Do turismo à fauna, 5 vozes da tragédia ambiental no litoral capixaba :viktoria bet
Tartarugas ameaçadas: 'Ainda não tivemos tempoviktoria betchorar'
Para proteger a populaçãoviktoria bettartarugas que desovam no litoral e evitar seu contato com a lama, viktoria bet o projeto Tamar está removendo os ninhos dos animais – e monitorando a situação, cujo impacto ainda é incerto.
"A grande incerteza hoje é quando vai acabar a descida da lama, para definir o tamanho do impacto. Nos próximos dias, ficaremos na dependência dos ventos e das correntes. A cada dia teremos uma situação diferente", diz à BBC Brasil João Carlos Thomé, coordenador do projeto Tamar/ICMBio.
"Por segurança, estamos movendo os ovos para locais mais ao norte ou ao sul das praias, para que os filhotes possam correr para o mar livresviktoria betlama na praia. A tartaruga se alimenta na superfície, ela não respira na água. Ainda não sabemos o impacto que a lama pode ter nela. Mas os peixes estão morrendo porque o sedimento é muito fino, entra nas brânquias e ele não consegue respirar."
Thomé diz que, sem saber ao certo a dimensão dos impactos ambientais, "ainda não tivemos tempo para chorar, só estamos trabalhando".
"Esta é uma das áreas mais importantes da costa brasileira para a conservaçãoviktoria betespécies. viktoria bet No caso das tartarugas marinhas, são 30 anosviktoria bettrabalho protegendo as desovas."
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A incerteza dos pescadores: 'O rio acabou'
Leônidas Carlos, 68 anos, presidente da Associação dos Pescadoresviktoria betRegência (ES), diz que a comunidadeviktoria betpescadores não consegue sair para pescar desde a semana passada, por conta do "tsunami"viktoria betlama que invadiu o rio Doce, que desemboca no Atlântico ao lado da praia.
"Nós vivemos disso. viktoria bet Eu tenho dez filhos, sustentei todos pela pesca. Como fica a situação? Como pagamos escola para os nossos filhos?", diz ele à BBC Brasil. "Minha maior tristeza é ver o rio Doce dessa forma; o rio acabou. O que eu vou falar para os meus filhos, que cresceram nesse rio? Até as ondas do mar ficaram pesadas com aquela água. E quanto mais chover, mais a lama desce pra cá. E estamos na época da enchente, vai ser complicado."
Segundo Carlos, após fazerem queixa na Samarco, 68 pescadores passaram a trabalhar com a empresa para "amenizar a situação".
"Estamos colocando as barreiras e recolhendo os peixes mortos, e eles nos pagam. Mas as barreiras não adiantam, elas são próprias pra óleo, não para lama. Então estamos aí na luta para ver como fica. Porque hoje nós não temos mais o rio Doce. Ele não existe mais para nós."
Carlos afirma que a comunidade viktoria bet vai exigir da Samarco a média que cada um dos 68 trabalhadores ganhava por mês com a pesca - segundo ele, R$ 1.800.
"Durante o tempo que a água estiver assim, eles vão ter que pagar isso pros pescadores."
De acordo com Thomé, do Tamar/ICMBio, "a comunidade pesqueira vai ter que ficar um tempo sem pescar, ainda não sabemos quanto. Isso vai demandar uma organização social muito grande, tantoviktoria betquem mora aqui quantoviktoria betquem possa apoiar externamente, seja buscando alternativas econômicas, seja oferecendo atendimento psicológico. Algumas pessoas estão muito abaladas, todaviktoria betvida estáviktoria betrisco, seus investimentos".
O surfe proibido: 'Nosso Havaí era aqui'
Aline Goulart, enfermeira e surfista, mora há 13 anosviktoria betRegência, onde trabalha no programa Saúde da Família. "Uni o útil ao agradável, para poder exercer minha profissão e fazer minha paixão, que é surfar."
Mas, desde a última terça-feira, viktoria bet está proibido surfar por ali, por causa da invasão da lama. "O pessoal está se mobilizando na praia, foram fazer um abraço simbólico no mar para se despedir da nossa 'tubolândia'. Aqui temos a quarta melhor onda do país. viktoria bet Nosso Havaí era aqui. E acabaram com nosso sonho. Para eles, o que importa são os minérios, mas para nós, o importante é a natureza."
Aline também sentiu o impacto na pequena pousada que administra.
"São três quartos que a gente aluga para o pessoal que vem surfar ou passar alguns dias no verão. viktoria bet Mas quando souberam que a lama estava chegando, o pessoal foi embora. Ninguém mais manda e-mail, nem telefona para perguntar sobre diária, pacoteviktoria betréveillon. O verão aqui tem um movimento muito grande por causa da natureza. (O movimento) Do Ano Novo até o Carnaval é o que nos traz a sobrevivênciaviktoria betum ano inteiro. Isso foi um tapa imenso. A gente já está tomando prejuízo."
O presidente da Associação dos Surfistas da região, Rodrigo Venturini, diz que ninguém sabe ao certo o que fazer.
"É uma tristeza muito grande, estamos nos sentindo presos,viktoria betmãos atadas. Nesta semana tem previsãoviktoria betonda e ninguém pode ir para o mar surfar. A gente não sabe depois dessa lama quantos dias, quantos anos vai continuar assim. A gente gostaria só queria que voltasse ao normal, que nunca tivesse acontecido isso. A gente quer a água limpaviktoria betnovo para voltar a surfar."
O cotidiano e a renda: 'Todas as reservas foram canceladas'
Fábio Gama Regis mora há 30 anos na região e é vice-presidente da Associaçãoviktoria betMoradoresviktoria betRegência. Ele diz que o maior problema é que, por conta das correntes marítimas, "a gente não sabe quanto tempo a lama vai ficar na região. Nem a Samarco sabe".
"Nós temos duas rendas aqui, que são o turismo e a pesca. E isso foi 100% afetado. viktoria bet Esse verão seria especial para nós. Porque com o dólar alto, as pessoas não iam viajar para fora. A gente tinha esperançaviktoria betque seria o melhor verão da história aquiviktoria betRegência. Os comerciantes investiram muito dinheiro para fazer esse verão e agora estão desesperados, não sabem o que fazer. Nunca teve tanta expectativa, mas viktoria bet agora 100% das reservas foram canceladas."
Ele diz que há insatisfação com a Samarco por, segundo ele, não ter havido uma reunião com a comunidade. "E isso gera insatisfação, claro. Gera conflitos, protestos, não tem como evitar. Faltou eles chegarem para dizer 'nós erramos' e discutir o que pode ser feito."
"É complicado, não consigo nem pensar no que vai acontecer daqui uma hora, muito menos daqui uma semana, um mês. Estamos resolvendo um problemaviktoria betcada vez. Eu estou cuidando da questão da água. Já falei com a empresa que não pode faltar abastecimentoviktoria betágua e, por enquanto, não está faltando."
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Posicionamento da Samarcoviktoria betnota
"A recomendação do Ministério Público, Iema, Projeto Tamar e Instituto Chico Mendes foi deixar a plumaviktoria betturbidez chegar ao mar, local mais adequado para recebê-la. Segundo os especialistas, a diluição do material será mais rápidaviktoria betfunção do volumeviktoria betágua, ao contrário do que aconteceria se ele ficasse estacionado no estuário.
A Samarco informa que prossegue utilizando nove quilômetrosviktoria betbarreirasviktoria betcontenção para proteger as áreas mais sensíveis do estuário localizadoviktoria betRegência, distritoviktoria betLinhares (ES). A empresa informa, ainda, que a plumaviktoria betturbidez está a aproximadamente 12 km da boca do rioviktoria betRegência ao alto mar, cercaviktoria bet15 km da boca do rio ao Norte e 7 km para o Sul. A eficiência das barreiras instaladas nas áreas protegidas variouviktoria bet47% até 91% se compararmos a turbidez da águaviktoria betdentro do estuário ao canal principal do rio.
A Samarco contratou a Golder Associates, empresa especialistaviktoria betdesastres dessa magnitude, que se dedicará à elaboraçãoviktoria betplanos, gestão e supervisão das ações que serão implementadasviktoria bettodas as áreas impactadas ao longo do Rio Doce. A Samarco também estuda parcerias com outras instituições ambientais, como o Instituto Terra, do fotógrafo Sebastião Salgado, que tem atuação voltada para a recuperação ambientalviktoria betmananciais ao longo do rio."