Lama, lágrimas e morte: a jornadaesporte brasil apostasfotógrafo no rio Doce:esporte brasil apostas
"É uma população organizada, acostumada a brigar pelo local, que é um santuário ecológico mesmo. Muitos escolheram viver ali", diz Leonardo.
No último finalesporte brasil apostassemana, naquele mesmo local, o fotógrafo acompanhou o momentoesporte brasil apostasque o povoado se tornou vítima do maior acidente ambiental da história do Brasil.
Um dos trechos mais preservados do rio Doce foi tomado pela lamaesporte brasil apostasduas barragens da Samarco (Vale e BHP Billiton), rompidas no último 5esporte brasil apostasMariana (MG). Cercaesporte brasil apostas25 mil piscinas olímpicasesporte brasil apostasrejeitosesporte brasil apostasmineração se deslocaram – e ainda percorrem – maisesporte brasil apostas600 km até a costa capixaba.
"A água verde do rio se misturou com a lama até tudo ficar marrom. Os moradores estavam chocados, tentando ajudaresporte brasil apostasalguma forma", conta Leonardo, sobre o momentoesporte brasil apostasque a mancha se espalhou por 10 kmesporte brasil apostaspraias na foz do rio.
Expediçãoesporte brasil apostasemergência
O testemunhoesporte brasil apostasRegência foi a última escala da segunda expediçãoesporte brasil apostasLeonardo pelo rio Doce desde o desastreesporte brasil apostasMariana.
Acompanhado por dois colegas do Instituto Últimos Refúgios, organização ambiental sem fins lucrativos que fundouesporte brasil apostas2011, o fotógrafo acompanhou as consequências da tragédia por diferentes cidades: Governador Valadares, Resplendor, Conselheiro Pena, Aimorés, Baixo Guandu.
<link type="page"><caption> Leia também: 'Estamos apreensivos e revoltados', diz líder comunitário sobre chegadaesporte brasil apostaslama ao mar</caption><url href="http://www.bbc.co.ukhttp://vesser.net/noticias/2015/11/151121_moradores_regencia_espirito_santo_lama_lgb" platform="highweb"/></link>
Em Governador Valadares (MG), a maior cidade da região, sem água por uma semanaesporte brasil apostasrazão do desastre, veio a consciência do tamanho do problema.
"Ali tomamos um susto e vimos que era muito mais feio do que imaginávamos. Começamos a ver milharesesporte brasil apostaspeixes mortos, camarões, caramujos que saíam da água para morrer queimadosesporte brasil apostaspedras quentes, só para não ficar na água. Vimos peixesesporte brasil apostas10 kg mortos e moradores desavisados recolhendo tudo para consumo", relata.
Após essa primeira viagemesporte brasil apostastrês dias – "assustadora", na definiçãoesporte brasil apostasLeonardo – os recursos terminaram e o grupo voltou a Vitória. Mas logo conseguiu doações para pegar a estrada novamente, desta vez para registrar o impacto do deslocamento da lama até a foz do rio.
Para o fotógrafo, foi possível perceber que a lama está descendo o rioesporte brasil apostasblocos. "Em cada lugar a lama assume uma aparência diferente, o que talvez explique a diferença nas análisesesporte brasil apostasqualidade da água".
Na semana posterior à tragédia, por exemplo, a Prefeituraesporte brasil apostasBaixo Guandu (ES) apresentou análise da água do rio Doce que apontava concentração elevadaesporte brasil apostasmetais pesados, como mercúrio, arsênio e chumbo. Dias depois, outro exame da lama do rioesporte brasil apostasValadares apontou metaisesporte brasil apostaslimites toleráveis.
Alerta
Independentemente da discussão aindaesporte brasil apostasaberto sobre a qualidade da água do rio, os danos à natureza, segundo Leonardo, são gigantescos. "As pessoas não têm noção. É mais grave do que possam imaginar."
O impacto, diz o fotógrafo, não se restringe a ambientes aquáticos. "Jacarés, capivaras, lontras, mas também bois, cachorros, aves migratórias – todos foram afetados."
Para ele, o mais triste e chocante da passagem pelo rio foi acompanhar o relatoesporte brasil apostaspessoas que tiveram a vida revirada pelo desastre. Em Aimorés, Minas Gerais,esporte brasil apostasequipe registrou o choroesporte brasil apostasum pescador diante da paisagem marrom.
O homem, chamado Benilde, chorava ao recolher peixes mortos no rio, sustento da família. Dizia fazer aquilo para ter provas do "crime"esporte brasil apostascurso.
"Quando o encontramos estávamos fotografando peixes e camarões morrendoesporte brasil apostasAimorés. Ele apareceu remando com seu barquinhoesporte brasil apostasmadeira, recolhendo lentamente peixes mortos, comoesporte brasil apostasluto. Ele disse que estava recolhendo os peixes porque achava que ninguém acreditaria nele se contasse que todos os peixes do rio estavam morrendo. E chorou ao contar o que estava acontecendo e o que o rio significava pra ele", conta o fotógrafo.
"Meu filho me perguntou quando iria ter a chanceesporte brasil apostaspescar um dourado, e não tive coragemesporte brasil apostasresponder", disse ainda o pescador, segundo o relatoesporte brasil apostasLeonardo.
"Ninguém nunca viveu isso", diz o fotógrafo. "A vida no rio Doce foi toda morta."