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Os profissionais que não conseguem emprego por serem 'superqualificados':
Em compensação, a empresa prometeu a Emily um novo cargo. Mas, no fim, isso não deu certo. Emily então ficou presaum emprego do qual queria sair e se viuum beco sem saída: era qualificada demais para um cargo inicial na carreira que ela desejava e não tinha experiência suficiente para se candidatar a uma vagaum cargo equivalente ao seu.
Emily - identificada apenas pelo primeiro nome para protegersegurança no emprego - ficou frustrada com todo esse processo.
"Eu preferia ter assumido o cargo do anúncio original", ela conta. "Talvez eu tivesse achado o trabalho fácil, mas nada impediria a companhiame promover se eles me achassem boa. Ouvir que eu era 'boa demais', no início, foi lisonjeador. Mas, quando percebi que não havia conseguido o emprego, eu me senti ludibriada."
À primeira vista, ser superqualificado para um emprego pode parecer algo positivo. Um candidato com mais experiência logicamente seria colocado no topo da pilhacurrículos. E, para um empregador, contratar um funcionário que exceda as exigências para o cargo parece ser um golpesorte.
Mas não é assim que geralmente funciona. Na verdade, ser qualificado demais às vezes pode ser um motivo para ser descartado pelas empresas. Talvez contraprópria intuição, os empregadores muitas vezes rejeitam candidatos com base no excessoconhecimento e experiência - mesmo com a dificuldadeencontrar talentos disponíveis no mercado.
'Bom não é necessariamente bom'
À medida que os trabalhadores progridem nas suas carreiras, eles normalmente assumem cargos mais importantes, gradualmente construindo seus caminhos para postoschefia ou executivos. Mas, quanto mais alto voam os funcionários, menos alternativastrabalho eles têm disponíveis.
"Eles caminhamdireção ao topo da pirâmide", explica Terry Greer-King, vice-presidente para a Europa, Oriente Médio e África da empresacibersegurança SonicWall, com sedeLondres. "Quanto mais experiência eles ganham, menor é o seu lequeoportunidades. Tentar algo diferente exigiria voltar à base da pirâmide."
Às vezes, os funcionários querem dar um passo atrás para seguir adiante. Pode ser para uma mudançacarreira, como no casoEmily, ou porque um trabalhador experiente, lutando para subir o próximo degrau da escada, decide por um movimento lateral ou para baixo, projetando um ganho futuro.
Circunstâncias pessoais também podem influenciar essa questão. Uma transferência ou retorno ao trabalho após uma pausa na carreira pode levar um trabalhador a aceitar um cargo inferior.
Mas, embora essas circunstâncias possam parecer boas razões para os candidatos, encontrar trabalhadores candidatando-se para cargos aparentemente "abaixo" do seu nível atual na carreira pode ser um sinalalerta para os recrutadores.
Para Greer-King, o currículoum candidato excessivamente qualificado pode indicar que ele mudaempregos com frequência ou que permanece estagnado, causando suspeitas.
"Para contratar alguém, você precisa ser paranoico", segundo ele. "Se alguém estiver descendo um ou dois níveis e provavelmente já lidou com as demandas do cargo, você precisa fazer perguntas sobremotivação."
Existem candidatos que conseguem explicar com sucesso seus motivos e convencer as empresasque realmente desejam dar esse passo atrás, mas outros podem ter dificuldadeconvencer recrutadoresque um cargo mais baixo não os deixará insatisfeitos.
A preocupação é que o funcionário superqualificado logo sinta que não tem desafios, ficando entediado e ansioso pela próxima mudança.
"Quando alguém entrauma empresa, pode levartrês meses a um ano para que seja totalmente produtivo", explica Greer-King. "Mesmo alguém superqualificado para o cargo não consegue chegar e fazer o trabalhocara. É preciso entender a cultura, os processos e a tecnologia. Por isso, investir todo esse tempoalguém, apenas para que saia seis meses depois, não é a decisão mais inteligente na hora da contratação."
Os funcionárioscargos superioressetores onde a escada corporativa está bem estabelecida, como a consultoria administrativa, podem ser particularmente vulneráveis aos perigos da qualificação excessiva.
"Alguém pode ter profunda experiênciaum campo, candidatar-se a um empregooutro e acabar apenas ouvindo da equiperecrutamento que deveria candidatar-se a um cargo mais alto", afirma Davis Nguyen, fundador da escolatreinamento My Consulting Offer, com nos Estados Unidos. "Mas, se a empresa não tiver um cargo aberto [naquele nível], o candidato acaba sendo rejeitado."
Para rejeitar esses trabalhadores, os empregadores podem alegar que eles têm experiência demais para o cargo. Ou, às vezes, eles informam que simplesmente não são os mais adequados para a empresa.
"Os empregadores querem contratar a pessoa certa, no momento certo, que possa crescer no cargo, desenvolver-se e amadurecer", segundo Greer-King. "Os funcionários geralmente querem desafios. Com isso, eles tendem a ser mais felizes e permanecer por mais tempo."
Questãoagilidade e flexibilidade
É claro que empregadores espertos conseguem achar formasaproveitar trabalhadores superqualificados.
Greer-King afirma que especificamente as pequenas empresas, menos limitadas pelas hierarquias e estruturas corporativas, são mais capazescontratar funcionários com qualificações altas demais. "As startups[empresastecnologia iniciantes] são ágeis e têm flexibilidade", segundo ele. "Elas podem contratar um candidato superqualificado e justificar essa contratação com um cargo e salário adequados paraexperiência."
Empregadores ágeis podem também contratar trabalhadores qualificados demais e promovê-los rapidamente, antecipando-se a eventuais sentimentostédio, segundo Shelley Crane, diretora na empresarecursos humanos Robert Half, com sede no Reino Unido. Desta forma, as empresas beneficiam-se da experiência do funcionário, mantendomotivação e comprometimentolongo prazo.
"Alguém 'bom demais' para o cargo será apenas benéfico para a companhia no curto prazo", segundo ela, "a menos que haja excelentes oportunidadescrescimento interno."
As empresas podem também ser mais dispostas a acomodar trabalhadores superqualificados mais jovens. Greer-King afirma que seus motivos para uma mudança para baixo podem ser justificados mais facilmente.
"Quanto mais idade você tiver, maior o prejuízouma posição júnior - e é mais provável quenecessidade imediata seja financeira. Contratar um candidato com mais idade também significaria que ele estará não apenas sendo chefiado por alguém com menos experiência, mas também por mais jovem do que ele - o que pode criar questões estruturais", explica ele.
No momento, a crisecontrataçãoalgumas partes do mundo significa que os empregadores não podem mais ser tão seletivos com relação aos trabalhadores superqualificados. Greer-King reconhece que eliminar candidatos com experiência excessiva é mais difícil quando a luta pelos talentos é mais intensa.
Mas Crane afirma que as empresas estão mais concentradaspreservar os funcionários atuais, e que candidatos superqualificados ainda estão sendo rejeitados. "No mercado atual, pode ser caro e demorado encontrar alguém novo", afirma ela. "E quando funcionários superqualificados saem da empresa, ela normalmente volta para o pontopartida."
'Efeito catastrófico'
Os trabalhadores ansiosos por mudanças podem ser tentados a reduzir deliberadamente seus conhecimentos ou omitir experiências no currículo, mas Shelley Crane não aconselha essa prática. Como o histórico profissional do candidato provavelmente será discutido na entrevistaemprego, qualquer desonestidade pode ser descoberta mais adiante no processo.
"Nunca é uma boa ideia enxugar seu currículo", afirma ela. Crane também aconselha os profissionais,forma geral, a não se candidatar a cargos para os quais são qualificados demais: "Se candidatar a diversos cargos abaixo do seu nívelconhecimento e ser rejeitado pode ter um efeito catastrófico sobre a confiança".
'Retiraram a minha escolha'
Ter paciência e procurar emprego com determinação pode trazer recompensas, mas a realidade é que há candidatos experientes que podem não ter sucesso - e não por culpa deles. Isso pode ocorrer com funcionáriosnível sênior, especialmente aqueles que trabalharamuma mesma empresa por muito tempo.
"Eles podem ter se enraizado na culturaoutro ambientetrabalho", afirma Terry Greer-King. "Isso os torna menos maleáveis."
Mas o inconvenienteser qualificado demais pode prejudicar qualquer pessoa, como aconteceu com Emily. Embora nunca tenha conseguido o cargo ideal, ela acabou se voltando para a carreira que desejava, encontrando um cargouma empresaentretenimento menor que acabou se tornando uma promoção com relação ao seu emprego anterior.
Mas a experiênciaser considerada qualificada demais para o emprego dos seus sonhos a fez questionar sobre as razões que levam uma empresa a preferir abrir mãouma boa trabalhadora como ela, que estava feliz por começar por baixo e disposta a agregar valor àquela companhia.
"Candidatei-me ao cargo porque realmente acreditava que poderia oferecer muito para aquela empresa", afirma ela. "Era minha escolha. Dizer que eu era superqualificada retirou aquela escolhamim."
Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Worklife.
- Texto originalmente publicadohttp://vesser.net/vert-cap-62127190
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