'Personagemapp melhor que a blazeSouth Parkapp melhor que a blazeduas décadas atrás me leva a sofrer ataques hoje':app melhor que a blaze

Timmy é um personagem com deficiência da sérieapp melhor que a blazeanimação South Park. Ele usa cadeiraapp melhor que a blazerodas e só consegue gritar seu próprio nome, quase sempreapp melhor que a blazevoz alta eapp melhor que a blazeforma descontrolada.

Quando eu era criança, no auge inicial da série na virada para os anos 2000, Timmy parecia me seguir por todos os lugares: nos corredores da escola, nas salasapp melhor que a blazeaula, nos recreios. Não importava se eu tinha amigos, se era sociável ou se tirava boas notas — o estigma estava lá.

Agora, quando estou na casa dos 30 anos, ele voltou. Pela terceira vez no ano, enquanto eu seguiaapp melhor que a blazecadeiraapp melhor que a blazerodas para a estaçãoapp melhor que a blazetrem, ouço aquele tom familiar e cruel: "Timmaaah".

Uma risada alta. Uma gargalhada abafada. E algum comentário que não entendo ou prefiro não ouvir.

Ao enfrentar o grupo, um deles finge inocência, dizendo que estava falando com o amigo.

"Não é verdade", respondo. "Eu assistia ao programa antesapp melhor que a blazevocê nascer".

Redes sociais

Inicialmente, fiquei perplexo ao perceber como esse fenômeno ressurgiuapp melhor que a blazeuma nova geração, 24 anos após o personagem ter sido apresentado pela primeira vez.

A resposta está nas redes sociais, especialmente no TikTok, onde centenasapp melhor que a blazepequenos clipes editados pelos usuários mostram Timmy e utilizam áudios dele pronunciando seu nome, impulsionando seu renascimento.

No TikTok, é comum os usuários seguirem tendências ao usar áudiosapp melhor que a blazevídeos populares, sobrepondo-os a seus próprios clipes.

Foi exatamente isso que muitos fizeram com Timmy. Seu nome passou a ser usado como piada ou sobreposto a vídeos aleatórios, inclusiveapp melhor que a blazepessoas com deficiência que usam cadeiraapp melhor que a blazerodas, reforçando estereótipos prejudiciais e desumanizantes.

O irônico é que o personagem Timmy é retratado com naturalidadeapp melhor que a blazeSouth Park, e os cocriadores Matt Stone e Trey Parker lhe conferem profundidade.

Na sátira da série, a deficiência não é necessariamente o foco das piadas. Timmy é tratado como qualquer outro integrante da turma: ele não faz as tarefas escolares, enfrenta adversidades e apronta junto com seu melhor amigo, Jimmy, que também tem uma deficiência. Sua personalidade é transmitida pelas diferentes entonações com que pronuncia seu próprio nome.

No episódio "Timmy 2000", o personagem lidera uma bandaapp melhor que a blazemetal e vence uma batalhaapp melhor que a blazebandas. Enquanto isso, os adultos reagemapp melhor que a blazeforma superprotetora e condescendente, uma crítica clara à maneira como a sociedade frequentemente trata pessoas com deficiência.

Há quase 20 anos, uma pesquisa da Ouch! (antigo nome da seção sobre deficiência da BBC) elegeu Timmy como o personagem com deficiência mais popular da televisão.

Jeff Shannon, crítico especializadoapp melhor que a blazequestõesapp melhor que a blazedeficiência no Seattle Times, descreveu Timmy como "o humor sobre deficiência mais progressista, provocativo e socialmente relevante já exibido na televisão americana".

"Sem dizer aos espectadores o que devem pensar, South Park desafia os próprios medos e preconceitos da audiênciaapp melhor que a blazerelação à deficiência, e Timmy emerge triunfante", escreveu Shannonapp melhor que a blaze2005.

Em entrevistas, Stone e Parker mencionaram o cuidado e a reflexão que tiveram ao integrar Timmy à série.

No entanto, duas décadas depois, a realidade é que, ao conhecer Timmy pela primeira vez, muitos ainda o consideram exageradamente ofensivo.

'Ridículo simplista e unidimensional'

South Park sempre funcionouapp melhor que a blazemúltiplos níveis, combinando um choque proibido e escandaloso que atrai criançasapp melhor que a blazeidade escolar com uma sátira adulta mordaz e inteligente.

Nenhuma dessas nuances está presente nas tendências do TikTok, que reduzem Timmy — e, por extensão, os usuáriosapp melhor que a blazecadeirasapp melhor que a blazerodas — a um ridículo simplista e unidimensional.

Esse ressurgimento distorcido lembra o casoapp melhor que a blazeJoey Deacon, um homem com paralisia cerebral cuja aparição no programa da BBC Blue Peter, nos anos 1980, teve um efeito inverso ao pretendido. Em vezapp melhor que a blazepromover empatia, gerou zombarias nos pátios das escolas, com crianças gritando “Você é um Joey!” e “Faz a caraapp melhor que a blazeJoey!”.

O TikTok afirma que suas diretrizes proíbem estritamente discursosapp melhor que a blazeódio e conteúdos que promovam discriminação, violência ou abuso com baseapp melhor que a blazedeficiência.

A plataforma removeu os vídeos denunciados pela BBC por violarem essa política, mas não tomou a mesma medida com o áudioapp melhor que a blazeTimmy usadoapp melhor que a blazeoutros vídeos. Isso significa que o som permanece disponível e pode continuar sendo reutilizado.

O TikTok não respondeu à pergunta específica sobre por que não removeu o áudio ofensivo.

Ciaran O'Connor, do Instituto para o Diálogo Estratégico (ISD), uma organização que estuda o ódio online, afirma que os sons são um "ponto cego" nas práticasapp melhor que a blazemoderaçãoapp melhor que a blazeconteúdo do TikTok.

Mesmo quando um vídeo com um "som original" é removido pela plataforma, o áudio geralmente não é excluído, explica ele. Isso permite que o som continue circulando e se torne uma forma comumapp melhor que a blazecontornar as diretrizesapp melhor que a blazemoderação do TikTok, facilitando práticasapp melhor que a blazeassédio e abuso.

O assédio e o ataque às pessoas com deficiência permanecem comuns na internet. Uma pesquisa da organização beneficente Scope com 4.000 pessoas com deficiência revelou que 3app melhor que a blazecada 10 relataram já terem sido vítimasapp melhor que a blazeataques virtuais.

A última vez que me chamaramapp melhor que a blaze"Timmy" na rua, o que mais me surpreendeu não foram os insultosapp melhor que a blazesi, mas a total ausênciaapp melhor que a blazeremorso, mesmo quando os confrontei diretamente.

Foi semelhante a uma experiência que vivi no ano passado, quando um grupoapp melhor que a blazeadolescentes, mais uma vez zombandoapp melhor que a blazemim, saiu correndo e gritando: "O Timmy vai atropelar a gente!".

Ross Hovey, que usa cadeiraapp melhor que a blazerodas e é torcedor do Liverpool, relatou recentemente uma experiência quase idênticaapp melhor que a blazeuma publicação no LinkedIn.

A caminhoapp melhor que a blazeum jogo do Liverpool com seu pai,app melhor que a blaze79 anos, e seu cuidador, Ross foi alvoapp melhor que a blazeum grupoapp melhor que a blazejovens que gritaram "Timmy" para ele.

Ao desafiá-los com um firme "Eu ouvi vocês", eles também tentaram se justificar fingindo inocência.

Educar os usuários

Esses abusos levantam questões sobre qual papel as plataformas devem desempenhar ao fornecer contexto para os usuários mais jovens.

"Os clipes curtos e foraapp melhor que a blazecontexto, assim como as tendências participativas, estão no centro da popularidade do TikTok", afirma O'Connor. "Normalmente, isso é bom, positivo e engraçado... mas quando essas dinâmicas são usadas para menosprezar, ridicularizar ou estigmatizar os outros, surge a questãoapp melhor que a blazese o TikTok deveria fazer mais para informar ou educar seus usuários".

Alison Kerry, diretoraapp melhor que a blazecomunicação da Scope, disse à BBC: "Essas tendências capacitistas são profundamente prejudiciais. Elas não existemapp melhor que a blazeum vácuo. Uma tendência nas redes sociais pode rapidamente se transformarapp melhor que a blazealguém enfrentando abuso emapp melhor que a blazevida diária".

O impacto no mundo real é certamente cada vez mais notável.

Usuários com deficiência do TikTok compartilharam suas experiências, e recentemente um professor escreveu um post no Reddit intitulado "Estou cansado dessa moda do Timmy", expressandoapp melhor que a blazefrustração com a faltaapp melhor que a blazeconscientização dos alunos.

Foi por isso que desafiei os adolescentes na estação: eu sentia que devia isso não apenas ao meu euapp melhor que a blaze12 anos, que uma vez se descontrolou e chorou, impotente dianteapp melhor que a blazezombarias semelhantes, mas também aos estudantes com deficiênciaapp melhor que a blazehoje.

Reforcei minha reação quando os jovens voltaram a gritar "Timmy" depois que eu virei para ir embora.

"Por quê?", perguntei com firmeza. Silêncio. Um dos rapazes acabou se desculpando, reconhecendo que o comportamento não havia sido adequado.

"Fale com seus amigos", eu pedi, sentindo um fioapp melhor que a blazeesperança. "Talvez assim eles comecem a ouvir".