Por que usar dinheiro vivo é uma formaapostas online cefgastar menos:apostas online cef

dinheiro ilustração

Crédito, Javier Hirschfeld/Getty Images

Legenda da foto, Você costuma fazer compras com dinheiro físico, cartãoapostas online cefcrédito ou carteiras eletrônicas?

Mas eu era teimoso. Meus amigos, tanto ocidentais quanto chineses, tiravam sarroapostas online cefmim por ser tão tradicional — por manusear "notas sujas" — vendo o dinheiro amassado como provaapostas online cefminha revolta contra a tecnologia.

Mas havia algumas razões pelas quais eu continuava usando dinheiro físico e evitava transações virtuais. Primeiro, eu me sentia mais seguro. Não entendia bem como o dinheiro eletrônico funcionaria no meu smartphone e temia que ele pudesse ser facilmente desviado.

Em segundo lugar, temia que, ao migrar para pagamentos eletrônicos e perder a inconveniênciaapostas online cefpagar com dinheiro, eu acabaria gastando mais. Tinha medoapostas online cefque ao perder as qualidades tangíveis e visíveis do papel moeda, e a transação física —apostas online cefpescar minha carteira, encontrar as notas requeridas, e entregar o dinheiro — eu estaria perdendo o sensoapostas online cefquanto, a cada dia, eu estaria gastando.

Esses temores eram justificados? Conforme mais e mais pessoas ao redor do mundo evitam dinheiroapostas online cefpapel, essas são questões essenciais a se considerar.

Antesapostas online cefentrarmos no universo complicado da psicologia do consumidor, e no conflito entre a economia clássica e a psicologia que levou ao nascimento da economia comportamental, vamos primeiro avaliar o que exatamente é o dinheiro.

Dinheiro é um conceito abstrato — e hoje nós o damosapostas online cefbarato, sem considerar como um pedaçoapostas online cefpapel, ou pedaçosapostas online cefmetal, têm valor intrínseco. Mas o dinheiro é uma invenção relativamente recente, e representou uma mudança fundamental na sociedade humana, diz Natacha Postel-Vinay, que leciona um curso sobre a história do dinheiro e das finanças na London School of Economics.

"Era algo completamente diferente do escambo", diz ela. "Você não precisaapostas online cefuma correspondência exata entre duas pessoas e seus desejos. Se quisesse comprar pão, o vendedor não precisava receber algo específicoapostas online cefvocê, seu casaco ou o vegetal daapostas online cefhorta. Você só precisavaapostas online cefum poucoapostas online cefprata."

Em termos técnicos, o dinheiro é uma reservaapostas online cefvalor e deve ser um item contábil, o que significa simplesmente que deve ser um item padronizado (como uma moeda).

Babilônia

Crédito, Javier Hirschfeld/Alamy

Legenda da foto, Babilônia revolucionou a forma como usamos o dinheiro

O primeiro registro do usoapostas online cefdinheiro vem dos antigos Iraque e Síria, na civilização babilônica, por voltaapostas online cef3 mil a.C. Nos tempos babilônicos, as pessoas usavam pedaçosapostas online cefprata que eram medidos conforme uma unidadeapostas online cefpeso conhecida como shekel. Vêm da Babilônia os registros dos primeiros preços, anotados por sacerdotes do Temploapostas online cefMarduk, assim como os primeiros contadores e as primeiras dívidas.

Na Babilônia, tínhamos muitas das coisas essenciais para uma economia monetária. Isso incluía o fatoapostas online cefque a prata tinhaapostas online cefpureza regularmente testada e era uma força estabilizante, como um rei ou um governo,apostas online cefque as pessoas podiam confiar para garantir o valor do dinheiro. "Em todos os tempos, para que o dinheiro tivesse valor, a confiança foi necessária", diz Postel-Vinay.

Mas houve muitas mudanças no dinheiro ao longo do caminho. A Babilônia tinha dinheiro, mas ele ainda era volumoso e precisava ser pesado — não era tão avançado quanto moedas. A partirapostas online cefpor volta do ano 1000 a.C., outras civilizações passaram a usar metais preciosos e, na Grécia antiga, no reinoapostas online cefLídia, as primeiras moedas foram fabricadas.

As primeiras notasapostas online cefdinheiro foram usadas na China Imperial durante a dinastia Tang (618-907 d.C.) e eram notasapostas online cefcrédito produzidas privadamente ou notasapostas online cefcâmbio, mas a Europa só adotaria a ideia no século 17.

Hoje, o dinheiro não está atrelado a objetos físicos que são eles próprios commodities com valor, como moedasapostas online cefouro ou prata, mas usamos uma forma chamada moeda fiduciária, que é uma moeda que um governo estabeleceu como legal.

O conceitoapostas online cefcrétido (e débito) existia muito antes da invençãoapostas online cefcartõesapostas online cefcrédito. "Não precisa ser físico para ser dinheiro", explica Postel-Vinay.

O cartãoapostas online cefcrédito emitido por bancos foi inventado por John Biggins, do Flatbush National Bank, no Brooklyn,apostas online cefNova York,apostas online cef1946. Posteriormente, ofereceram-se cartõesapostas online cefcrédito a vendedores viajantes, para que os usassem na estrada, nos EUA. No Reino Unido, a Barclays produziu o primeiro cartãoapostas online cefcrédito britânicoapostas online cef29apostas online cefjunhoapostas online cef1966.

O primeiro cartãoapostas online cefdébito surgiu no Reino Unidoapostas online cef1987. Chips e senhas foram introduzidosapostas online cef2003, e cartõesapostas online cefcrédito que funcionam por aproximação foram lançados quatro anos depois.

Na China, enquanto isso, escanear QR codes com o celular, ou gerar QR codes no celular para que sejam escaneados por comerciantes, tornou-se um meio comum para fazer pagamentos. A rápida adoçãoapostas online cefpagamentos eletrônicos na China se explica pelo alcance do aplicativo WeChat no país, que inclui serviçosapostas online cefpagamento virtual, mensagens e funçõesapostas online cefmídias sociais; pela popularidadeapostas online cefplataformasapostas online cefcomércio virtual, como a Taobao, da Alibaba; e pelo fatoapostas online cefque a China tem baixos índicesapostas online cefusoapostas online cefcartãoapostas online cefcrédito.

A partirapostas online cef2015, a adoçãoapostas online cefpagamentos eletrônicosapostas online ceftransações do dia a dia se tornou muito mais predominante.

Países que têm os maiores índicesapostas online cefcompras sem dinheiro vivo incluem o Canadá, onde é comum que cada pessoa tenha maisapostas online cefdois cartõesapostas online cefcrédito. Na Europa, a Suécia é a sociedade que menos usa dinheiroapostas online cefpapel: apenas 13% dos suecos disseram ter usado dinheiroapostas online cefcompras recentes, segundo uma pesquisa nacional feita no ano passado. Em 2010, o índice eraapostas online cef40%. Em comparação, cercaapostas online cef70% dos americanos ainda usam dinheiro semanalmente, segundo um estudo recente do Pew Research Center.

Emelie Svensson, uma sueca que trabalha como jornalistaapostas online cefNova York, diz que os dois países são muito diferentes quanto ao usoapostas online cefdinheiro. "O sistema giraapostas online ceftornoapostas online cefgorgetas e muitas lojas nem aceitam cartões, ou a compra deve serapostas online cefno mínimo 10 dólares", ela diz, referindo-se à experiênciaapostas online cefmorar nos EUA. "Mas está melhorand. Há cinco anos, eu pagava meu aluguel com dinheiro vivo!"

Dinheiro na China

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, A China inventou o papel moeda

E embora o usoapostas online cefpagamentos sem dinheiro vivo esteja aumentando no Reino Unido, ele ainda tem um longo caminho a percorrer. Para Moa Carlsson, uma açougueiraapostas online cef20 anosapostas online cefGotemburgo, o país tem uma postura pálida quando comparado àapostas online cefSuécia nativa.

"Acho que é um pouco divertido eapostas online cefcerta forma quase estranho usar dinheiro vivo", ela diz, quando visita o Reino Unido. "A Inglaterra parece mais antiquada. Me sentiria quase estranha ao não usar dinheiro lá. Acho que a libra é uma parte grande da Inglaterra, muito mais do que a coroa para a Suécia."

Para pessoas que vivemapostas online cefsociedades que usam cada vez menos dinheiroapostas online cefespécie, os benefíciosapostas online cefpagamentos eletrônicos são óbvios. "É muito conveniente. Você não tem a sensaçãoapostas online cefguardar 200 libras no bolso ou (a chateação)apostas online cefterapostas online cefsacar dinheiro. 'Onde está o caixa eletrônico?' Está ali no seu bolso", diz William Vanbergen, um empreendedor britânico que chegou à Chinaapostas online cef2003 e demorou a aderir a pagamentos eletrônicos.

Como Carlsson, ele diz que lidar com dinheiro vivo parece antiquado. Quando Vanbergen viaja a trabalho a Hong Kong, onde o dinheiroapostas online cefespécie ainda é o métodoapostas online cefpagamento mais comum, ou à Inglaterra, ele diz se sentir como se voltasse no tempo.

Mas e as desvantagens? Será que pagar sem usar dinheiro físico faz com que as pessoas gastem mais?

Essa é uma questão complicada e pressupõe que humanos sejam criaturas irracionaisapostas online cefvários sentidos. Por exemplo, foi mostrado que as pessoas sentem mais dor quando perdem 100 libras do que sentem alegria ao ganhar a mesma quantia. Em outras palavras, a dor da perda machuca mais, embora as duas quantias sejam idênticas.

Esse tipoapostas online cefefeito psicológico alimentou grandes mudanças no campo da economia. No passado, na economia clássica, acadêmicos baseavam suas teorias na suposiçãoapostas online cefque as pessoas se comportavam racionalmente (de modo que a perda ou ganhoapostas online cefuma quantia igual seriam tratadosapostas online cefforma idêntica por um indivíduo). Mas isso se mostrou falso a partirapostas online cefestudos psicológicos, levando à criação da economia comportamental e sub-ramos como a psicologia do consumidor.

Um dos grandes pesquisadores dessa disciplina relativamente nova é Drazen Prelec. O professor do MIT (Massachusetts Institute of Technology, nos EUA) fez um estudo sobre um leilão silencioso. O leilão foi feito entre estudantes da prestigiada escolaapostas online cefnegócios Sloan e envolvia ingressos para jogos esgotados da NBA, a liga americanaapostas online cefbasquete. Os pesquisadores disseram a metade dos participantes que eles só poderiam pagar com dinheiro vivo, enquanto os outros só poderiam pagar com um cartãoapostas online cefcrédito.

Os resultados supreeenderam os pesquisadores. Na média, descobriu-se que os que usavam cartãoapostas online cefcrédito faziam duas vezes mais lances que os usuáriosapostas online cefdinheiro vivo. Isso significa, segundo Prelec, que o custo psicológicoapostas online cefgastar um dólar no cartãoapostas online cefcrédito éapostas online cefapenas 50 centavos.

Comprar com cartãoapostas online cefcrédito tem claramente impactos na forma como as pessoas gastam, conforme atestado por muitos estudos. Porém, também revelou-se que as contasapostas online cefcartãoapostas online cefcrédito, quando chegam, causam imensa dor ao receptário. Tanto é assim que economistas comportamentais acreditam que isso explica a manutenção da popularidade dos cartõesapostas online cefdébito.

Cartãoapostas online cefcrédito X dinheiro vivo

Crédito, Javier Hirschfeld/Getty Images/Alamy

Legenda da foto, Cartãoapostas online cefcrédito inovou ao separar o prazer da compra da dorapostas online cefgastar

Mas e quanto ao usoapostas online cefcarteiras eletrônicas (e-wallets)? O que importa aqui é o retorno, diz Emir Efendic, pós-doutorapostas online cefPsicologia e Economia Comportamental na Universidadeapostas online cefLouvain, na Bélgica. "Com cartõesapostas online cefcrédito, você não recebe atualizações instantâneas (sobre as compras). Mas com bancos online, você vê a quantia sendo debitada imediatamente", diz Efendic.

"Se você perde os retornos, então sim, você gastará mais".

Com cartõesapostas online cefcrédito, a dor do gasto é atrasada (até que chegue a conta mensal). A grande habilidade dos cartõesapostas online cefcrédito,apostas online cefoutras palavras, é que eles têm o poder psicológicoapostas online cefseparar o prazer da compra da dor do pagamento.

Mas, com carteiras eletrônicas, usuários veem o dinheiro debitado imediatamente. Emily Belton, trabalhadora expatriada britânica que usa o WeChatapostas online cefPequim, diz que gostaapostas online cefreceber uma notificação a cada vez que faz um pagamento pelo app, e que seu saldo é atualizadoapostas online ceftempo real. Isso é uma comunicação instantânea e não implica o mesmo efeito que um cartãoapostas online cefcrédito.

Prelec, porém, descobriu que caminhos neurais são acionados pelo que ele chamaapostas online cef"momento vacilante", quase como uma breve dor física, quando nos separamosapostas online cefnosso dinheiro. Embora não haja pesquisa semelhante sobre o usoapostas online cefe-wallets, pode-se presumir que o momento vacilante não ocorra quando pagamos com um smartphone. Mas isso precisa ser mais pesquisado.

A dorapostas online cefse separar do nosso dinheiro impede que gastemos além da conta, mas o aspecto negativo é que ela também rouba parte da alegriaapostas online cefconsumir. O custo psicológico, que Prelec chamaapostas online cef"imposto moral", pode ser reduzidoapostas online cefvárias formas. Instrumentos como o empacotamento (a inclusãoapostas online cefitens gratuitos na compraapostas online cefum produto) pode reduzir parte do "imposto moral". O pagamento antecipado é outro método, mesmo quando não há vantagem financeira — por exemplo, as pessoas têm mostrado preferir pagar as fériasapostas online cefparcelas (ainda que estejam perdendo parte da liquidezapostas online cefdinheiro vivo).

maquininha eletrônica

Crédito, Credit Javier Hirschfeld/Getty Images

Legenda da foto, Pessoas tendem a gastar mais quando estão no exterior

E, quando estão no exterior, as pessoas também acham mais fácil gastar com moeda estrangeira, tratando-a com muito menos seriedade do que o "dinheiro real"apostas online cefseu país natal. Empresas como o Club Med se valem dessa psicologia ao definir que seus hóspedes comprem fichasapostas online cefplásticoapostas online cefvezapostas online cefusar dinheiro.

No meu caso, acabei adotando o usoapostas online cefpagamentos virtuaisapostas online cefPequim. Achei o sistema impressionante porapostas online cefqualidade e conveniência. É como viver num mundo onde você tem todos os benefíciosapostas online cefgastar sem a dorapostas online cefpagar.

Talvez isso seja melhor para as economias, que podem se beneficiar se as pessoas gastarem seu dinheiro mais livremente, e muitos governos no mundo estão tentando estimular isso. Há um velho ditado inglês que diz: "O dinheiro, como o estrume, não faz nenhum bem até que seja espalhado". Mas, às vezes, esse tipoapostas online cefgasto livre, sem qualquer fricção, leva a um tipoapostas online cefdesconforto.

Talvez esse seja o "imposto moral" a que Drazen Prelec se refere, o que é uma tendência psicológicaapostas online cefsentir o custoapostas online cefoportunidade como dor real. Em outras palavras, posso estar sentindo esse desconforto por imaginar que poderia gastar aquele dinheiro com outras coisas.

Conforme mais sociedades migram do dinheiroapostas online cefespécie para as transações virtuais, a forma como gastamos pode mudar. Mas o dinheiro continuará sendo uma força governante nas vidas humanas.

Weird West

Este artigo é parte da nossa série Weird West. Em 2010, uma equipe na Universidadeapostas online cefBritish Columbia (Canadá) indicou que a pesquisa psicológica contém uma grande falha: boa parte dela se baseiaapostas online cefexemplosapostas online cefsociedades ocidentais, escolarizadas, industrializadas, ricas e democráticas (as iniciais das palavrasapostas online cefinglês formam o acrônimo "Weird", que batiza a série e significa "estranho"apostas online cefinglês). Os pesquisadores costumavam supor que seus achados se aplicariam a pessoasapostas online cefqualquer lugar. Mas, quando analisou o tema, a equipe descobriu que membros das sociedades "Weird" eram, na verdade, as populações menos representativas que alguém poderia usar para fazer generalizações sobre humanos.

Da grande imprensa à academia, porém, continua normal ver as sociedades "Weird" como normais, ou ao menos como o padrão pelo qual outras culturas e povos são julgados. Nesta série, mergulhamos nos efeitos disso na vida cotidiana. Que hábitos e formasapostas online cefpensar são comunsapostas online cefsociedades Weird que as pessoasapostas online cefoutras partes do mundo podem achar estranhas?

E o que isso nos diz não só sobre diferenças culturais, mas sobre nós mesmos? Da horaapostas online cefque tomamos banho à forma como compramos, esta série reexamina os comportamentos que muitas vezes damosapostas online cefbarato — e explora como o "padrão" é raramente o melhor ou único caminho.

Línea.

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