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É possível herdar traumasvirtual casinonossos pais?:virtual casino
Mas, ao contrário da maioria das condições herdadas, isso não foi causado por mutações no próprio código genético. Em vez disso, os pesquisadores estavam investigando um tipovirtual casinoherança muito mais obscuro: como os eventos na vidavirtual casinouma pessoa podem mudar a forma como seu DNA se expressa e como essa mudança pode ser passada para a geração seguinte.
Este é o processo da epigenética,virtual casinoque a expressão dos genes é modificada sem alterar o próprio DNA. Pequenas marcas químicas são adicionadas ou removidasvirtual casinonosso código genéticovirtual casinoresposta a mudanças no ambientevirtual casinoque estamos vivendo.
Essas marcas ativam ou desativam os genes, oferecendo uma maneiravirtual casinose adaptar às mudançasvirtual casinocondições sem impor uma mudança mais permanente no genoma.
Mas se essas mudanças epigenéticas adquiridas durante a vida pudessem ser transmitidas às gerações futuras, as implicações seriam enormes. Suas experiências durante avirtual casinovida - particularmente as traumáticas - teriam um impacto real emvirtual casinofamília durante as próximas gerações. Há um número crescentevirtual casinoestudos que sustentam esta ideia.
Genética ou epigenética?
Para os prisioneiros nos campos dos Estados Confederados, essas mudanças epigenéticas foram resultadovirtual casinosuperlotação extrema, faltavirtual casinosaneamento e desnutrição. Os homens tinhamvirtual casinosobreviver com pequenas raçõesvirtual casinomilho, e muitos morreramvirtual casinodiarreia e escorbuto.
"Houve um períodovirtual casinofome intensa", diz Dora Costa, economista da Universidade da Califórnia,virtual casinoLos Angeles. "Os homens foram reduzidos a esqueletos ambulantes."
Costa e seus colegas estudaram os registrosvirtual casinosaúdevirtual casinoquase 4,6 mil crianças cujos pais eram prisioneiros, comparando-os com osvirtual casinopouco maisvirtual casino15,3 mil filhosvirtual casinoveteranosvirtual casinoguerra que não haviam sido capturados.
Os filhosvirtual casinoprisioneiros tiveram uma taxavirtual casinomortalidade 11% maior que os filhosvirtual casinooutros veteranos. Outros fatores, como o status socioeconômico do pai, o trabalho do filho e seu estado civil não poderiam explicar a maior taxavirtual casinomortalidade, descobriram os pesquisadores.
Esta maior mortalidade foi principalmente devido a taxas mais elevadasvirtual casinohemorragia cerebral. Os filhosvirtual casinoprisioneiros também tinham uma probabilidade maiorvirtual casinomorrervirtual casinocâncer. Mas as filhasvirtual casinoprisioneiros pareciam ser imunes a esses efeitos.
Esse padrão incomum por sexo foi uma das razões que levaram Costa a suspeitar que essas diferençasvirtual casinosaúde fossem causadas por mudanças epigenéticas. Mas, primeiro, ela evirtual casinoequipe tiveramvirtual casinodescartar que isso fosse um efeito genético.
"O que pode ter acontecido é que um traço genético que permitia ao pai sobreviver ao campovirtual casinoprisioneiros, uma tendência à obesidade, por exemplo, era ruimvirtual casinotempos normais", diz Costa. "No entanto, se você olhar dentro das famílias, havia apenas efeitos entre os filhos nascidos depois, mas não antes da guerra."
Se fosse um traço genético, as crianças nascidas antes e depois da guerra teriam a mesma probabilidadevirtual casinoter uma expectativavirtual casinovida reduzida. Com uma causa genética descartada, a explicação mais plausível foi um efeito epigenético. "A hipótese é que há um efeito epigenético no cromossomo Y", diz Costa.
Este efeito é consistente com estudosvirtual casinovilarejos remotos da Suécia, onde a escassezvirtual casinoofertavirtual casinoalimentos teve um efeito geracional na linhagem masculina, mas não na feminina.
Mas e se esse maior riscovirtual casinomorte fosse devido a um legado do trauma do pai que não tivesse nada a ver com o DNA? E se os pais traumatizados fossem mais propensos a cometer violência com seus filhos, levando a consequências para a saúde a longo prazo, com os filhos sofrendo mais disso do que as filhas?
Mais uma vez, comparar a saúde das crianças dentro das famílias ajudou a descartar esta hipótese. Crianças nascidasvirtual casinohomens antesvirtual casinose tornarem prisioneiros não tiveram um aumento na mortalidade. Mas os filhos dos mesmos homens nascidos após a experiência no campovirtual casinoprisioneiros, sim.
Acredita-se que guerras, episódiosvirtual casinofomes e genocídios tenham deixado uma marca epigenética nos descendentes daqueles que os sofreram.
Alguns estudos se mostraram mais controversos que outros. Uma pesquisavirtual casino2015 da Escolavirtual casinoMedicina do Hospital Mount Sinai, nos Estados Unidos, descobriu que os filhosvirtual casinosobreviventes do Holocausto tinham alterações epigenéticasvirtual casinoum gene que estava ligado aos seus níveisvirtual casinocortisol, um hormônio envolvido na resposta ao estresse.
"A ideiavirtual casinoque há um sinal epigenéticovirtual casinodescendentesvirtual casinosobreviventesvirtual casinotraumas pode significar muitas coisas", diz Rachel Yehuda, coautora do estudo. "É interessante que isso esteja lá."
O estudo foi pequeno, com apenas 32 sobreviventes do Holocausto e 22virtual casinoseus filhos, e um pequeno grupovirtual casinocontrole. Pesquisadores criticaram as conclusões do estudo. Sem olhar para várias gerações e pesquisar mais amplamente o genoma, não se pode ter certezavirtual casinoque é realmente uma herança epigenética.
Yehuda reconhece isso e diz que estudos maiores para avaliar várias gerações seriam necessários para se ter conclusões mais sólidas.
"Foi um único pequeno estudo, com um corte transversalvirtual casinoadultos, muitos anos após o trauma parental. Mas o fatovirtual casinotermos um indício foi importante", diz Yehuda. "Agora, a questão é: como entender o mecanismo do que está acontecendo?"
Experimentos com camundongos permitiram que pesquisadores investigassem esta questão. Um estudovirtual casino2013 descobriu que havia um efeito intergeracional do trauma associado ao aroma.
Pesquisadores da Universidade Emory, nos Estados Unidos, borrifaram acetofenona - um composto orgânico que tem cheirovirtual casinoflorvirtual casinocerejeira - através das gaiolasvirtual casinoratos machos adultos, enquanto disparavam uma corrente elétricavirtual casinosuas patas. Após várias repetições, os ratos passaram a associar o aroma da florvirtual casinocerejeira à dor.
Pouco depois, esses machos procriaram. Quando seus filhotes sentiram o cheirovirtual casinoflorvirtual casinocerejeira, ficaram mais agitados e nervosos do que filhotes cujos pais não tinham sido condicionados a temê-lo.
Para descartar que os filhotes estavamvirtual casinoalguma forma aprendendo sobre o cheiro com seus pais, eles foram criados por camundongos com os quais não tinham parentesco e que nunca haviam sentido o cheirovirtual casinoflorvirtual casinocerejeira.
Os netos dos machos traumatizados também demonstraram ter maior sensibilidade ao aroma. Nenhuma das gerações exibiu maior sensibilidade a outros odores além da florvirtual casinocerejeira, indicando que a herança era específica para esse aroma.
Essa sensibilidade ao cheiro da florvirtual casinocerejeira estava ligada às modificações epigenéticas no DNAvirtual casinoseu esperma. Marcadores químicos foram encontradosvirtual casinoum gene que codifica um receptorvirtual casinoolfato, expresso no bulbo olfativo entre o nariz e o cérebro, e que está envolvido na detecção do aroma da florvirtual casinocerejeira.
Quando a equipe dissecou os cérebros dos filhotes, descobriram que havia um número maiorvirtual casinoneurônios que detectavam o aroma da florvirtual casinocerejeira,virtual casinocomparação com os ratos do grupovirtual casinocontrole.
A segunda e a terceira gerações pareciam não ter medo do perfumevirtual casinosi, mas simvirtual casinouma sensibilidade aumentada para ele. A descoberta traz à luz uma sutileza muitas vezes perdida sobre a herança epigenética - que a próxima geração nem sempre exibe exatamente o mesmo traço que seus pais desenvolveram.
Não é que o medo esteja sendo transmitido por gerações - é que o medovirtual casinoum perfumevirtual casinouma geração leva à sensibilidade ao mesmo perfume na próxima.
"Então, isso não é a mesma coisa", diz Brian Dias, autor do estudo. Até mesmo o termo "herança" deve ser explicado aqui, acrescenta ele. "Esta palavra sugere que temvirtual casinoser uma representação fielvirtual casinouma característica que é transmitida."
Como isso pode mudar a forma como vivemos
As consequênciasvirtual casinotransmitir os efeitosvirtual casinoum trauma podem ser enormes, mesmo que haja alterações sutis entre as gerações. Isso mudaria a forma como vemos nossas vidas no contexto da experiênciavirtual casinonossos pais, influenciando nossa fisiologia e até mesmo nossa saúde mental.
E saber que as consequênciasvirtual casinonossas próprias ações e experiências podem afetar a vidavirtual casinonossos filhos - mesmo antes que pudessem ser concebidos - pode mudar como escolhemos viver.
Mas há um grande obstáculo com a pesquisa sobre a herança epigenética: ninguém sabe ao certo como isso acontece. Alguns cientistas pensam que, na verdade, é um evento muito raro.
Uma das razões pela qual isso pode não ser comum é que a maior partevirtual casinoum tipovirtual casinomarca epigenética no DNA - a adiçãovirtual casinoum aglomeradovirtual casinosubstâncias químicas conhecidas como metilação - é zerada desde o início da vida, e o processovirtual casinoadição destes compostos químicos ao DNA começam quase do zero.
"Assim que o espermatozóide entra no óvulovirtual casinoum mamífero, há uma rápida perdavirtual casinometilação do DNA do conjunto paternovirtual casinocromossomos", diz Anne Ferguson-Smith, pesquisadora que estuda epigenética na Universidadevirtual casinoCambridge, na Inglaterra.
"Por isso, a herança epigenética transgeracional é uma surpresa. É muito difícil imaginar como você poderia ter uma herança epigenética quando há um processovirtual casinoremoçãovirtual casinotodas as marcas epigenéticas e a criaçãovirtual casinonovas na geração seguinte."
Existem, no entanto, partes do genoma que não são zeradas. Um processo protege a metilaçãovirtual casinopontos específicos do genoma. Mas esses locais não são aqueles onde as mudanças epigenéticas relevantes para o trauma são encontradas.
A ciência da herança epigenética sobre os efeitos do trauma ainda é jovem, o que significa que ainda está gerando um debate acalorado. Para Yehuda, que fez um trabalho pioneiro sobre transtornovirtual casinoestresse pós-traumático (EPT) na décadavirtual casino1990, isso vem com uma sensaçãovirtual casinodéjà vu.
"Onde estamos hoje com a epigenética se parece com quando começamos a fazer pesquisas sobre EPT", diz ela. "Foi um diagnóstico controverso. Nem todos acreditavam que poderia haver um efeito a longo prazo do trauma."
Quase 30 anos depois, o transtorno do estresse pós-traumático é uma condição médica amplamente aceita que explica por que o legado do trauma pode se estender por décadas na vidavirtual casinouma pessoa.
Mas, se um trauma puder ser transmitido entre geraçõesvirtual casinoseres humanos da mesma forma que parece ocorrer com camundongos, não devemos pensar que esta herança é inevitável, diz Dias.
Usando seus experimentosvirtual casinoflorvirtual casinocerejeiravirtual casinocamundongos, ele testou o que aconteceria se os machos que temiam o cheiro fossem, depois, insensíveis ao cheiro. Os ratos foram repetidamente expostos ao aroma sem receber um choque.
"O rato não esqueceu, mas uma nova associação foi formada quando o aroma não foi mais ligado ao choque na pata", diz Dias.
Ao analisar o esperma, notou que foi perdida a assinatura epigenética "temerosa" característica após o processovirtual casinodessensibilização. Os filhotes desses ratos também não demonstraram mais a sensibilidade aumentada ao aroma. Então, se um rato "desaprende" a associação entre um perfume e a dor, a próxima geração pode escapar destes efeitos.
Isso também sugere que, se os seres humanos herdam um traumavirtual casinoforma semelhante, o efeitovirtual casinonosso DNA pode ser desfeito usando técnicas como a terapia comportamental cognitiva.
virtual casino Leia a versão original virtual casino desta reportagem (em inglês) no site BBC Future virtual casino .
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