Por que, mesmo quando ganham mais, mulheres fazem mais trabalho doméstico que homens:136 bet

É por isso que Erin e muitas outras mulheres com salários mais altos que seus parceiros136 betrelacionamentos heterossexuais sentem a necessidade136 betconversar sobre como ele se sente e protegê-lo contra qualquer emoção negativa ou sentimento136 betfragilidade — conversas que provavelmente não seriam necessárias se a situação fosse inversa.

O poder aquisitivo das mulheres pode ter atingido um pico136 betvários casos, mas as reações às mulheres chefes136 betfamília ainda não acompanharam esse aumento. Além136 betenfrentarem os julgamentos externos, as mulheres que ganham mais que seus parceiros muitas vezes ainda arcam com a maior parte do trabalho tradicionalmente "feminino", como cuidar da casa e das crianças. Isso as deixa cronicamente sobrecarregadas, sob pressão e lutando para proteger seu relacionamento contra percepções e emoções negativas.

E tudo isso pode ter seu preço. Pesquisas indicam que casamentos heterossexuais136 betque a mulher é a principal provedora têm mais probabilidade136 betterminar136 betdivórcio. Mas os especialistas ressaltam que este não precisa ser o caso.

O encargo doméstico das mulheres chefes136 betfamília

Historicamente, os homens quase sempre ganharam mais que suas esposas. Já as mulheres, muitas vezes totalmente excluídas do mercado136 bettrabalho, costumavam absorver a maior parte do trabalho doméstico, incluindo cuidar da casa e das crianças.

Mas evidências indicam que, desde que as mulheres entraram maciçamente no mercado136 bettrabalho, o desequilíbrio entre as tarefas domésticas, na verdade, não se alterou — mesmo quando as mulheres ganham mais dinheiro que seus parceiros.

Pesquisadores descobriram que, no Reino Unido, 45% das mulheres chefes136 betfamília ainda são responsáveis pela maioria das tarefas domésticas,136 betcomparação com apenas 12,5% dos homens que são principais provedores. E a mulher chefe136 betfamília passa136 betmédia o equivalente a um dia inteiro136 bettrabalho cuidando da casa, além do seu trabalho136 bettempo integral.

Além disso, pesquisas conduzidas na Austrália e nos EUA demonstraram que, embora as mulheres reduzissem seu trabalho doméstico à medida que seus ganhos aumentavam, isso só aconteceu até certo ponto. Depois que as mulheres começaram a ganhar mais que seus parceiros, os pesquisadores descobriram que os casais muitas vezes retornavam aos papéis136 betgênero mais tradicionais, com as mulheres absorvendo uma parcela desproporcional do trabalho doméstico.

"Pode ser muito desconfortável sentir-se violando as expectativas da sociedade sobre o que significa ser um homem ou uma mulher", afirma Raina Brands, professora da Escola136 betAdministração do University College136 betLondres (UCL), que pesquisa os estereótipos136 betgênero.

"As mulheres podem sentir-se forçadas a compensar a violação dos papéis136 betgênero tradicionais como principais provedoras da casa redobrando136 betcolaboração doméstica", prossegue ela. "Mas os casais devem ter136 betmente que os sentimentos136 betdesconforto podem gerar decisões bastante irracionais, como as mulheres decidindo ganhar menos ou abandonar por completo o emprego remunerado (o que reduz a segurança financeira da casa), ou [ainda] assumir uma parcela acima do razoável do trabalho doméstico (o que gera infelicidade)."

Julgamentos externos

Mesmo quando um casal tem a melhor das intenções ao tentar dividir o trabalho136 betforma igualitária, os julgamentos e percepções externas podem atrapalhar o caminho, segundo Siran Cao, uma das fundadoras e CEO (diretora-executiva) da Mirza, uma fintech com sede136 betLondres que trata das disparidades salariais entre os gêneros.

E isso pode fazer com que as mulheres que ganham altos salários absorvam trabalho e responsabilidades adicionais. "As escolas ainda costumam ligar para a mãe, mesmo se o pai for relacionado como contato principal", afirma Cao. "É fundamental que os homens rompam com essas normas136 betgênero para os cuidadores, para que eles tenham a oportunidade136 betcuidar dos filhos."

Esta não é a única situação136 betque as percepções externas sobre as mulheres com altos salários causam impactos negativos. Rowan tem 24 anos, trabalha como contadora e atualmente ganha mais que seu noivo. Ela conta que muitas vezes enfrenta julgamentos das outras pessoas sobre136 betsituação atual.

"Tive reações como 'deve ser difícil' até pessoas que disseram que admiram como eu não me importo136 betsustentá-lo", afirma Rowan, que mora136 betBirmingham, no Reino Unido. Ela conta que tenta evitar levantar esse assunto e que aprendeu a não deixar a hostilidade ou a negatividade perturbá-la.

Esse tipo136 betjulgamento é extremamente comum, particularmente para as mães com altos salários. Um estudo136 bet2013 concluiu que 16% dos norte-americanos acreditam que criar um filho136 betuma família136 betque a mãe é a principal provedora teria um efeito negativo sobre as crianças.

Segundo o mesmo estudo, 59% dos adultos ainda afirmam que as crianças estão136 betmelhor situação quando um dos pais fica136 betcasa com elas — e 45% dessas pessoas afirmaram que seria melhor que a mãe permanecesse136 betcasa, com apenas 2% preferindo o pai.

Não é surpresa que esses padrões profundamente arraigados podem afetar a forma como os casais falam sobre o poder aquisitivo136 betcada um. Existem pesquisas que chegam a confirmar que os casais conhecem tão bem a percepção social das mulheres chefes136 betfamília que os cônjuges tendem a mentir sobre o salário136 betcada um quando a esposa é quem ganha mais, exagerando o valor do salário do marido.

Alguns casais chegam a ir ainda além, com as mulheres optando ativamente por não serem as principais provedoras. Em casais136 betque a renda da mulher apresenta maior potencial136 betsuperar a do seu parceiro (por exemplo, se ela tem qualificações136 betuma indústria que paga salários mais altos), ela é ainda menos disposta a procurar um emprego remunerado e, quando procura, tende a ganhar menos que o seu potencial permite.

O fator divórcio

Para a maioria dos casais, o seu relacionamento é verdadeiramente testado se e quando eles têm filhos — um ponto que Erin e Rowan ainda não atingiram.

Os casais que já têm equilíbrio dos ganhos fora do padrão precisam tomar decisões importantes sobre os cuidados com os filhos — se eles também optarão por um equilíbrio não tradicional,136 betque o pai ou mãe que ganha menos assumirá a maior parte das responsabilidades com as crianças.

Os dados indicam que esta é uma minoria. Afinal, ainda que cerca136 betum quarto das mulheres seja a principal provedora da família no Reino Unido e nos EUA, apenas cerca136 betum136 betcada 10 homens afirma ser ele o principal cuidador dos seus filhos — bem menos do que se poderia esperar se o poder aquisitivo tivesse relação direta com o trabalho doméstico.

Como136 betmuitas outras facetas da desigualdade136 betgênero, parece que as disparidades mais significativas surgem quando as mulheres tornam-se mães.

E, embora alguns casais136 betque a mulher é a principal provedora consigam encontrar um equilíbrio igualitário e feliz, os dados demonstram que, para muitos casais, este não é o caso. Apesar136 betdécadas136 bettrabalho para empoderar financeiramente as mulheres, pesquisas indicam que os casais heterossexuais ainda têm maior probabilidade136 betdivorciar-se se a mulher ganhar mais do que o marido.

Os julgamentos e as dificuldades136 betdivisão do trabalho doméstico desempenham enorme papel na complicada dinâmica desses relacionamentos. Estudos demonstraram que os homens que ganham menos que suas parceiras são mais propensos a traí-las — os pesquisadores supõem que esta seja uma forma136 betrestaurar a identidade136 betgênero masculina. E a insatisfação conjugal é maior entre os casais136 betque a mulher é a principal provedora e passa mais tempo com as tarefas domésticas.

Em um mundo no qual as mulheres vêm trabalhando muito para superar o viés136 betgênero, isso poderá fazer com que a perspectiva das mulheres chefes136 betfamília pareça sombria. Mas Raina Brands argumenta que é importante que os casais não sejam arrebatados pelas estatísticas dominantes e concentrem-se136 betcomo o seu relacionamento pode ser o mais igualitário possível para eles.

"A principal lição é que os papéis136 betgênero não são imutáveis", afirma ela. "Os casais que superam o desconforto das disposições não tradicionais e negociam uma divisão das tarefas domésticas que seja justa e proporcional à contribuição financeira [de cada um] têm maior possibilidade136 betatingir também a igualdade136 betsentido mais amplo, para que tanto o homem quanto a mulher tenham segurança financeira, independência do seu parceiro e a capacidade136 betbuscar carreiras significativas, equilibrando a vida profissional e familiar."

Leia a íntegra desta reportagem (em inglês) no site BBC Worklife.

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