O diplomata que há 23 anos se dedica a resolver disputa entre dois países por um nome:bet3654
bet3654 Matthew Nimetz quer deixar claro que não passou todos os últimos 23 anos pensando sobre a palavra "Macedônia".
"Eu provavelmente tenho pensado nisso mais do que qualquer outra pessoa - incluindo as do país", diz o diplomata americanobet365478 anos. "Mas vou decepcionar aqueles que pensam que esse é meu trabalhobet3654tempo integral", garante ao jornalista Alex Marshall.
Desde 1994, Nimetz tem tentado negociar um fim para a disputa internacional mais estranha do mundo, na qual a Grécia se nega a reconhecer o nome da Macedônia e a deixá-la integrar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) ou a União Europeia (UE).
Para a Grécia, o nome Macedônia sugere que o país teria ambiçõesbet3654reivindicar a província gregabet3654mesmo nome.
Os gregos argumentam que ela deveria se chamar "Skopje", e que Macedônia fosse o nomebet3654sua capital - o contrário do que ocorre hoje.
Enquanto isso, a Macedônia argumenta que seu povo data do antigo reino da Macedônia, então liderado por Alexandre, o Grande. Portanto, o nome uma escolha óbvia.
Um resultado curioso dessa disputa é que tanto os viajantes entrando no norte da Grécia quanto aqueles cruzando a fronteira na direção oposta recebem mensagensbet3654boas-vindas à Macedôniabet3654placas nas estradas.
Uma nova antiga república
Quando Nimetz começou a trabalhar na disputa, ele servia como enviado especial do então presidente americano Bill Clinton. Mas desde o fimbet36541999 ele tem sido o enviado pessoal do secretário-geral da ONU para o problema -bet3654tarefa é empurrar os dois lados para uma resolução, recebendo para isso um salário simbólicobet3654US$ 1 por ano.
Diante do impasse, a Macedônia entrou na ONU ao concordar ser chamadabet3654Antiga República Iugoslava da Macedônia para propósitos oficiais. Não era, porém, a intenção que essa fosse uma solução permanente, o que criou uma sériebet3654novas dificuldades.
"Isso leva à construçãobet3654frases muito estranhas", comenta Nimetz.
Ban Ki-moon, então secretário-geral da ONU, uma vez se confundiu e chamou o paísbet3654"Antiga Iugoslávia República da Iugoslávia".
"Ele me disse: 'você tem que resolver esse problema. Isso está me deixando louco", conta Nimetz.
Apesar do passo lento das negociações, ele nunca pensoubet3654desistir.
"Algumas pessoas pensam que fico apenas sentado pensandobet3654adjetivos para colocar no nome da Macedônia, como Nova Macedônia, Alta Macedônia, mas esta questão tem uma importância histórica.... uma importânciabet3654termosbet3654construção da nação", explica.
"E nunca é chato, as pessoas lidando com essa questão mudam o tempo todo. Imagine um diretorbet3654teatro que monta a peça Rei Lear ou Hamlet (de Shakespeare), mas sempre com atores e palco diferentes. Eles ficam entediados?"
Impasse perigoso
Quando Nimetz começou como enviadobet3654Clinton, ainda nos anosbet36541990, parecia que a disputa poderia sair do controle.
A Grécia faz objeção ao nome desde 1991, quando a Macedônia se declarou independente da Iugoslávia. No ano seguinte, um milhãobet3654gregos - um décimobet3654sua população - tomou as ruasbet3654Tessalônica, capitalbet3654sua província homônima,bet3654protesto.
Aquelas manifestações ajudaram a derrubar o então primeiro-ministro grego, e seu sucessor, Andreas Papandreou, barrou o acesso da Macedônia aos portos do país. O vizinho era "um real e presente perigo à Grécia", afirmou na ocasião.
Nimetz diz compreender o medo da Gréciabet3654que os macedônios poderiam reivindicar o território grego. "Tenho que explicar às pessoas que a preocupação da Grécia sobre o irredentismo não foi criada do nada", conta.
"Nas últimas três gerações, esses tiposbet3654ameaça foram reais ao país. Esse sentimento que 'de que estamos sempre sendo cercados'. Nos Bálcãs, cada país tem uma históriabet3654desmembramento oubet3654luta com vizinhosbet3654algum momento."
Uma vez, ele traduziu o significado da disputa a senadores americanos perguntando como eles se sentiriam se o México mudasse seu nome para República do México e Texas e começasse a publicar mapas históricos sugerindo a possebet3654todo o sul dos Estados Unidos.
Mas ele também entende o lado dos macedônios.
"Quando os gregos dizem para eles, 'Olha, você só chegou aqui no século 9, 10, você não é realmente desta região. Vocês deveriam se chamar, no máximo, Nova Macedônia', para o povo da Antiga República Iugoslava da Macedônia isso é um problema. Eles não se consideram 'novos'. Eles se consideram nativos como qualquer um."
Adjetivos e adjetivos
Apesar disso, Nimetzbet3654início achou que a disputa teria um fim simples e rápido. Assim como pensaram políticos macedônios.
"Eles disseram: 'o tempo está a nosso favor - vamos apenas conversar por alguns anos, deixar as coisas se acalmarem, mudar algumas pessoas no governo'. Mas não funcionou bem dessa forma", diz.
Uma longa listabet3654nomes foi sugerida, indo desde Nova Macedônia e Nova Makedonija até Macedônia-Eslava e Repúblicabet3654Skopje. Em um mesmo momento, Alta República da Macedônia e República da Alta Macedônia estavam na mesa.
Mas nenhum foi aceito até agora.
Pode parecer que não há mais adjetivos restantes, mas Nimetz insiste que disputas são resolvidas no momento certo.
Como exemplo, cita o caso da Irlanda do Norte ou da reunificação da Alemanha. A mudança pode ocorrer porque acontecimentos fazem as pessoas olharem para a questãobet3654um pontobet3654vista diferente, ou novos líderes tomam decisões mais duras. Ou as pessoas podem simplesmente ficar exaustasbet3654um debate sem fim.
Ele está otimistabet3654que o momento ideal está perto. Isso ébet3654parte por causa da nova liderança na Macedônia - o social-democrata Zoran Zaev tornou-se primeiro-ministro neste ano, pondo fim a um longo períodobet3654impasse interno. Mas também porque o país precisa ficar mais pertobet3654alcançar seus objetivosbet3654se unir à Otan e à UE.
"Fazer isso daria a eles confiança, legitimidade, oportunidades econômicas... e um sensobet3654permanência", diz Nimetz.
E também pode aliviar as tensões entre os macedônios e albaneses, que representam um quarto da população. Em 2011, tais tensões deixaram o país à beirabet3654uma guerra civil.
Mas Nimetz admite que convencer eleitoresbet3654ambos os países será difícil - líderes macedônios prometeram que qualquer acordo será levado a um referendo.
Ele acredita que parte da saída é encorajar pessoas a não ver isso como uma questãobet3654identidade nacional.
"Um cidadão comum uma vez me dissebet3654Skopje: 'Quando eu acordobet3654manhã e faço a barba, eu olho no espelho e digo Eu sou macedônio. Bem, amanhã, quando for me barbear, você espera que eu diga, Eu sou um novo-macedônio ou Eu sou da Alta Macedônia?'."
"Eu disse a ele quebet3654preocupação é compreensível, mas que esse é o caminho errado para olhar para isso. Estamos apenas falando da formulaçãobet3654um nome desse Estado para propósitos diplomáticos. Ele não terá impacto sobre as pessoasbet3654geral."
"Não estamos negociando identidade. Se estivéssemos, eu estaria fora daqui", completa.
Ele reconhece que a identidade é importante, mesmo que seja "um grande defensor do globalismo".
"Acredito que exista um aspecto tribal para nós como espécies", diz ele, "e é muito difícil se sentir confortávelbet3654um mundo global, mesmo para pessoas como eu."
Alexandre, o polêmico
Em todo esse tempo trabalhando no caso, houve apenas um momentobet3654que Nimetz uniu ambos os lados.
Foibet3654um momento improvável, quando a Macedônia estava colocando várias estátuasbet3654Alexandre, o Grande nas cidades, e tinha dado o nome dele a seu principal aeroporto, causando indignação na Grécia.
"Quando aquilo estava acontecendo, eu disse a um repórterbet3654Skopje: 'Eu entendo isso, porque ele era um grande líder militar, mas também destruiu muito e matou muitas pessoas'. Fiquei mal com ambos os lados. Eu quase renunciei."
Nimetz acababet3654encerrar mais uma rodadabet3654encontros sobre a questão. Ele se reuniu com políticosbet3654Skopje e com o ministro das Relações Exteriores da Grécia.
Uma solução pode ser alcançada, insiste, mas agora ele está ocupado planejando as férias "para um abrigo no Círculo Ártico para onde a rena migra".
Uma boa chancebet3654se distanciar das questões sobre identidade nacional ebet3654autodeterminação, certo?
"Bem, na verdade", ele diz, "talvez não, quando você pensa sobre as Primeiras Nações do Canadá..."
O diplomata então começa a explicar com entusiasmo o debate canadense sobre o autogoverno indígena, e fica logo claro que seu amor por tais questões é a principal razão pela qual ele tem sido capazbet3654atuarbet3654uma disputabet3654tornobet3654uma palavra pelos últimos 23 anos.