Jurosbetfair psgqueda: quando efeito chega no crédito para o consumidor?:betfair psg

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Copom reduziu a taxabetfair psgjurosbetfair psg0,50 p.p., primeiro corte desde agostobetfair psg2020

A taxa básicabetfair psgjuros é o principal instrumento usado pelo Banco Central para controlar a inflação, ao influenciar o nívelbetfair psgtodas as demais taxas praticadas no mercado.

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Quando os juros sobem, fica mais caro para famílias e empresas emprestarem dinheiro para consumir e investir. Quando os juros caem, como agora, é esperado efeito contrário.

A expectativa dos analistas ébetfair psgque a Selic seja reduzida gradualmente ao longo dos próximos meses, chegando a 12% ao fim deste ano, 9,25%betfair psgdezembrobetfair psg2024 e 8,75%betfair psg2025 e 8,5%betfair psg2026, segundo expectativas colhidas pelo boletim Focus do Banco Central.

Mas como esse queda dos juros deve afetar as principais modalidadesbetfair psgcrédito usadas pelos consumidores brasileiros, como cartãobetfair psgcrédito, cheque especial e empréstimos pessoais?

O financiamento habitacional pode ficar mais barato?

E por que, mesmo após dois anosbetfair psgquedas esperados à frente, a Selic não deve ir muito abaixo dos 10%, mantendo o nívelbetfair psgjuros do país elevado?

Ouvimos cinco especialistas e trazemos todas essas informações.

Como a queda da Selic vai afetar o crédito

A Anefac (Associação Nacional dos Executivosbetfair psgFinanças, Administração e Contabilidade) calcula o efeito do cortebetfair psg0,50 p.p. na Selic sobre as principais modalidadesbetfair psgcrédito usadas pelos brasileiros: compras parceladas no varejo, cartãobetfair psgcrédito, cheque especial, CDC (Crédito Direto ao Consumidor) para comprabetfair psgveículos e empréstimo pessoalbetfair psgbancos e financeiras.

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"O impacto imediato é muito pequeno", resume Miguel José Ribeirobetfair psgOliveira, diretor executivobetfair psgEstudos e Pesquisas Econômicas da Anefac.

Segundo Oliveira, isso ocorre porque existe uma diferençabetfair psgmagnitude muito grande entre a Selic e as taxasbetfair psgjuros cobradas aos consumidores.

Quando a Selic estavabetfair psg13,75% ao ano, a taxa médiabetfair psgjuros nas operaçõesbetfair psgcrédito mais comuns estavabetfair psg126,2% ao anobetfair psgjulho, segundo a Anefac.

Agora, com a Selic indo a 13,25%, a expectativa ébetfair psgque essa taxa média recue para 125,2%, uma variação quase insignificante, observa o especialista.

O economista explica que as taxasbetfair psgjuros praticadas no mercado são compostas por cinco gruposbetfair psgcustos:

  • a Selic, que determina quanto o dinheiro custa para o banco;
  • a chamada "cunha fiscal", que são impostos compulsórios embutidos nas taxasbetfair psgjuros;
  • as despesas administrativas, que são os custos dos bancos com processos, agências, funcionários, entre outros;
  • o riscobetfair psginadimplência, que é a parcela dos empréstimos que o banco espera não receberbetfair psgvolta;
  • a margem líquida do banco, que é o lucro da instituição com a operação.

"O simples fatobetfair psgque o Banco Central baixou a Selic não significa que as taxasbetfair psgjuros vão cair imediatamente", observa Oliveira, diante dos diversos itens que compõem os jurosbetfair psgmercado.

O riscobetfair psgcrédito é um dos fatores que deve segurar a queda dos jurosbetfair psgmercado neste momento, considera o diretor da Anefac.

No crédito corporativo, ele cita as entradasbetfair psgrecuperação judicialbetfair psggrandes empresas como Americanas, Grupo Petrópolis e Oi (que recorreu à proteção contra credores pela segunda vezbetfair psgsete anos) como fatores que impactaram o balanço dos bancos e aumentaram o volumebetfair psgprovisões para inadimplência – o que se reflete nas taxasbetfair psgjuros e na ofertabetfair psgcrédito.

Além disso, o elevado endividamento e inadimplência das famílias também mantém a percepçãobetfair psgrisco elevada para pessoas físicas, embora esses indicadores devam melhorar nos próximos meses, com os efeitos do programa Desenrola,betfair psgnegociaçõesbetfair psgdívida.

Defasagem temporal

Rachelbetfair psgSá, chefebetfair psgeconomia da gestorabetfair psgrecursos Rico Investimentos, lembra ainda que, no Brasil, estudos mostram que os efeitosbetfair psgvariações da Selic levam entre três e seis meses para serem sentidos no mercadobetfair psgcrédito.

Crédito, Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Legenda da foto, Variações da Selic levam entre três e seis meses para serem sentidas no mercadobetfair psgcrédito, diz economista

"É até relativamente rápido, comparado a outros países, mas tem uma demora", diz Sá.

"Não é porque o juro caiu agora que amanhã você vai pedir um financiamento imobiliário e ele vai estar mais barato, é um processo que leva alguns meses, assim como a elevação do juros também demorou para ser sentida", acrescenta.

Claudia Yoshinaga, coordenadora do Centrobetfair psgEstudosbetfair psgFinanças da FGV (Fundação Getulio Vargas), observa que as taxas que devem responder mais à quedabetfair psgjuros são as com garantias mais fortes, como o crédito imobiliário e para comprabetfair psgveículos.

Mas ela também acredita que esse efeito não é imediato e que deverá ser mais perceptível para os consumidores quando a Selic voltar ao patamarbetfair psgum dígito (isto é, abaixo dos 10%) e com o passar dos meses, se mantida a trajetóriabetfair psgqueda gradual da taxa básicabetfair psgjuros.

"Se viermos num ritmobetfair psgreduções sucessivas da taxa, isso começa a sinalizar para o mercado e para os bancos que o ambiente [de negócios] está mais estável, que a trajetóriabetfair psgqueda veio para ficar, o que possibilita pensarbetfair psgempréstimosbetfair psgprazos mais longos, a níveis [de juros] menores."

É horabetfair psgcomprar imóveis financiados?

Para quem está pensandobetfair psgcomprar a casa própria, o custo do financiamento é uma questão fundamental. Isso porque a comprabetfair psgum imóvel é um gasto que compromete geralmentebetfair psg20% a 30% da renda mensalbetfair psguma família, por um período longo,betfair psg20 a 25 anos.

"O crédito imobiliário é aquele que está mais intimamente ligado à variação da Selic,betfair psgtodos os créditos", afirma Alberto Ajzental, coordenador do cursobetfair psgNegócios Imobiliários da FGV.

Crédito, Kaio Machado/Prefeiturabetfair psgFortaleza

Legenda da foto, Crédito imobiliário é o mais intimamente ligado à variação da Selic, diz professor da FGV

O professor explica que esse é um crédito que tem uma garantia real forte (em geral, o próprio imóvel), o que faz com que essa seja a modalidadebetfair psgcrédito com menor spread – diferença entre o que o banco pagabetfair psgjuros a um investidor e o que ele cobrabetfair psgjurosbetfair psgum empréstimo.

"Por ter o menor spread, o crédito imobiliário é o mais sensível à variação da Selic", diz Ajzental.

O professor da FGV observa, porém, que essa relação não é linear. Por exemplo, enquanto a Selic foibetfair psguma mínimabetfair psg2% ao ano durante a pandemia, para 13,75% até julho deste ano, a taxa média do financiamento imobiliário variou nesse período entre uma faixabetfair psg7% a 12% ao ano.

Ou seja, a variação dos juros do crédito imobiliário é menos ampla do que a da Selic, a uma razãobetfair psg1 para 2. Isto é, o juros do crédito imobiliário variam 1 ponto a cada 2 pontosbetfair psgvariação da Selic.

"Com a Selic indobetfair psg13,75% a 12% no final do ano, se a expectativa do boletim Focus do Banco Central se confirmar, será uma quedabetfair psg1,75 pontobetfair psgquatro reuniões do Copom", diz Ajzental.

"Então podemos estimar que o crédito imobiliário pode cair entre 0,75 e 1 ponto, acompanhando os quase 2 pontosbetfair psgqueda da Selic até o final do ano", calcula o especialista.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Juros do crédito imobiliário variam 1 ponto a cada 2 pontosbetfair psgvariação da Selic, estima especialista

Ele reforça, porém, que esse efeito não é imediato, podendo levar até três meses para os juros do crédito imobiliário caírembetfair psgfunçãobetfair psgcortes na Selic anteriores.

Mas então é melhor esperar os juros caírem para financiar um imóvel? Não necessariamente, diz o professor da FGV.

"A comprabetfair psgum imóvel não pode ser feita com uma visão imediatista, se a família achar uma boa oportunidade, deve comprar sim, porque há uma carta na manga que é a portabilidade", diz Ajzental.

Ele faz referência à opção criadabetfair psg2013 pelo Banco Central, que permite ao consumidor levar uma dívidabetfair psgum banco para outro, negociando taxasbetfair psgjuros menores para pagamento.

"Mesmo que você compre com uma taxa um pouco mais alta agora, passados um ou dois anos, você pode pedir a portabilidade e negociar uma taxa melhor com outro banco. Se estamos falandobetfair psguma dívidabetfair psg20 a 25 anos, os um ou dois anos que você pagou mais caro serão diluídos", afirma.

Preços dos imóveis e recursos da poupança

O professor cita ainda outros dois motivos para não esperar, caso surja uma boa oportunidadebetfair psgcomprabetfair psgum imóvel.

O primeiro é que, com a queda da Selic e a melhora esperada na atividade econômica, deve aumentar também a demanda por imóveis, o que pode levar a uma altabetfair psgpreços das propriedades.

O segundo fator é a disponibilidadebetfair psgrecursos na poupança.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Quedas maiores da Selic podem retirar recursos da poupança e isso pode diminuir a ofertabetfair psgcrédito imobiliário

Atualmente maisbetfair psg50% da captaçãobetfair psgrecursos para o crédito imobiliário vem da poupança, cuja rentabilidade também está ligada à Selic, explica o professor da FGV.

Quem investebetfair psgpoupança é remunerado a 0,5% mais a variação da TR (Taxa Referencial, um outro indexadorbetfair psgcontratos financeiros), quando a Selic está acimabetfair psg8,5%; e a 70% da Selic quando a taxa básicabetfair psgjuros está abaixobetfair psg8,5% ao ano.

Então quedas maiores da Selic podem retirar recursos da poupança, devido à perdabetfair psgrentabilidade e maior atratividadebetfair psginvestimentosbetfair psgrenda variável. Isso pode diminuir a ofertabetfair psgcrédito imobiliário, pressionando as taxas.

E por que juros são tão altos no Brasil?

Todos os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil são unânimes na visãobetfair psgque a Selic não deve voltar nos próximos anos ao patamarbetfair psg2% visto durante a pandemia – a não ser que ocorra uma catástrofe econômica que exija um forte estímulo monetário.

Pela expectativa atual do mercado, se tudo seguir como esperado, a taxa básicabetfair psgjuros chegaria pouco abaixo dos 9%, e isso somentebetfair psg2025.

Crédito, Marcelo Camargo/Agência Brasil

Legenda da foto, Presidente do BC, Roberto Campos Neto, virou alvobetfair psgcríticas por parte do governo

Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, explica que são vários os fatores para os juros no Brasil serem mais altos do quebetfair psgoutros países.

Historicamente, um dos motivos para isso é a questão fiscal.

"O Brasil tem um perfil fiscal muito ruim, uma dívida pública muito elevada e um déficit [nas contas públicas] muito elevado, especialmente nos últimos dez anos", diz Vale.

"Isso significa um prêmiobetfair psgrisco mais elevado e que o mercado acaba cobrando uma taxabetfair psgjuros maior [para financiar a dívida pública] por conta dessa percepçãobetfair psgrisco. Assim, para o governo emitir títulos, precisa oferecer uma taxa maior, para o mercado aceitar."

Rachelbetfair psgSá, da Rico Investimentos, cita ainda a elevada indexação da economia, que é o fatobetfair psgmuitos contratos serem reajustados pela inflação passada – como aluguéis, salários, etc.

Isso gera uma persistência da inflação, o que exige juros mais altos para controlá-la.

A economista observa ainda a baixa competitividade no setor bancário (o que tem melhorado nos últimos anos, com a proliferação dos bancos digitais e fintechs) e a grande ofertabetfair psgjuros subsidiados no Brasil – através do BNDES, por exemplo – como fatores que contribuem para que os juros por aqui sejam mais altos.

Ainda entre os fatores históricos, Vale cita a dificuldade dos credoresbetfair psgresgatar garantias no Brasil, o que torna os empréstimos mais arriscados e a chancebetfair psginadimplência maior, fazendo com que as taxas médiasbetfair psgjurosbetfair psgmercado sejam mais elevadas, para compensar esses riscos.

Mas, além desses fatores estruturais, há motivos para o Banco Central ser cauteloso no momento atual, reduzindo as taxasbetfair psgjurosbetfair psgforma lenta e gradual, avaliam os economistas.

"A primeira 'pernada' do processo desinflacionário já aconteceu, vemos os preços dos alimentos caindo e os preçosbetfair psgbens industrializados com inflação bem mais baixa, após um períodobetfair psgmuito desequilíbrio na economia global com a pandemia", diz Rachelbetfair psgSá, da Rico.

"O problema agora é a inflaçãobetfair psgserviços, então o Banco Central deve ser muito cauteloso, porque há riscos também no mundo", acrescenta a economista.

Entre esses riscos que devem impedir uma queda mais rápida dos juros no Brasil, ela cita os jurosbetfair psgalta nos EUA, inflação ainda pressionada na Europa, riscos climáticos do El Niño e a situação geopolítica na região do Mar Negro, que pode pressionar o preço dos grãos.

Internamente, embora a situação fiscal tenha melhorado com a aprovação do novo arcabouço fiscal, diz a economista, ainda restam muitas incertezas sobre as receitas necessárias para zerar o déficit das contas públicas nos próximos anos, como prometido pelo governo.

Crédito, Marcelo Camargo/Agência Brasil

Legenda da foto, Maior ganho com a queda dos juros é no front político, com redução da tensão entre governo e Banco Central, avalia economista

Todos esses fatores devem limitar uma queda mais acentuada dos juros por aqui.

Ainda assim, o início da queda dos juros é uma boa notícia para a economia, acredita Vale.

"Dado que a queda [dos juros] vai ser lenta, o maior ganho talvez seja no front político, porque toda essa tensão entre Banco Central e governo é muito prejudicial", diz o economista.

"Mas crescimentobetfair psglongo prazo, sustentável, não é feito com política fiscal, nem com política monetária. Elas não servem para isso. O que serve para isso é fazer reformas que aumentem a produtividade e, consequentemente, aumentem o crescimento."