A árvore alemã que já uniu maisbetano oq e100 casais ao longobetano oq eum século:betano oq e

Envelope roxo no buraco do tronco do carvalho
Legenda da foto, Assim como Denies, que enviou o envelope roxo, pessoas do mundo todo escrevem cartas endereçadas ao carvalho | Foto: Eliot Stein

Atualmente, pessoasbetano oq ediferentes partes do mundo escrevem cartas endereçadas ao carvalho, na esperançabetano oq eque, pelo preçobetano oq eum selo postal, consigam encontrar um companheiro.

É o caso da Marie,betano oq eBrandenburg, que gostariabetano oq econhecer um homem que saiba dançar; do Heinrich, da Saxônia, que está procurando uma parceirabetano oq eviagem; e do Liu,betano oq eShijiazhuang, que quer saber apenas se existe uma alemã interessadabetano oq eter um amigo chinês.

"Há algo mágico e romântico nisso tudo", diz Karl-Heinz Martens,betano oq e72 anos, carteiro que entregou correspondências à árvore por 20 anos, desde 1984.

"Na internet, questionários combinam as pessoas, mas na árvore é uma linda coincidência, como o destino", avalia.

Envelopesbetano oq ecarta
Legenda da foto, Martens foi carteiro por 20 anos e entregou cartasbetano oq eseis continentes para o carvalho | Foto: Eliot Stein

Apesarbetano oq eestar aposentado, Martens guarda um álbumbetano oq erecortes repletobetano oq efotografias, cartas e notíciasbetano oq ejornal do tempobetano oq eque era mensageiro oficial do amor. E fez questãobetano oq eme mostrar durante um café no centrobetano oq eEutin.

Memória afetiva

Em duas décadasbetano oq eserviço ao carvalho, Martens entregou cartasbetano oq eseis continentes, muitas vezesbetano oq eidiomas que ele não entendia. E explicou que embora hoje muitas pessoas saibam sobre a existência da árvore, há 128 anos era um segredo compartilhado por um único casal.

Em 1890, uma moça da região chamada Minna se apaixonou por Wilhelm, um jovem fabricantebetano oq echocolate. O pai a proibiubetano oq ever o rapaz e os dois começaram a trocar cartas secretamente, deixando as correspondênciasbetano oq eum buraco no tronco do carvalho. Um ano depois, o paibetano oq eMinna finalmente deu permissão para a filha se casar com o pretendente. O casamento aconteceubetano oq e2betano oq ejunhobetano oq e1891, sob a sombra do carvalho.

A históriabetano oq econtobetano oq efadas se espalhou e não demorou muito para românticosbetano oq etoda a Alemanha começarem a escrever cartasbetano oq eamor para o carvalho. A árvore recebeu tanta correspondência que,betano oq e1927, a Deutsche Post, empresa alemãbetano oq eserviços postais, atribuiu um código postal próprio para o carvalho e um carteiro foi designado para fazer as entregas. Também providenciou uma escada até a "caixabetano oq ecorreio", para que qualquer pessoa interessadabetano oq eabrir, ler e responder as cartas tivesse acesso.

Segundo Martens, a única regra é: se você abrir uma carta que não quer responder, deve colocá-labetano oq evolta na árvore para que outra pessoa a encontre.

Mulher faz uma pausa para ler as correspondências, enquanto seus dois cachorros esperam
Legenda da foto, Mulher faz uma pausa para ler as correspondências, enquanto seus dois cachorros esperam | Foto: Eliot Stein

"A árvore recebe cercabetano oq emil cartas por ano", diz Martin Grundler, porta-voz da Deutsche Post.

"A maioria chega no verão. Eu suponho que é quando todo mundo quer se apaixonar", acrescenta.

Para quem gostabetano oq euma pessoa específica, reza a lenda que se uma mulher caminha três vezes ao redor do tronco do carvalho sob a lua cheia, enquanto pensabetano oq eseu amado, sem falar ou rir, ela se casará com ele no prazobetano oq eum ano.

50 envelopes por dia

Até hoje, o "carvalho dos noivos" continua sendo a única árvore no mundo que tem endereço postal próprio. Seis dias por semana nos últimos 91 anos, um carteiro caminhou pela floresta - faça chuva, neve ou sol - e subiu a escada para depositar as correspondências no buraco da árvore. E ninguém entregou mais cartas ao carvalho do que Martens.

"Era minha parte favorita do dia", conta o carteiro aposentado, me mostrando uma fotografiabetano oq epreto e branco dele,betano oq eóculos e boné, sorrindo enquanto deixava cartas no carvalho.

"As pessoas costumavam decorar minha rota e esperar eu chegar porque não acreditavam que um carteiro entregasse cartas a uma árvore."

Em 20 anos, Martens disse que houve apenas 10 diasbetano oq eque ninguém escreveu para o carvalho. E, embora chegasse a entregar até 50 envelopes por dia, nem todos continham cartasbetano oq eamor.

"Antes da unificação (em 1990), moradores da Alemanha Oriental que não tinham conhecidos na parte Ocidental costumavam escrever para a árvore e perguntar que modelosbetano oq ecarro e tiposbetano oq emúsica existiam lá", conta.

"Eu queria responder, mas meu chefe recomendou que eu não fizesse isso."

No entanto, muitas correspondências que chegaram ao longo dos anos resultarambetano oq elindas históriasbetano oq eamor.

Carteiro entrega cartas para a árvore
Legenda da foto, A Deutsche Post designou um carteiro especialmente para entregar cartas para a árvore | Foto: Archiv TI Eutin

Em 1958, um jovem soldado alemão chamado Peter Pump foi até o carvalho, vasculhou o buracobetano oq ecartas e retirou um pedaçobetano oq epapel com apenas um nome e endereço. Por um capricho, ele decidiu responder à "honrada senhorita Marita", que, na verdade, não tinha escrito para a árvore. Os amigos da jovem enviaram a mensagem, sabendo que ela era muito tímida. Peter e Marita se corresponderam durante um ano até finalmente se conhecerem. Os dois trocaram aliançasbetano oq e1961 e celebram neste ano o 57º aniversáriobetano oq ecasamento.

Outra história é a dos Christiansens. Em 1988, Martens entregou ao carvalho uma carta escrita por uma moçabetano oq e19 anos da Alemanha Oriental, chamada Claudia. Ela estavabetano oq ebuscabetano oq eum amigo por correspondência. Friedrich Christiansen, fazendeiro da Alemanha Ocidental, encontrou o envelope e escreveubetano oq evolta para ela. Eles trocaram 40 cartas e se apaixonaram. Impedidosbetano oq ese encontrar, Friedrich e Claudia se corresponderam por quase dois anos através da fronteira. Quando o muro caiu, os dois puderam se ver pela primeira vez e se casarambetano oq emaiobetano oq e1990.

Carteiro 'fisgado'

"Eu seibetano oq epelo menos 10 casamentos apadrinhados pela árvore", revela Martens.

"Um,betano oq eparticular, se destaca."

Em 1989, uma emissorabetano oq eTV alemã estava gravando uma reportagem especial sobre o carvalho e perguntou a Martens se ele próprio já tinha encontrado o amorbetano oq eseu tronco. Ele respondeu que não. Poucos dias depois, ao subir a escada para entregar as correspondências, se deparou com o bilhetebetano oq euma mulher chamada Renate, endereçado ao carteiro do carvalho.

"Eu gostariabetano oq ete conhecer", dizia o texto. "Você faz meu tipo. No momento, também estou sozinha".

"Eu liguei para ela, meio desajeitado, e logo a encontrei", conta Martens, me mostrando uma foto dele e Renate se beijando no dia do casamento.

"Nos casamosbetano oq e1994 e a recepção foi embaixo do carvalho."

O jornal local publicou uma fotobetano oq eMartensbetano oq eterno subindo a escada e uma dos recém-casados se beijando sob a sombra da árvore. O título da reportagem dizia: "Casamento do ano". Vinte e quatro anos depois, Martens e Renate continuam juntos e felizes. E o carteiro aposentado ainda guarda o bilhete dela.

Quando o sol começou a se pôr no centrobetano oq eEutin, Martens fechou subitamente o álbumbetano oq erecortes e colocou o casaco.

"Vamos antes que escureça", disse ele, pegando as chaves do carro.

"Siga-me."

Mulheres sobem a escada para ler as cartasbetano oq eamor na décadabetano oq e1930
Legenda da foto, Mulheres sobem a escada para ler as cartasbetano oq eamor na décadabetano oq e1930 | Foto: Karl-Heinz Martens

Quinze minutos depois, eu estavabetano oq evolta à florestabetano oq eDodauer, dessa vez seguindo os passos apressadosbetano oq eMartensbetano oq edireção ao velho carvalho. Na cerca ao redor da árvore, ele aponta para duas tabuletas: uma que conta a história do carvalho, escrita por ele; e outra que diz "que este casamento dure muito tempo!"

Em 2009, após maisbetano oq e100 anos unindo as pessoas, o carvalho se casou simbolicamente com uma castanheirabetano oq e200 anos pertobetano oq eDüsseldorf. Apesar da distânciabetano oq e503 quilômetros, as duas árvores permaneceram juntas por seis anos, até que a castanheira começou a sofrer com os sinais da velhice e teve que ser cortada, deixando o carvalho viúvo.

"Quando comecei a vir aqui, a árvore era mais forte e mais saudável", afirma Martens, apontando para uma sériebetano oq ecabos que sustentam os galhos do carvalho.

"Mas eu também não sou tão saudável, então, suponho que tenhamos uma conexão especial."

Há alguns anos, os arboristas descobriram que o carvalho tinha sido infectado por um fungo - e tiveram que podar diversos galhos para evitar que a doença se espalhasse. Na mesma época, Martens foi diagnosticado com leucemia. Assim como os galhos da árvore, ele explicou que seus ossos não são mais tão estáveis.

Martens na escada da árvore
Legenda da foto, Embora esteja aposentado, Martens gostabetano oq eir até a floresta fazer uma visita à árvore | Foto: Eliot Stein

"Mas eu ainda consigo subir a escada", diz ele, avançando lentamente degrau por degrau.

Após espiar pela minúscula caixa postal, Martens se desculpou educadamente. Estava ficando tarde e ele precisava voltar para encontrar a esposa.

Quando ele foi embora, um homem magro com os cabelos bem penteados apareceu andando pela floresta. Ele trazia um pequeno pedaçobetano oq epapel nas mãos. Quando se aproximou do carvalho, perguntei gentilmente se ele não se importavabetano oq eresponder algumas perguntas para uma história que eu estava escrevendo.

Ele me contou que às vezes caminha sozinho até a árvore depois do trabalho. E me mostrou o bilhete que tinha escrito:

"Sou viúvo, tenho 53 anos, 1,75 mbetano oq ealtura e morobetano oq eOstholstein. Estou à procurabetano oq euma parceira amorosa e leal,betano oq eestatura mediana e magra. Quem sabe nos falamosbetano oq ebreve. Jens", dizia o texto.

"Nunca se sabe", ele sorriu.

Me despedi e comecei a voltar para a cidade andando pela floresta. À beira da clareira, me virei e avistei Jens no topo da escada. Ele estava colocando um envelope roxo no bolso do casaco.

betano oq e Leia a versão original desta reportagem betano oq e (em inglês) no site BBC Travel betano oq e .