'Expelliarmus!': como Harry Potter influencia a visão política dos millenials:poker solo
Outros cartazes presentes nas manifestações diziam "Expelliarmus". Mas o que é isso? "'Expelliarmus' é o feitiçopoker solodesarmamento (da saga Harry Potter), o feitiço da moda entre as criançaspoker soloHogwarts", tuitou Charlotte Alter, jornalista da revista Time. "O desarmamento é a estratégia da #MarchaPelasNossasVidas, tanto literária quanto retoricamente".
E os cartazes não paravam por aí: "O exércitopoker soloDumbledore está recrutando", "Lufa-lufas pelo controlepoker soloarmas!", "Hermione usa conhecimento, não armas", "Se os alunospoker soloHogwarts podem derrotar os comensais da morte, nossos estudantes podem derrotar o NRA" - a sigla NRA refere-se ao nomepoker soloinglês da Associação Nacional do Rifle, principal grupo defensorpoker soloarmas nos Estados Unidos.
"Essa não é apenas a geração que cresceu com tiroteiospoker soloescolas, é também a geração que cresceu lendo Harry Potter", continuou Alter.
Como escreveu Neil Gaimanpoker solo2002, "os contospoker solofada vão além da verdade: não porque nos dizem que dragões existem, mas porque nos dizem que dragões podem ser derrotados". Gaiman é o criador da sériepoker solohistóriaspoker soloquadrinho Sandman.
É uma lembrançapoker soloque, por baixo da açucarada iconografia da série Harry Potter, a narrativa aborda temas pesados, como limpeza étnica, desigualdade, escravidão, governos corruptos e tortura.
Empoker soloessência, os livros Harry Potter são sobre o bem contra o mal. O centro da narrativa fala da tentativa do vilão Lorde Voldemort e seus capangaspoker soloexterminarem os "trouxas", como são chamadas na história as pessoas sem poderes mágicos, e os "sangues-ruins", os filhos dos trouxas nascidos com poderes mágicos.
Se isso teve ressonância quando os livros foram lançados pela primeira vez, agora tem efeito dobrado sobre a geraçãopoker soloestudantes que participaram dos protestos contra massacrespoker soloescolaspoker soloum mundo cada vez mais tenso.
Mas o uso dos memespoker soloHarry Potter não é, como dizem os mais críticos, sobre uma esperança ingênuapoker soloque um assunto como o controlepoker soloarmas possa ser resolvido com um passepoker solomágica, metaforicamente ou não.
Como os fãspoker soloHarry Potter bem sabem, o bruxo e seus companheiros enfrentam problemas típicos do mundo real quando combatem Voldemort.
Lições do mundo real
Um exemplo: o vilão, apoiado pelos seus servos, os comensais da morte, é obcecado por pureza racial, com uma sensibilidade niilista claramente nietzschiana. "Não há bem e mal", diz um dos seus soldados. "Há apenas poder e os que são fracos demais para buscá-lo"'.
Ainda assim, há uma miríadepoker solotonspoker solocinza na série. Como o padrinhopoker soloHarry, Sirius Black, lhe diz, "o mundo não está dividido entre pessoas do bem e os comensais da morte. Todos nós temos luz e sombra dentropoker solonós. O que importa é com qual parte decidimos agir".
Outra lição crucial que os livros nos ensinam é sobre complacência. O mundo da escolapoker soloHogwarts, onde Harry estuda magia, foi construído usando escravidão, graças ao serviço dos elfos domésticos.
Quando Hermione tenta ficar ao lado deles ao fazer uma campanha pela libertaçãopoker solotodos os elfos domésticos, ela é ridicularizada por seus colegas. A injustiça social é facilmente normalizada, a pontopoker soloalguns elfos ficarem ofendidos com ofertaspoker solorecompensa pelos seus serviços.
A questão sobre quem deve ser respeitado também tem suas nuances. Apesarpoker soloos estudantespoker solohoje marcharem sob a bandeirapoker soloAlbus Dumbledore, o diretor da escolapoker soloHarry, sabe-se que até ele tem manchas empoker soloreputação.
Sim, há a turma do mal, como Dolores Umbridge, a professora e, depois, diretora da escola que praticava bullying. Mas, e quanto a Cornelius Fudge, o ministro da Magia, que parecia tão bem intencionado, mas depois se recusou a enfrentar o perigo mortal que ameaçava o mundo dos magos e não-magos?
Mais uma vez, a autoridade é vista como algo que não deve ser respeitada sem questionamentos. E há também a importânciapoker solouma imprensa livre e o incentivo à ação direta - pequenas atitudes sempre contam, às vezespoker solomaneira grandiosa.
Apesar da magia ajudar epoker soloo amor ser a arma derradeirapoker soloHarry, Voldemort é vencido principalmente pela cooperação e organização.
Essa lição específica é promovida desde 2005 pela Aliança Harry Potter, uma ONG criada para mobilizar fãs a se manifestarem contra os males do mundo real, como intolerância e mudanças climáticas.
"Nós sabemos que a fantasia não é apenas uma fuga do nosso mundo, mas um convite a ir mais fundo nele", diz o grupopoker soloseu site.
A própria J. K. Rowling disse que seus romances são imbuídospoker solomensagenspoker soloresistência a qualquer tipopoker solotirania. "Os livrospoker soloPotter sãopoker sologeral um longo argumentopoker soloprol da tolerância, um apelo prolongado pelo fim da intolerância", afirmou elapoker solo2007.
"Acho que é uma das razões pelas quais algumas pessoas não gostam dos livros, mas acho que é uma mensagem muito saudável a se passar para jovens: apoker soloque você deve questionar a autoridade e não presumir que as instituições ou a imprensa lhe digam toda a verdade."
Isso não é novidade. Desde as tragédias gregas, passando por Shakespeare, O Senhor dos Anéis e até mesmo Star Wars, a ficção inspira a luta por liberdade. O poder da imaginação -poker solouma mensagem imbuídapoker solouma narrativa humana e fantástica ao mesmo tempo - sempre será um forte manifesto.
Mas há ainda outra dimensão do fenômeno Harry Potter. Seu mundo sempre foi sobre pertencer e estar junto, como acontece na própria história dos livros.
Os primeiros fãs da série, agora na casa dos 30 anos, faziam fila do ladopoker soloforapoker sololivrarias toda vez que saía um novo livro da série - e viram fotos dessas filas virarem notícia.
Essa enorme legiãopoker solofãs - e a dos novos jovens leitores que os seguiram - provaram o sabor do que é fazer partepoker solouma história maior que apoker soloprópria. Em uma sociedade secular e atomizada, isso é poderoso. Quão poderoso? Ainda vamos descobrir.
poker solo Leia a versão original desta matéria (em inglês) poker solo no site da BBC Culture