O que aconteceria na economia global se todos virassem vegetarianos:

Verduras

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Legenda da foto, Estima-se que apenas 5% da população mundial seja vegetariana

E não apenas porque a população global também está aumentando, mas porque a classe média cresceupaíses como a China e outras economias emergentes.

Mãos segurando grãoscereal

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Legenda da foto, O vegetarianismo pode afetar as comunidadesbaixa renda e o PIB dos paísesdesenvolvimento

E os países que mais consomem são os Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e Argentina.

Nos últimos anos, porém, a ideiaque consumir menos carne é bom para a saúde e para o planeta ganhou força.

De fato, a carne (e especialmente a bovina) é uma das indústrias que mais afetam o meio ambiente, porque requer grandes áreasterra, usa muita água e emite grandes quantidadesgasesefeito estufa.

Além disso, na Amazônia, por exemplo, são frequentes os relatosáreas gigantescasfloresta que são desmatadas e queimadas para depois virarem pastos.

Mas quando consideramos como a economia global mudaria se fôssemos todos vegetarianos, entramos no campo da futurologia. E a resposta para essa pergunta depende do cenário hipotético que imaginamos.

Fábricaprocessamentocarne

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Legenda da foto, O consumocarne e principalmente frango cresceu exponencialmentetodo o mundo

Como poderia ser uma economia vegetariana?

"Uma economia vegetariana criaria novos tiposemprego e mais alimentos à baseplantas que substituem a carne", defende Marco Springmann, pesquisador da UniversidadeOxford, no Reino Unido, à BBC News Mundo, serviçoespanhol da BBC.

"Os custossaúde gerados pelo alto consumocarne e os custos associados às mudanças climáticas seriam reduzidos."

Para alcançar essa economia vegetariana, explica Springmann, teria que haver uma transição gradual, cujo curso dependeria das políticas adotadas pelos países para estabelecer os incentivos que permitiriam essa transformação.

"Os efeitos econômicos negativos poderiam ser mitigados por decisões políticas", diz Springmann.

De fato, os agricultores não poderiam ser abandonados à própria sorte, nem a indústriacarne que gera empregos e contribuiforma substancial para o Produto Interno Bruto (PIB) dos países.

"Vendedores e agricultores teriam que diversificar seu negócios", explica ele.

O mais realista, argumenta, seria que as pessoas se tornassem semi-vegetarianas, isto é, elas poderiam consumir menos carne, pois é muito improvável que o mundo inteiro se torne vegetariano um dia.

'O mundo seria melhor'?

Os custos da mudança para um mundo vegetariano dependeriaquais são as suposições que usamos para imaginar esse cenário, segundo Tim Benton, diretor do DepartamentoEnergia, Meio Ambiente e Recursos do centroestudos britânico Chatham House.

De qualquer forma, "haveria custos econômicos significativos", diz ele. A redução do setorcarnes afetaria o crescimento econômico, embora isso pudesse ser compensado pela produçãooutros produtos, explica.

"Haveria um custotransição, mas, no final, teríamos pessoas mais saudáveis ​​e um planeta mais saudável", diz Benton, assumindo que poderia haver avanços tecnológicos e incentivos econômicos para diminuir o consumocarne.

"A produçãolarga escalaproteínas animais foi apoiada com subsídios públicos. Se esses subsídios fossem destinados à produçãoproteínas vegetais, seria mais barato para as pessoas manterem dietas mais saudáveis", diz Benton.

No entanto, embora,maneira geral, seja aconselhável comer menos carne e produzi-lauma maneira menos danosa, isso não significa que todos os países possam pagar, adverte Benton.

Indígenas na beiraum rio

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Legenda da foto, Grande parte das colheitas é destinada à alimentação dos animais

'Negativo para as comunidades agrícolas'

Para Andrew Jarvis, diretoranálisepolíticas do Centro InternacionalAgricultura Tropical e pesquisador do ProgramaPesquisa sobre Mudanças Climáticas, Agricultura e Segurança Alimentar, um vegetarianismo global criaria uma situação difícil para países mais pobres.

"O preço da terra aumentaria e isso seria negativo para as comunidades agrícolas", diz . "Provavelmente haveria mais migração para as cidades e potencialmente aumentaria a pobreza no campo, pelo menos no curto prazo."

"Seria um grande problema para o Cone Sul", diz Jarvis, que vive e trabalha na Colômbia.

O pesquisador, no entanto, projeta alguns efeitos positivos. "Se o consumocarne for reduzido, mais colheitas poderão ser destinadas a alimentar pessoas, e não animais".

"É melhor avançar para uma economia mais flexível e não apenas vegetariana."

Segundo o InstitutoCarne dos Estados Unidos, a pecuária é fundamental para alimentar a economia do país.

Somente a indústriacarne bovina e o setoraves no país são responsáveis ​​pela geraçãomaiscinco milhõesempregos, com salários variando entre US$ 13,5 (R$ 56) e US$ 14,9 (R$ 62) por horafábricasembalagem e processadores.

Se essa indústria desaparecesse, portanto, as consequências econômicas teriam enorme impacto.

Boi confinado e com etiqueta numerada

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Legenda da foto, Pesquisadores consultados pela BBC são mais propensos à idéiaimaginar uma economia semi-vegetariana.

'Mundo estranho'

"É estranho imaginar um mundo vegetariano quando o consumocarne está crescendo", diz Ryan Katz-Rosene, professor da FaculdadeCiências Sociais da UniversidadeOttawa, no Canadá.

"Fico relutantepensar nessa situação hipotética, porque não a vejo ocorrendo no futuro", explica ele, argumentando que há muita confusão no debate público sobre os efeitos do consumocarne.

"Algo mais concreto é imaginar um futuro com uma dieta mais sustentável. 95% da população mundial não é vegetariana".

Katz-Rosene argumenta que o setor pecuário, por um lado, contribui para a segurança alimentar das famílias pobres, mas também apresenta desafios.

O importante, ele ressalta, é distinguir as diferentes maneirasproduzir carne. A produção industrial não é a mesma que auma família que possui uma cabra que lhe permite sobreviver.

Por outro lado, não é tão fácil mudar a proteína animal pela proteína vegetal, pois ela não é ricacertos aminoácidos essenciais, vitamina B12 ou minerais como o ferro.

Para que essa mudança funcionasse, os governos das áreas mais pobres teriam que fornecer suplementos alimentares para que a saúde das pessoas não fosse afetada. "Não acho que isso aconteça", diz o pesquisador.

"Um equilíbrio é necessário, mas não é fácilalcançar."

Línea.

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