25bet pix 365 com brabrilbet pix 365 com br1974, o diabet pix 365 com brque os militares deram um golpe para entregar a democracia ao povo português:bet pix 365 com br
“O difícil foi escolher quem podia ir na coluna militar, porque não podiam ir todos”, lembra o coronel Carlos Maia Loureiro, que era naquela altura capitão. A coluna, que teria o papel principal no golpe militar, saiubet pix 365 com brSantarém com 160 homens, 10 viaturas blindadas, 12 viaturasbet pix 365 com brtransporte, 2 ambulâncias e um jipe. Às 5h50 da manhã, a coluna chega ao Terreiro do Paço, na baixabet pix 365 com brLisboa. Se passariam quase seis horasbet pix 365 com brtensão.
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“O momento mais crítico foi a chegada ao Terreiro do Paçobet pix 365 com bruma força do regime comandada pelo brigadeiro Junqueira Reis, que dá ordem a um tanque M47 blindado para disparar sobre nós. O capitão Salgueiro Maia mete uma granada no bolso e saibet pix 365 com brdireção ao tanque para dialogar... eu fui atrás dele e ainda hoje não sei porquê”, lembra Maia Loureiro.
Naquele momento, Salgueiro Maia - como contaria o próprio anos mais tarde -, está disposto a detonar a granada e tornar-se um mártir, pensando que assim talvez consiguiria a vitória do golpe. Mas não é preciso. O oficial que comandava o blindado se recusou a disparar e as forças do regime se renderam.
A missão no Terreiro do Paço está cumprida e a coluna militar volta a se formar para ir rumo ao Quartel do Carmo, onde o governobet pix 365 com brMarcelo Caetano se tinha refugiado.
“No caminho começamos a ver uma multidão pelas ruas. Gentebet pix 365 com brtodas as idades,bet pix 365 com brfesta, subiam nas viaturas, vinham nos abraçar, nos agradecer... ainda hoje me emociono quando penso nisso”, recorda o coronel.
Foi nesse percurso que começaram a aparecer os primeiros cravos vermelhos, oferecidos por Celeste Caeiro, uma mulher apanhadabet pix 365 com brsurpresa pela revolução. Os militares recebiam as flores e as colocavam no cano das espingardas, dando inicio, sem saberem, à iconografia da Revolução dos Cravos.
Em menosbet pix 365 com brcinco horas, o governo se rendeu: Marcelo Caetano entregou o poder ao general Spínola e saiu do quartel escoltado pelos militares do MFA. O golpe militar estava concluído.
Mesesbet pix 365 com brconspiração
O golpe que se materializou naquela quinta-feira, 25bet pix 365 com brabrilbet pix 365 com br1974, estava sendo planejado há alguns meses.
“As primeiras reuniões começaram por reivindicaçõesbet pix 365 com brordem corporativista, por causabet pix 365 com bralterações legislativas promovidas por Marcelo Caetano”, explica Luís Nuno Rodrigues, professor do departamentobet pix 365 com brHistória do ISCTE.
“Mas, na verdade, existiam motivações mais profundas e o MFA rapidamente adquiriu uma dimensão mais política”, acrescenta ele.
Além das modificações legislativas, nas reuniões começa a se falar sobre a guerra colonial, um conflitobet pix 365 com br13 anos para o qual parecia não haver solução à vista.
“Havia militares que defendiam uma solução política para a guerra e isso começa a ser abordado devagar. E, depois, havia a questão do prestigio das Forças Armadas, porque a população não gostavabet pix 365 com brnós”, conta o tenente-coronel Vasco Lourenço, um dos defensores do golpe militar.
“A certa altura o caminho fica claro. A população olhava para nós como o suportebet pix 365 com brum regime repressivo que impunha a guerra e a ditadura. Se queríamos recuperar o prestígio tínhamos que abandonar essa imagem. E isso só se conseguia com um golpebet pix 365 com brEstado: acabar com a ditadura, dar uma solução política à guerra e criar condições para a democracia e a liberdadebet pix 365 com brPortugal”, explica Lourenço.
Esta começa a ser a posição majoritária no círculobet pix 365 com brjovens oficiais, sobretudo entre os capitães.
“São oficiais intermediários, com muitos anosbet pix 365 com brguerra colonial, que conhecem muito bem a situação na África e que decidem acabar com o regime para democratizar o país”, diz Francisco Ruivo, pesquisador do Institutobet pix 365 com brHistória Contemporânea da Faculdadebet pix 365 com brCiências Sociais e Humanas da Universidade Novabet pix 365 com brLisboa.
“A própria questão geracional é importante: são homensbet pix 365 com br30, 40 anos, uma geração muito diferente da cúpula das Forças Armadas, que eram pessoas mais velhas e mais conservadoras”.
Essas diferenças ficam evidentesbet pix 365 com br14bet pix 365 com brMarçobet pix 365 com br1974, quando, numa espéciebet pix 365 com brprovabet pix 365 com brfidelidade, generais dos três setores da Forças Armadas comparecem à cerimôniabet pix 365 com brhomenagem ao líder do governo, Marcelo Caetano.
“Nesse episódio, que ficou conhecido como “a brigada do reumático”, os generais ali presentes garantem que as FA não tinham política própria e estavam alinhadas com o chefebet pix 365 com brGoverno”, conta Luís Nuno Rodrigues.
Os únicos generais que não assistiram ao encontro foram Francisco da Costa Gomes e Antóniobet pix 365 com brSpínola, chefe e vice-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, que seriam depois exonerados dos respectivos cargos. Os dois tiveram papéis protagonistas na Revoluçãobet pix 365 com brAbril.
A guerra colonial
Ao contrário do que os generais garantiram a Caetano, o Exército estava, sim, fazendo política. De tal forma, que o resultado produzido pelo MFA não é só a decisãobet pix 365 com brfazer um golpebet pix 365 com brEstado, mas sim todo um programa político.
“Era um programa que extinguia o antigo regime e todas as suas instituições, e que se baseava nos famosos “Três Ds”: democratizar, descolonizar e desenvolver”, explica a historiadora Irene Flunser Pimentel.
“A curto prazo seriam convocadas eleições para uma Assembleia Constituinte que elaboraria a nova Constituição do país e reconhecia-se que a solução das guerras coloniais tinhabet pix 365 com brser política”, completa Luís Nuno Rodrigues
A politização das FA, feita, nabet pix 365 com brmaioria, durante a guerra do Ultramar, foi fundamental.
“Num determinado momento, como começam a escassear jovens que quisessem enveredar pela carreira militar, muitos estudantes foram recrutados compulsoriamente para ir para África, como soldados ou oficiais milicianos. Eram jovens muito influenciados pelos movimentosbet pix 365 com brMaiobet pix 365 com br68, politizados nas universidades e que levavam para a guerra livros, cançõesbet pix 365 com brprotestobet pix 365 com brZeca Afonso e José Mário Branco [dois cantores censurados pelo regime] e começam a contagiar os militaresbet pix 365 com brcarreira”, continua a historiadora.
“Quando estes homens pensaram no golpebet pix 365 com brEstado, e sobretudo no programa, o objetivo era sempre no sentidobet pix 365 com brderrubar a ditadura e democratizar o país, com vista à descolonização, e entregar o poder aos civisbet pix 365 com bruma forma democrática.”
Foi na guerra colonial, longe da propaganda com que o regime inundava o país, que muitos dos militares perceberam que tipobet pix 365 com brconflito existia naqueles territórios.
“A guerra nos ajudou a abrir os olhos para a cegueira do governo, para a situaçãobet pix 365 com brditadura aqui, para a legitimidade da luta do nosso inimigo. Eles é que estavam certos, que lutavam pelabet pix 365 com brindependência, pelabet pix 365 com brautonomia. Nós estávamos do lado errado”, diz o tenente-coronel Vasco Lourenço.
“Eu fui para a guerra convencidobet pix 365 com brque defendia uma parcela do território nacional, a minha pátria. Mas depois, lá, percebi que tínhamos perdido no plano político e que já só fazíamos a guerra pela guerra e que as FA estavam a ser usadas pelo regime para obter uma saída honrosa”, completa o coronel Maia Loureiro.
De golpe militar à revolução
Na madrugada do golpe militar, o primeiro comunicado do MFA pede “aos cidadãos que permaneçambet pix 365 com brsuas casas”. Mas estes, ao ouvirem o comunicado, fizeram exatamente o contrário. Saíram à ruabet pix 365 com brfesta. Vaiaram os líderes do antigo regime, saudaram os militares, uniram-se, mostraram o seu apoio com aplausos e abet pix 365 com brpresença massiva.
Uma dessas pessoas foi Aurora Rodrigues, opositora ao regime, que nessa noite estava na tipografia clandestina do Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado (MRPP) imprimindo comunicados.
Durante anos tinha lutado contra a ditadura, foi presa e torturada, e “agora que o regime tinha acabado ia ficarbet pix 365 com brcasa?” Subiu no primeiro ônibus para Lisboa e quando chegou ao Terreiro do Paço “havia tantas pessoas na rua, tão felizes, que não havia ninguém que fosse capazbet pix 365 com brfazer com que voltassem para casa”.
Aurora acompanhou aquele marbet pix 365 com brgente e assistiu à rendição do governo. “Aquelas pessoas todas... estávamos todos eufóricos, porque o fascismo tinha acabado. Era o fim”.
“Esta adesão popular foi a confirmaçãobet pix 365 com brque estávamos fazendo o que a população queria que fizéssemos e isso nos deu um alento muito grande”, recorda o tenente-coronel Vasco Lourenço.
“Lembro de, no meio da multidão, uma senhora idosa se aproximoubet pix 365 com brmim, com voz trêmula, e me disse ‘muito obrigado pelo que estão fazendo, porque o meu neto já não vai terbet pix 365 com brir para guerra’. E eu fiquei comovido”, diz o coronel Maia Loureiro.
A tudo isto une-se a ausênciabet pix 365 com brrepressão. “Em nenhum momento os militares tentaram impedir as pessoasbet pix 365 com brparticipar no movimento, que é o que muitas vezes acontece”, diz Lourenço.
Foi esta participação popular que transformou o que começou num golpe militar numa revolução.
“Logo no primeiro dia a população veio para as ruas apoiar os militares. E depois sucederam-se as manifestações populares para tudo. Cada dia havia uma manifestação, a primeira foi logo no 1ºbet pix 365 com brmaio, massiva, que mostrava o apoio popular ao golpe”, explica a historiadora Irene Flunser Pimentel.
“E depois, graças à ação popular começaram as ocupaçõesbet pix 365 com brcasas e fábricas... houve um conjuntobet pix 365 com brmobilizações populares que radicalizaram o processo e o transformaram numa revolução.”
É o período do PREC (Período Revolucionário Em Curso). Foram nacionalizados vários setores como o bancário e a indústria pesada. Houve ocupaçõesbet pix 365 com brcasas vazias,bet pix 365 com brfábricas ebet pix 365 com brterras. Desenvolveu-se a reforma agrária.
“A cidadania começava a conquistar direitos: o direito à greve, à liberdadebet pix 365 com brexpressão, à liberdadebet pix 365 com brassociação... tudo isso foi conquistado pela prática diáriabet pix 365 com brum processo revolucionário por parte da população”, analisa Francisco Ruivo.
Ameaças à democracia
Quando Marcelo Caetano se rendeu, o poder recaiu nas mãosbet pix 365 com brgeneral António Spínola. Ele e Costa Gomes tinham sido eleitos pelo MFA para liderar a Juntabet pix 365 com brSalvação Nacional que assumiria o poder no país depois do golpe militar. Costa Gomes foi eleito à frentebet pix 365 com brSpínola, mas as circunstâncias mudaram no dia 25bet pix 365 com brAbril.
“É o próprio Marcelo Caetano que indica que está disposto a entregar o poder a Spínola e por isso ele emerge como líder da Juntabet pix 365 com brSalvação Nacional e é nomeado Presidente da República logo no dia seguinte”, explica Luís Nuno Rodrigues.
As relações entre Antóniobet pix 365 com brSpínola e o MFA sempre foram tensas, nomeadamente pela questão colonial.
Spínola defende uma solução política para a guerra, mas não a descolonização. Abet pix 365 com brresposta ao conflito, publicada no livro Portugal e o futuro,bet pix 365 com brfevereirobet pix 365 com br1974, é uma espéciebet pix 365 com brfederação composta por diversos países.
“Spínola não quis libertar todos os presos políticos, também não acabou imediatamente com a polícia política e defendia que ela deveria continuar enquanto houvesse guerra nas colônias. Aliás, nomeia um novo responsável”, conta Irene Flunser Pimentel.
Quando chega à presidência da República, Spínola pretende centralizar o poder nabet pix 365 com brfigura e tenta afastar o MFA.
“A relação erabet pix 365 com brdesconfiança mútua. Spínola tenta empurrar o MFA para fora da vida política e subverter o programa que tinha sido desenhado, para centralizar o poder nele próprio, o que implicava adiar as eleições sem data definida”, explica Francisco Ruivo.
“E o MFA travou todas estas tentativas e lembrou a Spínola que havia um programa que tembet pix 365 com brser cumprido, que definia um processobet pix 365 com brdemocratização para o país e que o MFA não abriria mão dessa tutela. Spínola viu-se obrigado a reconhecer a independência das colônias portuguesas muito a contra gosto”.
O general haveriabet pix 365 com brtentar usurpar o poderbet pix 365 com brduas ocasiões:bet pix 365 com br28bet pix 365 com brsetembrobet pix 365 com br1974, - uma tentativa frustradabet pix 365 com brdemonstrar o seu poder nas ruas, com uma manifestação a que chamoubet pix 365 com br“maioria silenciosa” – ebet pix 365 com br11bet pix 365 com brMarçobet pix 365 com br1975, quando ensaiou um golpebet pix 365 com brEstado que foi neutralizado rapidamente.
Spínola, que se vira obrigado a demitir depois do ocorridobet pix 365 com br11bet pix 365 com brmarço, fogiu para Espanhabet pix 365 com br28bet pix 365 com brsetembro e, daí, foi para o Brasil.
“O general Spínola tentou novamente conter o processo revolucionário e a democratização do país mas foi derrotado uma vez mais. Começava assim abet pix 365 com brderiva terrorista, com a criação do Movimento Democráticobet pix 365 com brLibertaçãobet pix 365 com brPortugal (MDLP) que durante 1975 e 1976 foi responsável por centenasbet pix 365 com bratentados e duas mortes”, explicou Francisco Ruivo.
Os acontecimentosbet pix 365 com br11bet pix 365 com brMarço levaram à criação do Conselho da Revolução (CR).
“Era uma formabet pix 365 com brinstitucionalizar o MFA,bet pix 365 com brdizer que o Movimento não abdicaria da tutela sobre o processo revolucionário e que iria zelar pela transição democrática”, acrescenta ele.
Depoisbet pix 365 com brtodos os entraves, as primeiras eleições livres e universais, para eleger a Assembleia Constituinte acabariam por acontecer a 25bet pix 365 com brabrilbet pix 365 com br1975, com a participaçãobet pix 365 com br91,7% dos portugueses maioresbet pix 365 com br18 anos.
Nesse mesmo mês, o CR chegaria a acordo com os diferentes partidos políticos, que reconhecembet pix 365 com brlegitimidade para um períodobet pix 365 com brtransiçãobet pix 365 com brtrês a cinco anos, e acabaria por ser extintobet pix 365 com br1982, após a revisão constitucional.
Nesse ano, Portugal viveria uma última ameaça à democracia,bet pix 365 com br25bet pix 365 com brnovembro, num episódio que é, ainda hoje, muito controverso.
Às primeiras horas da manhã, paraquedistas ocuparam seis bases militares. Nesta altura, o MFA estava divido entre duas alas, uma mais à esquerda e umabet pix 365 com brmoderados, o chamado Grupo dos Nove.
“As movimentações são interpretadas pelos moderados como um golpe dos radicaisbet pix 365 com bresquerda”. O Grupo dos Nove, liderado por Vasco Lourenço e Ramalho Eanes, acabou decretando estadobet pix 365 com brsitio e controlou a situação.
“Mas nesta confusão aparecem também setoresbet pix 365 com brdireita que queriam aproveitar as circunstâncias e fortalecer o regime. Jaime Neves, líder dos comandos que liderou as operações nesse dia, disse que eles estavam dispostos a ir além se fosse preciso. E ir além seria provavelmente estabelecer um poder mais forte, prender mais gente da esquerda. E estes movimentos também foram neutralizados”, conta o investigador Francisco Ruivo.
Este episódio marca o fim do processo revolucionário português.
O MFA e o povo
Depois do 25bet pix 365 com brabril, as Forças Armadas ganharam novo fôlego junto à população.
O prestígio, que os oficiais usaram como pretexto para as primeiras reuniões, estava recuperado. “Lembro-mebet pix 365 com brsair às ruas, com o uniformebet pix 365 com brcapitão, e que todos me cumprimentavam. Quando antes quase tínhamos vergonhabet pix 365 com brandar uniformizados”, conta Lourenço.
“Na altura do PREC”, recorda irene Pimentel, “as pessoas recorriam ao MFA para tudo. Se tinham um problema não iam à polícia, recorriam aos militares”.
A ligação foi se atenuando com os anos, mas um estudobet pix 365 com bropinião divulgadobet pix 365 com br2021, feitobet pix 365 com brconjunto pelo Institutobet pix 365 com brDefesa Nacional, a Direção Geralbet pix 365 com brRecursos da Defesa Nacional, o Institutobet pix 365 com brCiências Sociais da Universidadebet pix 365 com brLisboa e o Instituto Portuguêsbet pix 365 com brRelações Internacionais, revelou que os portugueses ainda confiambet pix 365 com brforma ampla nas suas Forças Armadas.
Maisbet pix 365 com br73% dos inquiridos disseram ter “muita ou total” confiança nas Forças Armadas e só 4% disseram ter “pouca ou nenhuma”.
Uma confiança que começou a ser forjada naquele 25bet pix 365 com brabril, quando os militares saíram às ruas e, acompanhados pela população, transformaram um golpe militar na Revolução dos Cravos.