4 boas notícias no tratamento do câncer que aumentam sobrevida dos pacientes:aposta mais de 0.75
Segundo os médicos ouvidos pela BBC News Brasil, as novidades mudam como essas doenças são tratadasaposta mais de 0.75clínicas e hospitaisaposta mais de 0.75agoraaposta mais de 0.75diante.
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Também houve destaque para os cuidados paliativos e até para o cânceraposta mais de 0.75pênis — um experimento realizado no Brasil sugere uma nova linhaaposta mais de 0.75tratamento para esse tumor cercadoaposta mais de 0.75tabus e preconceitos.
A BBC News Brasil conversou com médicos que estiveram na Asco 2024 e resume a seguir quatro das principais novidades sobre o câncer discutidas na conferência.
Cânceraposta mais de 0.75pulmão: aumento da sobrevida
As pessoas que são diagnosticadas com o tipo mais comumaposta mais de 0.75cânceraposta mais de 0.75pulmão, jáaposta mais de 0.75grau 3 —aposta mais de 0.75que a doença já avançou, mas ainda não se espalhou para outras partes do corpo —, não são mais candidatos a fazer uma cirurgia com intenção curativa.
Nesses casos, a estratégia terapêutica tradicional envolve sessõesaposta mais de 0.75quimioterapia e radioterapia.
Em meadosaposta mais de 0.752017, um estudo realizado por diversas instituições do mundo inteiro revelou que acrescentar um imunoterápico a essa conta ampliaaposta mais de 0.75forma significativa o tempoaposta mais de 0.75sobrevida desses indivíduos.
A imunoterapia é uma linhaaposta mais de 0.75tratamento relativamente nova, que não ataca diretamente o tumor, mas estimula o próprio sistema imunológico do paciente a identificar e destruir as células doentes.
A partir desse trabalho, a combinaçãoaposta mais de 0.75químio, radio e imunoterapia se tornou o esquema padrão — pelo menos para os casosaposta mais de 0.75que há acesso aos remédios modernos e mais caros, o que está longeaposta mais de 0.75ser a realidade da maioria dos pacientes brasileiros.
"No entanto, há um grupo específicoaposta mais de 0.75pacientes dentro desse universo que não se beneficia da imunoterapia, porque eles apresentam desfechos muito parecidos a quem tomou placebo [substância sem nenhum efeito terapêutico]", destaca a oncologista Mariana Laloni, diretora médica técnica da Oncoclínicas&Co.
A médica se refere a quem apresenta uma mutação no gene EGFR — algo que é encontrado no DNAaposta mais de 0.7515 a 25% dos acometidos pelo cânceraposta mais de 0.75pulmão mais comum.
Um estudo apresentado na Asco 2024 buscou encontrar saídas justamente para esse grupo.
Os pesquisadores avaliaram se o remédio osimertinibe, da farmacêutica AstraZeneca, poderia ampliar o tempoaposta mais de 0.75vidaaposta mais de 0.75pacientes diagnosticados com cânceraposta mais de 0.75pulmãoaposta mais de 0.75não pequenas células grau 3 com mutação no gene EGFR.
Os resultados obtidos foram considerados positivos: no grupo que recebeu a medicação, o tempoaposta mais de 0.75sobrevida livreaposta mais de 0.75progressão da doença foiaposta mais de 0.7539,1 meses (ou maisaposta mais de 0.75três anos). Para aqueles que tomaram placebo, essa taxa ficouaposta mais de 0.755,6 meses.
Laloni avalia que os resultados são animadores e trazem boas perspectivas. No entanto, pondera que algumas dúvidas ficaram pelo caminho.
"Ainda precisamos saber se é melhor usar essa medicação imediatamente após o tratamento inicial [com químio e radioterapia] ou quando a doença progredir", diz a médica.
"Isso é importante para lidarmos com questões como toxicidade, efeitos colaterais e custos."
A oncologista ainda chama atenção para um outro estudo sobre cânceraposta mais de 0.75pulmão que teve destaque na Asco 2024.
Um grupoaposta mais de 0.75especialistas americanos resolveu avaliar se teleconsultasaposta mais de 0.75cuidados paliativos para pacientes com esse tumoraposta mais de 0.75estágio avançado poderiam funcionar tão bem quanto os encontros presenciais com os profissionais da saúde.
"Esse estudo comparou um grupo que tinha acesso a um programa presencialaposta mais de 0.75cuidados paliativos com outro que recebia o mesmo atendimento por meioaposta mais de 0.75ferramentas eletrônicasaposta mais de 0.75teleatendimento", contextualiza.
A ideia dos cientistas era saber se os efeitos da consulta à distância seriam piores, iguais ou melhores.
"Os resultados mostram que as teleconsultas não são piores que as avaliações presenciais e,aposta mais de 0.75alguns aspectos, são até superiores", diz a médica.
Segundo Laloni, ter esse programa remotoaposta mais de 0.75cuidados pode ser particularmente bem-vindo para quem tem dificuldadeaposta mais de 0.75ir até uma clínica ou hospital.
"Talvez esse seja um dos estudos apresentados neste ano mais importantes quando pensamos na realidade brasileira,aposta mais de 0.75que os cuidados paliativos ainda estão cercadosaposta mais de 0.75dificuldadesaposta mais de 0.75acesso e preconceitos", conclui a oncologista.
O Instituto Nacionalaposta mais de 0.75Câncer (Inca) estima que haja 32.560 casos e 28.868 mortes por cânceraposta mais de 0.75pulmão todos os anos no Brasil.
Cânceraposta mais de 0.75esôfago: ordem das terapias faz diferença
O tratamento do adenocarcinomaaposta mais de 0.75esôfago — um dos tiposaposta mais de 0.75câncer mais frequentes no tubo que liga a boca ao estômago — sofria com uma grande polaridade.
De um lado, um grupoaposta mais de 0.75médicos defendia um esquema terapêutico chamadoaposta mais de 0.75neoadjuvante. Em resumo, a proposta consisteaposta mais de 0.75fazer sessõesaposta mais de 0.75químio e radioterapia antesaposta mais de 0.75submeter o paciente a uma cirurgia para remover o tumor.
Do outro, uma parcela dos especialistas preferia o tratamento perioperatório — ou seja, fazer sessõesaposta mais de 0.75quimioterapia antes e depoisaposta mais de 0.75uma operação.
"Os dados que tínhamos até então não permitiam definir qual das duas estratégias era melhor, então, escolher uma ou outra dependia da decisãoaposta mais de 0.75cada instituição", diz o médico Paulo Hoff, presidente da Oncologia D’Or.
Para acabar com essa dúvida, pesquisadoresaposta mais de 0.75vários centros da Alemanha resolveram comparar as abordagens.
Os resultados obtidos indicaram uma larga vantagem para o tratamento perioperatório.
Os pacientes que foram submetidos a esse esquema apresentaram uma sobrevida médiaaposta mais de 0.7566 meses.
Já o grupo que passou pela terapia neoadjuvante teve uma sobrevidaaposta mais de 0.7537 meses — uma diferençaaposta mais de 0.75quaseaposta mais de 0.752 anos e meio entre os grupos.
Com isso, a abordagem perioperatória passa a ser a principal escolha dos médicos dianteaposta mais de 0.75casosaposta mais de 0.75adenocarcinomaaposta mais de 0.75esôfago localmente avançados (quando a doença já cresceu, mas ainda não se espalhou para outras partes do corpo).
"Isso muda a vidaaposta mais de 0.75milharesaposta mais de 0.75pacientes ao redor do mundo", avalia Hoff, que também é professor titular da Faculdadeaposta mais de 0.75Medicina da Universidadeaposta mais de 0.75São Paulo (FMUSP).
"Outro aspecto positivo é que as medicações utilizadas no estudo não têm um custo altíssimo e estão amplamente disponíveis no Sistema Únicoaposta mais de 0.75Saúde [SUS]."
O Inca estima 10.990 casos e 8.430 mortes por cânceraposta mais de 0.75esôfago todos os anos no Brasil.
Melanoma: remédios antesaposta mais de 0.75cirurgia têm benefícios
O debate sobre a sequênciaaposta mais de 0.75tratamentos também foi pauta para o melanoma, um tipoaposta mais de 0.75cânceraposta mais de 0.75pele menos frequente, mas com alta taxaaposta mais de 0.75mortalidade.
Pesquisadoresaposta mais de 0.75diversas instituições holandesas testaram diferentes esquemas terapêuticos para melanoma grau 3, quando a doença está avançada, mas não se espalhou para outras partes do corpo, e há a possibilidadeaposta mais de 0.75realizar cirurgias.
Nesses casos, o procedimento envolve a remoçãoaposta mais de 0.75gânglios nos linfonodos, que são estruturas do sistema linfático localizadas nas axilas, no pescoço ou na região da virilha que podem abrigar células cancerosas que "escaparam" do tumor original.
A grande questão do estudo era: é melhor fazer o tratamento medicamentoso antes ou depois da operação?
Para responder à pergunta, os cientistas dividiram 423 indivíduos com a doençaaposta mais de 0.75dois grupos.
O primeiro recebeu dois ciclosaposta mais de 0.75ipilimumabe e nivolumabe (dois imunoterápicos) e depois fez a cirurgia.
Aqueles pacientes que tinham uma boa resposta após esse processo (ou seja, apresentavam menosaposta mais de 0.7510%aposta mais de 0.75células tumorais viáveis) não precisavam passar por nenhuma outra intervenção.
Já aqueles que tinham maisaposta mais de 0.7510% eram submetidos a novos ciclosaposta mais de 0.75medicação — a depender do perfil genético dos pacientes, recebiam 11 ciclos mensaisaposta mais de 0.75nivolumabe (imunoterápico) ou 46 doses semanaisaposta mais de 0.75dabrafenibe/trametinibe (remédio da classe das terapias-alvo).
Já o segundo grupo realizou o tratamento considerado padrão: os participantes fizeram a cirurgia logoaposta mais de 0.75cara e, na sequência, passaram por 12 ciclos mensaisaposta mais de 0.75nivolumabe.
Após 12 mesesaposta mais de 0.75acompanhamento, os especialistas calcularam que a taxaaposta mais de 0.75sobrevida livreaposta mais de 0.75eventos foiaposta mais de 0.7583,7% no grupo 1 eaposta mais de 0.7557,2% no grupo 2.
Os resultados reforçam que realizar as sessõesaposta mais de 0.75imunoterapia antesaposta mais de 0.75partir para a cirurgia é uma boa ideia.
"O somatórioaposta mais de 0.75outros estudos publicados anteriormente com os dados apresentados dão uma segurança muito robusta para usar esse novo esquema como a principal modalidadeaposta mais de 0.75tratamento para esse paciente com melanomaaposta mais de 0.75estágio 3", avalia o oncologista Matheus Lobo, do A.C. Camargo Cancer Center,aposta mais de 0.75São Paulo.
Houve outro dado que chamou atenção: quase 60% dos participantes do primeiro grupo obtiveram uma boa resposta e apresentavam menosaposta mais de 0.7510%aposta mais de 0.75células tumorais viáveis após os dois ciclosaposta mais de 0.75imunoterapia e a cirurgia.
Na prática, isso significou que eles não precisavam usar nenhum imunoterápico ou terapia-alvo após as sessões iniciaisaposta mais de 0.75imunoterapia e a cirurgia.
Lobo destaca que esse achado é uma ótima notícia, porque é possível diminuir o tempoaposta mais de 0.75tratamento e os custos envolvidosaposta mais de 0.75todo esse processo.
"É como se você resolvesse a história daquele pacienteaposta mais de 0.75apenas seis semanas,aposta mais de 0.75vezaposta mais de 0.75um ano", compara o médico.
"Mas isso não vemaposta mais de 0.75graça: o estudo mostrou que o perfilaposta mais de 0.75toxicidade nos indivíduos do primeiro grupo foi maior."
Os dados indicam que 29,7% das pessoas que fizeram imunoterapia antes da cirurgia apresentaram efeitos colateraisaposta mais de 0.75graus 3 ou 4 —aposta mais de 0.75que há necessidadeaposta mais de 0.75hospitalização ou atéaposta mais de 0.75intervençõesaposta mais de 0.75urgência.
Já no grupo que fez o tratamento convencional (imunoterapia depois da operação), essa taxa ficouaposta mais de 0.7514,7%.
O Inca estima 8.980 casos e 1.832 mortes por melanoma todos os anos no Brasil.
Cânceraposta mais de 0.75pênis: novo tratamentoaposta mais de 0.75teste
Todos os anos, maisaposta mais de 0.7535 mil homens são diagnosticados com cânceraposta mais de 0.75pênis no mundo. Alguns levantamentos internacionais sugerem que o Brasil é um dos países com uma das maiores incidências deste tipoaposta mais de 0.75tumor no mundo.
"Trata-seaposta mais de 0.75uma doença que costuma ser diagnosticada num estágio muito tardio,aposta mais de 0.75parte pela desinformação e pelo preconceito", diz o oncologista Fernando Maluf, fundador do Instituto Vencer o Câncer.
A faltaaposta mais de 0.75higiene é uma das principais causas para o desenvolvimento desse tumor. Não tomar as vacinas contra o HPV é outro motivo, já que esse grupoaposta mais de 0.75vírus está na origem deste eaposta mais de 0.75diversos outros tiposaposta mais de 0.75câncer.
O médico destaca que,aposta mais de 0.75diversos casos, o tratamento envolve cirurgias mutilantes e sessõesaposta mais de 0.75quimioterapia, que não ampliam significativamente o tempoaposta mais de 0.75vida do indivíduo. A doença costuma voltar depoisaposta mais de 0.75algum tempo.
"Os tratamentos disponíveis contra o cânceraposta mais de 0.75pênis são usados há muito tempo, e não tivemos avanços recentes, que modificaram esses protocolos", acrescenta Maluf, que também atua na Beneficência Portuguesa e no Hospital Israelita Albert Einstein,aposta mais de 0.75São Paulo.
Para alterar esse cenário, o oncologista brasileiro liderou um estudo do Grupo Latino-Americanoaposta mais de 0.75Oncologia Cooperativa (Lacog, na siglaaposta mais de 0.75inglês).
O objetivo era testar uma nova combinação terapêutica, que consistiaaposta mais de 0.75aplicaçõesaposta mais de 0.75quimioterapia e imunoterapia.
Os pesquisadores recrutaram 33 homens com o tumor, que foram acompanhados por meioaposta mais de 0.75examesaposta mais de 0.75imagens a cada um mês e meio.
"A taxaaposta mais de 0.75resposta que obtivemos com a nova formulação foi o dobro do que observamos com o esquema antigo", resume Maluf.
Os dados apresentados na Asco 2024 revelam que 75% dos pacientes tiveram algum grauaposta mais de 0.75redução do tumor. Já 39,4% deles apresentaram uma diminuição considerada significativa.
"Alémaposta mais de 0.75manter a remissão do tumoraposta mais de 0.75longo prazo, os pacientes tratados apresentaram uma melhor qualidadeaposta mais de 0.75vida, alémaposta mais de 0.75tolerarem bem a combinação dos quimioterápicos e imunoterápicos", complementa.
Segundo o oncologista, a pesquisa realizada no Brasil abre novas perspectivas e permite mudar a prática médica para os casosaposta mais de 0.75cânceraposta mais de 0.75pênis.
O Inca estima 478 mortes por cânceraposta mais de 0.75pênis todos os anos no Brasil. Não há dados oficiais do instituto sobre númerosaposta mais de 0.75casos para esse tumor no país.