Crise na Ucrânia pode abrir mercado europeu para gás da Bolívia:bet nacional png

Ucrânia gás (AFP)

Crédito, AFP

Legenda da foto, Bloqueio comercial aos produtos da Rússia, como o gás, pode ser oportunidade para Bolívia
  • Author, Veronica Smink
  • Role, BBC Mundo, Cone Sul

bet nacional png A crise ucraniana, que ganha contornos cada vez mais sérios após a anexação da Crimeia por parte da Rússia, tem preocupado muitos países, que temem um ressurgimento da Guerra Fria.

Mas, para a Bolívia, o conflito pode representar uma oportunidade econômica. O país é o maior exportadorbet nacional pnggás da América Latina e poderia aproveitar a chance para ganhar novos mercados - ainda que tenha muitos entraves a resolver antes disso.

Durante décadas os bolivianos forneceram gás para muitos vizinhos e também são uma importante fontebet nacional pngcombustível para Brasil e Argentina.

Mas especialistas acreditam que esse cenário pode mudarbet nacional pngum futuro não tão distante.

A descobertabet nacional pnguma grande reservabet nacional pngpetróleo na camada do pré-sal, na costa brasileira, e o descobrimentobet nacional pnguma das maiores reservasbet nacional pnggás e petróleo não convencional do mundo na formaçãobet nacional pngVaca Muerta, no sudoeste da Argentina, poderiam fazer com que,bet nacional pngalguns anos, esses países já não precisassem tantos do gás boliviano.

Diante dessa possibilidade, a Bolívia sabe que precisa encontrar novos mercados para seu principal produtobet nacional pngexportação - e a crise na Ucrânia poderia dar ao país justamente esta possibilidade.

Dependência da Rússia

Cercabet nacional png65% do gás que a Rússia produz atualmente tem como destino os países europeus, um continente que importa a metade da energia que consome.

Países como a Estônia, Lituânia, Finlândia e Letônia dependem totalmente do gás que chega da Rússia. A principal economia da Europa, a Alemanha, importa da Rússia 36% do gás que consome.

A anexação da Crimeia por parte da Rússia foi considerada uma invasão da soberania ucraniana na visãobet nacional pngEstados Unidos e União Europeia. O governo americano e o bloco europeu impuseram um bloqueio comercial e econômico ao governobet nacional pngVladimir Putin, incluindo a redução das importações do setorbet nacional pngenergia.

Para a Bolívia, pode ser uma oportunidade única para ganhar um dos mercados mais disputados do mundo, como admitiu o vice-presidente do país, Álvaro García Linera.

"Temos que diversificar os mercados e estamos nisto", afirmou na semana passada durante visita a Praga.

A Bolívia precisa buscar "outros lugares para começar a mandar" seu gás natural, acrescentou García Linera, depoisbet nacional pngprever que "daqui a cinco ou dez anos (a Argentina) vai inundar a América Latina com gás", graças à exploraçãobet nacional pngVaca Muerta.

Sem saída?

A perspectiva é boa, mas o governo boliviano ainda precisa resolver outro problema: como levar o gás pelo mar até a Europa?

O principal problema da Bolívia é geográfico: o país não tem saída para o mar.

Seu acesso à costa do Pacífico se dá graças a um convênio com o Chile, que permite o uso dos portos ao norte do país.

A maioria das exportações bolivianas saem pelo portobet nacional pngArica, que é uma zona franca. Mas ali a Bolívia não conta com infraestrutura própria e paga para usar as instalações.

Além disse, a relação com o Chile passa por um momento delicado. Em 2013, La Paz entrou com uma demanda na Corte Internacionalbet nacional pngJustiçabet nacional pngHaia contra Santiago, exigindo parte do território que perdeu na Guerra do Pacífico (1879-1883) e que deixou o país sem saída para o mar.

É improvável que uma resoluçãobet nacional pngHaia, mesmo que totalmente favorável à Bolívia, possa resolver o problema da faltabet nacional pngum porto próprio no curto prazo.

Nos últimos anos surgiram diversas propostas para dar à Bolívia o acesso à costa do Pacífico. Algumas delas eram bem criativas, como a construçãobet nacional pngum túnel na fronteira entre o Chile e o Peru.

Até agora nenhum destes projetos avançou.

E, mesmo que alguma proposta tivesse avançado, existe outro problema: a saída para o mar seria para o Oceano Pacífico, o que não resolve os problemasbet nacional pngconexão com a Europa.

Até o Atlântico

AFP

Crédito, BBC World Service

Legenda da foto, A Bolívia usa os portos do norte do Chile, como Arica (AFP)

A ideiabet nacional pngconseguir o acesso até o oceano Atlântico também foi desenvolvida pelo governo da Bolívia. O presidente, Evo Morales, fez uma proposta a respeito pessoalmente ao governo do Uruguaibet nacional png2009.

Mas a ideia, que consistiabet nacional pngtrocar o acesso aos portos uruguaios pelo fornecimento do gás do paísbet nacional pngcondições preferenciais, também não foi negociada.

O problema não é apenas firmar um acordo com o país que tenha acesso ao mar. O governo da Bolívia admitiu à BBC Mundo que, mesmo que tivesse um porto, não teria condiçõesbet nacional pngtransportar gás até lá.

"A realidade é que, neste momento, o país não está preparado para exportar hidrocarbonetos para novos mercados ultramarinos, porque não há infraestrutura para transportar o produto até a costa", disse um porta-voz do Ministério dos Hidrocarbonetos.

A saída mais próxima do mar, pelo Pacífico, iria requerer a construçãobet nacional pngcercabet nacional png2 mil quilômetrosbet nacional pnggasodutos, através da Cordilheira dos Andes, desde o pontobet nacional pngextração do gás, no leste do país.

Reservas

Alguns dos que acreditam que os desafios enfrentados pela Bolívia para fornecer gás para a Europa excedem até a faltabet nacional pnginfraestrutura e a ausênciabet nacional pngum porto próprio.

Segundo o economista Carlos Toranzo, da Fundação Friedrich Ebert Stiftung (FEZ),bet nacional pngLa Paz, a faltabet nacional pnginvestimentos na exploração durante os últimos oito anos poderia significar que,bet nacional pngum futuro próximo, a Bolívia não conte com as reservasbet nacional pnggás necessárias para abastecer outros mercados.

"Com as reservas que temos hoje nem mesmo poderemos cumprir com nosso acordos atuais com Brasil e Argentina", disse o economista à BBC Mundo.

O presidente da petroleira estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), Carlos Villegas, rejeitou as acusações, afirmando que as exportações para o Brasil e Argentina estão garantidas até 2023 e garantiu que o país planeja quadruplicar suas reservas atuais, com investimentosbet nacional pngUS$ 16 bilhões até 2025.