Os destinos turísticos pensados para receber pessoas autistas:
Mas viajar também pode ser uma atividade muito gratificante para pessoas autistas, especialmente quando suas necessidades e sensibilidade são levadasconsideração.
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"Acho que um dos maiores benefíciosviajar é a oportunidadeampliar as noções sobre o que as pessoas autistas são capazesfazer", afirma o palestrante e escritor best-seller Kerry Magro, que foi diagnosticado com autismo aos quatro anosidade.
"[Viajar pode melhorar as] capacidades sociais, comunicação, adaptabilidade e a própria autoconsciência sobre quem eles são como indivíduos e o que eles gostamfazer."
Alguns conhecimentos básicos e acomodações simples podem fazer toda a diferença para as experiênciasviagempessoas autistas – e os destinos turísticos estão trabalhando cada vez mais para fornecer estas condições para seus visitantes.
Há mais20 anos, o Comitê InternacionalCredenciamento e PadrõesEducação Continuada (IBCCES, na siglainglês) fornece treinamento para hotéis, profissionais e escritóriosturismotodo o mundo que se interessemreceber melhor visitantes autistas e com outros tiposneurodivergência.
Atualmente, mais300 empresas são relacionadas como Centros CertificadosAutismo, alémtrês destinos totalmente certificados. E existem outros atualmenteprocessocertificação, como Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e a área da Grande Palm Springs, nos Estados Unidos.
"Incorporamos as melhores práticas dos especialistas neste campo, além dos próprios indivíduos autistas e neurodivergentes [nos nossos treinamentos]", explica a presidente do IBCCES, Meredith Tekin. "Por isso, você irá ver indivíduos oferecendoexperiênciavida e suas recomendações nos treinamentos."
O IBCCES oferece treinamentos concentrados na consciência sensorial e na sensibilidade geralrelação às pessoas autistas. Eles também realizam ocasionalmente visitas presenciais a hotéis e cidades parceiras, para ajudar a identificar novas oportunidadesreceber viajantes autistas.
O objetivo da organização é ajudar os destinos a receber melhor as pessoas autistas e auxiliar os profissionais do setorturismo a compreender melhor as necessidadesacessibilidade.
Após o término do treinamento, a organização oferece certificações e a inclusão das empresas no site Autism Travel (em inglês), que relaciona destinos e atrações que o IBCCES considera "certificados para pessoas autistas".
O IBCCES oferece certificações para restaurantes, lojas e atrações turísticas – os chamados "Centros CertificadosAutismo" – alémdestinos e cidades.
Os "Destinos CertificadosAutismo" são lugaresque a maior parte das organizações relacionadas ao turismo da região já passaram por treinamento. Já as "Cidades CertificadasAutismo" são locaisque empresas e organizaçõestoda a cidade foram certificadas.
O destino mais recente a receber a certificação é Traverse City, no Estado americanoMichigan. O local foi certificadoagosto2024.
Traverse City é conhecida pelo seu belo cenário natural e pela proximidade da Margem Lacustre Nacional das DunasSleeping Bear.
Segundo a chefeoperações da organização Traverse City Tourism, Whitney Waara, o motivo que levou o local a obter a certificação foi simplesmente o desejofazer com que mais pessoas pudessem desfrutar da cidade.
"Nós realmente trabalhamos para tentar fazer com que o nosso destino receba a todos", ela conta. "Garantir que estejamos preparados para atender a todos os turistas que chegarem, com todas as suas necessidades, tem sido uma prioridade importante para nós nos últimos anos."
A iniciativa foi um projeto particularmente empolgante para Craig Hadley, diretor-executivo do Museu Dennos,Traverse City. O filhoHadley está no espectro autista e aparece no vídeo promocional da cidade que anunciarecente certificação.
"Parece algo simples, mas, como pai, significa muito saber que a pessoa com quem você está falando entende o contexto e por que aquele recurso é importante para aquela família", declarou Hadley à BBC.
O museu participou do processocertificação, treinando funcionários e criando instalações adequadas para pessoas autistas, como espaços silenciosos, mapas sensoriais e fonesouvido com cancelamentoruído, que ficam disponíveis para os visitantes particularmente sensíveis aos sons, como é o casomuitas pessoas autistas.
O Museu Dennos também planejou eventos para pessoas autistas, como seu Halloween para Todos,espaços com acessibilidade sensorial.
Traverse City se inspirou na cidadeMesa, no Arizona – a primeira cidade amiga das pessoas autistas dos Estados Unidos, certificada pelo IBCCES2019.
O que começou como uma iniciativa do conselhoturismo da cidade, criada com base na experiência do seu CEO (diretor-executivo) como paiuma criança autista, cresceu rapidamente – e passou a ser um movimento municipal, quando o prefeito tomou conhecimento dos planos.
"Nós encabeçamos o projeto e, naturalmente, informamos o prefeito e as autoridades municipais. Ele simplesmente cresceuforma orgânica", diz a vice-presidentedefesa e experiência no destino da organização Visit Mesa, Alison Brooks.
"Acho que foi uma daquelas coisas que surgiram no momento perfeito. Muitas pessoas [são] afetadas pelo autismoalguma forma. Por isso, é claro que sabíamos que esta era a coisa certa a fazer."
Para que toda a cidade fosse certificada, Mesa precisou que pelo menos três empresas e organizaçõesdiferentes setores – especificamente, turismo, educação e assistência médica – passassem pelo processo. Mas muitas outras empresas da cidade se inscreveram – tantas, na verdade, que Mesa agora oferece um passaporte chamado "Viva a Vida Sem Limites", que relaciona todos os centros certificados da cidade, como hotéis, restaurantes e atrações turísticas.
A página Viagem com Autismo (em inglês) do website da Visit Mesa também oferece guias sensoriais gratuitos para sete dos destinos mais populares da cidade. Eles podem ser baixados e observados online antes da visita.
"Quase todos os dias, encontro alguém que não sabia que [a cidade] foi certificada", diz Brooks. "Mas, sempre que falo com os moradores... eles ficam com essa sensaçãoorgulho."
Para Magro, observar a disposição cada vez maior entre as cidades e destinosaprender sobre o autismo e melhorar as acomodações para turistas neurodivergentes é um sinal positivo.
"Espero realmente que não seja uma moda, mas uma [nova] realidade e que mais pessoas da nossa comunidade sejam recebidasbraços abertos."
Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Travel.