Do turismo à fauna, 5 vozes da tragédia ambiental no litoral capixaba :vaidebet com

Crédito: SECOM/PML

Crédito, SECOM PML

Legenda da foto, Foto aérea mostra lama chegando ao mar na foz do Rio Docevaidebet comRegência-ES
Crédito: SECOM / PML

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Legenda da foto, Cenário depois da lama chegar no Rio Doce, no centrovaidebet comLinhares-ES

Tartarugas ameaçadas: 'Ainda não tivemos tempovaidebet comchorar'

Para proteger a populaçãovaidebet comtartarugas que desovam no litoral e evitar seu contato com a lama, vaidebet com o projeto Tamar está removendo os ninhos dos animais – e monitorando a situação, cujo impacto ainda é incerto.

"A grande incerteza hoje é quando vai acabar a descida da lama, para definir o tamanho do impacto. Nos próximos dias, ficaremos na dependência dos ventos e das correntes. A cada dia teremos uma situação diferente", diz à BBC Brasil João Carlos Thomé, coordenador do projeto Tamar/ICMBio.

"Por segurança, estamos movendo os ovos para locais mais ao norte ou ao sul das praias, para que os filhotes possam correr para o mar livresvaidebet comlama na praia. A tartaruga se alimenta na superfície, ela não respira na água. Ainda não sabemos o impacto que a lama pode ter nela. Mas os peixes estão morrendo porque o sedimento é muito fino, entra nas brânquias e ele não consegue respirar."

Pesquisadores do projeto Tamar transportam ovosvaidebet comtartarugas marinhas depositadosvaidebet compraiasvaidebet comLinhares para trechos mais longe da lama que chega do Rio Doce

Crédito, Acervo TamarICMBio

Legenda da foto, Pesquisadores do projeto Tamar transportam ovosvaidebet comtartarugas marinhas depositadosvaidebet compraiasvaidebet comLinhares para trechos mais longe da lama que chega do Rio Doce

Thomé diz que, sem saber ao certo a dimensão dos impactos ambientais, "ainda não tivemos tempo para chorar, só estamos trabalhando".

"Esta é uma das áreas mais importantes da costa brasileira para a conservaçãovaidebet comespécies. vaidebet com No caso das tartarugas marinhas, são 30 anosvaidebet comtrabalho protegendo as desovas."

<link type="page"><caption> Leia também: Pescadores convocam 'Arcavaidebet comNoé' por WhatsApp para salvar peixesvaidebet comdilúviovaidebet comlama</caption><url href="http://vesser.net/noticias/2015/11/151109_operacao_arca_noe_samarco_rs" platform="highweb"/></link>

A incerteza dos pescadores: 'O rio acabou'

Leônidas Carlos, 68 anos, presidente da Associação dos Pescadoresvaidebet comRegência (ES), diz que a comunidadevaidebet compescadores não consegue sair para pescar desde a semana passada, por conta do "tsunami"vaidebet comlama que invadiu o rio Doce, que desemboca no Atlântico ao lado da praia.

Crédito: Reuters

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Peixes já aparecem mortos na praiavaidebet comRegência

"Nós vivemos disso. vaidebet com Eu tenho dez filhos, sustentei todos pela pesca. Como fica a situação? Como pagamos escola para os nossos filhos?", diz ele à BBC Brasil. "Minha maior tristeza é ver o rio Doce dessa forma; o rio acabou. O que eu vou falar para os meus filhos, que cresceram nesse rio? Até as ondas do mar ficaram pesadas com aquela água. E quanto mais chover, mais a lama desce pra cá. E estamos na época da enchente, vai ser complicado."

Segundo Carlos, após fazerem queixa na Samarco, 68 pescadores passaram a trabalhar com a empresa para "amenizar a situação".

"Estamos colocando as barreiras e recolhendo os peixes mortos, e eles nos pagam. Mas as barreiras não adiantam, elas são próprias pra óleo, não para lama. Então estamos aí na luta para ver como fica. Porque hoje nós não temos mais o rio Doce. Ele não existe mais para nós."

Carlos afirma que a comunidade vaidebet com vai exigir da Samarco a média que cada um dos 68 trabalhadores ganhava por mês com a pesca - segundo ele, R$ 1.800.

"Durante o tempo que a água estiver assim, eles vão ter que pagar isso pros pescadores."

Pescadores pedem: "Devolvam-nos o Rio Doce"

Crédito, Fernando Nogueira

Legenda da foto, Pescadores pedem: "Devolvam-nos o Rio Doce"

De acordo com Thomé, do Tamar/ICMBio, "a comunidade pesqueira vai ter que ficar um tempo sem pescar, ainda não sabemos quanto. Isso vai demandar uma organização social muito grande, tantovaidebet comquem mora aqui quantovaidebet comquem possa apoiar externamente, seja buscando alternativas econômicas, seja oferecendo atendimento psicológico. Algumas pessoas estão muito abaladas, todavaidebet comvida estávaidebet comrisco, seus investimentos".

O surfe proibido: 'Nosso Havaí era aqui'

Aline Goulart, enfermeira e surfista, mora há 13 anosvaidebet comRegência, onde trabalha no programa Saúde da Família. "Uni o útil ao agradável, para poder exercer minha profissão e fazer minha paixão, que é surfar."

Mas, desde a última terça-feira, vaidebet com está proibido surfar por ali, por causa da invasão da lama. "O pessoal está se mobilizando na praia, foram fazer um abraço simbólico no mar para se despedir da nossa 'tubolândia'. Aqui temos a quarta melhor onda do país. vaidebet com Nosso Havaí era aqui. E acabaram com nosso sonho. Para eles, o que importa são os minérios, mas para nós, o importante é a natureza."

Aline também sentiu o impacto na pequena pousada que administra.

Praia, tida como 'quarta melhor do país' para surfar está interditada

Crédito, Hudson Subtil

Legenda da foto, Praia, tida como 'quarta melhor do país' para surfar está interditada

"São três quartos que a gente aluga para o pessoal que vem surfar ou passar alguns dias no verão. vaidebet com Mas quando souberam que a lama estava chegando, o pessoal foi embora. Ninguém mais manda e-mail, nem telefona para perguntar sobre diária, pacotevaidebet comréveillon. O verão aqui tem um movimento muito grande por causa da natureza. (O movimento) Do Ano Novo até o Carnaval é o que nos traz a sobrevivênciavaidebet comum ano inteiro. Isso foi um tapa imenso. A gente já está tomando prejuízo."

O presidente da Associação dos Surfistas da região, Rodrigo Venturini, diz que ninguém sabe ao certo o que fazer.

"É uma tristeza muito grande, estamos nos sentindo presos,vaidebet commãos atadas. Nesta semana tem previsãovaidebet comonda e ninguém pode ir para o mar surfar. A gente não sabe depois dessa lama quantos dias, quantos anos vai continuar assim. A gente gostaria só queria que voltasse ao normal, que nunca tivesse acontecido isso. A gente quer a água limpavaidebet comnovo para voltar a surfar."

Moradores e surfistas estão desesperados com a situação. "Para eles, o que importa são os minérios, mas para nós, o importante é a natureza", disse Aline

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Moradores e surfistas estão desesperados com a situação. "Para eles, o que importa são os minérios, mas para nós, o importante é a natureza", disse Aline

O cotidiano e a renda: 'Todas as reservas foram canceladas'

Fábio Gama Regis mora há 30 anos na região e é vice-presidente da Associaçãovaidebet comMoradoresvaidebet comRegência. Ele diz que o maior problema é que, por conta das correntes marítimas, "a gente não sabe quanto tempo a lama vai ficar na região. Nem a Samarco sabe".

Rio e mar estão da cor da lama

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Rio e mar estão da cor da lama

"Nós temos duas rendas aqui, que são o turismo e a pesca. E isso foi 100% afetado. vaidebet com Esse verão seria especial para nós. Porque com o dólar alto, as pessoas não iam viajar para fora. A gente tinha esperançavaidebet comque seria o melhor verão da história aquivaidebet comRegência. Os comerciantes investiram muito dinheiro para fazer esse verão e agora estão desesperados, não sabem o que fazer. Nunca teve tanta expectativa, mas vaidebet com agora 100% das reservas foram canceladas."

Ele diz que há insatisfação com a Samarco por, segundo ele, não ter havido uma reunião com a comunidade. "E isso gera insatisfação, claro. Gera conflitos, protestos, não tem como evitar. Faltou eles chegarem para dizer 'nós erramos' e discutir o que pode ser feito."

Aves também estão morrendo ao beber a água com lama

Crédito, Hudson Subtil

Legenda da foto, Aves também estão morrendo ao beber a água com lama

"É complicado, não consigo nem pensar no que vai acontecer daqui uma hora, muito menos daqui uma semana, um mês. Estamos resolvendo um problemavaidebet comcada vez. Eu estou cuidando da questão da água. Já falei com a empresa que não pode faltar abastecimentovaidebet comágua e, por enquanto, não está faltando."

<link type="page"><caption> Leia também: Capturados com lentes especiais, seres que vivem no lar viram 'monstros espaciais'</caption><url href="http://vesser.net/videos_e_fotos/2015/11/151123_galeria_insetos_lk" platform="highweb"/></link>

Posicionamento da Samarcovaidebet comnota

"A recomendação do Ministério Público, Iema, Projeto Tamar e Instituto Chico Mendes foi deixar a plumavaidebet comturbidez chegar ao mar, local mais adequado para recebê-la. Segundo os especialistas, a diluição do material será mais rápidavaidebet comfunção do volumevaidebet comágua, ao contrário do que aconteceria se ele ficasse estacionado no estuário.

Pescadores fizeram protesto na terça-feira

Crédito, Fernando Nogueira

Legenda da foto, Pescadores fizeram protesto na terça-feira

A Samarco informa que prossegue utilizando nove quilômetrosvaidebet combarreirasvaidebet comcontenção para proteger as áreas mais sensíveis do estuário localizadovaidebet comRegência, distritovaidebet comLinhares (ES). A empresa informa, ainda, que a plumavaidebet comturbidez está a aproximadamente 12 km da boca do riovaidebet comRegência ao alto mar, cercavaidebet com15 km da boca do rio ao Norte e 7 km para o Sul. A eficiência das barreiras instaladas nas áreas protegidas variouvaidebet com47% até 91% se compararmos a turbidez da águavaidebet comdentro do estuário ao canal principal do rio.

A Samarco contratou a Golder Associates, empresa especialistavaidebet comdesastres dessa magnitude, que se dedicará à elaboraçãovaidebet complanos, gestão e supervisão das ações que serão implementadasvaidebet comtodas as áreas impactadas ao longo do Rio Doce. A Samarco também estuda parcerias com outras instituições ambientais, como o Instituto Terra, do fotógrafo Sebastião Salgado, que tem atuação voltada para a recuperação ambientalvaidebet commananciais ao longo do rio."