Por que riscoonabet como sacarfebre amarela aumenta no mundo e o que macacos têm a ver com isso:onabet como sacar

Mico-leão-dourado

Crédito, Kike Calvo/Getty Images

Legenda da foto, O segredo para prevenir a febre amarela pode estar na Mata Atlântica

Causada por um vírus transmitido entre humanos e primatas por meioonabet como sacarmosquitos, seus sintomas incluem febre intensa, doresonabet como sacarcabeça e,onabet como sacaralguns pacientes, icterícia — coloração amarelada da pele que dá nome à doença. Os casos graves podem causar hemorragia interna e insuficiência hepática.

Aproximadamente 15% das pessoas contaminadas pela febre amarela vão morrer da doença se não forem vacinadas, uma taxaonabet como sacarmortalidade muito mais alta do que a da covid-19.

Nos últimos anos, o Brasil registrou mais casosonabet como sacarfebre amarela do que qualquer outro país. Em dezembroonabet como sacar2016, começou um surtoonabet como sacarMinas Gerais que se espalhou para o Estado vizinho do Espírito Santo, ambos no meio da Mata Atlântica.

Na época, cercaonabet como sacar40 milhõesonabet como sacarbrasileirosonabet como sacarriscoonabet como sacarcontrair febre amarela careciamonabet como sacarvacina.

Em maioonabet como sacar2017, a doença havia se espalhado pelo Brasil, com focos nos Estados do Rioonabet como sacarJaneiro e Minas Gerais, mas com surtos adicionais registrados até no Estado do Pará, a cercaonabet como sacar4.800 kmonabet como sacardistância.

Foi o pior surtoonabet como sacarmaisonabet como sacar80 anos. Maisonabet como sacar3 mil pessoas foram infectadas. Quase 400 morreramonabet como sacarquestãoonabet como sacarmeses.

Fila para vacinação

Crédito, Leonardo Benassatto/Getty Images

Legenda da foto, Apesaronabet como sacaro Brasil ter sofridoonabet como sacar2017 o pior surtoonabet como sacarfebre amarelaonabet como sacardécadas, milhõesonabet como sacarpessoas no país continuam sem ser vacinadas

"Quando você tem primatas confinadosonabet como sacarpequenas florestasonabet como sacaralta densidade... é fácil para todo mundo se infectar", diz Carlos Ramon Ruiz-Miranda, biólogo conservacionista da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf).

Nas florestas infestadasonabet como sacarmosquitos do Brasil, a doença parece saltaronabet como sacarforma particularmente rápida entre os micos-leões-dourados e os humanos. Mas, embora os mosquitos sejam os transmissores, são as pessoas que estão agravando a situação.

À medida que os humanos invadem cada vez mais a floresta, eles reduzem a diversidade biológica e ficam mais próximosonabet como sacaroutros primatas.

Essa tendência não vai parar tão cedo — o que significa que o próximo surto pode ser ainda mais mortal.

O desafio da vacinação

A apenas 80 km da áreaonabet como sacarfloresta onde os cientistas estão caçando macacos, fica a cidade do Rioonabet como sacarJaneiro, a sexta maior área metropolitana das Américas. A seis horasonabet como sacarcarro pela Costa Verde, está São Paulo, a maior metrópole do hemisfério ocidental.

A proximidade entre essas áreas urbanas densas e as florestas cria as condições perfeitas para uma epidemiaonabet como sacardimensão sem precedentes desde a descoberta da vacina contra a febre amarela, há quase um século. Isso mesmo que a febre amarela tenha uma vacina — "muito eficaz", diz a pesquisadoraonabet como sacargenética e primatas Mirela D'Arc, colegaonabet como sacarRuiz-Miranda na Uenf.

Em 2018, o Ministério da Saúde anunciou uma campanha para vacinar quase 80 milhões dos 210 milhõesonabet como sacarbrasileiros contra febre amarela.

Em alguns municípios, até 95% dos moradores foram vacinados. Mas nas maiores cidades brasileiras, a taxa mal chegou a 50%.

Armadilha para pegar macacos

Crédito, Luiz Thiagoonabet como sacarJesus

Legenda da foto, Cientistas estão usando armadilhas com iscasonabet como sacarbanana para capturar primatas no intuitoonabet como sacarvaciná-los contra a febre amarela

Muitos brasileiros não confiam nas diretrizes do governo no que diz respeito à saúde pública.

A corrupção no país é desenfreada, e mesmo que a vacina seja aplicadaonabet como sacargraça, muitos brasileiros presumem que estão sendo orientados a se vacinar para que alguém possa lucrar com isso.

Essa desconfiança prejudicou o recente esforço para vacinar 23 milhõesonabet como sacarpessoas que vivemonabet como sacarSão Paulo, no Rioonabet como sacarJaneiro eonabet como sacarseus arredores.

Após o surtoonabet como sacar2016-17, longas filas para vacinação e notícias falsasonabet como sacarque era ineficaz se espalharamonabet como sacaraplicativosonabet como sacarmensagens, dissuadindo algumas pessoasonabet como sacartomar a vacina.

Além disso, pode não haver vacina suficiente para todos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um apelo à indústria farmacêutica para aumentar a produção, mas a vacina "continua restrita devido à capacidadeonabet como sacarprodução limitada", informa o Unicef.

Como resultado, apenas metade das pessoas que vivem no Rio foram vacinadas contra a febre amarela.

Mas pode haver uma alternativa. Enquanto o mundo tem 7,8 bilhõesonabet como sacarpessoas — há apenas cercaonabet como sacar2,5 mil micos-leões-dourados.

Portanto, uma nova abordagem poderia impedir futuros surtos entre humanos: vacinar esses primatas.

"Uma formaonabet como sacarimpedir a propagação da doença é vacinar os humanos e os micos-leões-dourados", diz D'Arc.

"Se você vacinar os macacos, terá menos indivíduos portadores da doença", acrescenta Ruiz-Miranda. "É imunidadeonabet como sacarrebanho."

A ameaça para os macacos

À primeira vista, o mico-leão-dourado parece foraonabet como sacarcontexto: uma bolaonabet como sacarfogoonabet como sacarpenugem alaranjadaonabet como sacarmeio a uma florestaonabet como sacartonsonabet como sacarverde ao fundo.

Se colocar um bigode e tirar o rabo, ele se parece muito com o personagem Lórax, do livro infantilonabet como sacarmesmo nome do escritor americano Dr. Seuss,onabet como sacar1971, no qual uma criatura peluda defendeonabet como sacarfloresta contra os humanos que chegam para derrubar todas as árvores.

No livro, o Lórax é retiradoonabet como sacarseu ambiente natural, sendo forçado a deixar a floresta.

O mesmo aconteceu com o mico-leão-dourado no Brasil.

Macaco sendo vacinado contra febre amarela

Crédito, Luiz Thiagoonabet como sacarJesus

Legenda da foto, A vacinaçãoonabet como sacarmicos não apenas ajuda a proteger esses animais ameaçadosonabet como sacarextinção, como também pode reduzir a propagação da doençaonabet como sacarhumanos

Os micos já ocuparam áreas consideráveis ​​da Mata Atlântica. Mas, na décadaonabet como sacar1970, a extraçãoonabet como sacarmadeira retalhou seu habitat naturalonabet como sacarpedacinhos. Em 1971, restavam menosonabet como sacar400 na natureza, fazendo deles uma espécie criticamente ameaçadaonabet como sacarextinção.

Para salvá-los da extinção, os humanos seguiram o exemplo do livroonabet como sacarDr. Seuss: conservacionistas retiraram dezenasonabet como sacarmacacosonabet como sacarseu habitat cada vez menor e os levaram para reservas naturais fora da cidade do Rio.

A intervenção funcionou. Em 2014, a populaçãoonabet como sacarmicos havia se recuperado, chegando a cercaonabet como sacar1.700-2.400 exemplares,onabet como sacaracordo com Ruiz-Miranda. A maioria viveonabet como sacarfragmentosonabet como sacarremanescentes florestais na Bacia do Rio São João.

A resiliência deles foi suficiente para reclassificar as espéciesonabet como sacar"criticamente ameaçadas" para "ameaçadas"onabet como sacarextinção. Parecia que os micos poderiam perseverar. Até a eclosão do surtoonabet como sacarfebre amarelaonabet como sacar2017.

"É muito raro as pessoas encontrarem um macaco morto à beira da estrada — isso nunca acontece", diz Ruiz-Miranda.

É por isso que ele ficou tão chocado com o que aconteceu no inícioonabet como sacar2017. Um fazendeiro levou ele eonabet como sacarequipe até um mico-leão morto na floresta.

O primata testou positivo para febre amarela. Logo depois, eles encontraram mais cinco mortos. Quando chegou ao fim, o surtoonabet como sacarfebre amarelaonabet como sacar2017 havia matado maisonabet como sacar4 mil primatas. Entre alguns gruposonabet como sacarmacacos bugios, a taxaonabet como sacarmortalidade foionabet como sacar80-90%.

Os já vulneráveis ​​micos também foram gravemente afetados.

"No geral, perdemos 30% da população, que passouonabet como sacar3,7 mil para 2,6 milonabet como sacarum períodoonabet como sacarmenosonabet como sacarum ano", conta Ruiz-Miranda.

Na sequência, a equipe dele começou a coletar amostrasonabet como sacarrotina nas áreas onde os micos haviam morrido. Onde quer que tenham colhido as amostras, diz ele, pelo menos um ou dois primatas testaram positivo para febre amarela.

O surtoonabet como sacar2017 mostrou que não apenas os humanos, mas também os micos podem ser vulneráveis ​​à mesma doença.

"A vida selvagem é tão vítima da doença quanto a população humana", afirma Ruiz-Miranda.

O Brasil abriga mais espéciesonabet como sacarprimatas do que qualquer outro país no mundo. Para salvar os humanos, talvez tenhamos que salvar os micos agora. Era isso que, com armadilhas e bananas, D'Arc se propôs a fazer naquela manhã nubladaonabet como sacaroutubro.

Para capturar um macaco

No trajeto do Rio até o limite da Reserva Biológica Poço das Antas, D'Arc passou por vários sinaisonabet como sacarinvasão humana na mata nativa: uma rodovia, um sistema aquífero, plantaçõesonabet como sacarbanana e pastagemonabet como sacargado.

"Você tem pastagensonabet como sacargado por todo caminho até florestasonabet como sacarqualidade relativamente boa", lamenta Ruiz-Miranda.

"E uma rodovia que corta a paisagem, separando a reservaonabet como sacaroutras florestas".

A equipe entrou na floresta por meioonabet como sacaruma aberturaonabet como sacaruma cercaonabet como sacararame. Não demorou muito para avistarem o que estavam procurando.

Cientista observa macaco capturadoonabet como sacararmadilha

Crédito, Luiz Thiagoonabet como sacarJesus

Legenda da foto, Uma vez que os micos são capturados, os pesquisadores coletam amostras e aplicam a vacina neles, antesonabet como sacardevolvê-los para a floresta

A fêmea adulta,onabet como sacarjuba alaranjada e corpo roliço, conhecida por seu número, F16, estava sentadaonabet como sacarum estreito galhoonabet como sacarárvore. Quando viu os cientistas, não correu. Ela se moveuonabet como sacardireção a eles, curiosa, comonabet como sacarlonga cauda vermelha pendurada.

"Geralmente, os animais têm medoonabet como sacarhumanos", diz D'Arc. "Mas aqui neste fragmento, os micos-leões-dourados estão familiarizados com a gente."

Liderada por Andreia Martins, a equipe da Golden Lion Tamarin Association, grupo conservacionista sem fins lucrativos, começou a trabalhar.

Um pesquisador usou um pequeno dispositivoonabet como sacarGPS para registrar a localização do primata, rastreando seus movimentos pela floresta. Outros colocaram duas armadilhas repletasonabet como sacarbananasonabet como sacaruma plataformaonabet como sacarmadeira.

Os pesquisadores observaram um macaco se aproximar da gaiola, e na sequência, outro.

O primeiro primata, desconfiado, saltou para uma árvore próxima para ver o segundo entrar na gaiola para pegar uma banana. A porta da gaiola se fechou rapidamente, prendendo o mico dentro. Um terceiro macaco — um sagui, que é um parente próximo — entrou na segunda gaiola sem hesitar e... pimba!

É o que chamamosonabet como sacarmacacoonabet como sacarimitação.

Assim que capturaram micos suficientes, D'Arc eonabet como sacarequipe voltaram para um laboratório onde vestiram aventaisonabet como sacarproteção, luvasonabet como sacarlátex e máscaras. Para garantir que os primatas não sentiriam nada, os pesquisadores os sedaram.

Em seguida, fizeram um exame geralonabet como sacarsaúde, medindo o peso e a temperatura corporal e colhendo amostras fecais,onabet como sacarsangue e orais. D'Arc introduziu um cotonete dentro da boca do mico, esfregando delicadamenteonabet como sacartornoonabet como sacarseus dentes minúsculos.

Na sequência, veio a vacina. Membros da equipe rasparam delicadamente alguns pelos da barriga do primata. Um deles mergulhou a seringaonabet como sacarum frasco com um líquido transparente e injetou no animal.

Depois que terminouonabet como sacarvacinar todos os primatas, a equipe os colocouonabet como sacarnovo nas armadilhas e os levouonabet como sacarvolta para a floresta antes que acordassem. Como um atoonabet como sacargentileza — ou talvez um pedidoonabet como sacardesculpas —, D'Arc colocou um cacho inteiroonabet como sacarbananas ao lado deles na plataformaonabet como sacarmadeira.

No fim do dia, a equipe havia capturado, transportado, testado, vacinado e devolvido oito micosonabet como sacartrês grupos familiares diferentes. Mas seu trabalho estava apenas começando. Em dois anos, eles planejam vacinar 500 micos-leões-dourados, segundo Ruiz-Miranda.

Em seguida, vão transferir cinco grupos para a Reserva Biológica Poço das Antas — um dos locais que perdeu muitosonabet como sacarseus primatas no surtoonabet como sacar2017.

Propagação entre humanos

Assim como a covid-19, a febre amarela pode ter começado com animais. Mas se propagou pelo mundo graças aos humanos.

"A febre amarela é uma doençaonabet como sacarorigem africana. Não existia antes do tráficoonabet como sacarescravos", diz Júlio César Bicca-Marques, professoronabet como sacarantropologia da PUC do Rio Grande do Sul e secretário-geral da Sociedade Internacionalonabet como sacarPrimatologia, que estuda febre amarelaonabet como sacarmacacos bugios no Brasil.

Segundo ele, a doença foi trazida para as Américas há cercaonabet como sacartrês a quatro séculos.

As Américas não estavam preparadas.

"Os primatas da África são muito mais resistentes à febre amarela, porque evoluíram com o vírus", diz Bicca-Marques.

Mas não é o caso dos macacos sul-americanos, como os micos e bugios.

"Nossos primatas não tinham histórico, nenhuma proteção evolutiva contra o vírus. Portanto, alguns deles são muito mais suscetíveis ao vírus e podem morrer com muita facilidade."

Macaco sedado sendo examinado antesonabet como sacarreceber a vacina

Crédito, Luiz Thiagoonabet como sacarJesus

Legenda da foto, Os primatas são sedados para serem examinados e tomar a vacina

A febre amarela se espalha quando mosquitos fêmeas picam humanos ou outros primatas infectados com a doença, depois picam e infectam outros.

"Uma vez que um surto começa, as espéciesonabet como sacarprimatas têm cercaonabet como sacarquatro a seis diasonabet como sacarviremia (presença do vírus no sangue), o que significa que o vírus está ativo e os mosquitos que os picam podem se infectar", explica Ruiz-Miranda.

Os macacos se tornam assim "amplificadores" da doença transmitida pelo mosquito.

Hoje, eles amplificam o risco mais do que nunca. Isso se deveonabet como sacargrande parte ao desmatamentoonabet como sacarseu habitat pelos humanos.

A Mata Atlântica brasileira abrange cercaonabet como sacar100.000 km2 — é maior do que toda a ilha da Irlanda.

Mas a floresta já teve 12 vezes esse tamanho. A maior parte foi derrubada, sobretudo nos últimos cinco séculos, desde que os portugueses chegaram para colonizar o Brasil.

À medida que a floresta é dizimada, os primatas se veem obrigados a viveronabet como sacaráreas menores com densidades mais altas. Isso aumenta o riscoonabet como sacaros animais transmitirem infecções entre si.

Com a invasão humana nessas mesmas áreas, o riscoonabet como sacaresses animais transmitirem patógenos para os humanos também aumenta.

Nas décadas passadas, o desmatamento foi impulsionado pela demanda global por madeira proveniente da Amazônia e outros tipos especiaisonabet como sacarmadeiraonabet como sacarárvores brasileiras.

Hojeonabet como sacardia, o principal culpado é a carne. Cercaonabet como sacar200 milhõesonabet como sacarvacas pastam na região amazônica do país — quase uma vaca para cada brasileiro.

Oitenta por cento do desmatamento que ocorre na Amazônia hoje é feito para derrubar a floresta e dar espaço para essas vacas pastarem. "Os empreendimentos pecuários já ocupam cercaonabet como sacar75% das áreas desmatadas da Amazônia", segundo o Banco Mundial.

Os criadoresonabet como sacargado "estão pegando grandes áreas da Amazônia e queimando", diz Bicca-Marques.

"Eles queimam tudo."

Mas a culpa não é só dos brasileiros. Uma parte da carne bovina do Brasil é exportada para paísesonabet como sacaralta renda, como os Estados Unidos. Em 2018, o Brasil produziu umonabet como sacarcada cinco hambúrgueres do mundo.

O resultado é uma paisagem retalhadaonabet como sacarfragmentos — alguns quilômetros quadrados aqui, outros poucos ali, com humanos vivendo entre eles.

Além disso, o desmatamento reduziu o númeroonabet como sacardiferentes espécies que vivem na floresta.

Isso é perigoso não apenas para a vida selvagem, mas também para os humanos.

"A biodiversidade atua como um amortecedor" contra as doenças, diz Ruiz-Miranda.

"Se você pensaronabet como sacaruma epidemia como uma espécie invasora, quanto mais degradado o meio ambiente, mais fácil é para uma doença se instalar", acrescenta.

Confinados a fragmentos cada vez menores na Mata Atlântica, os macacos são forçados a se moveronabet como sacaruma parte para a outra, o que os expõe a um risco maioronabet como sacarinfecção à medida que passam ao alcanceonabet como sacarmosquitos e humanos.

"Macacos e humanos vivem juntos pertoonabet como sacaronde as pessoas têm áreas agrícolas", diz Ruiz-Miranda.

"Então você tem muitas interações entre humanos e macacos."

É a receita perfeita para um surto. Ainda mais preocupante, o limite da Mata Atlântica faz fronteira com os arredores do Rioonabet como sacarJaneiro, onde vivem maisonabet como sacar12 milhõesonabet como sacarpessoas (das quais cercaonabet como sacarseis milhões estão vacinadas).

Ao todo, maisonabet como sacar148 milhõesonabet como sacarpessoas, um terço da população da América do Sul, vivem na ecorregião da Mata Atlântica brasileira, o que a torna 25 vezes mais populosa que a Amazônia.

Isso significa que, quando acontece um surtoonabet como sacarfebre amarela, ele pode se espalhar rapidamente. A maioria dos micos migra apenas alguns quilômetros durante a vida — mas os humanos podem atravessar grandes distânciasonabet como sacarquestãoonabet como sacarminutos ou horas.

Os pesquisadores dizem que o surtoonabet como sacar2017 no Brasil foi um alerta, ilustrando a rapidez com que os humanos podem espalhar a febre amarelaonabet como sacaruma parte a outra do país.

À medida que os humanos continuam invadindo a Mata Atlântica, o próximo surto pode ser apenas uma questãoonabet como sacartempo.

Frente florestal

Mata Atlântica

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Maisonabet como sacar148 milhõesonabet como sacarpessoas vivem na ecorregião da Mata Atlântica brasileira

Se há uma coisa que os humanos podem fazer para prevenir o próximo surto mortalonabet como sacarfebre amarela, dizem os profissionaisonabet como sacarsaúde, é vacinar o maior número possívelonabet como sacarpessoas contra a doença.

Mas os primatologistas acreditam que outra maneira é impedir a destruição das florestas brasileiras e preservar e fomentar a biodiversidade que resta. Fazer isso, no entanto, será uma batalha árdua para os fazendeiros e pecuaristas que vivem às margens da floresta.

"Desde que era criança — com seis ou sete anos — o desmatamento era (normal) aqui", diz Mardone Castro Rodrigues,onabet como sacar32 anos, que tem uma pequena áreaonabet como sacarexploração agrícola familiar à beira da mata.

Os agricultores desmatam a floresta para plantar, diz ele.

Se a colheita era muito pequena, eles transformavam a plantaçãoonabet como sacarpasto para as vacas, derrubavam mais floresta e começavam tudoonabet como sacarnovo.

Hoje, Rodrigues tenta empregar técnicas agroflorestais para cultivaronabet como sacarforma que não destrua a vegetação. Mas com uma esposa e dois filhos para alimentar, ele diz, não há muito que possa fazer.

Ana Beatriz Cordero,onabet como sacar53 anos, trabalha com ecoturismo e afirma que há motivos para esperança à medida que a urbanização aumenta.

"As pessoas não querem viver nas áreas rurais, então as abandonam — e as áreas se regeneram quando elas vão para a cidade", afirma.

Cordero seguiu o caminho oposto, saindo da cidade do Rioonabet como sacarJaneiro para Silva Jardim, ao lado da floresta. Ela cultiva orquídeas, planta mudas nativasonabet como sacaráreas desmatadas e organiza viagens educacionais para crianças e adultos da cidade.

Hoje, segundo ela, há mais fauna — incluindo micos-leões-dourados — do que ela via há 15 anos. Ela afirma que é um sinalonabet como sacarque os humanos podem ser guardiões da biodiversidade, se estivermos dispostos a tentar — o que é um bom sinal para os macacos também.

"Os micos-leões-dourados são amados aqui. São um lindo animal", diz Cordero.

E também são úteis.

"Júlio (Bicca-Marques) gostaonabet como sacardizer que os macacos são como os canários da minaonabet como sacarcarvão", afirma Karen Strier, professoraonabet como sacarantropologia da Universidadeonabet como sacarWisconsin-Madison, nos EUA, e pesquisadoraonabet como sacarlonga dataonabet como sacarprimatas no Brasil.

"Eles são um bom alertaonabet como sacarque você precisa se preocupar com a febre amarela" — e também com outras doenças.

Mas os micos não são respeitados por todos. Durante o surtoonabet como sacar2017, dezenasonabet como sacarmacacosonabet como sacartodo o Brasil foram apedrejados, baleados ou queimados por pessoas que temiam que fossem a causa da doença mortal.

Gangueonabet como sacarmacacos tentando roubar a banana da armadilha

Crédito, Luiz Thiagoonabet como sacarJesus

Legenda da foto, Nem todas as tentativasonabet como sacarcapturar micos dão certo — às vezes, ganguesonabet como sacarsaguis se juntam para roubar a isca

"Em surtos anteriores no sul do Brasil, a reação do governo local foi matar os macacos", diz Ruiz-Miranda.

"Em algum momento, o Ministério da Saúde estava chamando a febre amarelaonabet como sacar'doença do macaco'."

"Mas os macacos são nossas sentinelas — eles mostram quando a febre amarela chega."

Em meio ao surto, Ruiz-Miranda conta que ele e seus colegas imploravam às pessoas que moravam perto da floresta: "Não saiam e matem os macacos!"

"Algumas pessoas os acham bonitos e admiráveis. Outras têm medo deles por causa da doença", diz o agricultor Rodrigues.

"Mas a mentalidade das pessoas está mudando. Elas estão se conscientizandoonabet como sacarque os macacos são vítimasonabet como sacardoenças como a febre amarela, assim como as pessoas."

A menos que mais macacos e mais pessoas sejam vacinadas, as autoridadesonabet como sacarsaúde alertam que os surtosonabet como sacarfebre amarela vão piorar. Segundo uma estimativa, o Brasil precisaráonabet como sacar226 milhõesonabet como sacardosesonabet como sacarvacina para humanos até 2026.

Diferentemente da covid-19, estamos um passo à frente no que diz respeito à febre amarela, devido à existênciaonabet como sacaruma vacina amplamente disponível e eficaz.

Com o financiamento e a adesão adequados, dizem os cientistas, podemos impedir o próximo surtoonabet como sacarfebre amarela no Brasil — antesonabet como sacarcomeçar.

onabet como sacar Leia a versão original onabet como sacar desta reportagem (em inglês) no site BBC Future onabet como sacar .

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