'Meus pais iam me matar para limpar a honra da família': jovem trans conta como escapousaldo bonus arbetyser morto por preconceito na Índia:saldo bonus arbety
Para uma mulher na Índia rural, querer reivindicar o direitosaldo bonus arbetyse identificar como um homem trans pode levar a uma forte retaliação.
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Manoj conta que foi retirado da escola do vilarejo,saldo bonus arbetyum dos estados mais pobres da Índia — Bihar, no norte do país —, e obrigado a se casar com um homem com o dobro dasaldo bonus arbetyidade.
"Pensei atésaldo bonus arbetytirar minha própria vida, mas minha namorada me apoiousaldo bonus arbetymeio a isso tudo. Se estou vivo, e estamos juntos agora, é porque ela não desistiusaldo bonus arbetymim", afirma.
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Agora com 22 anos, escondidosaldo bonus arbetyuma cidade grande desde o ano passado, Manoj esaldo bonus arbetynamorada, Rashmi, aguardam ansiosamente o veredicto da Suprema Cortesaldo bonus arbetyrelação à petiçãosaldo bonus arbetyque pedem o direito legalsaldo bonus arbetyse casar.
A Índia descriminalizou o sexo gaysaldo bonus arbety2018, mas os casamentos entre pessoas do mesmo sexo ainda não são reconhecidos. A Suprema Corte recebeu 21 petições neste ano solicitando a legalização — e uma decisão é esperadasaldo bonus arbetybreve.
Enquanto outros defendem o direito ao casamento como uma questãosaldo bonus arbetyigualdade, a petiçãosaldo bonus arbetyManoj e Rashmi, apresentadasaldo bonus arbetyconjunto com dois casais e quatro ativistas feministas LGBTQ+, argumenta que o casamento é uma saída para a violência física e mental brutal infligida a eles por suas próprias famílias.
"O reconhecimento legal do nosso relacionamento é a única saída desta vidasaldo bonus arbetymedo", diz Manoj.
A Índia tem meio milhãosaldo bonus arbetypessoas transgênero,saldo bonus arbetyacordo com o último censosaldo bonus arbety2011, um número que os ativistas acreditam ser significativamente subestimado.
Em 2014, a Suprema Corte decidiu que as pessoas trans deveriam ser reconhecidas como o terceiro gênero. Cinco anos depois, a Índia aprovou uma lei que proíbe a discriminação na educação, no mercadosaldo bonus arbetytrabalho e nos serviçossaldo bonus arbetysaúde — e criminaliza as ofensas contra elas, incluindo abuso físico, sexual, emocional e econômico.
Mas a violência por parte das famílias é um desafio complexo.
Famílias violentas
A maior parte das leis e da sociedade vê a famíliasaldo bonus arbetysangue, por casamento ou adoção como o espaço mais seguro para os indivíduos, diz Veena Gowda, advogada feministasaldo bonus arbetyMumbai.
"A violência familiar não é desconhecida para nenhumsaldo bonus arbetynós, seja contra a esposa, filhos ou pessoas trans queer. Mas é conscientemente invisível, pois vê-la e reconhecê-la significaria questionar a própria instituição da 'família'", acrescenta.
Gowda fez partesaldo bonus arbetyum painel composto por um juiz aposentado, advogados, acadêmicos, ativistas e uma assistente social do governo que ouviu depoimentos detalhados da violência familiar enfrentada por 31 pessoas da comunidade LGBTQ+saldo bonus arbetyuma audiência pública a portas fechadas.
As descobertas foram publicadassaldo bonus arbetyabril deste anosaldo bonus arbetyum relatório intitulado 'Apno ka bahut lagta hai' ("Os nossos são os que mais nos machucam",saldo bonus arbetytradução livre), que recomendava que as pessoas LGBTQ+ tivessem o direitosaldo bonus arbetyescolhersaldo bonus arbetyprópria família.
"Vendo a natureza da violência enfrentada pelos depoentes, se eles não tiverem o direitosaldo bonus arbetyescolhersaldo bonus arbetyprópria família, livresaldo bonus arbetyviolência, isso equivaleria a negar a eles o próprio direito à vida e à vida com dignidade", avalia Gowda.
"O direitosaldo bonus arbetycasar seria uma formasaldo bonus arbetycriar esta nova família e redefini-la."
Alguns meses após seu casamento forçado, Manoj tentou se reaproximarsaldo bonus arbetyRashmi, mas foi flagrado por seu "cônjuge", que ele diz ter ameaçado agredir sexualmente os dois.
Eles fugiram para a estação ferroviária mais próxima e embarcaram no primeiro trem que estava saindo, mas ele diz que foram encontrados pela família e levados para casa para uma nova rodadasaldo bonus arbetyespancamentos.
"Ele estava sendo forçado a assinar uma 'cartasaldo bonus arbetysuicídio' que me culpava porsaldo bonus arbetymorte", relembra Rashmi.
A resistênciasaldo bonus arbetyManoj fez com que ele fosse trancafiado novamente, e seu telefone celular fosse confiscado.
Só depois que Rashmi entrousaldo bonus arbetycontato com um grupo feminista LGBT e a delegacia da mulher local, que eles conseguiram proteção, e Manoj escapou da casa da família.
Eles foram para um abrigo do governo para pessoas trans, mas logo tiveram que se mudar porque Rashmi não é trans.
Fuga e sobrevivência
Manoj também conseguiu o divórcio. Mas são poucos os sistemassaldo bonus arbetyapoio que ajudam a escaparsaldo bonus arbetyfamílias violentas e a construir uma vida nova.
Koyel Ghosh, que adota o pronomesaldo bonus arbetygênero neutro da língua inglesa "they", é responsável pela administração da Sappho for Equality, o primeiro coletivo lésbico-bissexual-transmasculinosaldo bonus arbetydireitos humanos no leste da Índia, criado há duas décadas.
Ghosh se lembra claramente do dia,saldo bonus arbety2020,saldo bonus arbetyque recebeu um telefonema na centralsaldo bonus arbetyatendimento sobre um casal que havia fugido para uma cidade no leste da Índia, mas teve que dormir na calçada por sete noites.
"Alugamos um espaço e colocamos eles lá para que tivessem um abrigo temporário por três meses e pudessem se concentrarsaldo bonus arbetyconseguir um emprego, pois é a única maneirasaldo bonus arbetyconstruir uma vida nova", relembra.
Além do estigma social, da ameaçasaldo bonus arbetyviolênciasaldo bonus arbetycasa, da educação interrompida e dos casamentos forçados, muitas pessoas trans também têm dificuldadesaldo bonus arbetyencontrar um emprego estável.
O último censo da Índia mostrou que a taxasaldo bonus arbetyalfabetização delas, 49,76%, era muito menor do que a do país, 74,04%.
De acordo com uma pesquisa feita,saldo bonus arbety2017, com 900 pessoas trans pela Comissão Nacionalsaldo bonus arbetyDireitos Humanossaldo bonus arbetyDéli e Uttar Pradesh, 96% tiveram empregos negados ou foram forçados a pedir esmola e se prostituir.
A Saphho montou um abrigo para ajudar casaissaldo bonus arbetyfuga a reconstruir suas vidas — 35 casais ficaram alojados lá nos últimos dois anos.
É um trabalho duro. Ghosh recebesaldo bonus arbetytrês a cinco telefonemas pedindo socorro diariamente e contata regularmente uma redesaldo bonus arbetyapoiosaldo bonus arbetyadvogados para encontrar soluções.
"Recebi ameaçassaldo bonus arbetymorte, enfrentei multidõessaldo bonus arbetyvilarejos, hostilidadesaldo bonus arbetydelegaciassaldo bonus arbetypolícia, porque também revelo minha identidade queer, e eles simplesmente não conseguem lidar com isso", afirma.
Quando Asif, um homem trans, esaldo bonus arbetynamorada, Samina, procuraram Ghosh, eles estavam na delegaciasaldo bonus arbetypolícia localsaldo bonus arbetyum vilarejo no leste da Índia.
Samina alega que os policiais a chamaramsaldo bonus arbetyeunuco — e disseram que ela deveria ter morridosaldo bonus arbetyvezsaldo bonus arbetytornar público seu relacionamento.
Amigossaldo bonus arbetyinfância que viraram amantes, eles haviam fugidosaldo bonus arbetysuas famílias duas vezes antes, mas acabaram sendo levadossaldo bonus arbetyvolta. Esta erasaldo bonus arbetyúltima chancesaldo bonus arbetyescapar, e eles precisavamsaldo bonus arbetyajuda.
"Só quando Ghosh chegou que o mau comportamento da polícia parou. Um superior repreendeu os subalternos por seu preconceito e ignorânciasaldo bonus arbetyrelação às leis como funcionários públicos”, diz Samina.
Agora vivendo com segurançasaldo bonus arbetyuma cidade grande, o casal é um dos signatários da petiçãosaldo bonus arbetyManoj e Rashmi na Suprema Corte.
"Estamos felizes agora. Mas precisamos deste pedaçosaldo bonus arbetypapel, uma certidãosaldo bonus arbetycasamento, para deter nossas famílias e comunidade com o medosaldo bonus arbetypenalidades ou ação policial", explica Asif.
"Se a Suprema Corte não nos ajudar, podemos ter que morrer. Nunca seremos aceitos como somos, continuaremos foragidos, sempre com medosaldo bonus arbetysermos separados", acrescenta.
Os nomes dos signatários da petição foram alterados para proteger suas identidades.