Afinal, foi a Copa que derrubou a economia?:n bet
- Author, Ruth Costas
- Role, Da BBC Brasiln betSão Paulo
n bet Nos últimos quatro anos, o governo se esforçoun betconvencer os brasileiros que a Copa do Mundo ajudaria a impulsionar a economia, criando empregos, multiplicando os investimentos e atraindo um grande contingenten betturistas para o país.
"O Mundial é uma oportunidade histórica para promovermos desenvolvimento socioeconômico no âmbito local e nacional", disse, por exemplo, Joel Benin, assessor para Grandes Eventos do Ministério dos Esportes, no início do ano. "Ele gerará 3,6 milhõesn betempregos, movimentará bilhões e deixará um legado importante na área econômica."
Passado o evento, porém, consultorias econômicas, como a Tendências e a Capital Economics, fizeram seus cálculos e concluíram que o seu efeito geral sobre o PIB foi nulo ou insignificante. Mas poucas esperavam um impacto negativo.
A divulgação dos resultados para o PIB confirmou que, como os analistas esperavam, o Brasil entroun bet"recessão técnica" no primeiro semestren bet2014 - situação caracterizada por dois trimestres seguidosn betcrescimento negativo.
Segundo dados do IBGE, o PIB do último trimestre recuou -0,6% na comparação com o trimestre anterior e -0,9%n betrelação ao mesmo período do ano passado.
Também houve uma revisão para baixo do resultado do primeiro trimestre,n betum crescimenton bet0,2% para uma quedan bet0,2%.
Entre os fatores que puxaram o PIB para baixo estão a quedan bet5,4% nos investimentos neste trimestre e a reduçãon bet1,5% na produção da indústria. Também houve uma quedan bet0,5% nos serviços e 0,7% nos gastos do governo.
Nesta sexta-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou a culpar a Copa do Mundo – e reduçãon betdias úteis por causa do torneio – pelo baixo desempenho da economia. Mantega também citou o cenário internacional adverso e a seca como motivos para a redução do PIB no 2º trimestre.
Ele, entretanto, negou que o Brasil tenha entradan betrecessão.
"Não dá para dizer [que o país estejan betrecessão] (...) Não se deve falarn betrecessão no Brasil pois, para mim, recessão é quando se tem uma parada prolongada,n betvários meses. Aqui estamos falandon betum, no máximo dois [trimestres]. E recessão é quando se tem desemprego. O emprego continua crescendo e a massa salarial também. Não dá para dizer que a economia está parada. O mercado consumidor não está encolhendo", afirmou Mantega.
Mantega também atribuiu a desaceleração da atividade econômica ao aumento dos juros pelo Banco Central.
Mas a Copa foi a culpada pela queda do PIB no período? Se há consenson betque temos um problema no que diz respeito ao crescimento, o diagnósticon betsuas causas está longen betser uma unanimidade.
Além do Mundial, o governo também culpa o cenário externo desfavorável pela recessão.
Para analistas consultados pela BBC Brasil, as causas do desaquecimento são internas e a Copa até pode ter contribuído um pouco para a queda do PIB no primeiro trimestre ao paralisar alguns setores do comércio e serviços e ajudar a frear a indústria, mas definitivamente não está entre as principais causas da recessão.
'Cereja'
"O Mundial foi apenas a cereja do bolo", diz Alessandra Ribeiro, da Consultoria Tendências.
"A indústria, por exemplo, já vinha reduzindo suas atividadesn betfunçãon betuma sérien betfatores ligados a más políticas, queda no consumo, expectativas negativas e problemasn betcompetitividade. Quando começaram os jogos seu ritmo caiun betvez, mas o cenário não seria muito mais favorável sem o Mundial."
O economista Cláudio Considera, responsável pelo Monitor do PIB do Instituto Brasileiron betEconomia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV) e Neil Shearing, da consultoria Capital Economics concordam.
"O impacto da Copa na economia como um todo – seja ele positivo ou negativo – deve ter sido pequeno.", diz Shearing. "É preciso lembrar que o torneio só ocorreu no final do segundo trimestre – en betabril e maio a performance da economia também foi fraca."
Para os analistas, há pelo menos três razões por trás do desaquecimento.
A principal delas seria o cenárion betincertezas das eleições, que teria inibido ainda mais os investimentosn betum momenton betque eles já estavam fracos.
"O Brasil não está crescendo porque não está investindo", diz Considera.
"E nesse segundo trimestre houve uma queda ainda maior no nível dos investimentosn betfunção das incertezas provocadas pelas eleições: os empresários tendem a não se arriscar e estão esperando para ver quais rumos a política econômica deve tomar."
Ribeiro, da Tendências, concorda.
"Há um descontentamento entre investidores e empresários sobre a política econômica do atual governo, uma percepçãon betque ela está desequilibrada", diz ela.
Entre os alvos das reclamações nessa área estariam o uson betartifícios como a represan betpreços administrados para controlar a inflação, a suposta faltan betcontrole sobre os gastos do Estado, e o que é visto pelos empresários como um excesson betintervencionismo estatal na economia.
"Na dúvida, os empresários estão esperando para investir. Querem ver que governo sairá das urnas antesn bettomar qualquer decisão", opina Ribeiro.
Indústria
Uma segundo causa do desaquecimento seriam problemas experimentados pela indústria, que teriam derrubadon betcompetitividade.
A economista da Tendências cita, por exemplo, o faton beto custo médio dos salários ter aumentado 12,7% desde 2011, enquanto a produtividade do trabalho na indústria cresceu pouco maisn bet2,6%.
"Com o tempo isso ajudou a minarn betcapacidaden betcompetir com importados e no exterior. Além disso, a indústria automobilístican betespecial está sendo prejudicada pela queda das exportações para a Argentina", diz.
Shearing menciona como um terceiro fator para o desaquecimento a queda geral dos níveisn betconsumo, que sustentaram o crescimento nos últimos anos.
"Esse é um dado recente: o consumo começou a cair, talvezn betresposta ao aumento dos juros, após um períodon betboom no crédito e aumento no endividamento das famílias", afirma.