Até que ponto somos controlados pelo inconsciente:beting apostas
Felizmente, a ciência da psicologia nos oferece insights importantes e talvez surpreendentes. Uma das descobertas mais importantes vem do psicólogo americano Benjamin Libet (1916-2007) na décadabeting apostas1980.
Ele concebeu um experimento que era aparentemente simples, mas gerou um enorme debate desde então.
Os participantes foram convidados a se sentarbeting apostasmaneira relaxadabeting apostasfrente a um relógio adaptado. No mostrador do relógio, havia uma pequena luz girandobeting apostastorno dele.
Tudo o que os participantes tinham que fazer era flexionar o dedo sempre que sentissem vontadebeting apostasfazer isso e lembrar qual era a posição da luz no mostrador do relógio neste momento.
Ao mesmo tempobeting apostasque tudo isso acontecia, a atividade cerebral dos participantes era registrada por meiobeting apostasum eletroencefalograma (EEG), que detecta níveisbeting apostasatividade elétrica no cérebro.
O que Libet conseguiu mostrar foi que o tempo fornece uma pista importante sobre se o inconsciente desempenha ou não um papel significativo no que fazemos.
Ele mostrou que a atividade elétrica no cérebro se desenvolvia muito antesbeting apostasas pessoas conscientemente terem a intençãobeting apostasflexionar o dedo e o flexionarem.
Em outras palavras, os mecanismos inconscientes, por meio da preparação da atividade neural, nos preparam para qualquer ação que decidamos realizar.
Mas tudo isso acontece antesbeting apostastermos conscientemente a intençãobeting apostasfazer algo. Nosso inconsciente parece reger todas as ações que realizamos.
No entanto, à medida que a ciência avança, somos capazesbeting apostasrever e aprimorar o que sabemos.
Agora sabemos que há vários problemas fundamentais com as configurações do experimento que sugerem que as alegaçõesbeting apostasque nosso inconsciente rege fundamentalmente nosso comportamento são significativamente exageradas.
Por exemplo, ao corrigir os vieses nas estimativas subjetivas da intenção consciente, a lacunabeting apostastempo entre as intenções conscientes e a atividade cerebral é reduzida.
No entanto, as descobertas originais ainda são valiosas, mesmo que não possam ser usadas para afirmar que nosso inconsciente rege completamente nosso comportamento.
Outra formabeting apostasavaliar se somos,beting apostasúltima análise, governados por nosso inconsciente é analisar as situaçõesbeting apostasque podemos esperar que ocorra a manipulação inconsciente.
Na minha pesquisa, perguntei às pessoas que situações seriam essas. O exemplo mais comum foi propaganda e marketing.
Pode não ser uma surpresa, visto que muitas vezes nos deparamos com termos como "propaganda subliminar", que sugere que somos orientados a fazer escolhasbeting apostasconsumobeting apostasmaneiras pelas quais não temos nenhum controle consciente.
James Vicary, que foi profissionalbeting apostasmarketing e psicólogo na décadabeting apostas1950, deu vida ao conceito.
Ele convenceu um donobeting apostascinema a usar seu dispositivo para projetar mensagens durante a exibiçãobeting apostasum filme.
Mensagens como "beba Coca-Cola" apareciam por fraçõesbeting apostassegundo — e ele alegou que as vendas da bebida dispararam depois que o filme acabou.
Após um grande furor a respeito da ética desta descoberta, Vicary contou a verdade e admitiu que tudo era uma farsa — ele havia inventado os dados.
Na verdade, é notoriamente difícil mostrarbeting apostasexperimentosbeting apostaslaboratório que projetar palavras abaixo do limiar da percepção consciente pode nos induzir até mesmo a pressionar botõesbeting apostasum teclado que estão associados a esses estímulos, quanto mais nos manipular para mudarmos escolhas no mundo real.
O aspecto mais interessantebeting apostastorno dessa polêmica é que as pessoas ainda acreditam, como tem sido demonstradobeting apostasestudos recentes, que métodos como a propaganda subliminar estãobeting apostasuso, quando, na verdade, existe uma legislação que nos protege dela.
Mas tomamos decisões sem pensar conscientemente?
Para descobrir, os pesquisadores investigam três áreas: até que ponto nossas escolhas são baseadasbeting apostasprocessos inconscientes, se esses processos inconscientes são fundamentalmente enviesados (por exemplo, sexistas ou racistas) e o que, se houver algo, pode ser feito para melhorar nossa tomadabeting apostasdecisão enviesada a e inconsciente.
Para o primeiro ponto, um estudo analisou se as melhores escolhas feitasbeting apostasambientesbeting apostasconsumo eram baseadas ou não no pensamento ativo.
A descoberta surpreendente foi que as pessoas fazem escolhas melhores quando não pensam, especialmentebeting apostasambientesbeting apostasconsumo complexos.
Os pesquisadores argumentaram que isso acontece porque nossos processos inconscientes são menos limitados do que os processos conscientes, que demandam muito do nosso sistema cognitivo.
Os processos inconscientes, como a intuição, funcionambeting apostasmaneira que sintetizam automática e rapidamente uma variedadebeting apostasinformações complexas, e isso oferece uma vantagem sobre o pensamento deliberado.
Assim como o estudobeting apostasLibet, esta pesquisa despertou grande interesse.
Infelizmente, as tentativasbeting apostasreplicar essas descobertas foram extremamente difíceis, não apenas nos contextos originaisbeting apostasconsumo, como tambémbeting apostasáreasbeting apostasque se considera que haja uma ampla utilizaçãobeting apostasprocessos inconscientes: na detecçãobeting apostasmentiras,beting apostasdecisões médicas e decisões românticas arriscadas.
Dito isso, é claro que existem fatores que podem influenciar nossas decisões e direcionar nosso pensamento aos quais nem sempre prestamos muita atenção, como emoções, humor, cansaço, fome, estresse e crenças existentes.
Mas isso não significa que somos regidos por nosso inconsciente — é possível ter consciência desses fatores.
Às vezes, podemos até neutralizá-los colocando os sistemas certosbeting apostasfuncionamento ou aceitando que contribuem para o nosso comportamento.
Mas e quanto ao viés na tomadabeting apostasdecisão?
Um estudo mostrou que, por meio do usobeting apostasuma técnica agora amplamente utilizada, chamada testebeting apostasassociação implícita (IAT, na siglabeting apostasinglês), as pessoas nutrem atitudes inconscientes e enviesadasbeting apostasrelação a outras pessoas (como discriminação racial oubeting apostasgênero).
Também sugeriu que essas atitudes podem, na verdade, motivar decisões enviesadas, comobeting apostasquestõesbeting apostastrabalho, jurídicas, médicas e que afetam a vidabeting apostasoutros.
No entanto, ao analisar maisbeting apostasperto pesquisas sobre o tema, há dois problemas críticos com o testebeting apostasIAT.
Em primeiro lugar, se você observar as pontuaçõesbeting apostasum indivíduo no testebeting apostasIAT, e pedir para ele repetir o teste, os dois resultados não coincidembeting apostasforma consistente — isso é conhecido como confiabilidade teste-reteste limitada.
Além disso, foi demonstrado que os resultados do testebeting apostasIAT são um indicador frágil do comportamento realbeting apostastomadabeting apostasdecisão, o que significa que o teste tem baixa validade.
Também há esforços para tentar melhorar a maneira como tomamos decisõesbeting apostasnossa vida cotidiana (como alimentação saudável ou economizar para a aposentadoria), na qual nossos processos inconscientes enviesados podem limitar nossa capacidadebeting apostasfazer isso.
Neste sentido, o trabalhobeting apostasRichard Thaler, ganhador do prêmio Nobelbeting apostaseconomia, e Cass Sunstein foi revolucionário.
A ideia básica por trás do trabalho deles vem do cientista cognitivo Daniel Kahneman, outro ganhador do Prêmio Nobel, que argumentou que decisões precipitadas são motivadas principalmentebeting apostasmaneira inconsciente.
Para ajudar a melhorar a forma como tomamos decisões, dizem Thaler e Sunstein, é preciso redirecionar processos inconscientemente enviesados na direção da melhor decisão.
A maneirabeting apostasfazer isso é dando um "empurrão" suave nas pessoas para que possam detectar automaticamente qual opção é a melhor a escolher.
Por exemplo, você pode tornar os doces menos acessíveisbeting apostasum supermercado do que as frutas.
Esta pesquisa foi adotada globalmente por muitas instituições públicas e privadas.
Um estudo recente da minha própria equipe mostra que as técnicas do "empurrão" muitas vezes falham consideravelmente. E também saem pela culatra, levando a resultados piores do que se não fossem usadas.
Há várias razões para isso, como aplicar o "empurrão" errado ou entender mal o contexto. Parece que é necessário mais para mudar o comportamento do que dar um empurrãozinho.
Dito isso, os defensores do "empurrão" nos levam a acreditar que somos mais facilmente influenciados do que pensamos — e do que realmente somos.
Um aspecto fundamentalbeting apostasnossas experiências psicológicas é a crençabeting apostasque somos os agentesbeting apostasmudança, sejabeting apostascircunstâncias pessoais (como ter uma família) ou externas (como as mudanças climáticas antropogênicas).
No geral, preferimos aceitar que temos liberdadebeting apostasescolhabeting apostastodos os tiposbeting apostascontextos, mesmo quando percebemos que isso está sob a ameaçabeting apostasmecanismos que nos manipulam inconscientemente.
No entanto, ainda acreditamos estrategicamente que temos menos diligência, controle e responsabilidadebeting apostasdeterminadas áreas, com base no quanto elas nos são importantes.
Por exemplo, preferimos reivindicar controle e diligência conscientes sobre nosso voto político do que sobre o cereal matinal que estamos comprando.
Então, podemos argumentar que nossa escolha infeliz para o café da manhã se resumiu à propaganda subliminar. No entanto, estamos menos inclinados a aceitar que fomos manipulados a votarbeting apostasuma determinada maneira pelo poder das empresasbeting apostasrede social.
Descobertas científicasbeting apostaspsicologia que ganham manchetes sensacionalistas muitas vezes não ajudam porque contribuem com a ideiabeting apostasque somos fundamentalmente regidos por nosso inconsciente.
Mas a evidência científica mais robusta indica que somos provavelmente mais governados pelo pensamento consciente do que pelo pensamento inconsciente.
Podemos ter a sensaçãobeting apostasque nem sempre estamos totalmente cientesbeting apostaspor que fazemos o que fazemos.
Isso pode ser porque nem sempre estamos prestando atenção aos nossos pensamentos e motivações internas.
Mas isso não é equivalente a nosso inconsciente reger todas as nossas decisões.
Embora eu ache que não, digamos que somos mesmo governados pelo inconsciente.
Neste caso, há uma vantagembeting apostasalimentar a crençabeting apostasque temos mais controle consciente do que não.
Nas situaçõesbeting apostasque as coisas dão errado, acreditar que podemos aprender e mudar as coisas para melhor dependebeting apostasaceitarmos um certo nívelbeting apostascontrole e responsabilidade.
Nos casosbeting apostasque as coisas dão certo, acreditar que podemos repetir ou aprimorar ainda mais nossas conquistas dependebeting apostasaceitarmos que temos um papel a desempenhar nelas.
A alternativa é nos submeter à ideiabeting apostasque forças aleatórias ou inconscientes ditam tudo o que fazemos e, no longo prazo, isso pode ser mentalmente devastador .
Então, por que você se apaixonou pelo seu parceiro?
Talvez ele tenha feito você se sentir forte ou segura, desafiadabeting apostasalguma forma ou ele cheirava bem.
Como qualquer outra questão importante, ela é multifacetada e não há uma resposta única.
O que eu diria é que é improvável que seu "eu" consciente não tenha nada a ver com isso.
* Magda Osman é professorabeting apostaspsicologia experimental na Universidade Queen Marybeting apostasLondres, no Reino Unido.
Este artigo é parte da série Life's Big Questions, do sitebeting apostasnotícias acadêmicas The Conversation, que está sendo copublicada pela BBC Future. A série busca responder perguntasbeting apostasleitores sobre a vida, o amor, a morte e o Universo.
O texto foi publicado originalmente no The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. Leia aqui a versão original (em inglês).
beting apostas Leia a versão original beting apostas desta reportagem (em inglês) no site BBC Future beting apostas .
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