Tido como morto, Rio Doce 'ressuscitará'12 reais pixbet5 meses, diz pesquisador:12 reais pixbet
<link type="page"><caption> Leia também: Lama, lágrimas e morte: a jornada12 reais pixbetfotógrafo no rio Doce</caption><url href="http://vesser.net/noticias/2015/11/151125_fotografo_riodoce_tg" platform="highweb"/></link>
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Para ele, há três diferentes cenários12 reais pixbetgravidade do desastre e12 reais pixbetvelocidade12 reais pixbetrecuperação. No alto, onde a barragem se rompeu, próximo ao distrito12 reais pixbetBento Rodrigues, deve durar mais12 reais pixbetum ano e dependerá12 reais pixbetoperações12 reais pixbetlimpeza dos escombros e12 reais pixbetum programa12 reais pixbetreflorestamento. Para ele, a sociedade e os governos mineiro e federal precisam cobrar12 reais pixbetVale e BHP Hillington, donas da Samarco, o processo12 reais pixbetreflorestamento e reconstrução ambiental,12 reais pixbetcusto "insignificante" para as empresas.
Ele diz que, na maior parte do percurso do rio Doce, as próprias chuvas devem limpar os estragos e os peixes devem voltar ao rio no período12 reais pixbetcinco meses, e, no mar, a diluição dos sedimentos deve ocorrer12 reais pixbetforma mais rápida - até janeiro do próximo ano.
Ao mesmo tempo, o especialista considera "inaceitável" que o governo permita que as pessoas voltem a morar nas regiões afetadas e que seria "criminoso" não retirar os outros povoados que se encontram nas linhas12 reais pixbetavalanche12 reais pixbetoutras barragens.
Leia os principais trechos da entrevista:
12 reais pixbet BBC Brasil - Nos últimos dias, especialistas, ativistas, moradores, pescadores e indígenas têm repetido que o rio Doce "está morto". O senhor diz que ele "vai ressuscitar". Como isto deve acontecer?
12 reais pixbet Paulo Rosman - Eu vou repetir um chavão muito conhecido: o tempo é o senhor da razão. Há a visão quantitativa e fria do pesquisador, do cientista, e a visão emocional e por vezes desesperada do morador, do pescador e do índio. Os dois estão expressando as suas razões. Nenhum dos dois está certo ou errado.
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No caso da ciência as coisas são mais factuais, quantitativas, mais numéricas. No caso do indígena, ele constata e sofre com a "morte" do rio. A diferença é que o rio está morto neste momento, é verdade, mas ressuscitará muito rapidamente, e eles vão poder comprovar isso.
Há muitos exemplos12 reais pixbetacidentes muito mais graves e mais sérios do que este da barragem12 reais pixbetMariana. Veja a erupção vulcânica do monte Santa Helena, nos Estados Unidos (em 1980). Foi tudo devastado e destruído, numa área imensamente maior. Você vai lá hoje e vê que os animais voltaram e a mata voltou.
Para fazer a conta, você tem que pegar o peso da lama e dividir pela massa específica dessa lama. Se neste momento eu tenho 4 kg/m³12 reais pixbetágua e for dividir pela massa da lama, dá mais ou menos 1,3 mm. Então isso significa que se esses sedimentos todos se depositassem no fundo do rio formariam um tapete12 reais pixbet1 mm12 reais pixbetespessura, o que nem vai acontecer, porque a correnteza vai levar.
As fortes chuvas entre novembro e abril "lavarão" o rio Doce, num processo natural.
Digo isso baseado12 reais pixbetquantidades12 reais pixbetsedimentos,12 reais pixbetconhecimentos12 reais pixbetprocessos sedimentológicos, na dinâmica12 reais pixbettransporte desses sedimentos pelas correntes dos rios, dos estuários, das zonas costeiras. Então essas coisas são relativamente rápidas, a natureza se adapta, se reconstrói, se modifica.
12 reais pixbet BBC Brasil - Como o senhor avalia a mortandade e o retorno12 reais pixbetpeixes ao rio, posteriormente? E como responde a especialistas que avaliam que a recuperação da área e do rio pode levar mais12 reais pixbetdez anos?
12 reais pixbet Rosman - A onda12 reais pixbetlama matou os peixes, mas o volume, pelo que eu vi publicado nos jornais, representa uma quantidade muito baixa. A não ser que tenha havido algum erro12 reais pixbetcálculo, foi divulgado que morreram 8 mil kg12 reais pixbetpeixes no rio Doce. Veja, na Lagoa Rodrigo12 reais pixbetFreitas, no Rio12 reais pixbetJaneiro: quando há uma baixa mortandade, estamos falando12 reais pixbet70 mil peixes, mas este número pode chegar a 200 mil, e depois sempre há o retorno. A gente sabe que não demora muito para que a Lagoa encha12 reais pixbetpeixe12 reais pixbetnovo.
Quanto aos comentários12 reais pixbetespecialistas citados, eu diria apenas que eu espero que eles estejam enganados. Não vou entrar12 reais pixbetdiscussão. Mas basta olhar coisas que já aconteceram. Por exemplo, a quantidade12 reais pixbetsedimentos que desceu dentro do rio Itajaí-Açu (SC), no final12 reais pixbet2008, quando caíram inúmeras encostas no vale do Itajaí, na região12 reais pixbetItajaí e Blumenau. Houve um desmoronamento do cais do porto, um mega-assoreamento do canal do porto12 reais pixbetItajaí, sem contar diversas mortes na tragédia. Foi um evento natural, e12 reais pixbetquantitativos ele é extremamente maior do que esse do rio Doce.
E o porto12 reais pixbetItajaí está lá, o rio Itajaí-Açú está lá, Blumenau está lá. O rio voltou ao normal. Sinceramente eu acho que essas pessoas estão sendo movidas pelo impacto humano da tragédia, pela emoção. As mortes e os prejuízos são dores e perdas eternas. Mas temos que separar. Para voltar para o plano racional, só deixando o tempo passar.
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12 reais pixbet BBC Brasil - É possível mensurar a quantidade12 reais pixbetsedimentos que chegou ao mar do Espírito Santo e o impacto ambiental disso? Dias atrás cientistas cogitaram impactos catastróficos nos ecossistemas marinhos da região.
12 reais pixbet Rosman - Sim. De acordo com os últimos números, a concentração a 10 km12 reais pixbetdistância da foz do rio Doce, onde a lama teve contato com o mar, está entre 50 e 20 mg/l12 reais pixbetsedimentos12 reais pixbetsuspensão. Isto é muito insignificante para ser considerado um risco ambiental. É absolutamente desprezível.
Para se ter uma ideia, a água transparente do mar, costeira, tem tipicamente 5 mg/l12 reais pixbetsedimentos12 reais pixbetsuspensão. A água dentro12 reais pixbetuma baía tem tipicamente entre 50 mg/l a 100 mg/l12 reais pixbetsedimentos12 reais pixbetsuspensão. A água12 reais pixbetum rio com cor barrenta tem12 reais pixbettorno12 reais pixbet500 mg/l12 reais pixbetsedimentos12 reais pixbetsuspensão, são todos dados naturais.
Rios muito barrentos, como o Amazonas, têm entre 1.500 e 2.000 mg/l12 reais pixbetsedimentos12 reais pixbetsuspensão na época12 reais pixbetcheia.
Então se a 10 km da foz do rio Doce você vai ter concentrações12 reais pixbetno máximo 50 mg/l no mar, embora você veja a coloração diferente por mais algumas semanas, é óbvio que não estamos falando12 reais pixbetdanos ambientais. Diferentemente12 reais pixbetum vazamento12 reais pixbetpetróleo, que você usa bactérias para decompor e limpar - e leva tempo e gera mortalidade12 reais pixbetvida marinha muito maior -, no caso atual você não tem como "limpar" a lama no mar. Ela se dilui naturalmente, sozinha.
Mesmo que você tenha um padrão12 reais pixbetventos que gere correntes fora do usual, a distância é tão grande e a diluição é12 reais pixbettal ordem que não causaria efeitos danosos12 reais pixbetAbrolhos.
12 reais pixbet BBC Brasil - E quanto à composição destes sedimentos que compõem a lama? É possível que seja descoberto que têm uma toxicidade muito maior do que se imagina e que possa causar danos futuros?
12 reais pixbet Rosman - Risco sempre há, mas não tenho razões para acreditar nisso. Já ouvi pessoas que não são da área darem prognósticos devastadores quanto à toxicidade desse material. E já ouvi pessoas que são especializadas, da área12 reais pixbetgeologia, e que conhecem muito bem isso, dizerem o oposto, que se trata12 reais pixbetum material12 reais pixbetbaixa toxicidade.
Então não tem grandes impactos persistentes no longo prazo. As pessoas podem tirar da cabeça essa ideia12 reais pixbetque se trata12 reais pixbetalgo radioativo,12 reais pixbetum veneno ambiental que vai matar tudo e nunca vai sair do chão. Não é nada disso.
Para você ter uma ideia, a doutora Marilene Ramos, que é a presidente do Ibama, tem doutorado12 reais pixbetmecânicas do solo. Ela fala inclusive com um conhecimento específico12 reais pixbetsolo muito maior do que o meu. Ela me disse que esse material não é12 reais pixbetalta toxicidade e que é basicamente areia fina, argila e óxido12 reais pixbetferro. Claro que tem traços12 reais pixbetoutras substâncias, mas12 reais pixbetconcentrações muito baixas, que não oferecem risco.
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12 reais pixbet BBC Brasil - Na12 reais pixbetopinião o que deveria ser feito no distrito12 reais pixbetBento Rodrigues (MG), o vilarejo mais devastado pela avalanche12 reais pixbetlama? Como limpar ou recuperar o local? E quanto isto pode custar?
12 reais pixbet Rosman - Primeiramente o governo12 reais pixbetMinas Gerais precisará avaliar o que retirar12 reais pixbetescombros,12 reais pixbetestruturas danificadas, e ver se deixa algo como marco simbólico da tragédia. É um absurdo permitir o retorno das pessoas para aquele local.
Se eu fosse o governo12 reais pixbetMinas Gerais obrigaria a Samarco a fazer um parque memorial ali. Fazer um projeto bonito, fazer um paisagismo, uma correção12 reais pixbetsolo, um jardim, e ficaria como memória, com homenagem às pessoas que sofreram essa desgraça toda. Ninguém vai poder voltar a morar ali.
12 reais pixbet BBC Brasil - O senhor orientaria o governo mineiro a retirar os outros povoados que estão na linha12 reais pixbetavalanche12 reais pixbetoutras barragens12 reais pixbetrejeito12 reais pixbetmineração?
12 reais pixbet Rosman - Com certeza. Muitas vezes os povoados se formam próximo às barragens porque atraem empregos e comércio. Mas o poder público não poderia permitir a instalação12 reais pixbetpovoados12 reais pixbetáreas12 reais pixbetpassagem12 reais pixbeteventos como esse que ocorreu. Hoje não faltam ferramentas computacionais que nos permitem simular um rompimento12 reais pixbetuma barragem e mostrar qual é a trilha12 reais pixbetpercurso da avalanche. Atualmente é inaceitável e injustificável ter povoados12 reais pixbetrotas12 reais pixbetavalanche12 reais pixbetbarragens, ninguém poderia morar nestes locais.
12 reais pixbet BBC Brasil - O senhor considera que isto foi uma irresponsabilidade dos atores envolvidos?
12 reais pixbet Rosman - Olha, irresponsabilidade é quando você tem consciência do fato e não faz nada. Tudo é óbvio depois que você já sabe o que aconteceu. Ou seja, a partir12 reais pixbetagora, deste exemplo dramático e catastrófico, se o governo não tomar medidas para realocar pessoas12 reais pixbetáreas12 reais pixbetalto risco,12 reais pixbetoutros locais onde se sabe que poderia ocorrer algo semelhante a Mariana ou até pior, eu diria que estaríamos falando12 reais pixbetuma atitude mais do que irresponsável, mas sim criminosa.
Há duas opções. Você pode remover o povoado para outro local, ou se o povoado for grande demais, você embarga o negócio lá12 reais pixbetcima. Para12 reais pixbetusar a barragem, estabiliza, deixa secar, e pronto. Transfere a atividade para outro lugar. Tem que ver o que é mais viável.