Spinalonga, a ilha grega onde leprosos eram abandonados para esperar a morte:cassinos indianos
Em 1904, com a expulsão dos otomanos pelos cretenses, a ilhota foi transformadacassinos indianosuma colônia para pacientescassinos indianoshanseníase, que na época eram considerados leprosos.
Séculoscassinos indianosestigma
A partircassinos indianos1913, quando Creta passou a pertencer à Grécia, outros portadores da doença passaram a ser enviados para lá. No picocassinos indianossuas atividades, a colônia chegou a ter até 400 habitantes.
A hanseníase é uma doença que causa deformidades na pele e danos aos nervos das regiões do corpo afetadas. Historicamente, os danos provocados pela doença transformavam seus portadorescassinos indianosalvoscassinos indianosum estigma social - os leprosos.
Pacientescassinos indianoshanseníase eram desprezados por comunidades e até médicos e as próprias famílias.
A estigmatização era tamanha que desdecassinos indianostempos muito antigos a doença ganhou o apelidocassinos indianos"a morte que precede a morte".
Passado apagado
Na Grécia do século 20, pacientes diagnosticados com hanseníase tinham propriedades e posses confiscadas, alémcassinos indianoscidadania cassada e suas identidades simplesmente apagadas dos registros oficiais.
Eram então deportados para Spinalonga, onde jamais recebiam tratamento.
O único médico designado para a ilha só era acionado para fazer a viagemcassinos indianosPlaka até ali se algum morador fosse acometidocassinos indianosoutra doença.
O mais impressionante é que, apesarcassinos indianostratamentos para a lepra terem sido descobertoscassinos indianos1940, o governo grego manteve Spinalonga operacional até 1957.
Foi apenas depoiscassinos indianosum especialista britânico visitar o local e preparar um relatório denunciando as autoridades gregas pelo descaso com os doentes que Atenas decidiu oficialmente desativar a colônia.
Em 2013, eu não consegui visitar a ilhota. Mas depoiscassinos indianosler o livro A Ilha,cassinos indianosVictoria Hislop, uma dramática históriacassinos indianossegredoscassinos indianosfamília, traições e casoscassinos indianosamor ocorrendo na colôniacassinos indianosleprosos, decidi aprender como era a vidacassinos indianosverdade paras as pessoas exiladascassinos indianosSpinalonga.
De longe,cassinos indianosmeio às águas verdescassinos indianosMirabello, entre a passagem e outracassinos indianosuma lancha veloz, Spinalonga é bonita. Mas assim que nossa barco aproximou-se da ilhota, a cidadela pairou sobre nós como uma nuvem negra.
Irmandade
Estava acompanhadacassinos indianosMaurice Born, etnólogo e coautor do livro Vidas e Mortescassinos indianosum Cretense Leproso, escritocassinos indianosparceria com Epaminondas Remoundakis, sobrevivente da colônia que lutou por melhor tratamento e melhores condiçõescassinos indianosvida para os moradores.
"A históriacassinos indianosSpinalonga é a históriacassinos indianosuma imensa mentira", explicou Born enquanto cruzamos um túnel na cidadela conhecido como Portãocassinos indianosDante.
Mesmo décadas após o fechamento da coloniacassinos indianosleprosos,cassinos indianos1957, pouquíssimo se sabia sobre a ilha. O governo grego, disposto a apagar as pistas da existência da colônia, queimou todos os arquivos.
Sobreviventescassinos indianosSpinalonga recusaram-se a falar sobre suas experiências. Por anos, foi como se a colônia jamais tivesse existido.
Porém, o livrocassinos indianosHislop, publicadocassinos indianos2005 - e que deu origem a uma seriecassinos indianosTV -, mudou tudo.
Como quecassinos indianosrepente, pessoas começaram a falar sobre Spinalonga. Todo mundo era um especialista. E Atenas, feliz com o retrato favorável pintado pela narrativa romantizada da autora, permitiu que as pessoas falassem.
Surgiu daí uma história "gourmetizada" - e errada - da vida na colônia.
'Egoísmo'
Depoiscassinos indianoscruzarmos o túnel, chegamos a uma rua com ruínascassinos indianoscasas venezianas e otomanas.
Born parou para mostrar o local onde um dia funcionou um bistrô administrado por leprosos. "O Estado grego queria destruir todas as evidências da colônia, mas na décadacassinos indianos1980 turistas começaram a aparecer com objetivo específicocassinos indianosvisitar seus vestígios", conta o etnólogo.
Um outro arco nos levou ao que um dia funcionou com um setor comercial, com lojas - algo que os leprosos foram autorizados a ter na décadacassinos indianos1930 -, um café e uma pequena escola. Um lado da rua foi restaurado com propósitos turísticos, com fachadas coloridas.
Não muito longe dali fica um prédiocassinos indianospedra cavernosocassinos indianosque ainda está o incinerador usado para queimar roupas infectadas.
À medida que caminhamos pelo vilarejo abandonado, Born continuou a revelar detalhes sobre a vida na colônia.
Antes dos anos 1930, os habitantescassinos indianosSpinalonga viviam apenas pensando na sobrevivência individual,cassinos indianosum "estadocassinos indianosegoísmo". "Ninguém cuidava um do outro, o padre local tinha dificuldades para encontrar ajudantes para enterrar os mortos."
As coisas só mudaram com a chegadacassinos indianosRemoundakis, que formou a Irmandadecassinos indianosSpinalonga, uma sociedade dedicada a melhorar as condiçõescassinos indianosvida na ilha. E a fazer lobby junto ao governo grego.
"Antes da irmandade, tudo o que havia era comida, jogoscassinos indianosazar e raki (bebida típica grega, feitacassinos indianosuvas destiladas)", disse Born.
Espelhos proibidos
A irmandade estabeleceu ordem e uma melhor qualidadecassinos indianosvida na ilhota. Houve até concertos feitos por moradores com habilidades musicais. Em um dos cafés podiam-se também ouvir discoscassinos indianosuma vitrola doada aos habitantescassinos indianosSpinalonga.
Entre as muitas regras estabelecidas pela irmandade, uma das mais importantes era a proibiçãocassinos indianosespelhos - ninguém queria ver o próprio reflexo.
Mas era impossível deixarcassinos indianosobservar a destruição causada pela lepracassinos indianosoutros moradores.
"Era muito comum buscar a solidão para evitar os rostos uns dos outros", completou Born.
Em 1938, os moradores receberam permissão para dinamitar partes da fortaleza medieval e criar uma trilha ao longo do perímetro da ilha, navegável mesmo por aqueles com a mobilidade debilitada pela doença.
A trilha deu aos exilados algo próximocassinos indianosuma libertação.
Fizemos o percurso, e o sentimentocassinos indianosclaustrofobia que tive no vilarejo desapareceu. Ventos fortes corriam pela trilha como prisioneiros libertados das algemas. Observei a incrível vista para a Baíacassinos indianosMirabello e respirei o ar salgado vindo do mar.
Chegamos à solitária Igrejacassinos indianosSão Jorge, construída há séculos pelos venezianos, nas proximidadescassinos indianosum pequeno cemitério.
"Quando turistas começaram a visitar a ilha nos anos 80, muitos depredaram os túmulos", contou Born.
Em 2013, os restos mortais dos habitantes da colônia foram colocadoscassinos indianosum ossário próximo ao cemitério, e cobertos com novas placascassinos indianosconcreto.
Na entrada do cemitério, uma placa pede respeito aos mortos.
Levou várias décadas para quecassinos indianoshistoria fosse contada. Mas aqueles que nunca deixaram Spinalonga enfim encontraram paz.
- cassinos indianos Leia a versão original cassinos indianos dessa reportagem (em inglês) no site BBC Travel.