'A morte pode ser amorosa, tranquila e humana': as históriasdinheiro grátis do cassinoquem passou pelo luto:dinheiro grátis do cassino

Duas pessoas se abraçando

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O luto pode servirdinheiro grátis do cassinogatilho para uma sériedinheiro grátis do cassinomudançasdinheiro grátis do cassinovida

'A mortedinheiro grátis do cassinominha mãe foi um grande momentodinheiro grátis do cassinofamília'

A psicóloga Luciana Flores Soares Reis, do Rio Grande do Sul, aceitou conversar com a BBC News Brasil menosdinheiro grátis do cassinoduas semanas depois da morte da mãe.

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Na visão dela, no entanto, essa despedida se prolongou por quase dez anos, períododinheiro grátis do cassinoque a mãe passou por uma sériedinheiro grátis do cassinoproblemasdinheiro grátis do cassinosaúde relacionados ao avançodinheiro grátis do cassinouma doença neurodegenerativa.

Mariadinheiro grátis do cassinoLourdes, a mãedinheiro grátis do cassinoReis, foi jornalista, fez mestradodinheiro grátis do cassinoHistória e, aos 71 anos, se formoudinheiro grátis do cassinoArtes Plásticas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

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Aliás, foi na época da formatura que ela começou a apresentar os sintomas mais evidentes da síndrome corticobasal, um quadro neurodegenerativo parecido com o Parkinson, marcado pelo declínio da função motora e pela perda progressiva dos movimentos do corpo.

"Essa doença, que tem uma progressão lenta, fez com que tivéssemos ao longodinheiro grátis do cassinodez anos uma espéciedinheiro grátis do cassinoluto antecipatório", avalia Reis.

"Aos poucos, precisamos nos despedirdinheiro grátis do cassinoalgumas capacidades que minha mãe sempre teve, o quedinheiro grátis do cassinocerta maneira ajudou a lidar com o luto depois da morte dela."

No final da vida, Mariadinheiro grátis do cassinoLourdes não conseguia mais falar — e apenas se comunicava por meiodinheiro grátis do cassinoum sistemadinheiro grátis do cassinopiscadas ou pela expressão do olhar.

"Minha mãe sempre foi uma pessoadinheiro grátis do cassinopoucas palavras. E sem palavras ela se foi."

Com o declínio das funções motoras, Mariadinheiro grátis do cassinoLourdes passou a ter algumas dificuldades para deglutir. Nesses momentos, ela sofria com vômitos,dinheiro grátis do cassinoque parte da comida era aspirada e gerava quadrosdinheiro grátis do cassinopneumonia.

Ela precisou ser internada para lidar com essas complicações, mas sempre se recuperava e retornava para casa.

"Minha mãe não sofria um episódio desses há quatro meses. Até que na madrugadadinheiro grátis do cassinouma quarta-feiradinheiro grátis do cassinojunho recebi uma ligação."

Mariadinheiro grátis do cassinoLourdes havia vomitado — e a equipedinheiro grátis do cassinosaúde que a acompanhava logo iniciou os protocolosdinheiro grátis do cassinorecuperação, que envolvem restringir o consumodinheiro grátis do cassinoalimentos ou líquidos, para ver se ela melhorava.

"Mas desta vez ela não melhorou."

Mariadinheiro grátis do cassinoLourdes

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Mariadinheiro grátis do cassinoLourdes tinha uma doença degenerativadinheiro grátis do cassinoprogressão lenta

"Começamos a observar uma diminuição dos batimentos cardíacos e da respiração, o que indicava que minha mãe havia entrado na etapa final da vida,dinheiro grátis do cassinoum processo ativodinheiro grátis do cassinomorte."

Essa constatação tão precisa só foi possível porque, ao acompanhar tãodinheiro grátis do cassinoperto todos os percalçosdinheiro grátis do cassinosaúdedinheiro grátis do cassinoMariadinheiro grátis do cassinoLourdes por quase uma década, Reis decidiu mergulhardinheiro grátis do cassinocabeça numa área que só começou a ganhar mais destaque no Brasil nos últimos anos: os cuidados paliativos.

"Me formeidinheiro grátis do cassinopsicologia há 34 anos e, neste momento, quase aos 60 anosdinheiro grátis do cassinoidade, provavelmente no último terçodinheiro grátis do cassinominha vida, estou muito interessadadinheiro grátis do cassinome tornar uma psicóloga paliativista."

Reis detalha que, por escolha própria, os pais dela decidiram seguir morando sozinhos, no lar deles,dinheiro grátis do cassinovezdinheiro grátis do cassinoficar na casadinheiro grátis do cassinouma das filhas — a psicóloga tem outras duas irmãs — ou num retiro para idosos. A família instalou câmeras e contratou auxiliaresdinheiro grátis do cassinoenfermagem para dar apoio ao casal, especialmente para Mariadinheiro grátis do cassinoLourdes.

"Quando minha mãe entrou num processo ativodinheiro grátis do cassinomorte, tínhamos dois caminhos: interná-la num hospital ou mantê-ladinheiro grátis do cassinocasa", diz ela. "Como já havíamos conversado sobre isso com toda a família, decidimos pela segunda opção, com todo o suportedinheiro grátis do cassinomedicações edinheiro grátis do cassinoenfermagem necessário."

"Nada foi acelerado. Ela se foi no tempo devido."

Reis afirma que, nos dias que se seguiram depois daquela ligação na madrugadadinheiro grátis do cassinouma quarta-feiradinheiro grátis do cassinojunho, os familiares foram aos poucos se mudando provisoriamente para a casadinheiro grátis do cassinoMariadinheiro grátis do cassinoLourdes.

"E vivemos cenas muito lindas ali, enquanto dormíamos amontoadosdinheiro grátis do cassinocolchões na sala. As três filhas, os quatro netos, meu pai, meu marido, todos revezamos para ficar lá."

"Foi um grande momentodinheiro grátis do cassinofamília,dinheiro grátis do cassinoque todos tiveram a oportunidadedinheiro grátis do cassinoconversar com a mãe e dizer a ela o que tinham vontade."

"Até uma irmãdinheiro grátis do cassinominha mãe, que moradinheiro grátis do cassinoSão Paulo, conseguiu visitá-la. Como o aeroporto está fechado por causa das enchentes no Rio Grande do Sul, minha prima precisou dirigir uma noite inteira para chegardinheiro grátis do cassinoPorto Alegre."

Um dos netos encontrou na internet as marchinhasdinheiro grátis do cassinocarnaval que Mariadinheiro grátis do cassinoLourdes e o marido ouviram quando se conheceram pela primeira vez, quando ela tinha 15 anos.

Também surgiu a ideiadinheiro grátis do cassinopegar duas folhasdinheiro grátis do cassinobranco e fazer uma arte coletivadinheiro grátis do cassinofamília, já que Mariadinheiro grátis do cassinoLourdes tinha um interesse especial por essa área.

"Todos nós pintamos alguma coisa para ela. Até meu pai, que está com 86 anos, participou."

"Meu filho mais velho pegou a mão da avó e fez alguns rabiscos com ela."

O resultado final da experiência artística foram duas pinturas que, nas palavrasdinheiro grátis do cassinoReis, ficarão como uma grande lembrança para toda a família.

A arte coletiva produzida pela família nos últimos diasdinheiro grátis do cassinovidadinheiro grátis do cassinoMariadinheiro grátis do cassinoLourdes

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, A arte coletiva produzida pela família nos últimos diasdinheiro grátis do cassinovidadinheiro grátis do cassinoMariadinheiro grátis do cassinoLourdes

Na noitedinheiro grátis do cassinooutra quarta-feira, dia 26dinheiro grátis do cassinojunho, a respiraçãodinheiro grátis do cassinoMariadinheiro grátis do cassinoLourdes começou a ficar ainda mais devagar.

"Foi como se a chamadinheiro grátis do cassinouma vela se apagasse aos poucos."

"Minha mãe morreudinheiro grátis do cassinopaz, embaladadinheiro grátis do cassinomuito amor e carinho,dinheiro grátis do cassinomãos dadas com a família."

Passados alguns dias da morte, a psicóloga confessa um certo estranhamento diante do que sente.

"Às vezes, acho que estou bem demais para o momento que vivi", diz, com a voz embargada. "Mas, ao mesmo tempo, foram tantos anosdinheiro grátis do cassinodespedidas que esse final amoroso me ajudou a ficar melhor do que poderia imaginar."

"Lógico que tenho momentos emotivos, mas eles são maisdinheiro grátis do cassinosaudade do quedinheiro grátis do cassinotristeza", classifica ela.

A psicóloga pretende seguir os estudos e os projetos sobre os cuidados paliativos, para virar uma especialista nessa área.

"Quero que outras pessoas possam ter acesso a um processodinheiro grátis do cassinomorte tão amoroso, tranquilo e humano quanto eu e minha família pudemos vivenciar."

"Talvez a missão que minha mãe deixou, e eu tenho vontadedinheiro grátis do cassinoseguir, é fomentar essa possibilidade humanizadadinheiro grátis do cassinonos despedirmos das pessoas que amamos."

'O luto me fez ver amor onde o mundo só enxerga dor'

Rafael Stein,dinheiro grátis do cassinoSão Paulo, se apresenta como pai da Maria Clara e do Francisco — e afirma que a paternidade é o que o define hoje.

A históriadinheiro grátis do cassinovida dele se dividedinheiro grátis do cassinoduas partes: o antes e o depois do diagnósticodinheiro grátis do cassinocâncerdinheiro grátis do cassinomamadinheiro grátis do cassinosua esposa, Micaela.

"Há cinco anos, Micaela faleceu depoisdinheiro grátis do cassinoquase dois anosdinheiro grátis do cassinotratamento contra um tumor bastante agressivo", conta ele.

"Até então, entendia que meu papel como homem e como pai era prover. Eu trabalhava para cumprir essa missãodinheiro grátis do cassinoproporcionar coisas para minha família."

Após o diagnóstico, Stein percebeu que esses objetivos não seriam suficientes para lidar com o desafio que se avizinhava.

"Eu tomei a decisãodinheiro grátis do cassinoestar mais presente, para cuidar da minha esposa e dos meus filhos. Isso mudou completamente a minha vida."

"Percebi que nós, homens, não somos educados para ter esse cuidado, que é algo que as mulheres fazem normalmente, no dia a dia."

Stein entende que a morte já deu as caras logo após o diagnóstico. "Quando você recebe a notícia, a primeira sensação é que a pessoa já está morrendo. Afinal, todo aquele futuro que você tinha planejado deixadinheiro grátis do cassinoexistir."

"Nós estávamos prestes a completar dez anosdinheiro grátis do cassinocasamento e tínhamos o sonhodinheiro grátis do cassinoir para Las Vegas, nos EUA, para fazer uma nova cerimônia, com direito a coverdinheiro grátis do cassinoElvis Presley e tudo", lembra ele.

"E essa morte antecipada não se limitou à Micaela. Eu morri um pouco junto com ela, pois não tinha ideiadinheiro grátis do cassinoque homem eu havia me tornado a partir desse diagnóstico."

Capeladinheiro grátis do cassinocasamentodinheiro grátis do cassinoLas Vegas

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Legenda da foto, Micaela e Rafael queriam casar novamentedinheiro grátis do cassinoLas Vegas, nos EUA

Stein destaca que os dois anosdinheiro grátis do cassinotratamento foram "doloridos", mas permitiram construir algo novo como casal.

"Nesses dois anos, passei a ficardinheiro grátis do cassinocasa, acordar mais cedo para preparar o café da manhã, colocar as crianças para dormir, dar banho, cuidar… E hoje entendo que esses foram os dois melhores anos do nosso casamento."

"Nós criamos uma conexão que nem sabia possível entre um homem e uma mulher. Isso mudou a minha definiçãodinheiro grátis do cassinoamor."

Conforme a doença progredia e o tratamento deixavadinheiro grátis do cassinosurtir resultado, a família criou um espaço para falar sobre a morte e todos os desejos e vontadesdinheiro grátis do cassinoMicaela.

Stein, por exemplo, pediu ao hospital que o avisasse quando a esposa fosse sedada pela última vez, para que pudesse estar com ela nesse momento.

"Cheguei para a visita e ela estava com uma alergia, pois tinha acabadodinheiro grátis do cassinoreceber morfina. Eu disse que estava tudo bem, coloquei a mão no rosto dela e a vi adormecer."

"Lembrodinheiro grátis do cassinopensar: e agora? Como vai ser daquidinheiro grátis do cassinodiante?", questiona ele.

Aos poucos, a respiração e os batimentos cardíacosdinheiro grátis do cassinoMicaela diminuíram, até pararem completamente.

"Na horadinheiro grátis do cassinoque ela morreu, me sentia anestesiado, não havia desespero. Já tinha pedido ajuda a meus pais com a parte burocrática. Voltei para casa para pegar a roupa que ela queria usar."

O casal também havia decidido que as crianças não participariam do velório.

"Depois do enterro, voltei para casa sozinho e precisava dar a notícia para elas."

"Falei primeiro com a Maria, que é a mais velha. Sentei para conversar e contei toda uma história sobre a mamãe estar no hospital, como nós escolhemos o nome dela… Ela me perguntou: 'A mamãe morreu?'", diz ele, sobre a filha que tinha cercadinheiro grátis do cassino6 anos na época.

"Eu disse que sim, e começamos a chorar. Nessa hora, combinei com ela que tudo bem chorar e, se eu sentisse saudades, iria conversar com ela. Se ela sentisse saudades, também poderia vir falar comigo."

"Não sei quantas vezes a Maria me acolheu."

"Logo depois, a própria Maria foi conversar com o Francisco, que tinha dois anos. Ela repetiu a mesma história que eu havia contado e disse que ele poderia chorar e conversar."

No dia seguinte, Stein sentiu o choquedinheiro grátis do cassinorealidade sobre o que realmente significa cuidar dos outros.

"Fui para a cozinha e pensei: onde está a mamadeira? Que roupas eu levo para as crianças durante uma viagem? Quantas calcinhas minha filha tem? Foi desesperador, porque precisei assumir um protagonismo que nunca foi meu. Quem cuidava da família era minha esposa."

Poucas horas depois, Stein preparou diversas coisas para o almoço — mas as crianças não comeram nada. "Eu chorei pra caramba, porque achei que não conseguiria alimentar meus próprios filhos."

Ele decidiu então deixardinheiro grátis do cassinolado a empresa da qual era sócio para focar exclusivamente nos cuidados da Maria e do Francisco.

"E eu enfrentei muitas resistências. A expectativa era que eu relegasse a criação dos meus filhos às avós."

"Era como se o tempo todo a sociedade dissesse que eu não seria capazdinheiro grátis do cassinoprover esses cuidados."

Stein conta que, durante o velório, chegou a ouvir frases absurdas. "Umas três ou quatro pessoas me disseram que eu era jovem e bonito, então logo arrumaria uma outra pessoa."

Ele também nota que todos os amigos se afastaram. "Eu só conseguia pensar e falar sobre a morte da minha esposa e os cuidados com meus filhos, e ninguém queria conversar a respeito."

Com o passar dos dias, surgiram novos desafios. "Tinha que levar minha filha ao balé. Mas como se faz um coque?", diz.

"O luto que senti não envolvia apenas a perdadinheiro grátis do cassinominha esposa. Mas era o luto do homem que eu era, dos amigos que foram embora, do papel social que deixeidinheiro grátis do cassinocumprir… Essas várias questões afetaram minha identidade e me fizeram questionar que homem me tornei diantedinheiro grátis do cassinotudo isso."

Menina fazendo coque no cabelo

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Legenda da foto, Aos poucos, Rafael precisou lidar com as mais variadas questões práticas — inclusive como fazer um coque na filha antes das aulasdinheiro grátis do cassinobalé

Stein aprendeu aos poucos todos os detalhes que envolvem o atodinheiro grátis do cassinocuidardinheiro grátis do cassinoalguém. Ele também se envolveu numa sériedinheiro grátis do cassinoprojetos e iniciativas relacionadas ao processodinheiro grátis do cassinoluto.

Ainda durante o tratamento do câncer, quando a doença havia avançado, uma enfermeira sugeriu ao casal que Micaela começasse a escrever cartas para a filha, pois não estaria aqui para acompanhar a adolescênciadinheiro grátis do cassinoMaria.

Surgiu assim o blog "Cartas para Maria",dinheiro grátis do cassinoque Stein escreve e publica textos para que os filhos leiam no futuro.

Ele também integra o projeto "Luto do Homem", que acolhe indivíduos que perderam alguém importante, e participoudinheiro grátis do cassinoum episódio da primeira temporada da série Queer Eye: Brasil, disponível na Netflix.

Passados cinco anos da mortedinheiro grátis do cassinoMicaela, Stein começou recentemente um novo relacionamento.

Ele hoje compartilha com orgulho um episódio que atesta como ele desenvolveu a capacidadedinheiro grátis do cassinocuidar.

"Há pouco tempo, minha filha ‘virou mocinha’ e menstruou pela primeira vez. Diversas mulheres queriam falar com ela sobre isso, mas eu estava preparado. Conversei com a Maria e nunca me senti tão pai dela."

"Agora já entrou na rotina a necessidadedinheiro grátis do cassinocomprar absorventes ou lidar com as cólicas", complementa ele.

Questionado sobre o que toda a experiência dos últimos anos significou, Stein acredita que se transformoudinheiro grátis do cassinooutra pessoa.

"O luto me fez ver amor onde o mundo só enxerga dor."

"E eu gosto muito mais do Rafael que sou hoje. Meu desejo é que a Micaela pudesse conhecer essa minha versão atual. Mas ironicamente só me tornei isso por todo o processo que precisei enfrentar."

"Mas ela continua viva nas pessoas com quem hoje tenho contato. Só faço tudo isso por causa dela."

"De certa maneira, sinto que essa também é uma formadinheiro grátis do cassinohonrar a vida da Micaela", conclui ele.

'Coloquei meu luto a serviço público'

Em 2012, a psicóloga Claudia Petlik Fischer,dinheiro grátis do cassinoSão Paulo, passou por uma verdadeira históriadinheiro grátis do cassinoterror.

"Eu estava no carro com a minha filha Ana,dinheiro grátis do cassinoquatro anos, e sofremos um acidente ao entrardinheiro grátis do cassinocasa", conta ela.

"Até hoje não sei exatamente o que aconteceu, se foi alguma falha no portão… Mas a Ana bateu a cabeça e teve um traumatismo craniano."

"Eu estava naquele cenáriodinheiro grátis do cassinohorror, comecei a gritar por ajuda e fomos ao hospital, mas na hora já sabia que não tinha mais jeito."

Fischer diz que a forma como ela lidou com um episódio tão terrível foi influenciada por dois fatores.

De um lado, ela começou a ler tudo sobre o luto, para tentar entender o que estava acontecendo com si mesma. A psicóloga também criou um grupo sobre mães enlutadas, para que elas pudessem compartilhar experiênciasdinheiro grátis do cassinocomo conseguiram sobreviver.

De outro, uma frase dita por um rabino serviudinheiro grátis do cassinoinspiração para ela, que vemdinheiro grátis do cassinofamília judaica.

"Nós não somos religiosos, mas numa hora dessas aceitamos todo tipodinheiro grátis do cassinoajuda. Logo após o acidente, ouvimosdinheiro grátis do cassinoum rabino que deveríamos fazer coisas boasdinheiro grátis do cassinonome da Ana."

Claudia Fischer

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, A psicóloga Claudia Fischer fez uma sériedinheiro grátis do cassinoiniciativas relacionadas ao luto depois da morte da filha aos quatro anos

"Nós tínhamos uma viagem marcada para Israel, onde havíamos criado contato com um centrodinheiro grátis do cassinoconvivência árabe-judaico-cristã, cujo objetivo é promover atividades para crianças e fomentar a paz."

"Resolvemos doar um valordinheiro grátis do cassinonome da nossa filha para custear parte da construçãodinheiro grátis do cassinouma biblioteca ali."

De volta ao Brasil, a família também entregou quase uma dezenadinheiro grátis do cassinoparquinhos adaptados para crianças com deficiênciadinheiro grátis do cassinoalgumas cidades brasileiras.

Por fim, Fischer e o marido criaramdinheiro grátis do cassinomeadosdinheiro grátis do cassino2016 a ONG "Paisdinheiro grátis do cassinoLuto", que oferece apoio psicológico e psiquiátrico para famíliasdinheiro grátis do cassinobaixa renda que perderam um filho e não têm condiçõesdinheiro grátis do cassinopagar por esse serviço.

Atualmente, a iniciativa atende 69 pacientes e conta com uma equipedinheiro grátis do cassino53 terapeutas, 16 supervisores e oito psiquiatras.

Mas os responsáveis pela ONG entendem que é possível expandir ainda mais o serviço e buscam firmar parcerias com outros projetos — como grupos que acompanham criançasdinheiro grátis do cassinotratamento contra o câncer, por exemplo — para oferecer apoio a mais pessoas.

"Durante esse tempo, eu trabalhei muito para colocar meu luto a serviço público", diz Fischer.

Para ela, tudo isso só reforçou a importância da vidadinheiro grátis do cassinocomunidade.

"No nosso processodinheiro grátis do cassinoluto, nós conseguimos muita ajuda, mas muito pelo fatodinheiro grátis do cassinopodermos pagar por isso."

Fischer também se inspira na biografiadinheiro grátis do cassinoum avô, que sobreviveu ao Holocausto.

"Sempre baseei minha vida na história dele, que me ensinou que sou capazdinheiro grátis do cassinosobreviver a qualquer coisa."

"Para mim, a sobrevivência depoisdinheiro grátis do cassinoum caso como o que vivi está muito relacionada à interdependência, ao suporte social, ao apoio que recebemos."

"E espero construir pontes e ajudar outras pessoas a seguir adiante", diz. "Afinal, ninguém consegue passar por uma dor tão grande se permanecer sozinho."