'Descobri um cânceraposta 1 cassinomama aos 23 anos': por que casos entre jovens têm aumentado e são mais agressivos:aposta 1 cassino
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Após 16 sessõesaposta 1 cassinoquimioterapia e a retirada cirúrgica das duas mamas, Bianca estáaposta 1 cassinoremissão e atualmente faz tratamento médico com bloqueadores hormonais buscando evitar a recorrênciaaposta 1 cassinotumores.
Casos como oaposta 1 cassinoBianca,aposta 1 cassinocânceresaposta 1 cassinomamaaposta 1 cassinomulheres jovens, ainda são minoria — mas vêm aumentando.
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É o que mostram tanto estudos internacionais quanto outros feitos especificamente com brasileiras.
Uma pesquisa publicada no periódico científico BMJ Oncology que analisou diferentes tiposaposta 1 cassinocânceres mostrou que o início precoce (diagnóstico abaixoaposta 1 cassino50 anos) aumentou 79,1% entre 1990 e 2019, saltandoaposta 1 cassino1,82 milhão para 3,26 milhões.
No Brasil, o Observatório do Câncer, um registro que reúne dados dos pacientes tratados no A.C. Camargo Cancer Center entre os anosaposta 1 cassino2000 e 2020, mostra que o númeroaposta 1 cassinocasosaposta 1 cassinocânceraposta 1 cassinomamaaposta 1 cassinomulheres jovens (abaixo dos 40 anos) éaposta 1 cassino11,9%.
Ao todo, foram 13.385 casos tratados na instituição. Desses, 1.594 eram mulheres jovens. O estudo ainda apontou que dentre as pacientes com menosaposta 1 cassino40 anos, 11% estavam com câncer in situ — com o tumor presente apenas no local inicial. As outras 89% já estavam com câncer invasivo.
Publicada no JAMA, outra pesquisa apontou um aumentoaposta 1 cassino19,4% nos diagnósticos entre 2010 e 2019 entre americanasaposta 1 cassino30 a 39 anos, eaposta 1 cassino5,3% entre mulheresaposta 1 cassino20 a 29 anos.
O cânceraposta 1 cassinomama é considerado 'jovem' quando aconteceaposta 1 cassinopessoas com menosaposta 1 cassino50 anos.
"Aproximadamente 90% dos casos acontecemaposta 1 cassinomulheres entre 50 e 69 anos. Aos chegar aos 50 anos, qualquer mulher, apenas pelo sexo biológico, já tem 12%aposta 1 cassinochanceaposta 1 cassinoter a doença", explica o mastologista Renato Cagnacci Neto, coordenador da Comissãoaposta 1 cassinoNeoplasias da Mama da Sociedade Brasileiraaposta 1 cassinoCirurgia Oncológica e médico do A.C. Camargo Cancer Center.
O especialista descreve que depois deste, o grupo mais afetado são mulheres com idade entre 40 e 50 anos.
"As ainda mais jovens são consideradas casos mais raros."
Como surge o cânceraposta 1 cassinojovens
Para uma célula cancerígena surgir, é necessário que haja um dano no DNA — algo que desestabiliza uma célula que antes era saudável.
Esse mecanismoaposta 1 cassinodano no DNA, explica Cagnacci Neto, pode ocorreraposta 1 cassinoduas maneiras. A primeira delas é adquirir esse defeito ao longo da vida devido a diversos fatores, como estiloaposta 1 cassinovida pouco saudável, faltaaposta 1 cassinoexercício físico, má alimentação e tabagismo.
"A razão pela qual as pessoas têm mais câncer entre os 50 e 69 anosaposta 1 cassinoidade é o tempoaposta 1 cassinosuas vidas pelo qual elas foram constantemente expostas a agressões. Esses fatoresaposta 1 cassinorisco mencionados anteriormente causam danos no DNA e levam ao surgimento do câncer, o que chamamosaposta 1 cassinocâncer esporádico."
A outra, que explica o surgimento da doençaaposta 1 cassinojovens, tem a ver com uma predisposição ao câncer.
"Existe uma forte associação com a presençaaposta 1 cassinoum defeito genético desde o nascimento. Quando alguém nasce com esse defeito genético, desde a infância, está sujeito a uma propensão para o desenvolvimento da doença."
No casoaposta 1 cassinoBianca, embora não houvesse histórico familiaraposta 1 cassinocânceraposta 1 cassinomama, uma consulta com uma médica geneticista revelou que ela possui uma mutação no gene CHEK2, que está relacionada a um risco duas vezes maioraposta 1 cassinodesenvolver cânceraposta 1 cassinomamaaposta 1 cassinomulheres.
Um fator que poderia estar contribuindo para mais mulheres jovens sofrerem com a doença,aposta 1 cassinoacordo com a ginecologista obstetra e mastologista Karina Belickas Carreiro, é o fatoaposta 1 cassinoa maternidade tardia ter se tornado mais comum, privando as mulheresaposta 1 cassinoum dos fatores protetivos contra o cânceraposta 1 cassinomama, a amamentação.
Durante a amamentação, os níveisaposta 1 cassinoestrogênio, um hormônio que está relacionado ao crescimento das célulasaposta 1 cassinocânceraposta 1 cassinomama, diminuem no corpo da mulher. Menos exposição a esse hormônio ao longo da vida reduz o riscoaposta 1 cassinocânceraposta 1 cassinomama — ainda que não seja uma garantiaaposta 1 cassinoque essa mulher não terá câncer.
Além disso,aposta 1 cassinoacordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), os processos que ocorrem na amamentação promovem a eliminação e renovaçãoaposta 1 cassinocélulas que poderiam ter lesões no material genético diminuindo assim as chancesaposta 1 cassinocânceraposta 1 cassinomama na mulher.
"Não é o casoaposta 1 cassinotodas, mas há uma transformação notável no perfil das mulheres. Atualmente as mulheres têm filhosaposta 1 cassinouma idade mais avançada e amamentam por um período mais curto, ou até mesmo algumas não têm filhos até os 35 anos, o que é uma mudança significativaaposta 1 cassinocomparação com o passado", explica Carreiro, uma das responsáveis por um estudo do Instituto do Câncer do Estadoaposta 1 cassinoSão Paulo (ICESP) que avaliou 493 mulheres jovens diagnosticadas com cânceraposta 1 cassinomama.
O mastologista Renato Cagnacci Neto acrescenta ainda as mudanças no acesso dos serviçosaposta 1 cassinosaúde como uma das possíveis razões para o aumento nos casos.
"O acesso à saúde ficou melhor nas últimas décadas, assim como o acesso à informação, especialmente com a facilidadeaposta 1 cassinoinformações disponíveis na internet. Esses fatores contribuem para um maior númeroaposta 1 cassinodiagnósticos, portanto, essa tendênciaaposta 1 cassinoaumento do câncer não pode ser atribuída apenas a fatores biológicos."
Por que o cânceraposta 1 cassinomamaaposta 1 cassinomulheres mais jovens é mais agressivo
Emaposta 1 cassinopesquisa, a médica e seus colegas notaram que as pacientes examinadas, abaixo dos 41 anos, tinham, emaposta 1 cassinomaioria, tumores mais agressivos do que mulheres com 50 anos ou mais.
Na avaliação da autora, isso pode ser atribuído à demora na detecção e também ao próprio perfil dos tumoresaposta 1 cassinomulheres jovens, que muitas vezes são mais agressivos e têm uma evolução mais rápida.
Mutações genéticas, como a mutação no gene chamado BRCA, que a atriz Angelina Jolie possui, são bem conhecidas por estarem relacionadas ao cânceraposta 1 cassinomulheres mais novas.
De acordo com o mastologista Renato Cagnacci Neto, essas mutações costumam estar ligadas a cânceres mais agressivos.
Um exemplo é o cânceraposta 1 cassinomama negativo para receptores hormonais, que tem crescimento mais rápido e há menos opçõesaposta 1 cassinotratamento. Outro tipo é o cânceraposta 1 cassinomama HER2 positivo, no qual as células cancerosas possuem um receptor chamado HER2, que estimula um crescimento mais agressivo do câncer.
"Mas se uma mulher jovem tiver um subtipoaposta 1 cassinocânceraposta 1 cassinomama menos agressivo, como o subtipo luminal A, seu tratamento tende a ser mais eficaz, e a probabilidadeaposta 1 cassinocura é alta."
Em casos nos quais os tumores são mais agressivos, o tempo é especialmente importante. Quanto mais cedo a doença é descoberta, melhor é o prognóstico.
"Ao analisar os dados da nossa pesquisa, ficou evidente que as mulheres estavam sendo negligenciadasaposta 1 cassinorelação ao tempo transcorrido desde a percepção dos sintomas até o diagnóstico do câncer", afirma a médica Karina Belickas Carreiro.
O estudo apontou que o períodoaposta 1 cassinoespera médio eraaposta 1 cassinoaproximadamente seis meses.
"A maioria das mulheres notava alguma alteraçãoaposta 1 cassinoseu corpo, mas muitas vezes não atribuíam a devida importância a essas mudanças, ou quando buscavam uma consulta, o médico não considerava a possibilidadeaposta 1 cassinocâncer devido à ideia errôneaaposta 1 cassinoque mulheres jovens não poderiam desenvolvê-lo."
"Como resultado, a resposta ao tratamento para duas mulheres com tumoresaposta 1 cassinotamanho semelhante, uma mais jovem e outra entre 49 e 60 anos, era frequentemente desigual, com a paciente mais jovem tendo um prognóstico menos favorável."
Rastreamento por exames não é indicado para mulheres com menosaposta 1 cassino40 anos
O aumento da incidênciaaposta 1 cassinocânceraposta 1 cassinomamaaposta 1 cassinomulheres jovens levanta questões importantes sobre o rastreamento.
Para jovens como Bianca e outras que tenham até 39 anos, a única recomendação é o autoexame e a busca imediataaposta 1 cassinoavaliação médica caso note algum sinal.
Os principais sintomas do cânceraposta 1 cassinomama incluem a presençaaposta 1 cassinoum nódulo ou espessamento no seio, mudanças na forma ou tamanho do seio, dor persistente, alterações na pele do seio, como vermelhidão, inchaço ou retração, descarga anormal do mamilo, alterações no mamilo, como inversão, e o surgimentoaposta 1 cassinocaroços nas axilas.
Para pacientes jovensaposta 1 cassinoalto risco, como aqueles com mutações genéticas ou histórico familiaraposta 1 cassinocânceraposta 1 cassinomama, Carreiro aponta que existem orientações específicas para o rastreamento, que podem incluir examesaposta 1 cassinoressonância magnética, ultrassom e mamografia.
Diversas sociedades médicas brasileiras e internacionais, incluindo a Sociedade Brasileiraaposta 1 cassinoMastologia, defendem a realização do primeiro exame aos 40 anos. Na redeaposta 1 cassinosaúde particular, o rastreamento é iniciado a partir desta idade.
A recomendação atual do Ministério da Saúde, poraposta 1 cassinovez, é que os exames devem ser feitos a partir dos 50 anos, com repetição a cada dois anos para mulheres até os 69 anos ouaposta 1 cassinointervalos menores conforme o resultado da mamografia anterior.
"A diretriz do governo é baseadaaposta 1 cassinocustos. Realizar o rastreamentoaposta 1 cassinotodas as mulheres a partir dos 40 anosaposta 1 cassinoidade requer recursos significativos - que podem impactaraposta 1 cassinooutros rastreamentos e tratamentosaposta 1 cassinodoenças - e uma logística complexa. É necessário disponibilizar mamógrafosaposta 1 cassinotodo o país e organizar a distribuiçãoaposta 1 cassinomaneira eficiente."
"Começar o rastreamento nessa faixa etária envolve um custo mais elevado para detectar um número menoraposta 1 cassinocasos. Por outro lado, como médico e não como administrador, avaliando dados científicos, afirmo que realizar o rastreamento a partir dos 40 anosaposta 1 cassinoidade é o ideal. Embora sejam menos casos, essa prática pode salvar vidas", diz ele, recomendando que mulheres que não tenham restrições econômicas ou pessoais façam o exame a partir desta idade.
De acordo com a pesquisadora do ICESP, a maioria das pessoas não segue essas recomendações, mesmo a partir dos 40.
"Portanto, é importante focar primeiroaposta 1 cassinoaumentar a conscientização e educação sobre a importância do autocuidado e da detecção precoce, independentemente da idade. Encorajar as mulheres a procurar ajuda médica se detectarem qualquer alteração nos seios é o primeiro passo."
"A ampliação do rastreamentoaposta 1 cassinopopulações jovens pode ser considerada, mas requer uma análise cuidadosa e um planoaposta 1 cassinoimplementaçãoaposta 1 cassinolongo prazo."