'Defendia sistema5.5 1xbetvotação da Venezuela com unhas e dentes, mas estou desolado': o depoimento do professor brasileiro que acompanhou eleição:5.5 1xbet
Desde o anúncio da reeleição5.5 1xbetMaduro, a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 2,4 mil pessoas foram detidas pelo regime venezuelano. O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, confirmou que ao menos 25 pessoas morreram nos protestos que se seguiram ao dia da eleição.
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Pesquisador dos sistemas eleitorais da América Latina e ex-secretário do Tribunal Permanente5.5 1xbetRevisão do Mercosul, Vasconcelos reconhecia há tempos o sistema eleitoral venezuelano como o melhor da região. "Eu defendia com unhas e dentes".
"Porque, além da urna eletrônica, que imprime um boletim ao fim do processo, eles também têm o voto físico colocado5.5 1xbetoutra urna. Essa urna física é aberta5.5 1xbet53% dos colégios e você pode comparar com o boletim da eletrônica", explica o professor, que esteve no país5.5 1xbetoutras eleições.
Até a própria oposição acreditava no sistema5.5 1xbetvotação, apesar das desconfianças sobre o que acontece antes e depois do pleito.
O professor da Uerj conseguiu ir a Caracas a convite do CNE e diz ter sido o único brasileiro num grupo5.5 1xbetcerca5.5 1xbet50 pessoas que acompanharam5.5 1xbetperto a votação, entre outros convidados5.5 1xbetpaíses latinos, africanos e até5.5 1xbetBelarus.
Mas Vasconcelos diz agora estar com "sensação5.5 1xbetdesolação" pelo fato5.5 1xbeto órgão eleitoral venezuelano não ter apresentado ainda os dados detalhados da votação.
Até agora, o CNE apenas apontou vitória5.5 1xbetMaduro, mas sem disponibilizar os dados detalhados dos boletins5.5 1xbeturna - algo que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) faz no Brasil, por exemplo.
O órgão eleitoral do país, que é controlado por um aliado5.5 1xbetMaduro, aponta a vitória do presidente com cerca5.5 1xbet52% dos votos, contra 43% do principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia.
Na tarde desta terça-feira (13/8), duas semanas após o pleito, o site do CNE seguia fora do ar. Logo após o anúncio do resultado, o órgão disse que investigava um "ataque hacker", o que teria impedido a divulgação dos dados.
Por outro lado, a oposição comandada por María Corina Machado diz ter recolhido os boletins5.5 1xbeturna5.5 1xbetmais5.5 1xbet70% dos locais5.5 1xbetvotação. Num site, a campanha divulgou por conta própria fotos dos boletins e fez uma apuração paralela, apontando Edmundo González como vencedor, com mais5.5 1xbet67% dos votos.
O professor Raphael Vasconcelos elaborou um relatório logo após as eleições,5.5 1xbetnome do Núcleo5.5 1xbetEstudo e Pesquisa5.5 1xbetDireito Internacional (Nepedi) da Uerj,5.5 1xbetque já pedia essa divulgação dos dados detalhados por mesa eleitoral, para que as dúvidas fossem sanadas.
"Estou muito incomodado com CNE, com a forma não transparente e a não divulgação dos dados muito claros, que permitiria a comparação [entre os dados oficiais e o da oposição]. Isso coloca5.5 1xbetdúvida a democracia venezuelana", avalia.
"Mas também não tenho como garantir que os boletins postados pela oposição são verdadeiros", diz o professor.
Algumas análises, porém, já deram respaldo aos resultados da oposição. Logo após o anúncio do CNE, o jornal New York Times publicou uma avaliação com base5.5 1xbetdados divulgados pelo grupo5.5 1xbetpesquisadores do projeto Alta Vista, que inclui o especialista brasileiro Dalson Figueiredo, da Universidade Federal5.5 1xbetPernambuco.
"Vários analistas independentes5.5 1xbetpesquisas e eleições revisaram a abordagem dos pesquisadores e disseram que, com base nos números compartilhados, as estimativas pareciam críveis", escreveu o jornal, que ressaltou que o grupo estaria associado à oposição.
O Alta Vista criou uma amostra aleatória5.5 1xbetmais 1 mil máquinas5.5 1xbetvotação5.5 1xbettodo o país e projetou a amostra para representar proporcionalmente a geografia e a partidarismo do país.
O New York Times, entretanto, disse que não pôde "verificar5.5 1xbetforma independente os números". Maduro, por5.5 1xbetvez, também tem insistido que os dados5.5 1xbetboletins divulgados pela oposição são falsos.
Mas, com base nesses resultados, países como EUA e Argentina reconheceram González com o vencedor das eleições.
Governos5.5 1xbetpaíses como o Brasil e Colômbia, por5.5 1xbetvez, têm insistido para que o CNE apresente os dados detalhados, antes5.5 1xbetreconhecer o pleito.
Cadê os dados?
O pesquisador Raphael Vasconcelos detalha que o que precisa ser divulgado pelo CNE venezuelano são os dados "desagregados" e "detalhados",5.5 1xbetque poderiam ser conferidos os resultados5.5 1xbetcada local5.5 1xbetvotação.
"Países com voto5.5 1xbetpapel precisam das atas da contagem manual. Você joga os votos numa ata5.5 1xbetpapel e essa ata é levada para o órgão eleitoral. É com base nessas atas que você faz a apuração".
"No Brasil e na Venezuela, você não tem ata, o voto é transmitido5.5 1xbetforma eletrônica para o centro5.5 1xbetapuração. O que a gente tem é o boletim5.5 1xbeturna, que é aquele extrato que sai no fim da votação e que você imprime", explica.
Tendo5.5 1xbetmão os resultados dos boletins por local5.5 1xbetvotação, a população poderia conferir se bate com o resultado divulgado pelo CNE.
"Se não confere, vai para os meios judiciais. Mas a oposição da Venezuela parte do pressuposto que a Justiça é dominada pelo chavismo, e eu não tiro a razão deles", avalia Vasconcelos.
Maduro disse que entregou os boletins ao Tribunal Supremo5.5 1xbetJustiça (TSJ), que ficaria responsável para atestar5.5 1xbetreeleição. O presidente descreveu as alegações da oposição como uma "tentativa5.5 1xbetgolpe5.5 1xbetEstado" e pediu ao TSJ que responda a esse "ataque ao processo eleitoral".
Mas há questionamentos sobre a imparcialidade do TSJ. Todos os seus membros foram nomeados por parlamentos dominados pelo chavismo, e alguns deles têm histórico com o partido5.5 1xbetMaduro.
Observação x acompanhamento eleitoral
No documento divulgado pelo Nepedi da Uerj logo após o resultado das eleições, o professor Raphael Vasconcelos, oficialmente credenciado pelo CNE, se mostrava bastante incomodado com os comunicados e relatórios divulgados rapidamente por outros observadores, com questionamentos à eleição5.5 1xbetsi.
No dia 305.5 1xbetjulho, por exemplo, o Centro Carter, renomada organização que participou das eleições venezuelanas como observadora, emitiu comunicado dizendo que a eleição "não pode ser considerada democrática".
Para Vasconcelos, as avaliações eleitorais deveriam se ater ao pleito5.5 1xbetsi, e não ao processo anterior ou posterior. É o que se chama "observação eleitoral".
O Departamento5.5 1xbetAssuntos Políticos e5.5 1xbetConsolidação da Paz das Nações Unidas (DPPA) define que a observação eleitoral é a "coleta sistemática5.5 1xbetinformações e avaliação5.5 1xbetum processo eleitoral".
Já o TSE, no Brasil, fala5.5 1xbet"procedimento sistemático5.5 1xbetacompanhamento e5.5 1xbetavaliação do pleito".
Ou seja, as missões teriam o papel5.5 1xbetavaliar objetivamente os fatos nos dias5.5 1xbetvotação - além dos dias imediatamente anteriores e posteriores.
Segundo o professor brasileiro, tudo ocorreu com tranquilidade5.5 1xbetCaracas no dia da eleição,5.5 1xbet285.5 1xbetjulho, com as pessoas demonstrando apoio aos candidatos que queriam, inclusive na presença5.5 1xbetaparato5.5 1xbetsegurança.
"É totalmente inapropriado, logo depois5.5 1xbetum pleito eleitoral, você soltar comunicados tratando5.5 1xbetquestões pré-eleitorais, sobre registros5.5 1xbeteleitores, impugnação5.5 1xbetcandidatura. Você não espera acontecer o pleito eleitoral para você jogar mais gasolina naquilo que já está5.5 1xbetcombustão", avalia.
Para Vasconcelos, órgãos que deveriam fazer apenas a "observação eleitoral", acabaram entrando na seara do "acompanhamento eleitoral", que seria algo mais complexo e5.5 1xbetlongo prazo.
Antes das eleições, o processo eleitoral venezuelano já vinha sendo questionado. Duas possíveis candidatas da oposição, María Corina Machado e, depois, Corina Yoris, tiveram as cadidaturas impedidas. Edmundo González, que acabou sendo o candidato, dizia5.5 1xbetentrevistas que as "eleições na Venezuela não são justas ou limpas".
Também havia uma expectativa5.5 1xbetque o processo eleitoral da Venezuela fosse observado por mais atores.
Dois meses antes, o governo Maduro cancelou o convite para que observadores da União Europeia monitorassem o pleito.
Já o TSE brasileiro também desistiu5.5 1xbetúltima hora enviar observadores para acompanhar a eleição, após Maduro fazer ataques contra o sistema eleitoral brasileiro.
Diante da espera sobre os dados do CNE, o professor que esteve5.5 1xbetCaracas avalia que a decisão do Brasil5.5 1xbet"neutralidade" ainda é a mais adequada ao momento.
"É a posição5.5 1xbetum5.5 1xbetuma liderança regional. O Itamaraty sempre teve essa postura,5.5 1xbetpolítica5.5 1xbetEstado independentemente do governo", diz o ex-membro do Tribunal do Mercosul.
Mas Vasconcelos reconhece que a situação está ficando "insustentável", "manchando todo o processo eleitoral venezuelano".
"Eu olhava para o processo eleitoral e dizia que podia acusar Venezuela5.5 1xbettudo no pré-eleitoral dele, que é aquilo que chamo5.5 1xbetacompanhamento, mas no momento da votação, era impecável. A sensação é5.5 1xbetdesolação."