Eleições na Argentina marcam fim do estilo Kirchnergovernar :

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Legenda da foto, Governista Daniel Scioli e opositor Maurício Macri disputam segundo turno inédito

Filhosempresários e amigoslonga data, Scioli e Macri entraram na política na vida adulta e são, segundo conhecidos, "pessoasdiálogo" com diferentes setores ─ um estilo diferente do impresso pelo ex-presidente Néstor Kirchner, morto2010, e porsucessora e viúva, Cristina.

"A confrontaçãoideias einteresses faz parte da política, mas os Kirchner fizeram da confrontação permanente aprópria identidade. Scioli e Macri têm outro estilo. Os Kirchner não são dados ao diálogo. E os dois presidenciáveis sim", disse à BBC Brasil o analista Jorge Giacobbe, da consultoria Giacobbe e Associados.

Márcia Carmo/BBC Brasil

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Legenda da foto, Agustín Murguia e Ezequiel Villarroel afirmam votarMacri por 'cansaço' do estilo kirchnerista

Assessores diretos dos dois candidatos concordam que a eleição marcará o "fimuma era".

"Cada governo representa uma etapa", disse o assessorScioli, o economista e cientista político Gustavo Marangoni, presidente do banco Província.

Para Diego Guelar, assessorMacri e ex-embaixador da Argentina no Brasil e nos Estados Unidos, os governos "personalistas que fazem parteuma conjuntura" e "não têm história e trajetória desaparecem", disse, quando seus líderes concluem seus mandatos.

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Kirchnerismo

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Legenda da foto, Argentinos vão às urnas neste domingo escolher quem vai comandar o país pelos próximos quatro anos

A opiniãoGuelar,Giacobbe, ehistoriadores argentinos é aque o Kirchnerismo nasceu logo após a histórica crise que o país enfrentoudezembro2001, com as sucessivas quedasvários presidentes e panelaços nas ruas.

"O Kirchnerismo cobriu o vaziopoder depois daquela imensa crise e governaram 12 anos com o que chamamos aqui'relato', o discursofachada", disse Guelar.

Mostrar-se "fraco" naquele momentocrise era o menos recomendadoum país que estava "com os nervos à flor da pele", como disse um Kirchnerista.

Passados 12 anos, cerca30 milhõeseleitores vão às urnas neste inédito segundo turnouma votação que promete ser tranquila e com a presidente Cristina Kirchner passando a faixa presidencial no dia 10dezembro, sem caos nas ruas, como observou a analista Analía del Franco, da consultoria política Analogías.

Analía e Raul Aragón, analista político da empresa que leva seu nome, disseram,entrevista aos correspondentes estrangeiros, que uma das principais demandas dos eleitores é a"mudançaestilo"governo e "não por questões econômicas ou sociais".

"Não há desespero nas ruas, o desemprego não é alto e há consumo e a transição promete ser tranquila com a presidente passando a faixa presidencial no dia dezdezembro", afirmou Analía.

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'Oposição participativa'

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Legenda da foto, Segundo analistas, oposição voltará a ter papel participativo na política argentina

No mesmo dia 10dezembro, Scioli conclui seu mandatogovernador da provínciaBuenos Aires e Macri, porvez, oprefeito da cidadeBuenos Aires.

Um dos dois se tornará presidente e ao outro caberá o papellíder da oposição.

"Essa será outra mudança. A oposição, seja liderada por Macri ou por Scioli, terá papel participativo na política argentina. Papel que hoje não existe", disse um assessorScioli, sob a condição do anonimato.

Para Del Franco e Aragón, o Kirchnerismo terá presença no Congresso Nacional e deverá se mantido por "um setor mais a esquerda", apesarnão ter esperado o papeldestaqueagora.

Na reta final da campanha, porém, Scioli foi visto, por alguns analistas, como Pablo Knopoff, da consultoria Isonomía, "como mais kirchnerista que nunca" pelas acusações ao adversário. Scioli disse que Macri fará "pactos com o diabo" ─ o "diabo" nesse caso, segundo a imprensa argentina, seria o FMI (Fundo Monetário Internacional).

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'Arrogante' x 'trabalhador'

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Legenda da foto, Conhecidos dizem que ambos os candidatos são 'abertos ao diálogo'

Scioli disse ainda que esta eleição será entre "um arrogante do Barrio Parque", um dos mais carosBuenos Aires, e um "trabalhador".

A declaração foi vista com simpatia por seus eleitores e criticada pelos seguidoresMacri. "Melhor Scioli porque não quero um 'arrogante' do Barrio Parque", escreveu um eleitor no Twitter. Outro rebateu: "Prefiro esse arrogante".

Quando questionado se as críticasScioli afetavam a amizade dos dois, Macri respondeu apenas: "Daniel está muito diferente".

Segundo pesquisasopinião, Macri lideraria os levantamentosintençãovotos. Mas os cerca11%indecisos poderiam definir a eleição.

Nas ruasBuenos Aires, eleitores contaram à BBC Brasil por que votamMacri,Scioli oubranco.

"Eu votoMacri porque me sinto mais representada por ele. Eu cansei desse governo", disse a estudantedireito Melina González,19 anos. O namorado dela, Sebastián Gimenez, também19 anos, que estuda economia, disse que votarábranco porque acha que os dois candidatos são "conservadores principalmente na área econômica".

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Legenda da foto, Melina González, vai votarMacri enquanto seu namorado, Sebastián Gimenez, optará pelo votobranco

Estudantes adolescentes Lucila Leguina Díaz,15 anos, e Juliana Cano,14 anos, faziam campanha contra Macri nos parquesPalermo, bairroclasse média. Elas, que ainda não podem votar, seguravam um pôster do opositorque se lia "Não voteMacri".

"O partidoMacri votou contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo e nós estamos no século 21 e achamos que cada um tem o direito a fazer suas escolhas. Não que eu gosteScioli, mas ele é do partidoCristina", disse Lucila à BBC Brasil.

Já o taxista Juan Avellana,68 anos, afirmou que votaráScioli porque "prefiro tudo como está do que ter surpresas como ajustes".

Em sintonia com o que dizem analistas, segundo Agustín Murguía,27 anos, e Ezequiel Villarroel,31 anos, o votoMacri é principalmente por "cansaço" do estilo Kirchnerista.

"Eles dividiram o país. Eles não gostamquem pensa diferente. E se Scioli for eleito o Kirchnerismo vai continuar existindo", disse Murguía.

No mercado financeiro, o dólar paralelo recuou e a bolsavalores registrou alta nos últimos dias, devido à expectativamudança "do ambiente político seja quem for o eleito".

O deputado opositor Claudio Lozano, da Unidade Popular, que se defineesquerda, disse que "termina um ciclo" que começou após a crise2001, mas Scioli e Macri não o representam por serem "igualmente conservadores".

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