O impacto destruidor do aquecimento global no Alasca:zinoleesky 1xbet
Romanovsky conecta então seu laptop ao coletorzinoleesky 1xbetdados para transferir os registroszinoleesky 1xbettemperatura desta localidade, chamada Goldstream 3, que mais tarde serão adicionados a um bancozinoleesky 1xbetdados online, acessível tanto para cientistas quanto para qualquer pessoa interessada.
"O permafrost é definido com base na temperatura. Esse é o parâmetro que caracteriza azinoleesky 1xbetestabilidade", explica o professor.
Quando a temperatura do permafrost é inferior a 0°C, por exemplo, - 6°C, ele é considerado estável, o que significa que vai demorar muito para mudar ou descongelar. Já se está pertozinoleesky 1xbet0°C, é classificado como vulnerável.
Todo verão, a porçãozinoleesky 1xbetsolo que cobre o permafrost, chamadazinoleesky 1xbetcamada ativa, derrete - e congelazinoleesky 1xbetnovo no inverno seguinte.
Em Goldstream 3, naquele diazinoleesky 1xbetjulho (verão no hemisfério norte), o derretimento chegava a 50 cmzinoleesky 1xbetprofundidade.
À medida que a Terra aquece e as temperaturas aumentam no verão, o degelo está se expandindo e ficando mais profundo, fazendo com que o permafrost fique menos estável.
Se o derretimento continuar, haverá consequências profundas para o Alasca e para o mundo. Cercazinoleesky 1xbet90% do Estado é coberto por permafrost, o que significa que vilarejos inteiros precisarão ser realojados, conforme as fundações dos edifícios e as estradas desmoronarem.
E se o permafrost liberar o carbono acumulado e retido há milênios dentro dele, poderá acelerar o aquecimento do planeta - muito além da nossa capacidadezinoleesky 1xbetcontrolá-lo.
Estadozinoleesky 1xbetvulnerabilidade
À medida que o permafrost derrete, casas, estradas, aeroportos e outras infraestruturas construídas sobre o solo congelado podem rachar e até mesmo ruir.
"Estamos vendo mais serviçoszinoleesky 1xbetmanutençãozinoleesky 1xbetestradas que passam sobre o permafrost", diz Jeff Currey, engenheirozinoleesky 1xbetmateriais do Departamentozinoleesky 1xbetTransportes Públicos do Alasca.
"Um dos nossos superintendenteszinoleesky 1xbetmanutenção contou recentemente quezinoleesky 1xbetequipe está tendo que remendar certos trechos das rodovias com mais frequência do que há 10 ou 20 anos. "
Da mesma forma, as infraestruturas construídas no subsolo - para atender os serviçoszinoleesky 1xbetutilidade pública, por exemplo - estão sendo afetadas, conforme as temperaturas aumentam.
"Em Point Lay, na costa noroeste do Alasca, por exemplo, eles estão tendo todos os tiposzinoleesky 1xbetproblema com as redeszinoleesky 1xbetágua e esgoto no solozinoleesky 1xbetpermafrost", afirma William Schnabel, diretor do Centrozinoleesky 1xbetPesquisazinoleesky 1xbetÁgua e Meio Ambiente da Universidade do Alasca.
A preocupação é ainda maior para aqueles que vivemzinoleesky 1xbetáreas rurais, que não dispõemzinoleesky 1xbetfundos suficientes para combater os efeitos do derretimento do permafrost.
Para esses moradores, não são apenas os edifícios que estão ruindo, o que é comum agora, mas também o abastecimentozinoleesky 1xbetágua.
Muitas vezes, quando o permafrost derrete ao ladozinoleesky 1xbetum lago usado por um vilarejo como fontezinoleesky 1xbetágua, há uma fenda e ocorre um dreno lateral.
"Geralmente, é necessária uma infraestrutura bem cara para tirar águazinoleesky 1xbetum lago, levar para uma vila e armazená-la. E todos os componentes desta infraestrutura são vulneráveis ao degelo do permafrost", diz Romanovsky.
Se um vilarejo dependezinoleesky 1xbetum lago afetado para conseguir água, os membros da comunidade têmzinoleesky 1xbetlevarzinoleesky 1xbetinfraestrutura e, às vezes, a vila inteira para outro lago, o que pode custar muito dinheiro.
De acordo com uma análise realizada pelo órgãozinoleesky 1xbetpesquisas geológicas americano US Geological Survey, aldeias como Kivalina, no noroeste do Alasca, terão que se mudar nos próximos 10 anos.
"Mas estimativas sugerem que o custo desta mudança seriazinoleesky 1xbetcercazinoleesky 1xbetUS$ 200 milhões por cada vilazinoleesky 1xbet300 pessoas", explica Romanovsky.
Chegar a uma quantia como essa só seria possível com o financiamento do governo federal - mas não há garantiaszinoleesky 1xbetque uma nova localização também não seria afetada.
"Acredito que agora existam 70 vilas que realmente precisam ser realojadaszinoleesky 1xbetdecorrência do derretimento do permafrost", avalia.
"Mas transferir os vilarejos para outra área no permafrost é muito difícilzinoleesky 1xbetgarantir por uns 30 anos. E o governo federal não quer pagar por algo que precisará pagar novamente."
Além disso, é possível que a construçãozinoleesky 1xbetassentamentos no permafrost também possa agravar o problema no Alasca.
"Quando você pensazinoleesky 1xbetágua e esgoto, você precisa mantê-los sem congelar. E, no caso do permafrost, você tem que mantê-lo congelado", diz Schnabel.
"Ou seja, vai correr água relativamente quente pelo permafrost e haverá alguma dissipaçãozinoleesky 1xbetcalor lá."
Do mesmo jeito, quando uma estrada é construída, parte da vegetação que cobre o permafrost é removida para que a rodovia seja pavimentada com asfalto, o que aumenta a quantidadezinoleesky 1xbetradiação solar absorvida.
Por isso, embora os serviçoszinoleesky 1xbetmanutenção tenham aumentado, nem todos os problemas relacionados à infraestrutura podem ser atribuídos à mudança climática.
Freezer cheiozinoleesky 1xbetcarbono
O Alasca, está, sem dúvida na linhazinoleesky 1xbetfrente das mudanças climáticas, mas as questões relacionadas ao permafrost vão além da "última fronteira selvagem", como é conhecido. O derretimento do material afetará outros 48 estados americanos, localizados abaixo dele, assim como todo o planeta.
De acordo com Romanovsky, metade do estado e 90% do permafrost do interior do Alasca vão descongelar se houver um aumento médio globalzinoleesky 1xbet2°C na temperatura.
Isso é especialmente preocupante porque uma enorme quantidadezinoleesky 1xbetcarbono orgânico é sequestrada no permafrost e na camada ativa que se sobrepõe a ele.
Uma vez que não há calor suficiente no solo congelado para ajudar os micro-organismos a decompor a vegetação morta, a matéria orgânica foi se acumulando durante milhareszinoleesky 1xbetanos no permafrost.
Algumas análises estimam que a quantidadezinoleesky 1xbetcarbono no permafrost equivale a maiszinoleesky 1xbetduas vezes azinoleesky 1xbetdióxidozinoleesky 1xbetcarbono na atmosfera.
"Se mantivermos o curso atual, é bem provável que até 2100 uma parte significativa do permafrost, nos cinco metros superiores, descongele. E, com ele, toda a matéria orgânica que está atualmente retida ali", diz Kevin Schaefer, pesquisador do National Snow and Ice Data Center da Universidade do Colorado.
"Isso significaria uma liberaçãozinoleesky 1xbetdióxidozinoleesky 1xbetcarbono e metano, que aumentaria o aquecimento devido à queimazinoleesky 1xbetcombustíveis fósseis."
Em artigo publicadozinoleesky 1xbet2012 na revista científica Nature, Schaefer e seus colegas sugerem que os eventoszinoleesky 1xbetaquecimento súbito ocorridos anteriormente foram essencialmente desencadeados pela liberaçãozinoleesky 1xbetdióxidozinoleesky 1xbetcarbono e metano do permafrost há cercazinoleesky 1xbet50 milhõeszinoleesky 1xbetanos na Antártida.
E as projeções não parecem otimistas: "Teoricamente, se esse carbono for liberado para a atmosfera, a quantidadezinoleesky 1xbetCO2 será três vezes maior do que a que está lá (na atmosfera) agora", diz Romanovsky.
Desta forma, há uma genuína retroalimentação, uma vez que aquecimento aumentazinoleesky 1xbetdecorrência da queimazinoleesky 1xbetcombustíveis fósseis.
Mas, apesar do fatozinoleesky 1xbeto aquecimento estar acelerando, os efeitos da retroalimentação serão graduais, levando tempo para serem sentidos.
"É um feedback muito lento", diz Schaefer.
"Imagine tentar conduzir um navio a vapor com o remozinoleesky 1xbetuma canoa, esse é o tipozinoleesky 1xbetfeedback que estamos falando", compara.
Infelizmente, uma vez que o permafrost começa a derreter, é difícil congelá-lo novamente - pelo menos enquanto estivermos vivos. Além disso, a partir do momento que material sai do solo e vai para a atmosfera, não existe uma maneira fácilzinoleesky 1xbetenviar esse carbonozinoleesky 1xbetvolta ao chão.
"A única maneirazinoleesky 1xbetfazer isso seria baixar a temperatura global e congelarzinoleesky 1xbetnovo o permafrost, o que significaria que você estaria removendo o dióxidozinoleesky 1xbetcarbono da atmosfera", diz Schaefer.
Segundo Romanovsky, os modelos climáticos mostram que os atuais compromissos intergovernamentais para reduzir o aquecimento global - conforme estabelecido no Acordozinoleesky 1xbetParis - podem não ser suficientes.
Em artigo publicadozinoleesky 1xbet2016 na revista Nature Climate Change, a pesquisadora Sarah Chadburn e seus colegas estimam que, mesmo que o clima fosse estabilizado, conforme acordado pelos 196 paíseszinoleesky 1xbet2015, "a áreazinoleesky 1xbetpermafrost seria eventualmente reduzidazinoleesky 1xbetmaiszinoleesky 1xbet40%".
No entanto, após o anúncio do presidente Donald Trumpzinoleesky 1xbetretirar os Estados Unidos do Acordozinoleesky 1xbetParis,zinoleesky 1xbetjunho do ano passado, ézinoleesky 1xbetse esperar uma perda ainda maiorzinoleesky 1xbetpermafrost no horizonte.
O jogozinoleesky 1xbetculpa
O Alasca é um Estado conservador politicamente, então quem estázinoleesky 1xbetfora pode supor que seus moradores rejeitam a ideia do aquecimento global. Mas a realidade é mais complexa.
Uma pesquisa realizada no início deste ano pelo Alaska Dispatch News, com um totalzinoleesky 1xbet750 participantes, mostrou que maiszinoleesky 1xbet70% da população local está preocupada com os efeitos da mudança climática.
"No Alasca, a quem você perguntar, vai responder 'sim, há aquecimento'", afirma Romanovsky.
"Quanto mais para o norte você for, especialmente no noroeste, mais forte é esse sentimento. Porque está acontecendo, você consegue ver. Claro, a questão sobrezinoleesky 1xbetquem é a responsabilidade depende das crenças políticas."
No Parque Nacional Denali, a guarda florestal Anna Moore testemunhou como o aquecimento pode afetarzinoleesky 1xbetpouco tempo a vida selvagem.
Ela reparou que a lebre do ártico, que muda a cor da pelezinoleesky 1xbetacordo com as estações do ano para se camuflar, parece não estar acompanhando mais as mudanças, como resultado do aumento da temperatura, o que a deixa mais exposta a predadores.
"No inverno, eles ficam brancos", diz Moore.
"À medida que está ficando mais quente, a neve está derretendo mais rápido, mas seus corpos são aclimatados a certas mudançaszinoleesky 1xbettemperatura e, portanto, mesmo que a neve já esteja derretendo, eles continuam brancos - e correndo perigo por causa dos predadores."
Moore acrescenta que, apesarzinoleesky 1xbetacreditar nas mudanças climáticas e estar observando seus efeitos na fauna e flora do parque, ela considera isso um resultado tanto das atividades humanas quantozinoleesky 1xbetum ciclo natural.
Ashley Tench,zinoleesky 1xbetcolega, compartilha o mesmo sentimento:
"Eu concordo com ela (em) como isso ézinoleesky 1xbetparte feito pelo homem, mas é também natural."
Por isso, Tench não acredita que a saída dos Estados Unidos do Acordozinoleesky 1xbetParis faça diferença no clima.
Mas nem todo mundo no Alasca tem essa opinião. Para Bill Beaudoin, mergulhador e educador aposentado, que agora é proprietáriozinoleesky 1xbetuma pensãozinoleesky 1xbetFairbanks, é óbvio que os humanos são culpados e que devemos trabalhar para reverter os efeitoszinoleesky 1xbetnossas ações.
"Acredito que o Acordozinoleesky 1xbetParis era necessário ", diz ele.
"Na verdade, eu não achava (que era) suficiente. Há um país, a Nicarágua, que não assinou o acordo porque achou que não era forte o suficiente. Eu ficaria provavelmente ao lado da Nicarágua nesta questão", acrescenta.
Mas não importa quem seja o culpado pelo aquecimento e o consequente derretimento do permafrost. A população do Alasca está, emzinoleesky 1xbetmaioria, preocupada com seu futuro.
"As pessoas estão preocupadas, porque, claro, não existe seguro para derretimento do permafrost", diz Romanovsky.
"Os seguros não estão cobrindo os danos causados pelo permafrost, assim como por terremotos na Califórnia."
Em busca do carbono
De volta a Goldstream 3, Romanovsky observou que a 50 cmzinoleesky 1xbetprofundidade, a temperatura do solo erazinoleesky 1xbet- 0,04°C. Em um metro, chegava a - 0,23 °C.
Na última vez que tinha verificado os dados,zinoleesky 1xbetmarço, a temperatura a um metro do solo erazinoleesky 1xbet-1,1°C.
Ele pegazinoleesky 1xbetpá e faz um buraco no chão para observar o solo e checar se há presençazinoleesky 1xbetcarbono. A superfície mais escura indica carbono orgânico acumulado.
Quanto mais ele cava, mais frio fica o solo. Ele escava tanto até quezinoleesky 1xbetpá toca o permafrost - e aparentemente ele não pode ir além.
Romanovsky força um pouco mais e consegue desenterrar um pedaço do permafrost - do tamanhozinoleesky 1xbetuma pequena moeda. Segundos após segurar o solo congelado entre os dedos, ele derrete como se fosse um cubozinoleesky 1xbetgelo.
Ele devolve a terra removidazinoleesky 1xbetvolta ao buraco, desconecta seu laptop do coletorzinoleesky 1xbetdados, fecha a caixa, cobre novamente com galhoszinoleesky 1xbetárvore e se prepara para voltar.
Em uma semana, ele vai se deslocar para o norte do Estado para registrar a temperaturazinoleesky 1xbetoutras áreas, acrescentando mais informações a uma das baseszinoleesky 1xbetdadoszinoleesky 1xbetpermafrost mais abrangentes do mundo.
Enquanto isso, pouco a pouco, o Alasca vai derretendo - e o que vem pela frente não se sabe. O certo é que o grande degelo mudará para sempre a paisagem como é hoje - e provavelmente o planeta e seus habitantes.
- zinoleesky 1xbet Leia a versão original desta reportagem (em inglês zinoleesky 1xbet ) no site BBC Future.