Inferno no circo: o diaroleta para verdade ou desafioque o Brasil assistiu ao pior incêndioroleta para verdade ou desafiosua história:roleta para verdade ou desafio
Para ajudar na montagem, o dono do circo, o gaúcho Danilo Stevanovich, contratou 50 operários. Depoisroleta para verdade ou desafioarmado, o Gran Circo ocupou um diâmetroroleta para verdade ou desafio50 metrosroleta para verdade ou desafioum terreno baldio que, aos sábados e domingos, serviaroleta para verdade ou desafiocamporoleta para verdade ou desafiofutebol improvisado para a garotada da vizinhança. O circo estreouroleta para verdade ou desafioNiterói na noiteroleta para verdade ou desafio15roleta para verdade ou desafiodezembro, uma sexta-feira, com lotação esgotada.
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Quem é Cardi B?
Cardi B, nome artístico roleta para verdade ou desafio Belcalis Marlenis Almánzar, é uma rapper estadunidense nascida e criada no Bronx, Nova York, com ascendência dominicana e trinitária ({nn}). Aos 19 anos, começou sua carreira como dançarina roleta para verdade ou desafio striptease, mas tornou-se uma sensação na internet com seu humor e sua personalidade sincera e franca roleta para verdade ou desafio {k0} 2013 ({nn}). A artista lançou seu primeiro álbum roleta para verdade ou desafio estúdio, "Invasion of Privacy", roleta para verdade ou desafio {k0} 2024 e tornou-se uma das mais bem-sucedidas raperas femininas roleta para verdade ou desafio todos os tempos.
Dois Fiers Pais e Dois Filhos Adoráveis
A rapper foi casada com Offset, membro do grupo Migos, por cinco anos, e eles têm dois filhos: Kulture Kiari Cephus, roleta para verdade ou desafio 5 anos, e Wave Set Cephus, roleta para verdade ou desafio 2 anos ({nn}). Cardi B e Offset frequentemente compartilham fotos charmosas roleta para verdade ou desafio seus filhos e momentos roleta para verdade ou desafio {k0} família nas redes sociais, demonstrando um forte vínculo como família e como parceiros.
Cardi B: O Alcance e Impacto na Música
Cardi B ganhou fama estadunidense e internacional após o lançamento dos singles "Bodak Yellow" e "I Like It". Ela é reconhecida como uma das raperas mais bem-sucedidas da música atual, ganhando prêmios como "Artista Revelação" nos Grammy Awards, além roleta para verdade ou desafio receber constantes indicações ao prêmio ({nn}).
Ano
Realização
2024
"Bodak Yellow" chegou a nº 1 na parada Billboard
2024
Invasion of Privacy ganhou um Grammy roleta para verdade ou desafio "Melhor Álbum roleta para verdade ou desafio Rap"
2024
"WAP" atingiu o topo da parada Billboard Hot 100.
Meios Inovadores e Conquistas Não Conhecidas
Significado Cultural e Contribuições
Além roleta para verdade ou desafio seu talento inegável, Cardi B ganhou avassidamente adeptos ao longo dos anos se mostrando autêntica, admirável și sincera en sus postas roleta para verdade ou desafio {k0} las redes y durante las entrevistas, en todo el mundo.
Suas letras, espontaniedade y forma cativante roleta para verdade ou desafio presentar sua persona se tornaram uma poderosa ferramenta num mundo dove demasiadas celebridades son meras figuras representativas ou assemelham-se androides.
Cardi B habilmente levantou as questões da força feminina, roleta para verdade ou desafio ser preta, roleta para verdade ou desafio falar pelas minorias, e roleta para verdade ou desafio aceitação roleta para verdade ou desafio {k0} sua vida e no entretenimento estrangeiro ({nn})
Aluna do Colégio Maria Tereza,roleta para verdade ou desafioSão Domingos, Maria José voltava para casaroleta para verdade ou desafioTribobó, São Gonçalo, quando, na avenida Feliciano Sodré, viu, pela janela do ônibus, o desfileroleta para verdade ou desafioalguns dos 40 artistas do circo, entre palhaços, trapezistas e domadores, e dos seus 150 animais, como leões, girafas e elefantes, pelas ruasroleta para verdade ou desafioNiterói. “Fiquei doida!”, resume a hoje professora aposentada, com 73 anos.
Ela e a afilhadaroleta para verdade ou desafiosua mãe conseguiram comprar os últimos ingressos para a matinêroleta para verdade ou desafiosábado, que começava às duas e meia da tarde. O circo tinha capacidade para 3,4 mil espectadores, divididos por nove arquibancadas, 800 cadeiras e 25 camarotes.
Cada uma das 10 sessões do Gran Circoroleta para verdade ou desafioNiterói começava com um númeroroleta para verdade ou desafiodomadoresroleta para verdade ou desafioleões e terminava com outroroleta para verdade ou desafiotrapézio.
Foi um dos integrantes dos Flying Santiago, aliás, a primeira pessoa a gritar “Fogo!” naquela tarde calorentaroleta para verdade ou desafio17roleta para verdade ou desafiodezembro.
A trapezista Nena, nome artísticoroleta para verdade ou desafioAntonietta Stevanovich, irmãroleta para verdade ou desafioDanilo, tinha acabadoroleta para verdade ou desafiofazer seu número quando avistou, por volta das quatro e vinte da tarde, as primeiras labaredas, a cercaroleta para verdade ou desafio20 metros da entrada principal. O fogo começou na parteroleta para verdade ou desafiobaixo da lona. Ela e os outros dois trapezistas, Santiago Grotto e Vicente Sanches, conseguiram escapar ilesos pela porta dos fundos.
Maria José não teve a mesma sorte. Na confusão, a menina se perdeu da afilhadaroleta para verdade ou desafiosua mãe. Sozinha, foi empurrada pela multidão e pisoteada. Conseguiu se levantar com dificuldade. Mas, quando se preparava para sair correndo, alguém pisou na sandáliaroleta para verdade ou desafioborracha que ganhouroleta para verdade ou desafiopresente da mãe e levou outro estabaco.
“Caí por cimaroleta para verdade ou desafiovárias pessoas. E várias pessoas caíram por cimaroleta para verdade ou desafiomim. Caí e ali fiquei, sem conseguir me levantar. Tudo o que eu conseguia fazer era pedir a Deus para me tirar dali. Até hoje, não sei como consegui”, recorda Maria José que, sob o nome artísticoroleta para verdade ou desafioZezé Pedroza, contouroleta para verdade ou desafiohistória no romance Vidasroleta para verdade ou desafioChamas (Editora Viseu, 2016), dedicado àroleta para verdade ou desafiomãe e ao cirurgião plástico que a operou, Jacy Contiroleta para verdade ou desafioAlvarenga.
Enquanto os trapezistas corriam para a porta dos fundos, Semba, uma das cinco elefantas indianas da trupe, abria um gigantesco rasgo na lona. Minutos antes, ela e suas irmãs – Jane, Lisa, Yoga e Mary – divertiram o público, jogando bola, dançando valsa e levantando as patas.
No entanto, ao ouvir o gritoroleta para verdade ou desafiofogo, o paquidermeroleta para verdade ou desafioquatro toneladas fugiuroleta para verdade ou desafiodebandada e deixou um rastroroleta para verdade ou desafioadmiração e cólera.
“Herói para uns, porque abriu espaço por onde muitos passaram, vilão para outros, porque provocou mortesroleta para verdade ou desafioseu caminho”, descreve o jornalista Mauro Venturaroleta para verdade ou desafioO Espetáculo Mais Triste da Terra — O Incêndio do Gran Circo Norte-Americano (Companhia das Letras, 2011).
'Corredor da morte'
Na hora do “salve-se quem puder”, poucos conseguiram fugir pela porta dos fundos — apesarroleta para verdade ou desafiolarga, era escondida por uma cortina —, outros tantos pegaram carona na fuga alucinadaroleta para verdade ou desafioSemba.
A maioria tentou sair por onde entrou. Para chegar sãos e salvos do ladoroleta para verdade ou desafiofora, tinham que atravessar um túnelroleta para verdade ou desafiotreze metrosroleta para verdade ou desafiocomprimento por quase quatroroleta para verdade ou desafiolargura. No caminho, dois gradisroleta para verdade ou desafioferro usados para facilitar a entrada do público dificultavamroleta para verdade ou desafiofuga. Perto do fim da sessão, seriam retirados. Mas, com o incêndio, ninguém se lembrou disso. Conclusão: o tal túnel ganhou o macabro apelidoroleta para verdade ou desafio“corredor da morte”.
Ao longoroleta para verdade ou desafiodois anos, Ventura entrevistou dezenasroleta para verdade ou desafiopessoas, entre sobreviventes, familiares, médicos, voluntários e escoteiros.
Das muitas dificuldades que enfrentou, destaca três: ninguém queria dar entrevista (“O trauma foi tão grande que as pessoas preferiam evitar o tema”), as memórias vinham embaralhadas (“Eram muitas as contradições. Muita gente confundia a data e o local da tragédia”) e documentos importantes se perderam (“A começar pelo processo judicial, que simplesmente desapareceu”).
“Caso estivesse fazendo o livro hoje, a principal dificuldade seria a ausênciaroleta para verdade ou desafiofontes. Os principais entrevistados morreramroleta para verdade ou desafio2009 para cá”, lamenta.
'Ainda tenho muito o que viver'
Um dos relatos mais emocionantes foi oroleta para verdade ou desafioLenir Ferreiraroleta para verdade ou desafioQueiroz Siqueira. Na tragédia, ela perdeu o marido, Wilson, e os filhos, Regina e Roberto,roleta para verdade ou desafiotrês anos e meio e dois, respectivamente. Perdeu também os gêmeos que esperava.
“Ele me convenceu a ir porque a girafa era ‘xará’roleta para verdade ou desafionossa filha”, contou Lenir ao programa Linha Direta Justiça: O Incêndio do Gran Circus Norte-Americano, exibido pela TV Globoroleta para verdade ou desafio29roleta para verdade ou desafiojunhoroleta para verdade ou desafio2006.
No hospital, Lenir não foi reconhecida sequer pela mãe. Maria Benigna só se convenceuroleta para verdade ou desafioque aquela paciente eraroleta para verdade ou desafiofilha quando ouviu seu murmúrio: “Mamãe”. “Nossa Senhora! É ela mesma”, espantou-se.
O incêndio do Gran Circo durou apenas 10 minutos. Mas deixou, segundo estimativas oficiais, 503 mortos — seteroleta para verdade ou desafiocada dez eram crianças.
“Jamais tantos brasileiros morreramroleta para verdade ou desafiotão pouco tempo e no mesmo lugar”, afirma Ventura.
O incêndio da Boate Kiss,roleta para verdade ou desafio27roleta para verdade ou desafiojaneiroroleta para verdade ou desafio2013, registrou 242 vítimas fatais e do edifício Joelma,roleta para verdade ou desafio1ºroleta para verdade ou desafiofevereiroroleta para verdade ou desafio1974, 188.
A exemplo do que acontecera com a mãeroleta para verdade ou desafioLenir, parentes e amigos tinham dificuldade para reconhecer seus mortos e feridos. De tão carbonizado, Wilson, o maridoroleta para verdade ou desafioLenir, só foi identificado pela aliança. No verso dela, o nome da esposa.
Quando todos imaginavam que aquele pesadelo não poderia piorar, o que restava da lonaroleta para verdade ou desafioalgodão parafinado despencou,roleta para verdade ou desafiochamas, sobre a multidão. Na ânsiaroleta para verdade ou desafioproteger o rosto, muitos sofreram queimadurasroleta para verdade ou desafioterceiro grau nas mãos e nos braços.
Durante o resgate, voluntários quiseram levantar o toldo, mas foram impedidos por bombeiros. A manobra poderia arrancar a pele das vítimas incineradas. Lenir só conseguiu ser resgatada dos escombros porque ouviu um bombeiro gritar: “Quem estiver vivo faça algum movimento ou dê algum sinal!”.
Lenir Siqueira entrou e saiu do coma várias vezes, recebeu o sacramento da extrema-unção no leito do hospital e permaneceu por nove meses internada no Hospital Municipal Antônio Pedro (HMAP). Deixou a unidade no dia 8roleta para verdade ou desafiosetembroroleta para verdade ou desafio1962.
“Apesarroleta para verdade ou desafiotudo pelo que passou, achava que existiam dois caminhos: o da lamentação e o do sorriso. Optou pelo segundo. ‘Tenho que falar bobagem para os outros rirem’, costumava dizer. Quando enfrentava algum problemaroleta para verdade ou desafiosaúde, sequela do incêndio, dava broncaroleta para verdade ou desafioSanto Antônio: ‘Não me leva, não. Ainda tenho muito o que viver’”, relata o jornalista.
Lenir morreuroleta para verdade ou desafio2018, aos 81 anos.
'Gentileza gera gentileza'
O livroroleta para verdade ou desafioMauro Ventura também desfaz algumas lendas urbanas. Uma delas afirma que as feras do circo teriam escapado das jaulas e estariam devorando crianças pelas ruasroleta para verdade ou desafioNiterói.
A mais famosa, porém, faz alusão ao Profeta Gentileza (1916-1996). Dizia que o empresário José Datrino, donoroleta para verdade ou desafiouma pequena empresaroleta para verdade ou desafiocargas, teria se transformadoroleta para verdade ou desafiopregador depoisroleta para verdade ou desafioperder a família no incêndio. Nada disso. Por ocasião da tragédia, alega ter recebido uma “revelação” que o levou a trocarroleta para verdade ou desafiovida material por outra, espiritual. A bordoroleta para verdade ou desafioum caminhão, seguiu para o local da tragédia. Lá, permaneceu por quatro anos, consolando as famílias das vítimas.
“Desde os 12 anos, José Datrino sabia que, um dia, teria que cumprir uma missão na Terra”, diz Leonardo Guelman, doutorroleta para verdade ou desafioLiteratura Comparada pela UFF e autorroleta para verdade ou desafioUnivvverrsso Gentileza (Mundo das Ideias, 2008). “O incêndio do circo foi o episódio que deflagrou essa transformação interior. Para Gentileza, o circo era a representação do mundo. A lona circense corresponderia à abóbada celeste”.
Com barba e cabelos grandes e vestindo bata branca, o andarilho eternizou versos como “Gentileza gera gentileza” nas 56 pilastras do viaduto do Gasômetro, no Centro do Rio. Ganhou homenagens musicaisroleta para verdade ou desafioGonzaguinha (1945-1991) e Marisa Monte.
Gentileza morreuroleta para verdade ou desafio28roleta para verdade ou desafiomaioroleta para verdade ou desafio1996, aos 79 anos, na cidaderoleta para verdade ou desafioMirandópolis (SP), a 594 km da capital.
Queimadurasroleta para verdade ou desafio90% do corpo
O númeroroleta para verdade ou desafiomortos no incêndio foi tão grande que o então governador do Rio, Celso Peçanha (1916-2016), convocou todos os marceneirosroleta para verdade ou desafioNiterói para fabricarem quatrocentos caixões.
O estádio Caio Martins, com capacidade para 12 mil torcedores, foi transformadoroleta para verdade ou desafiouma imensa oficinaroleta para verdade ou desafiocarpintaria. Se faltavam caixões para inúmeros cadáveres, também faltavam sepulturas para incontáveis enterros.
O prefeitoroleta para verdade ou desafioNiterói, Dalmo Oberlaender, resolveu criar um anexo ao Cemitério do Maruí, no Barreto. Chamou 300 funcionários da prefeitura para abrir novas covas no alto do morro. Até 50 presos, todos com bom comportamento, foram deslocados para o trabalho. Até onde se sabe, ninguém tentou fugir.
Do ladoroleta para verdade ou desafiofora do circo, também faltavam ambulâncias para tantos feridos. Muitos foram socorridosroleta para verdade ou desafiotáxis, ônibus e caminhões. Até um carrinhoroleta para verdade ou desafiopicolé foi usado na remoçãoroleta para verdade ou desafiouma criança. Mas, para a tristeza do vendedor da Kibon, morreu a caminho do hospital.
Nas unidades superlotadas, as vítimas esperavam por atendimento médicoroleta para verdade ou desafiotodo e qualquer canto: deitadas nos corredores, sentadas no chão, estiradas nas macas... “Perdi maisroleta para verdade ou desafio60 crianças. Não conseguia socorrer a todas ao mesmo tempo”, lamenta o cirurgião plástico Ronaldo Pontes,roleta para verdade ou desafio90 anos, que dava plantão no Hospital Pediátrico Getúlio Vargas Filho, o Getulinho, no Fonseca.
“Fiquei duas semanas sem voltar para casa, trabalhando sem parar”.
Quem também emendou plantões foi o clínico geral Waldenir Bragança. Até pensouroleta para verdade ou desafiolevar os filhos mais velhos ao circo, mas uma reuniãoroleta para verdade ou desafioúltima horaroleta para verdade ou desafioAraruama, na Região dos Lagos, o obrigou a refazer seus planos.
Na volta para casa, levou um susto ao se deparar com o caos pelas ruas. Como o Hospital Antônio Pedro, o maiorroleta para verdade ou desafioNiterói, estavaroleta para verdade ou desafiogreve, Bragança correu para o Hospital Psiquiátricoroleta para verdade ou desafioJurujuba.
“Encontrei um antigo colegaroleta para verdade ou desafioginásio entre as vítimas”, relata, aos 92 anos. “Já estava sem visão, com os olhos e parte do corpo queimados. Chamou meu nome, apliquei uma injeção nele e, logoroleta para verdade ou desafioseguida, morreu”.
Maria José foi levada para o Hospital Orêncioroleta para verdade ou desafioFreitas (HOF), no Barreto,roleta para verdade ou desafioNiterói. “Sofri queimadurasroleta para verdade ou desafioterceiro grauroleta para verdade ou desafio90% do corpo”, relata.
Quando completou 12 anos, no dia 25roleta para verdade ou desafiodezembroroleta para verdade ou desafio1961, estavaroleta para verdade ou desafiocoma. Passou quase um mês inconsciente. Foi submetida a 15 cirurgias plásticas e a oito enxertosroleta para verdade ou desafiopele. Recebeu altaroleta para verdade ou desafiojulhoroleta para verdade ou desafio1962, sete meses depois da tragédia.
Dona Arlete entrou na Justiçaroleta para verdade ou desafio1962. Mas, o processo, a exemplo do que acontecera com outros documentos importantes, como os registros dos hospitais e dos cemitérios, desapareceu. Até hoje, Maria José não recebeu um centavoroleta para verdade ou desafioindenização. No entanto, ingressou com uma ação no Tribunal Internacionalroleta para verdade ou desafioHaia por crime contra a humanidade.
'Monstro incendiário' ou bode expiatório?
A suspeita da polícia recaiu sobre Adilson Marcelino Alves, o Dequinha, um dos 50 operários contratados por Stevanovich para ajudar na montagem do circo.
Denunciado por um funcionário, Maciel Felizardo, foi preso e interrogado. Em seu depoimento à polícia, confessou ter ateado fogo à lona. “Se eu soubesse que ia morrer tanta gente, não teria feito o que fiz”, declarou o rapaz.
Foi condenado a 16 anosroleta para verdade ou desafioprisão. Seus cúmplices, Walter Rosa dos Santos, o Bigode, e José dos Santos, o Pardal, também cumpriram penas —roleta para verdade ou desafio16 e 14 anos, respectivamente. Dequinha escapouroleta para verdade ou desafio26roleta para verdade ou desafiojaneiroroleta para verdade ou desafio1973. Foi morto a tiros, menosroleta para verdade ou desafiouma semana depois. Está enterrado no mesmo cemitério construído às pressas para as vítimas da tragédia.
Ainda hoje, a causa do incêndio divide opiniões.
“Para uns, Dequinha era um ‘monstro incendiário’. Para outros, um bode expiatório. Afinal, interessava às autoridades encontrar logo o culpado”, explica Ventura.
Há quem acredite na hipóteseroleta para verdade ou desafioacidente. Neste caso, a versão mais provável é aroleta para verdade ou desafiocurto-circuito.
“O que mais me chamou a atenção foi a ausênciaroleta para verdade ou desafiofiscalização”, observa a historiadora Ana Maria Mauad, do Laboratórioroleta para verdade ou desafioHistória Oral e Imagem (LABHOI) da Universidade Federal Fluminense (UFF). “Deixaram instalar um circo para maisroleta para verdade ou desafio500 pessoas com lona altamente inflamável e sem controleroleta para verdade ou desafiosegurança das instalações elétricas”.
“O caso levou à condenaçãoroleta para verdade ou desafioum jovemroleta para verdade ou desafioorigem pobre e com deficiência mental, que mesmo as vítimas não acreditam ter sido capazroleta para verdade ou desafiorealizar o ato”, endossa o historiador Paulo Knauss, do LABHOI-UFF.
Não foi o primeiro circo da família Stevanovich a pegar fogo. O Bufallo Bill e o Shangri-lá também foram destruídos pelas chamas,roleta para verdade ou desafio1951 e 1952, ambos no Rioroleta para verdade ou desafioJaneiro.
Danilo morreuroleta para verdade ou desafio2001. Mas, o Gran Circo, rebatizadoroleta para verdade ou desafioLe Cirque, continuaroleta para verdade ou desafioatividade, sob a direçãoroleta para verdade ou desafioGeorge Stevanovich, sobrinhoroleta para verdade ou desafioDanilo.
O incêndio no Gran Circo gerou uma comoção internacional.
O papa João 23 (1881-1963) mandou rezar uma missaroleta para verdade ou desafiohomenagem às vítimas. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) doou a quantiaroleta para verdade ou desafio1 milhãoroleta para verdade ou desafiocruzeiros. E o Santosroleta para verdade ou desafioPelé (1940-2022) e o Botafogoroleta para verdade ou desafioGarrincha (1933-1983) fizeram uma partida beneficenteroleta para verdade ou desafiopleno Maracanã.
Por outro lado, provocou um trauma sem precedentes. Niterói só voltou a assistir a um espetáculo do gêneroroleta para verdade ou desafio1975. Mas, ao contrário do Gran Circo, o Hagenback tinha lona italiana à provaroleta para verdade ou desafiofogo, seis saídasroleta para verdade ou desafioemergência e numerosos extintoresroleta para verdade ou desafioincêndio.
Muitos moradores ainda passam mal ao entrarroleta para verdade ou desafioambientes fechados, evitam frequentar lugares abarrotadosroleta para verdade ou desafiogente ou deixaramroleta para verdade ou desafiocomer churrasco por causa do cheiroroleta para verdade ou desafiocarne queimada.
É o casoroleta para verdade ou desafioCézar Teixeira Honorato,roleta para verdade ou desafio69 anos. “O maior impacto talvez seja oroleta para verdade ou desafionão conseguir, passado tanto tempo, ir a um circo”, diz.
O professorroleta para verdade ou desafioHistória Econômica e Social da UFF não foi à matinê porque seu pai deixou para comprar os ingressos na hora da sessão.
“Naquele domingo, almoçamos na casa dos meus avós. Ao voltarroleta para verdade ou desafiobonde, soubemos do incêndio e seguimos direto para casa. Como morávamos ali perto, pudemos ver toda a tragédia”, relata Cézar.
O terreno que,roleta para verdade ou desafio1961, abrigou o Gran Circo cedeu lugar, sete anos depois, à Policlínica Militarroleta para verdade ou desafioNiterói.