Por que aplaudimos?:poker online a dinheiro real

Por isso, nesta manhã, pedi à minha filha para ligar o cronômetro e comecei a bater palmas.

"Por que estamos fazendo isso, papai?", perguntou ela enquanto o tempo passava. Sem saber o que responder, só consegui murmurar: "É para a ciência."

Sessenta segundos se passaram e tudo corria bem. "É fácil", pensei eu. "Eu poderia fazer isso para sempre!"

Logo comecei a fazer questionamentos – minhas escolhaspoker online a dinheiro realvida, como cheguei até aqui – mas o principal deles era: afinal, por que nós aplaudimos?

Por que as pessoas começaram a bater palmas para demonstrar seu reconhecimento? Outros animais fazem o mesmo? E por que nós – e mesmo o públicopoker online a dinheiro realCannes – não fazemos outra coisa, como buzinar, assobiar ou estalar os dedos?

O Homo sapiens provavelmente começou a bater palmas no início da história da espécie, segundo o psicólogo Alan Crawleypoker online a dinheiro realum estudo das pesquisas sobre o tema,poker online a dinheiro real2023.

Nossos ancestrais primatas não tinham filmes para assistir na tela grande. Mas, na ausência da linguagem falada, talvez eles tenham percebido que poderiam usar aquele som para indicar a presençapoker online a dinheiro realpredadores, intimidar oponentes, brincar ou chamar a atenção para certas oportunidades.

Nos dias atuais, já foram observados alguns primatas batendo palmas para chamar a atenção dos companheiros ou se comunicar por longas distâncias. E as focas-cinzentas selvagens fazem o mesmo debaixo d'água, para demonstrarpoker online a dinheiro realforça e dominância aos parceiros.

Dois minutos depois...

... o meu experimento com palmas chamou a atenção do meu cachorro. Foi ali que percebi que seus membros não têm a orientação suficiente para aplaudir.

Se eu falasse a língua dos cães, poderia explicar para ele que estou conduzindo um estudo importante das normas socioculturais humanas, mas não consigo – e ele começou a latir para mim.

Não se sabe ao certo quando as pessoas começaram a bater palmas para mostrar seu reconhecimento. O aplauso é mencionado algumas vezes na Bíblia, como demonstraçãopoker online a dinheiro realalegria ou adoração. E os antigos egípcios também podem ter tido o hábitopoker online a dinheiro realaplaudir.

Mas o costumepoker online a dinheiro realter multidões aplaudindo discursos ou peças teatrais parece ter decolado mesmo na Roma Antiga. Lá, as peçaspoker online a dinheiro realteatro incluíam, no final das cenas, a palavra "plaudite", que deu origem ao termo "aplauso".

Por que batemos palmas e como os aplausos se tornaram sinalpoker online a dinheiro realreconhecimento?

Para os líderes romanos, os aplausos também eram uma avaliação audível dapoker online a dinheiro realpopularidade, similar a uma pesquisapoker online a dinheiro realaprovação ou às curtidas nas redes sociais.

Alguns deles chegavam a pagar para que os aplausos fossem maiores. Nero teria desembolsado dinheiro para que 5 mil soldados o aplaudissem nas suas aparições públicas.

Os aplausos contratados retornariam no século 16, quando um poeta francês ofereceu ingressos gratuitos para membros do públicopoker online a dinheiro realtrocapoker online a dinheiro realfortes aplausos. E, ao longo dos dois séculos seguintes, claques remuneradas compareceriam às apresentações na França para comandar as ovações.

Quatro minutos depois...

... ainda estou questionando o que faço para viver. Minhas mãos doem e me arrependopoker online a dinheiro realnão ter tirado a aliançapoker online a dinheiro realcasamento.

Lembro-mepoker online a dinheiro realcomo a atriz Nicole Kidman, certa vez, foi ridicularizada por aplaudir como uma foca nas cerimôniaspoker online a dinheiro realentrega do Oscar. Ela explicou que era para evitar bater os anéis que estavam nos seus dedos. Boa ideia!

Aplaudir é fácil. Estudos observacionais indicam que os bebês só adquirem coordenação suficiente para bater palmas no final do seu primeiro anopoker online a dinheiro realvida. Mas as crianças conseguem aplaudir com facilidade.

Isso pode explicar a presença dos aplausospoker online a dinheiro realdiversas culturas, especialmentepoker online a dinheiro realcomparação com ações mais difíceis – como estalar os dedos, que é o método preferido pelo públicopoker online a dinheiro realleiturapoker online a dinheiro realpoesia.

Os aplausos também geram um barulho bastante alto, com pouco esforço.

"Bater palmas é, por excelência, o sinal não vocal com maior volume acústico... e uma ação simples, rápida e eficaz", comenta Crawley. Você pode baterpoker online a dinheiro realmão contra outra parte do corpo, como suas coxas, mas a relação esforço-ruído é menor.

Por fim, aplaudir talvez seja socialmente mais aceitável do que gritar ou buzinar. As apresentaçõespoker online a dinheiro realópera podem tolerar comportamentos deselegantes – como gritospoker online a dinheiro real"bravo" – mas o aplauso traz flexibilidade por ser leve e polido, mas também empolgado e demorado.

Este movimento também permite variantes como o aplauso do golfe – batendo os dedos sobre a palma –, que foi criado para demonstrar reconhecimentopoker online a dinheiro realforma mais silenciosa, para não distrair os jogadores.

Cinco minutos depois...

... minha mente está divagando. Aparentemente, foi mais ou menos neste ponto que o ator Adam Driver acendeu um cigarro durante longos aplausospoker online a dinheiro realCannes,poker online a dinheiro real2021.

Prefiro não fazer o mesmo. Afinal, aplaudir e fumar ao mesmo tempo é perigoso.

Pesquisadores indicaram que aplaudir também pode demonstrar mais do que reconhecimento. Em alguns casos, os aplausos permitem que o público marque coletivamente determinadas transições ao longopoker online a dinheiro realum evento: "o hino nacional terminou, vamos agora ao esporte", por exemplo.

Fundamentalmente, aplaudir pode fortalecer os laços sociais.

Durante os lockdowns da pandemia, os aplausos programadospoker online a dinheiro realcertos horários do dia no Reino Unido pretendiam inicialmente demonstrar reconhecimento aos profissionaispoker online a dinheiro realsaúde. Mas as palmas certamente também reuniram as pessoaspoker online a dinheiro realum momentopoker online a dinheiro realseparação forçada, com um atopoker online a dinheiro realcelebração, pertencimento e unidade.

Mas,poker online a dinheiro realalguns casos, os aplausos são socialmente reprovados. No Reino Unido, por exemplo, os aplausos são dispensados na Câmara dos Comuns – e pobrepoker online a dinheiro realquem aplaudir entre os movimentospoker online a dinheiro realum concertopoker online a dinheiro realmúsica erudita.

Sete minutos depois...

... minha filha se cansou. "Volto mais tarde", diz ela, e sai da sala. "Espere!", grito eu, mas ela já se foi.

Há quem diga que o sompoker online a dinheiro realuma mão batendo palmas se chama silêncio. Quando há duas mãos, seu nome é solidão.

O aplauso tem um elementopoker online a dinheiro realcontágio social. Qualquer pessoa que já tenha feito partepoker online a dinheiro realuma multidão sabe que poucas pessoas aplaudindo, às vezes, levam toda a plateia a imitar seu comportamento.

"Às vezes, as pessoas batem palmas porque querem enviar uma mensagem", escreve Crawley. "Em outros momentos, as pessoas podem aplaudir não por decisão própria, mas por pressão social."

Em 2013, uma equipe liderada por Richard Mann, da Universidadepoker online a dinheiro realUppsala (Suécia), na época, observou esta ocorrência após palestras acadêmicas. Eles descobriram que o início dos aplausos costuma seguir padrões similares à propagaçãopoker online a dinheiro realdoenças.

Mas, então, por que nós aplaudimos? A resposta,poker online a dinheiro realresumo, parece ser: aplaudir é a forma mais eficazpoker online a dinheiro realfazer muito barulho, demonstrar nosso reconhecimento e fortalecer os laços sociais decorrentes da apreciação conjuntapoker online a dinheiro realalgo.

E sobre os aplausos hiperlongos, como ospoker online a dinheiro realCannes? Por que não aplaudimos apenas por um ou dois minutos?

Em 2013, Mann contou à BBC News que a duração dos aplausos não é proporcional à qualidade da apresentação.

"Você tem essa pressão social para começar [a aplaudir], mas, depois que começou, existe outra pressão social igualmente forte para não parar, até que alguém pare primeiro."

Aplicando esta conclusão aos aplausos surpreendentemente longospoker online a dinheiro realCannes, a conclusão seria que ninguém na sala quer ser visto – ou, na era das redes sociais, filmado – como o primeiro a pararpoker online a dinheiro realaplaudir.

Maispoker online a dinheiro real10 minutos depois...

... e o som se torna algo estranho e abstrato. É como se minhas mãos pertencessem a outra pessoa.

Fico imaginando o públicopoker online a dinheiro realCannes, que chegou a 22 minutospoker online a dinheiro real2006, e me pergunto o que eles teriam sentido. Será que eles cogitaram prosseguir indefinidamente até a morte? Terão eles atingido algum grau superiorpoker online a dinheiro realconsciência?

Eu nunca descobri. Decidi parar antespoker online a dinheiro realcriar lesões nas mãos, já que precisava escrever esta reportagem.

Ainda assim, termino meu experimento sabendo que bati palmas continuamente por mais tempo do que nunca. Minha filha pode não ter se impressionado, mas o meu feito certamente merecia aplausos.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Innovation.