possa atingir as expectativas criadas, que é a melhoria das conexões com as províncias peruanas". Afinal, é nelas que ficam as minas e camposunibet book of deadprodução das matérias-primas consumidas pela China e pelos mercados emergentes da Ásia.
Da mesma forma, também é preciso desenvolver serviços públicos para fazer frente ao aumento da população. Este é um dos grandes motivosunibet book of deadreclamações dos moradores locais,unibet book of deadrelação a outras grandes explorações operadas com capital chinês no Peru – como a mina Las Bambas, no departamentounibet book of deadApurímac, no sul do país.
O impacto no Chile
Os governos da China e do Peru acreditam que o novo porto irá contribuir para o aumento do intercâmbio comercial na região da Ásia e do Pacífico.
Mas cada país pode sentir efeitos diferentes, que só ficarão claros com o passar do tempo.
No Chile, surgiram alertas sobre a possível perdaunibet book of deadcompetitividade dos portos do país.
O ex-ministro chilenounibet book of deadTransportes e Telecomunicações Germán Correa (1990-1992) lamentou,unibet book of deadeditorial publicado no portal BioBioChile, que "o Chile ficará irremediavelmente para trás", por ter permitido que o Peru tomasse a dianteira. Para ele, "serão outros os que se beneficiarão do tremendo impactounibet book of deaddesenvolvimento a ser trazido pelo gigantesco porto peruanounibet book of deadChancay".
Projetos como a modernização do porto chilenounibet book of deadSan Antonio estão parados há anos, devido à necessidadeunibet book of deaddiversos estudosunibet book of deadimpacto ambiental e à faltaunibet book of deaddecisões sobre o financiamento e o papel do Estado.
Estes fatores impediram que o Chile adquirisse a capacidadeunibet book of deadreceber naviosunibet book of deadmaior envergadura que, agora, poderão atracarunibet book of deadChancay.
Ortiz concorda que o iníciounibet book of deadoperaçõesunibet book of deadChancay "poderia reduzir a demanda pelos portos chilenos, tanto pelas empresas locais, quanto por companhiasunibet book of deadoutros países da região".
"Os [portos]unibet book of deadSan Antonio e Valparaíso, que processam cercaunibet book of dead70% das cargas nacionais, [seriam] os principais afetados pelo aumento da concorrência."
Em um momentounibet book of deadque a seca do Canal do Panamá dificulta a navegação desde o ano passado, desviando parte do tráfego marítimo para o estreitounibet book of deadMagalhães, surge Chancay como um forte concorrente para os portos chilenos.
Mas Ortiz destaca que os "menores custosunibet book of deadtransporte, graças à maior concorrência entre os portos, ou maiores opçõesunibet book of deadtransporte para os mercados externos são positivos para o fluxo comercial do Chile".
O coordenador do Programaunibet book of deadEstudos Asiáticos da Universidade do Chile, Andrés Bórquez, declarou que "o impacto não será homogêneo. Alguns portos podem precisar adotar um novo papel, mas outros setores serão beneficiados."
"O Chile envia 90% daunibet book of deadproduçãounibet book of deadcerejas para a China, coincidindo principalmente com o Ano Novo Chinês", explica ele. "E, para os produtores, será uma vantagem contar com um porto como ounibet book of deadChancay, que permitirá que a fruta chegue mais cedo ao país."
Bórquez acredita que "o gás e os minérios da Bolívia continuarão saindo por portos chilenos e é até possível que eles encontrem no portounibet book of deadChancay a colaboração necessária para fazer o transbordo". Desta forma, a carga poderá partir dali rumo à Ásia.
Apesar da concorrência resultante para o setor logístico, a disponibilidadeunibet book of deaduma portaunibet book of deadsaída mais rápida para os produtosunibet book of deaddireção à Ásia pode favorecer os exportadores chilenos, reduzindo seus custosunibet book of deadtransporte.
O impacto para o Brasil
Como o Peru, o Brasil é outro país com relações políticas e comerciais cada vez mais próximas com a China. O gigante asiático é o principal parceiro comercial do Brasil – e o governo brasileiro demonstrou interesse pelo megaportounibet book of deadChancay.
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, visitou o Peru no mêsunibet book of deadmarço. Segundo a nota oficial peruana, o objetivo da visita foi "conhecer os planos e estratégias do Peru para impulsionar as rotasunibet book of deadintegração sul-americana".
Leonino Dourado, do Centrounibet book of deadEstudos sobre a China e a Ásia da Universidade do Pacífico,unibet book of deadLima, declarou à BBC News Mundo que "os dois governos e a empresa indicam que Chancay deve também se tornar um centrounibet book of deadtransporte para as exportações brasileiras".
Caso se concretize, isso poderia trazer grandes impactos econômicos, já que o Brasil é o país com maior volumeunibet book of deadintercâmbio comercial com a Chinaunibet book of deadtoda a região. Mas Dourado se mostra "cético" sobre esta possibilidade.
"A distância das regiões produtoras do Brasil até Chancay é muito maior do que para os portos do Atlântico, como Manaus", destaca ele, "e elas continuarão preferindo esta opção, pois seus custos com o transporte terrestre são menores do que para o Peru."
O especialista relembra o exemplo da Rodovia Interoceânica, que liga o Brasil ao litoral do Pacífico, no Peru.
"Na época, ela foi apresentada como um caminho para facilitar o comércio do Brasil com a Ásia e, depoisunibet book of deadanosunibet book of deadserviço, não trouxe os efeitos esperados."
A questão agora é se Chancay irá trazer estes avanços, não só para o Brasil, mas para toda a América Latina.
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