Análise: A Rússia quer invadir a Ucrânia?:app arbety

Homem armado na Assembleia da Crimeia. Foto: Getty

Crédito, GETTY IMAGES

Legenda da foto, Homem armado sem identificaçãoapp arbetyqualquer exército no uniforme cerca Parlamento da Crimeia
  • Author, Jonathan Marcus
  • Role, Analista diplomático da BBC

app arbety A Rússia poderia intervir militarmente na região da Crimeia para garantir seus interesses estratégicos na região? Ou, colocando a perguntaapp arbetyoutra forma, as atitudes da Rússia até agora já são uma formaapp arbetyintervenção?

Há temoresapp arbetyque a Ucrânia e a Rússia possam entrarapp arbetyconflito pelo controle da Crimeia. A regiãoapp arbety2,3 milhõesapp arbetyhabitantes é parte da Ucrânia, no litoral do Mar Negro, mas muitos lá se consideram russos étnicos e falam o idioma russo.

Na última eleição presidencial ucraniana, a população da Crimeia votouapp arbetypesoapp arbetyViktor Yanukovych, político visto como pró-Rússia e que foi afastado no mês passado após semanasapp arbetyprotestosapp arbetyKiev.

Desde então, supostas milícias pró-Rússia invadiram o Parlamento regional da Crimeia, prédios públicos e o aeroportoapp arbetySimferopol, a capital da região.

Milícias treinadas

Ninguém sabe ao certo a identidade destes homens armados, mas seus equipamentos, veículos e comportamento dão sinaisapp arbetyque se trataapp arbetyuma unidade militar treinada, e não apenas um grupo qualquerapp arbetyativistas pró-Rússia.

"Estes homens parecem um grupo organizadoapp arbetytropas. Eles parecem ser disciplinados, confiantes, vestidosapp arbetyuniformes e equipados", diz Ben Barry, militar especialistaapp arbetycombate terrestre do International Institute for Strategic Studies, entidadeapp arbetypesquisa baseadaapp arbetyLondres.

A ocupação do aeroportoapp arbetySimferopol deu início a uma rotina previsívelapp arbetyameaças da Rússia às autoridades interinas da Ucrânia. Unidadesapp arbetycombate aéreo foram colocadas na fronteira da Ucrânia e estãoapp arbetyestadoapp arbetyalerta. Exercícios militares foram imediatamente iniciados, demonstrando o preparo das forças russas.

Também houve ameaças econômicas, com o possível aumentoapp arbetytarifas na fronteira dos dois países, e com retórica elevadaapp arbetyameaças às minorias étnicas russas na Crimeia.

Tentação ocidental

Até agora, o cenário é parecido com a véspera da invasão russa à Geórgia,app arbety2008. Naquela ocasião, o Exército da Geórgia "fez um favor" aos russos, ao invadirem eles próprios o enclave da Ossétia do Sul, dando margem à resposta da Rússia.

Mas as comparações se encerram aqui.

A Geórgia era um país pequeno que havia irritado profundamente o regimeapp arbetyMoscou, e nunca teria condiçõesapp arbetyresponder a qualquer tipoapp arbetyação militar russa.

Muitos especialistas acreditam que uma invasãoapp arbetygrande escalaapp arbetytropas russas, como aquelaapp arbety2008 na Geórgia, seria impraticável na Ucrânia agora.

Dado o tamanho da Ucrânia e as divisões internas da população, esse tipoapp arbetyação só poderia ter um desfecho: uma grave guerra civil.

A pressão russa neste momento tem um objetivo diferente.

O Estado da Ucrânia está perto da bancarrota. O país precisaapp arbetyfinanciamento externo. O governoapp arbetyMoscou sabe que as instituições financeiras do Ocidente precisarão assumir algum tipoapp arbetypapel no país.

A Rússia quer deixar claro que o governo ucraniano depende tandoapp arbetyMoscou quanto da União Europeia, e que a Ucrânia precisa se equilibrar entre estas duas forças.

A conclusão russa éapp arbetyque a Ucrânia precisa resistir à tentaçãoapp arbetyse aproximar da aliança militar ocidental Otan.

Presença russa

A Crimeia é outro assunto. A Rússia sequer precisa invadir o local, pois já possui grande presença lá, alugando instalações junto ao governo ucraniano.

A maior parte da frota russa no Mar Negro está na Crimeia, com um quartel-general na cidade ucranianaapp arbetySevastopol. Militares da Marinha da Rússia já entram e saem da cidade como se fosse um território russo.

Grande parte da população da Crimeia – talvez até mesmo a maioria – éapp arbetyapoiadores da Rússia. A região abriga muitos militares russos aposentados, e fica geograficamente distante da capital Kiev.

A pressão russa é para que a Ucrânia tenha consciênciaapp arbetyque os interessesapp arbetyMoscou precisam sempre ser preservadosapp arbetyqualquer decisão tomada pelos ucranianos sobre seu futuro econômico e diplomático.