Existe um tempo mínimo que deveríamos ficarum emprego novo?:

Homem trabalhando no laptop enquanto gira bolabasquete

Crédito, Getty Images

Mas as mudanças na forma como construímos nossas carreiras, aliadas ao impacto sem precedentes da pandemia, trouxeram maior flexibilidade.

Embora os empregadores ainda possam preferir currículos mais tradicionais, os especialistas indicam que uma ou mais breves passagens por empregos anteriores não devem ser necessariamente impeditivos, desde que você seja capazfornecer uma boa explicação para as mudanças.

Comprovar a estabilidade

A regraum ano é baseadaconceitos práticos: conseguir um emprego é um fato importante, e leva tempo para você se acostumar completamente com ele.

"Depoisum ano, os funcionários normalmente sentem que progrediram e compreendem quem é quem naequipe e no seu departamento", afirma Alison Sullivan, gerente sêniorcomunicações corporativas do siteempregos Glassdoor.

"Um ano oferece às pessoas tempo suficiente para causar impacto na companhia, adquirir novos conhecimentos e demonstrar seu crescimento. Ao procurar seu cargo seguinte, o que você fez no primeiro ano pode ajudar a argumentar por que você é a pessoa certa para um emprego e te munir com exemplos do mundo real", segundo ela.

Demonstrar crescimento é uma tarefa muito mais difícil se você assumiu o cargo há apenas alguns meses - e uma breve passagem por uma empresa pode também levantar questões desconfortáveis sobre o seu profissionalismo.

"Pessoas que mudamemprego com rapidez foram associadas, no passado, à faltacompromisso ou resiliência, incapacidadecrescimento e progresso face às adversidades ou mesmo uma predisposição a abandonar suas equipes", afirma Michael Smets, professorAdministração da UniversidadeOxford, no Reino Unido.

Sullivan acredita que, embora seja possível explicar um ou dois períodos brevesemprego no currículo, os empregadores "poderão interpretar uma sériepassagens curtas como sendoum candidato que pode evitar desafios ou não é confiável".

As empresas também não querem investir tempo e dinheiro recrutando e contratando funcionários apenas para vê-los sair pouco tempo depois — o que significa que eles darão preferência a candidatos que tiveram uma passagem sólida por empresas anterioresseu currículo.

"Se você se sentir inseguro sobre o seu emprego, tente permanecer nele por pelo menos um ano. Qualquer período menor que um ano poderá ser um sinal vermelho para um gerenterecursos humanos", aconselha Sullivan.

Nova realidade?

Mas há alguns sinaisque a regraum ano não é mais considerada tão inflexível como no passado.

Na verdade, as exigências pareciam estar sendo relaxadas, mesmo antes da pandemia, uma vez que as tendênciasemprego entre os trabalhadores mudaram.

"Os baby boomers (nascidos entre 1946 e 1964) e as gerações anteriores passaram tipicamente grande parte das suas carreirasuma única empresa", explica Jamie Ladge, professoraAdministração e Desenvolvimento Organizacional da Northeastern University, nos Estados Unidos. "As gerações mais novas evoluíram nesta mentalidade."

Não existem dados claros para confirmar a ideiaque os profissionais mais jovens saltamum emprego para o outro com mais frequência que as gerações anteriores, mas a maioria atualmente espera mudaremprego várias vezes ao longo da carreira, como formaprogredir, adquirir novos conhecimentos ou garantir melhores salários e benefícios.

A mudançaemprego também é mais comumalguns setores, como na áreatecnologia. "Mudaremprego se tornou uma escolha que muitas vezes diz mais sobre o empregador do que sobre o funcionário", diz Smets.

Os profissionais estão buscando cada vez mais locaistrabalho que priorizem o bem-estar e a dedicação dos funcionários, sem que fiquem presos a um "mau" empregador.

Essa mudança foi acelerada pela pandemia, devido ao aumento da preocupação com o esgotamento e práticastrabalho não saudáveis.

E, neste contexto, um número recordetrabalhadores americanos abandonou seus empregos durante a pandemia —, deixando alguns empregadores com dificuldade para preencher as vagas.

Mulher entediada no trabalho

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Especialistas afirmam que, se um emprego for realmente muito ruim, você pode sair logo — mas esteja preparado para explicar no currículo

No momento, "mudaremprego com frequência ou ter passagens mais curtas por empresas está sendo menos estigmatizado que nos anos anteriores", afirma Sullivan.

"A pandemia é um fator importante, que fez com que muitas pessoas deixassem seus empregos, fossem dispensados ou pedissem demissão por diversas razões, desde prestar assistência a familiares até saúde e segurança. No mercadotrabalho limitado atual, os gerentesrecursos humanos são muito mais compreensivos sobre lacunas no currículo ou mudanças rápidasgeral."

Smets acredita que, embora parte do estigmasairum empregomenosum ano ainda exista, as ideias tradicionais sobre o período idealpermanência numa vaga estão sendo questionadas,meio a uma "notável mudançapoder entre os empregadores e os empregados".

Mas ele lembra que um novo empregador vai querer uma explicação para uma permanência curta no seu currículo. "Uma parte fundamental da narrativa é ser convincente ao explicar por que o novo emprego é um destino escolhido, e não uma rotafuga", afirma Smets.

A melhor formaexplicar

Tudo isso significa que a saída antecipadauma empresa não deveria eliminarcandidatura a outras vagas, mas explicar bemmovimentação é fundamental para convencer os gerentesrecursos humanos que ainda favorecem candidatos que demonstrem estabilidade.

"Os gerentesrecursos humanos querem saber por que você quer entrar na empresa, só para ter alguma confiançaque você vai ficar", explica Smets.

Eles podem também querer saber a forma como você saiu do antigo emprego.

"Explique como você decidiu deixar a empresa anterior, mas organizando uma transição sólida e aceitando uma datasaída que não deixasseequipe na mão — mesmo que o aviso-prévio tenha sidoapenas um mês. Se conseguir fazer isso, você será capazdemonstrar confiabilidade e compromisso, mesmo mudandoemprego com rapidez", sugere Smets.

Se o seu trabalho anterior tiver sido muito diferente da vaga anunciada, não há problema em explicar isso, segundo Jamie Ladge.

"Muitas vezes, as empresas e os gerentesrecursos humanos não têm tempooferecer uma apresentação realista do cargo ou não fazem o devercasa para conhecer bem a função e transmiti-la ao funcionário", diz ela.

"Com isso, o funcionário entra na empresa pensando que o trabalho é uma coisa, e acaba sendo algo completamente diferente."

Sullivan também acredita que,forma geral, ao explicar uma saída rápidaum emprego, o "importante é se antecipar e poder fornecer contexto". Mas ela sugere se concentrar nos tópicos positivos relacionados à nova função —vezse aprofundar no que deu errado no emprego anterior.

"Se um potencial empregador perguntar sobre experiências passadas que você sabe que não foram ideais, é melhor manter a discussãoforma diplomática e se concentrarpor que você está entusiasmado [com] essa possibilidadeemprego ou empresa", afirma Sullivan.

"O que você oferece para o cargo e por que ele entusiasma você agora, interessa e significa mais para um gerenterecursos humanos do que aquilo que você deixou para trás."

Convencer um potencial empregadorque você é o candidato ideal, apesar da rotatividade no currículo, pode, por fim, se resumir a fazer com que ele acredite que os conhecimentos que você vai levar superam os riscos sobre quanto tempo você vai ficar.

"Os empregadores querem alguémquem eles possam investir e que, porvez, permaneça e cresça com a empresa e com a função", afirma Sullivan.

Leia a íntegra desta reportagem (em inglês) no site BBC Worklife .

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